711 research outputs found

    Studies of thiamine biosynthesis

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    In Escherichia coli, and other prokaryotes, thiamine (vitamin B1) is assembled by coupling 4-amino-5-hydroxymethyl-2-methylpyrimidine pyrophosphate (Hmp-PP) and 4-methyl-5-(?-hydroxyethyl)thiazole phosphate (Thz-P). The thiazole moiety is biosynthesised from 1-deoxyxylulose-5-phosphate, tyrosine, and cysteine, and at least six genes are required including thiH, thiG, thiS, and thiF. Whilst in aerobes, the C2-N3 fragment of Thz-P derives from glycine in a reaction catalysed by the flavoenzyme ThiO, in anaerobes such as E. coli, dehydroglycine is formed from tyrosine in a ThiH dependent reaction. This biosynthetic step requires the cleavage of the C?-C? bond of tyrosine and a release of an aromatic side chain. ThiH shows sequence similarity with the ‘radical S-adenosylmethionine’ (AdoMet) family of proteins, including conserved cysteine ligands to the essential [4Fe-4S] cluster and has been shown to form a complex with ThiG. With the purpose of studying the mechanistic enzymology by which Thz-P is assembled it was crucial to isolate ThiH in the holo-form. Several expression systems and purification methodologies were investigated. The optimisation of the purification method, together with in vitro chemical reconstitution with exogenous iron and sulfide allowed the successful isolation of holo-ThiH.To facilitate the mechanistic investigation of Thz-P biosynthesis, an in vitro assay was developed, and the reaction products formed in vitro were elucidated and quantified. The aromatic by-product derived from the side chain of tyrosine is p-cresol and the remaining fragment yields glyoxylate, a product of hydrolysis of dehydroglycin

    Utilização de bactérias isoladas de queijos açorianos na produção de manteiga com baixo teor em colesterol

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    Dissertação de Mestrado, Tecnologia e Segurança Alimentar, 10 maio de 2019, Universidade dos Açores.Nos dias de hoje há uma crescente procura por um estilo de vida saudável, praticando atividade física e optando por uma alimentação mais regrada e adequada. Sabe-se que a falta destes cuidados gera graves problemas de saúde, sendo as doenças cardiovasculares a principal causa de morte nos países desenvolvidos. Uma das principais causas para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares é o nível elevado de colesterol no sangue. Por esta razão é importante consumir produtos com baixo teor de colesterol e com benefícios para a sua saúde. Os produtos lácteos podem funcionar como um veículo de culturas probióticas onde se incluem as bactérias do ácido láctico (BAL). Determinadas BAL, além de atuarem favoravelmente nos alimentos durante os processos de fermentação, ainda exercem efeitos benéficos na saúde do consumidor. Estes efeitos incluem, por exemplo, a redução do colesterol, e por essa razão algumas BAL podem ser utilizadas como probióticos. Este trabalho tem como objetivo avaliar a capacidade de um conjunto de BAL isoladas do queijo do Pico artesanal, para assimilar e reduzir o colesterol. Após esta pesquisa inicial, foram selecionadas três estirpes de Lactobacillus paracasei (estirpes L2A21K5, L3B1M2 e L3B21R1) por reduzirem em maior quantidade o colesterol em meio de cultura. Estas estirpes foram aplicadas diretamente na fermentação de natas, ou imobilizadas em esferas de alginato, para a produção de uma manteiga com baixo teor em colesterol. A maior redução de colesterol (23 %) foi obtida com a imobilização das culturas de BAL em esferas de alginato. O processo de fermentação das natas com as BAL imobilizadas originou uma manteiga com 68 mg/100 g de colesterol (44% de redução). Esta manteiga foi testada numa prova sensorial por um painel de provadores não treinado, e comparada com uma manteiga comercial. Os provadores consideraram a manteiga com baixo teor de colesterol como tendo um bom aspeto, consistência, sabor e aroma (classificação de 4 numa escala 1-5). Desta forma, a manteiga produzida pelo método descrito no presente trabalho tem o potencial de ser considerada como um alimento funcional ao apresentar um teor em colesterol reduzido, além de ter a vantagem de ser um produto totalmente açoriano.ABSTRACT: Nowadays, there is an increasing demand for a healthy lifestyle, practicing physical activity and opting for a more regular and adequate diet. It is known that the lack of such care generates serious health problems, with cardiovascular diseases being the leading cause of death in developed countries. One of the main causes for the development of cardiovascular diseases is the high level of cholesterol in the blood. For this reason, it is important to consume products with low cholesterol and with health benefits. Dairy products can function as a vehicle for probiotic cultures including lactic acid bacteria (LAB). Certain LAB, besides acting favorably in food fermentation processes, still exert beneficial effects on the health of the consumer. These effects include cholesterol lowering and, for this reason, some of the species may be used as probiotics. This work aims to evaluate the ability of a set of LAB isolated from artisanal Pico cheese to assimilate and reduce cholesterol. After this initial research, three strains of Lactobacillus paracasei (strains L2A21K5, L3B1M2 and L3B21R1) were selected for reducing cholesterol in culture medium. These strains were applied directly to the fermentation of cream, or immobilized on alginate beads, for the production of a low cholesterol butter. The highest cholesterol reduction (23%) was obtained with the immobilization of LAB cultures on alginate beads. The fermentation process of the creams with immobilized LAB produced a butter with 68 mg/100 g of cholesterol (44% reduction). This butter was tested on a sensory test by an untrained panel of tasters, and compared to a commercial butter. The tasters considered the low-fat butter to have a good look, consistency, flavor and aroma (rating 4 on a 1-5 scale). The butter produced by this method has the potential to be included as a functional food, due to the reduced cholesterol content, and has the advantage of being a truly Azorean product

