Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP)
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A INFLUÊNCIA DOS POTENTADOS LOCAIS NA ESTRUTURA ADMINISTRATIVA BRASILEIRA
A historiografia brasileira sempre abordou a questão da relação entre o poder público e o poder privado na construção do Estado brasileiro. Com diferentes modos de análises e de argumentação, diversos foram os autores que partilharam da visão de que, a formação do Estado brasileiro desde o seu perÃodo colonial teve como caracterÃstica principal a centralização administrativa, dificultando assim, a participação e a influência de grupos locais nas diretrizes estatais. Partindo para outra perspectiva, dispomos de análises onde a principal fonte de raciocÃnio foi o domÃnio exacerbado dos potentados locais na ordem pública, impedindo assim, a realização de um Estado dito como racional legal. Nessa linha de análise, o Estado brasileiro seria fraco e incipiente, se comparado aos grupos locais estabelecidos no paÃs desde o perÃodo colonial, aonde esses potentados locais colocariam os interesses privados a frente do interesse público. Tais considerações serão analisadas no presente artigo, visando assim, contribuir para os estudos acerca da manifestação do poder público e privado no decorrer da história brasileira.Â
COWLING, Camillia. Concebendo a liberdade: mulheres de cor, gênero e abolição da escravidão nas cidades de Havana e Rio de Janeiro. Campinas, São Paulo: Editora da Unicamp, 2018.
Resenha de livro COWLING, Camillia. Concebendo a liberdade: mulheres de cor, gênero e abolição da escravidão nas cidades de Havana e Rio de Janeiro. Campinas, São Paulo: Editora da Unicamp, 2018
REIS, João José. Ganhadores. A greve negra de 1857 na Bahia. São Paulo: Companhia das Letras, 2019, 452 p.
RESENHA do livro: REIS, João José. Ganhadores. A greve negra de 1857 na Bahia. São Paulo: Companhia das Letras, 2019, 452 p
A Rebeldia do trabalho em tempos de escravidão: nuances da experiência do Maranhão
A escravidão moderna é um dos desdobramentos do processo de formação do capitalismo no mundo ocidental. A racialização do corpo do sujeito escravizado, isto é, indivÃduos de diferentes povos do continente africano ainda ofusca ou impede que se compreenda o trabalho escravo como produtor de valor. Mas, a análise deste a partir da perspectiva do Materialismo Histórico demonstra que o mesmo produzia valor porque a um só tempo o escravo era mercadoria e trabalho vivo. Nesse sentido, vale argumentar que sem o trabalho escravo a riqueza de grandes proprietários de escravos não teria sido possÃvel e, que, por isso mesmo, devido a essa violência estrutural – as relações escravistas de produção – os trabalhadores escravos se rebelaram contra a mesma de diferentes modos no contexto da dinâmica econômica do Estado do Grão-Pará e Maranhão e, por conseguinte, nas provÃncias do Pará e do Maranhão, no século XIX, até que, por fim o trabalho escravo fosse abolido no Império brasileiro em 1888. A reflexão a respeito da rebeldia do trabalho em tempos de escravidão tem por propósito contribuir com a reflexão crÃtica acerca da relação entre a escravatura, o trabalho escravo e o capitalismo no mundo ocidental
ESTADO, GRANDES PROJETOS E PLANEJAMENTO REGIONAL NA AMAZÔNIA: a utopia territorial do PDRS - lago de tucuruÃ.