    Adenocarcinoma do Esófago - Abordagem Atual

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    Introdução O cancro do esófago é uma doença neoplásica agressiva, com uma incidência crescente e um prognóstico pobre. O adenocarcinoma e o carcinoma epidermóide são os dois tipos histológicos mais comummente associados a este cancro e compõem mais de 95% de todos os tumores esofágicos. O carcinoma epidermóide era anteriormente o tipo histológico predominante globalmente, enquanto o adenocarcinoma era raramente observável. No entanto, com o passar das décadas e a melhoria na qualidade de vida, a incidência do adenocarcinoma tem subido drasticamente no Ocidente, sendo responsável pela maioria dos cancros do esófago no Norte da Europa, América do Norte e Austrália. A doença do refluxo gastroesofágico é considerada preponente desta tendência epidemiológica; não-obstante exploram-se outras hipóteses causais menos bem-estabelecidas. Métodos Seguindo as guidelines SANRA, realizou-se uma revisão narrativa da literatura incidindo amplamente na temática do adenocarcinoma do esófago (epidemiologia, patofisiologia, fatores de risco, clínica, diagnóstico, estadiamento, tratamento e prognóstico). Recorreu-se a duas bases de dados de referências, a Medline e a ScienceDirect. Resultados Identificaram-se um total de 353 referências. Após exclusão de duplicados, artigos não disponíveis ou irrelevantes, analisaram-se qualitativamente 142 artigos. Discussão Toda a bibliografia atual considera o Esófago de Barret como o último estadio pré- invasivo na sequência metaplasia-displasia-neoplasia do adenocarcinoma do esófago, sendo assim o melhor preditor do risco de cancro. A vigilância dos pacientes com Esófago de Barrett oferece, assim, a oportunidade de deteção precoce do adenocarcinoma. As opções de tratamento incluem técnicas endoscópicas diretas, cirurgia de resseção, quimioterapia perioperatória e radioterapia preoperatória - sendo que a evidência recente de mais alta qualidade apoia a terapia multimodal e abordagens minimamente invasivas como o padrão de cuidados de saúde. Conclusão O corpo de conhecimento em torno do adenocarcinoma do esófago está maioritariamente bem descrito. Todavia, o prognóstico da doença permanece precário, que coloca o cancro esofágico no sexto lugar global de maior mortalidade.Introduction Esophageal cancer is an aggressive malignancy with an increasing incidence and a poor prognosis. Esophageal adenocarcinoma (EAC) and squamous cell carcinoma (SCC) are the two most common histologic types and make up over 95% of all esophageal malignant tumors. In the past, SCC was the predominating type, while EAC was a rarely seen condition. However, over time, as a result of better quality of life, the incidence of EAC has increased dramatically in Western countries, accounting for the majority of all esophageal cancers in Northern Europe, North America and Australia. Gastroesophageal reflux disease is consensually regarded as the main culprit. Regardless, we explore other less well-established hypothesis. Methods Following the SANRA guidelines, we performed a narrative review of literature regarding epidemiology, pathophysiology, risk factors, clinical manifestations, diagnosis, staging, treatment, and prognosis of Esophageal Adenocarcinoma. We used both Medline and ScienceDirect libraries. Results We identified a total of 353 records. After exclusion of duplicates, unavailable and non- relevant articles, we included 142 papers in our broad scope narrative review. Discussion All contemporary works consider Barrett's Esophagus (BE) as the last preinvasive stage in the metaplasia-dysplasia-neoplasia sequence of EAC, thus remaining the single best surrogate marker for cancer risk. BE surveillance offers the opportunity of early EAC diagnosis. Treatment options include novel direct endoscopic therapies, esophagectomy, perioperative chemotherapy and preoperative radiation therapy - with the most recent and highest-standard evidence pointing towards multimodality therapy & minimally invasive strategies as the standard of care. Conclusion The EAC landscape is for the most part well-described. Nevertheless, prognosis remains substandard and incidence is ever-increasing, which leads to esophageal cancer being the sixth most deadly worldwide

    China’s paths to environmental recovery: Examining environmental concerns, priorities, and challenges

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    China’s ongoing economic growth started in the 1970s, and its effects have been devastating on the lives of the population and on the environment, producing harmful health complications. However, nearly fifty years later, the Chinese government has reported that China’s environment has started to recover from those effects. Authors have found that a many of China’s policies have focused on emission control and reduction, which could be the reason for these successful improvements. However, few studies analyse politics throughout the years, using various types of government documents. In this dissertation, we use qualitative content analysis to analyse 54 documents made available by the Chinese Ministry of Ecology and Environment, in search for information regarding the main environmental concerns of the Chinese government, the types of environmental policies that have been promulgated, when they started being developed, and how they have contributed to pollution reduction. The findings point to a focus on policies related water and air pollution, international cooperation, climate and natural disasters, and the control of industries and enterprises. Furthermore, the analysis suggests that China has been recovering in the last years due to an increasing concern with climate change policies, and that international cooperation is necessary in the context of environmental policymaking. Therefore, this present study presents interesting contributes to the discipline of International Environmental Studies. We suggest that future research on the subject focuses on the timeline of policymaking within the international and domestic contexts of the fight against climate change, evaluating the effectiveness of these policies.O crescimento económico da China começou na década de 1970, surtindo efeitos devastadores na vida da população chinesa, bem como no meio ambiente, e originando várias complicações de saúde. Contudo, décadas depois, o governo chinês anunciou melhorias no meio ambiente, indicando que a China está a recuperar dos efeitos da poluição. Alguns autores concluíram que grande parte das políticas ambientais da China se focam no controlo e redução das emissões poluentes, o que poderá explicar esta recuperação. No entanto, até então, são poucos os estudos que analisam as políticas ambientais da China ao longo do tempo, recorrendo a vários tipos de documentos governamentais. Esta dissertação recorre à análise qualitativa de conteúdo de 54 documentos do governo chinês relacionados com o ambiente, procurando identificar as principais preocupações ambientais do governo chinês, o tipo de políticas ambientais que têm sido implementadas na China, e que fatores contribuíram para a redução dos efeitos da poluição. Os resultados indicam um foco em políticas relacionadas com poluição da água e do ar, cooperação internacional, desastres naturais, e controlo de indústrias. A análise sugere uma crescente preocupação com as alterações climáticas nas suas políticas governamentais, e uma necessidade cooperação internacional no âmbito das políticas ambientais. Desta forma, o presente estudo oferece contributos relevantes para disciplina de Estudos Internacionais sobre o ambiente. Assim, sugerimos que futuros estudos se foquem no aspeto temporal das políticas ambientais, relacionando-as com a evolução do estado do ambiente e com o contexto nacional e internacional em termos ambientais e de alterações climáticas