Este artigo tem como objetivo refletir sobre as possibilidades e desafios do planejamento regional na Amazônia. Distante de produções tecnicistas e cartesianas, a reflexão ora apresentada se desenvolve através de uma análise do materialismo histórico sobre os processos que levaram a elaboração, implementação e extinção do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável (PDRS – Lago de TucuruÃ), no estado do Pará. Recorrendo à categorias teóricas como Estado, planejamento regional e território, e fazendo uso de dados secundários e pesquisa de campo, apresentamos as transformações na dinâmica territorial de uma região emblemática da Amazônia, onde localiza-se o grande empreendimento da UHE-TucuruÃ. Identificamos aspectos inovadores na proposta de planejamento regional, como o tratamento da complexidade do território, o envolvimento dos três nÃveis governamentais e participação da sociedade civil em busca do desenvolvimento com sustentabilidade. Contudo, os resultados apontam também para desafios estruturais, como: a descontinuidade da experiência do planejamento territorial; a falta de enraizamento de espaços participativos e a consequente fragmentação social, com aumento da desigualdade; além da primazia do grande empreendimento como instrumento de reprodução do modo de produção capitalista. Não obstante, novas agendas de pesquisas foram vislumbradas a partir do trabalho ora apresentado, como os impactos socioambientais ocasionados pelos históricos e novos processos de desenvolvimento; vislumbramos a necessidade de compreender melhor as práticas de dominação coronelistas pós modernas e o papel do poder local; e indicamos a possibilidade de novos arranjos organizacionais dos movimentos sociais em redes, como é o caso do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
ATIVIDADES PRODUTIVAS E ESTRATÉGIAS TERRITORIAIS DE SOBREVIVÊNCIA EM COMUNIDADES DE PESCADORES DO RIO PANACUERA (ABAETETUBA – PARà – BRASIL)
Este artigo visa analisar a importância econômica da atividade pesqueira na reprodução social dos pescadores de comunidades localizadas no rio Panacuera, no municÃpio de Abaetetuba, estado do Pará, Brasil. Para tanto, foram realizados levantamentos de dados primários e secundários. Os dados primários foram coletados, por meio de conversas informais e da aplicação de questionários in loco a 20 pescadores das comunidades, ao longo do rio, entre 2018 e 2019, e os dados secundários resultaram de levantamentos bibliográficos, realizados em revistas cientÃficas e em livros especializados. A partir da sistematização dos dados coletados, identificou-se a grande relevância econômica da pesca artesanal para a reprodução social dos pescadores do rio Panacuera. Por mais que estes trabalhadores tenham outras atividades, que complementam sua renda, especialmente o extrativismo do açaÃ, a pesca continua a desempenhar papel fundamental na vida desses indivÃduos, constituindo sua principal fonte de recursos
Um capitão de tumbeiros na Amazônia setecentista: Tráfico negreiro e seus agentes.
A presente comunicação tem por objetivo analisar a participação e trajetória do capitão de embarcações Manoel da Silva Tomás e sua relação com o comércio de escravizados à s praças da área setentrional da colônia. Destacar-se-ão como elementos principais deste artigo as carregações de produções e de escravos do mestre/capitão, durante o perÃodo de atividade exclusivista da Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, não obstante o fato deste ter ainda permanecido nas funções de mar e terra, após o fim do monopólio da Companhia Geral, tendo atendido aos “homens de negócio†no “comércio livre†das praças envolvidas. Através do diálogo com este sujeito, será possÃvel compreender as transformações no trato de escravizados, quem foram os partÃcipes deste “novo negócioâ€, bem como a ligação do tráfico de africanos com gêneros exportáveis durante a segunda metade do século XVIII. A metodologia utilizada baseia-se principalmente na análise de documentos polÃtico-administrativos enviados ou recebidos de Lisboa, durante o ministério pombalino e após o término do monopólio, o que não significou o fim das atividades da empresa no Norte. O resultado é uma teia de relações que, ao mesmo tempo que estabeleceram novas modalidades de comércio de escravizados, também favoreceram uma reorganização no comércio local com uma maior participação de indivÃduos estabelecidos no Grão-Pará e no Maranhão
Medio Ambiente, Patronazgo, y Nativismo: Los Mocambeiros de Pacoval y el Primer Gobierno Magalhães Barata, 1921-1935
Este artigo analisa o protesto dos mocambeiros (quilombolas) de Pacoval (Alenquer, Pará) com base em três elementos. Primeiro, os vÃnculos entre a reivindicação dos direitos de cidadania e as suas experiências ambientais. Segundo, as redes de patronagem econômica e polÃtica construidas já antes da abolição, e que lhes permitiram atingir uma influência institucional precária, mas real. Por último, nos seus encontros com as autoridades republicanas, os mocambeiros também se apresentavam como “bons brasileirosâ€, uma afirmação nativista que os alinhava com o programa polÃtico de outras camadas sociais no periodo. Esta ideologÃa, que reunia elementos tradicionais do campesinato negro da Amazônia com estrategias modernas de mobilização polÃtica, antecipou a agenda de reformas sociais, económicas e polÃticas implementadas no Pará durante o primeiro governo de Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, o interventor federal escolhido por Getúlio Vargas para aplicar o seu programa na Amazônia (1930-1935). Eventualmente, a debilidade e brevidade dessa administração foi insuficiente para implementar mudanças substanciais nas prioridades que tinham guiado os governos anteriores republicanos paraenses
O Negro no Pará. A NotÃcia Histórica
O texto, aqui republicado e revisado, foi inicialmente publicado na obra organizada por Carlos Rocque, denominada Antologia da Cultura Amazônica, no volume de Antropologia, em 1970. Neste, se aborda a presença de africanos escravizados na região amazônica brasileira, particularmente no Pará, ao longo do perÃodo colonial até primeiras décadas do século XIX, a partir da análise e divulgação de documentação inédita, permitindo rever números sobre o volume de africanos escravizados introduzidos, suas origens étnicas, bem como possÃveis influências dos campos da cultura e da religião, indicando ainda a importância do tráfico interno de escravizados entre outras partes do Brasil e o Pará. Palavras-chaves: Escravidão; Tráfico; Africanos; Escravizados; Amazônia; Pará