    Red flags for financial fraud: uncovering the wirecard fraud case

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    Wirecard AG, a forward-thinking corporation that aimed to reshape the payment industry, declared bankruptcy in June 2020. The company reported missing a total of EUR 1.9 billion, assuming they had probably never existed. This incident harmed the credibility of the German’s financial regulator and the reputation of the external auditors. Wirecard’s Annual Reports and other sources, such as the Financial Times newspaper, were examined in light of the thirty-seven red flags identified in Murcia and Borba’s (2007) study, which was supported on the International Standard Auditing (ISA) 240, to determine whether the red flags included in this standard were sufficient to indicate potential Financial Statement fraud in the Wirecard case. Twenty-four of the thirty-seven red flags examined sign potential fraud. Nineteen of these red flags are included in ISA 240, leading to the conclusion that the red flags present in that standard were sufficient to indicate potential Financial Statement fraud in the Wirecard case, and any outsider analyst could have detected and incorporated these early warning alarms into their decision-making. This also makes clear that auditors neglected the red flags signalization in the Wirecard case. Although ISA 240 proved to be effective, five of the twenty-four red flags were absent in this standard. These red flags are significant since they expose business issues, implying that a modification of ISA 240 to integrate similar essential red flags is required to make this standard more effective. Moreover, the Wirecard case raised six new significant red flags that can be incorporated in ISA 240.Wirecard AG, uma empresa inovadora que prometeu revolucionar a indústria de pagamentos, declarou falência em junho de 2020. A empresa deu como desaparecido um total de 1,9 biliões de euros, assumindo que provavelmente estes nunca tinham existido. Este incidente prejudicou a credibilidade da entidade reguladora alemã e a reputação dos auditores externos. Relatórios Anuais da Wirecard e outras fontes, como o jornal Financial Times, foram analisadas à luz de trinta e sete bandeiras vermelhas identificadas no estudo de Múrcia e Borba (2007), apoiado pela International Standard on Auditing (ISA) 240, para determinar se as bandeiras vermelhas presentes nesta norma eram suficientes para indicar potencial fraude nas Demonstrações Financeiras no caso Wirecard. Vinte e quatro das trinta e sete bandeiras vermelhas examinadas sugerem potencial fraude. Dezanove destas bandeiras vermelhas estão incluídas na ISA 240, permitindo concluir que as bandeiras vermelhas presentes nesta norma eram suficientes para indicar potencial fraude nas Demonstrações Financeiras no caso Wirecard, e qualquer analista externo à empresa poderia ter detetado e incorporado estes sinais prévios na sua tomada de decisão. Esta informação também evidencia que os auditores negligenciaram a sinalização das bandeiras vermelhas. Embora a ISA 240 tenha provado ser eficaz, cinco das vinte e quatro bandeiras vermelhas estavam ausentes nesta norma. Estas bandeiras vermelhas são significativas, pois expõem problemas nas empresas, implicando que uma modificação na ISA 240 para integrar bandeiras vermelhas essenciais similares é necessária de forma a torna-la mais eficaz. Adicionalmente, o caso Wirecard revelou seis novas bandeiras vermelhas significativas que podem ser incorporadas na ISA 240

    Spectral and coherence estimates on electroencephalogram recordings during arithmetical tasks

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    Dissertação apresentada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Biomédic

    Testing endosymbiont-mediated immune protection in a novel host species

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    Tese de mestrado, Biologia Evolutiva e do Desenvolvimento, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2015The complexity of life forms cannot be explained without the concept of symbiosis. Symbiotic relations exist abundantly in nature, particularly the ones between bacteria and eukaryotic hosts. One of the most widespread endosymbiotic bacteria described belongs to the genus Wolbachia, naturally infecting arthropods and nematodes. In arthropods, Wolbachia induces reproductive manipulations, to promote infected female’s fitness as they are vertically transmitted, maternally. Additionally, in Drosophila melanogaster, they have been shown to confer protection against viral infections. Being an obligatory vertically-transmitted endosymbiont, Wolbachia phylogeny should recapitulate that of its hosts. However, several studies show that host and symbiont phylogenies are not concordant, suggesting that horizontal transfers must have occurred throughout time. This has been confirmed, namely between parasitoid wasps and their hosts. Considering these observations, the present project aimed at uncovering if and at which rate horizontal transmission of Wolbachia could occur between Drosophila melanogaster and its natural parasitoid Leptopilina boulardi. Also, we tested if the viral protection phenotype induced in Drosophila would be passed on to the novel host, after this horizontal transfer event. Simultaneously we screened a wild-caught population of Leptopilina heterotoma for Wolbachia presence. We obtained infected individuals with which we established an isofemale line and derived Wolbachia-negative counterparts using antibiotic treatment. With this tool, we characterized the effects of Wolbachia presence upon viral systemic infection. Our results show that horizontal transmission of Wolbachia happens between Leptopilina boulardi and its host, but the infection is not stably maintained. We also see that these wasps do not appear to be susceptible to viruses that are pathogenic in Drosophila (specifically DCV and FHV) and appear to be mildly Detrimental to Wolbachia-infected Leptopilina heterotoma. Finally, we have verified that a natural endosymbiont infection appears to delay full development time in Leptopilina heterotoma, although no effect is detected for longevity. With this work we have established an experimental system for the controlled and systematic study of the complex interactions between Drosophila, parasitoid wasps, Wolbachia and viruses.A diversidade de formas devida dificilmente é explicada sem ser tido em conta o conceito de simbiose. Relações simbióticas são abundantemente encontradas em ambientes naturais. Os primeiros eventos de endossimbiose conhecidos terão ocorrido há cerca de 1,5 milhares de milhão de anos atrás. Estes acontecimentos descrevem a incorporação de cianobactérias e proteobactérias ancestrais em organismos procariotas. Quando a simbiose se tornou mutualista obrigatória, estes organismos procariotas associados a endossimbiontes tornaram-se nos primeiros eucariotas do planeta, e os seus anteriormente designados endossimbiontes tornaram‐se organelos, nomeadamente cloroplastos e mitocôndrias. Atualmente existem incontáveis exemplos de organismos vivos que não existiriam se não se estabelecessem relações simbióticas entre diferentes entidades biológicas, constituindo a base para a enorme diversidade de formas de vida existentes. Alguns dos casos mais frequentes de interações entre diferentes organismos que moldam inquestionável e determinantemente a história evolutiva do planeta são os que ocorrem entre procariotas e hospedeiros eucariotas. Estes sistemas podem ser encontrados em todas As circunstâncias, quer em metazoários como plantas e animais, quer em organismos unicelulares. Por exemplo, o filo Porífera realiza incontáveis associações com microrganismos bacterianos que lhe permitem obter nutrientes mais eficazmente ou ainda os vários casos de plantas que formam associações com bactérias fixadoras de azoto. Numa tentativa de classificar os diferentes tipos de interações que podem ocorrer entre dois ou mais organismos, foram atribuídos nomes a categorias discretas que ocorrem no espectro de interações naturais possíveis. Relações simbióticas podem ser comensais, mutualistas ou parasíticas. Comensalismo descreve o tipo de interações em que um organismo beneficia da relação que desenvolve com outro, enquanto o segundo permanece indiferente. Relações mutualistas englobam situações em que a associação é mutualmente benéfica para ambos os envolvidos. Parasitismo implica que um dos envolvidos seja prejudicado, para benefício do outro. Estas duas últimas formas de interação estão intimamente relacionadas, na medida em que as medidas de adaptação que um endossimbionte tem de sofrer para poder invadir e colonizar um hospedeiro, qualquer que seja a interações que acabe por vingar, são semelhantes para uma relação mutualista ou parasita, especialmente se considerarmos as relações abundantes que se estabelecem entre bactérias e hospedeiros eucariotas. No entanto, e apesar das referidas classificações existirem e serem relevantes, é difícil atribuir qualidades discretas a endossimbiontes, uma vez que os efeitos que induzem no seu hospedeiro podem variar entre mutualistas ou patogénicos, consoante vários aspectos (como factores ambientais). Um exemplo privilegiado deste tipo de comportamento variável é o das bactérias do género Wolbachia. Estas são alfa-proteobactérias, membros do grupo Rickettsiales (que engloba todos as bactérias endossimbióticas obrigatórias conhecidas), que infectam artrópodes e algumas espécies de nematodes filariais. Este endossimbionte é um dos mais representados na natureza, infectando mais de 60% de todos os insectos conhecidos, para além de presente em ácaros, aranhas, escorpiões e isópodes. Sendo um dos organismos mais bem estudados atualmente no que diz respeito a relações de simbiose, existem vários estudos que descrevem algumas das adaptações que sofreu de modo a proliferar nas células dos hospedeiros. Nomeadamente, a bactéria utiliza mecanismos de transporte vesicular para viajar dentro das células do hospedeiro. No entanto, a característica deste género que é indubitavelmente mais estudada é a sua capacidade de manipular o sistema reprodutivo do hospedeiro em seu proveito. Existem diferentes formas segundo as quais Wolbachia consegue manipular a reprodução dos seus hospedeiros, nomeadamente: feminização, morte de machos, partenogénese e incompatibilidade citoplasmática (IC). Feminização descreve a transformação fenotípica em fêmeas de organismos geneticamente masculinos; morte de machos acontece quando machos infectados são inviabilizados, disponibilizando mais recursos para as irmãs que possam transmitir a infecção à geração seguinte; partenogénese descreve a produção de prole unicamente feminina contribuição parental masculina; por fim, a manipulação reprodutiva mais comum, a IC descreve o processo segundo o qual fêmeas infetadas geram menos prole viável quando fertilizadas por machos não infetados (ou se ambos hospedarem estirpes incompatíveis). Todos estes processos de manipulação reprodutiva têm como objectivo maximizar a dispersão e colonização de Wolbachia pelo maior número de indivíduos possível, o que por sua vez é conseguido através do favorecimento da descendência feminina. O principal motivo que explica estes processos prende‐se com a forma canónica de transmissão de Wolbachia entre hospedeiros, que é feita verticalmente por via materna. Uma outra influência que Wolbachia exerce sobre os seus hospedeiros prende‐se com a capacidade de proteger Drosophila melanogaster contra (algumas) infeções por vírus de RNA. Esta capacidade foi descrita recentemente (não só para Drosophila mas também para o mosquito Culex pipiens) e desde então múltiplos trabalhos têm sido desenvolvidos na tentativa de caracterizar e determinar os mecanismos subjacentes. É sabido que Wolbachia protege contra Drosophila C Virus (DCV) e Flock House Virus (FHV), entre outros vírus de RNA, mas que a proteção não se estende para vírus de DNA (que não se conhece infectarem naturalmente espécies de Drosophila) e que, inclusive, diferentes níveis de proteção estão associados a diferentes estirpes da bactéria. Outra peculiaridade deste género de endossimbiontes prende-se com a filogenia discordante que apresentam relativamente à dos seus hospedeiros. Tendo em conta que são verticalmente transmitidas, seria de esperar que a árvore filogenética das estirpes de Wolbachia espelhasse, com alguma exatidão, a árvore filogenética dos seus respetivos hospedeiros. Isto não se verifica sugerindo que, além da transmissão vertical, eventos de transmissão horizontal entre hospedeiros têm de ter ocorrido ao longo do tempo. Adicionalmente, estudos baseados nestas filogenias de Wolbachia permitem inferir que existem enormes semelhanças entre as estirpes albergadas por certos insectos filogeneticamente distantes, nomeadamente entre vespas parasitoides e os seus respectivos hospedeiros. Tendo isto em conta, foram conduzidos estudos que determinaram que a bactéria pode ser transmitida horizontalmente entre diferentes hospedeiros por canibalismo de animais infectados, por partilha próxima de nichos ecológicos e através de um vector como uma vespa parasitóide. Reunindo toda a informação apresentada acima, das características da Wolbachia, especificamente da sua capacidade de induzir proteção viral em Drosophila, da sua filogenia discordante (indicativa de eventos de transmissão horizontal) e da existência de casos reportados em que vespas parasitoides atuam como vector transportador de endossimbiontes, formulámos as questões que apresentamos de seguida. 1- Consegue a Wolbachia conferir proteção viral num hospedeiro parasitoide recem-adquirido, fruto de um evento de transmissão horizontal? 2- Está uma população natural de vespas parasitoides protegida contra infecções virais, pela sua estirpe nativa de Wolbachia? 2.1- Como responde esta população natural, em comparação com as vespas mantidas no laboratório? 2.2- Existem custos associados à manutenção de Wolbachia? Começámos por tentar responder à primeira questão estabelecendo linhas isogénicas da vespa Leptopilina boulardi não infectadas por Wolbachia e sujeitando-as a hospedeiros de Drosophila melanogaster contendo Wolbachia. Utilizando duas linhas de moscas infectadas com estirpes individuais diferentes, sujeitámos as vespas a estes hospedeiros infectados e recolhemos toda a descendência após este evento de parasitação. Com estas fêmeas estabelecemos linhas isogénicas, das quais recolhemos, na geração seguinte, indivíduos suficientes que nos permitisse extrair DNA e testar a presença de Wolbachia por PCR. Com estes dados pudemos inferir a taxa de transmissão horizontal entre Leptopilina boulardi e Drosophila melanogaster. Numa tentativa de avaliar se a proteção viral conferida em mosca era transmitida com o endossimbionte para o novo hospedeiro estabelecemos um protocolo de infecção viral sistémica em vespa. No entanto, verificámos que a espécie Leptopilina boulardi não parece ser susceptível aos vírus de RNA que são canonicamente testados em Drosophila. Atestámos também que, nesta espécie, uma transmissão horizontal de Wolbachia não origina uma infecção estável, que seja em última análise, verticalmente mantida. Para responder à questão 2, recolhemos indivíduos da natureza e testámos a presença de Wolbachia assim como determinámos a espécie em questão. Deparamo-nos com uma linha de Leptopilina heterotoma, infectada com Wolbachia. Para estabelecermos um controlo negativo, usámos um tratamento de antibiótico que tratou a infecção, proporcionando duas linhas semelhantes de vespa, uma com e outra sem Wolbachia. Posteriormente, infecção viral foi realizada para esta espécie, onde vimos um efeito pequeno da ação de DCV, apenas detectável na linha que continha a infecção bacteriana de origem mas não na linha tratada. Para determinar custos, realizámos ainda medições quanto ao tempo total de desenvolvimento e longevidade de ambas as linhas de Leptopilina heterotoma, onde detectámos um possível efeito da Wolbachia a atrasar ligeiramente o desenvolvimento de ovo até adulto. Sumariamente, os nossos resultados indicam que a transmissão horizontal de Wolbachia ocorre, embora o estabelecimento de uma infeção vertical estável seja seja, neste caso, indetectável. Concluímos também acerca do efeito que uma infecção viral pode ter (ou não) sobre uma espécie com a qual provavelmente partilha nichos ecológicos na natureza (considerando que tanto Leptopilina boulardi como Leptopilina heterótoma são parasitoides naturais de Drosophila melanogaster, o hospedeiro por excelência de DCV). Podemos ainda verificar que a presença deste endossimbionte pode induzir custos num hospedeiro nativo, como de resto é verificado noutras espécies
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