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O design pop no Brasil dos anos 1970: domesticidades e relações de gênero na revista Casa & Jardim
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2010Neste trabalho, tenho como objetivo discorrer sobre o impacto das transformações nas relações de gênero, promovidas nos anos 1960, na incorporação da linguagem Pop pelo design de produtos feito no Brasil entre o final da década de 1960 e meados dos anos 1970. Para tanto, recorri às representações de interiores domésticos veiculadas pela revista Casa & Jardim como fontes de pesquisa. A abordagem conceitual escolhida para estudar as revistas de decoração tem como fundamento a sua caracterização como mídias de estilo de vida. Operando como intermediárias culturais, as mídias de estilo de vida produzem, divulgam e legitimam formas particulares de conhecimentos, valores e comportamentos, oferecendo ao público leitor pontos de apego para a constituição de identidades de classe, gênero e geração. De um modo geral, as representações de artefatos e ambientes Pop em Casa & Jardim sugerem alternativas de domesticidade voltadas para as classes médias, identificadas com a cultura jovem. Como parte constitutiva da revolução comportamental desencadeada nos anos 1960 em escala internacional, o design Pop foi um dos meios utilizados pela juventude da época para expressar seus anseios por mudanças nas regras hegemônicas que organizavam a vida social. Devido à sua ligação com as posturas iconoclastas experimentadas pelas/os jovens naquele momento, quero argumentar que a domesticidade Pop foi tanto informada quanto teve impacto nas modificações ocorridas nas relações de gênero vigentes. Ao propor o uso do corpo de maneira descontraída e relaxada, os móveis e ambientes Pop deram sustentação para a ampliação dos limites referentes aos padrões do comportamento feminino, classificados como aceitáveis até então
“A Decoração não tem sexo, tem personalidade”:: uma discussão sobre representações de gênero no blog Homens da Casa
Este artigo discute as representações de gênero na decoração de interiores domésticos, analisando as publicações do blog Homens da Casa, de autoria do publicitário Eduardo Mendes. Trata-se de um blog de decoração voltado para um público masculino, que promove a decoração baseada no conceito do it yourself, com uma abordagem bem-humorada e informal. Seu objetivo é o de promover a decoração rápida e fácil, através de dicas e sugestões no formato passo-a-passo, enfatizando o lado prático e a facilidade de reprodução dos projetos publicados. Mediante a problematização das estratégias discursivas apresentadas no blog, busca-se compreender como as representações de masculinidades e feminilidades promovidas por meio das imagens veiculadas e da linguagem utilizada nesse blog, contribuem para a reprodução de assimetrias de poder e preconceitos de gênero
Garotas usam calça, gravata & paletó: novos modelos de feminilidades na Revista Pop (anos 1970)
Nos anos 1970, a contracultura e os movimentos gay e feminista tensionaram significados hegemônicos de gênero. Tais transformações comportamentais, materializadas por meio de roupas e de práticas corporais, foram apropriadas pela indústria da moda. Nesta perspectiva, nosso objetivo é analisar como o uso de calças, gravatas e paletós por garotas, em um editorial de moda da Pop - primeira revista destinada ao público jovem no Brasil, que circulou na década de 1970 -, tensionou normativas de gênero, ampliando os limites para a construção dos corpos. A discussão, apoia-se, sobretudo, na articulação entre as áreas dos Estudos de Gênero e História da Moda. Nossa pesquisa indica que o look analisado funcionou, em certa medida, como uma estratégia material de tensionamento do conservadorismo social, produzindo modelos de feminilidades mais livres
Mostras de design de interiores como espaço de mediação entre projetistas, empresas e público: Um estudo sobre a Casa Cor Paraná
Neste texto, temos como objetivo discutir as relações estabelecidas entre diversos sujeitos, instituições e espaços envolvidos na prática de design de interiores, considerando como são mediadas pela Casa Cor Paraná – mostra de arquitetura, design e paisagismo que ocorre na cidade de Curitiba desde 1994. Em nosso estudo, utilizamos como principais fontes de pesquisa os anuários e revistas editadas pela organização da mostra entre os anos de 1994 e 2017, bem como o livro Estilo Curitiba: os 20 anos da Casa Cor Paraná. Construímos nossas reflexões em diálogo trabalhos vinculados às disciplinas de História do Design e História da Arquitetura. A partir de nossas análises sobre o contexto de surgimento da mostra, suas características gerais e objetivos, procuramos enfatizar as interrelações estabelecidas entre designers, público visitante e empresas fornecedoras no circuito que envolve o planejamento, produção, divulgação e consumo associado à exposição. Buscamos ainda indicar como a Casa Cor Paraná se apresenta como um espaço privilegiado para lidar com questões relacionadas à configuração de práticas e valores vinculados à cidade e a padrões de moradia
Apresentação
The proposal of this dossier is in line with the strands that defend design as a social practice widely committed to the material and symbolic configuration of everyday life. It is about understanding design as a cultural phenomenon that operates in the production of behaviors and meanings through the objectification of values whose effects are crossed by power relations, having implications for the constitution of individual and collective identities. We argue, then, that design does not only concern a professional and institutionalized activity, but encompasses numerous practices engaged in the transformation of the social world.A proposta deste dossiê está alinhada às vertentes que defendem o design como uma prática social amplamente comprometida com a configuração material e simbólica da vida cotidiana. Trata-se de entender o design como um fenômeno cultural que opera na produção de comportamentos e sentidos mediante a objetificação de valores cujos efeitos são atravessados por relações de poder, tendo implicações na constituição de identidades individuais e coletivas. Argumentamos, então, que o design não diz respeito apenas a uma atividade profissional e institucionalizada, mas abarca inúmeras práticas engajadas na transformação do mundo social
Raça como tecnologia
Este trabalho tem como objetivo discorrer como o racismo está posto na sociedade brasileira, partindo da ideia de que raça é uma tecnologia, isto é, raça é uma mediação social que ordena e produz técnicas e sentidos práticos que estruturam uma cultura. Como procedimento metodológico, foi realizado uma revisão bibliográfica acerca das definições de raça, racismo estrutural e interseccionalidade alicerçados em dados históricos e dados estatísticos retirados de pesquisas realizadas durante a pandemia do covid-19 pelas revistas NEXO, Gênero Número e o Informativo de Desigualdade Racial publicado pelo núcleo de Pesquisa AFRO. A escolha por privilegiar as pautas interseccionais advindas das lutas do Movimento Negro Antirracista se dá na importância de entender como as estratégias de combate ao racismo estrutural estão sendo desenvolvida no campo das ciências, tecnologia e sociedade
ENTRE PANELAS, FOGÕES E AVENTAIS:O ensino de práticas domésticas na Escola Técnica de Curitiba nos anos 1940 e 1950
Este trabalho tem como objetivo refletir sobre o ensino de práticas domésticas no curso de Corte e Costura na Escola Técnica de Curitiba entre as décadas de 1940 e 1950. Neste período, a educação dada às mulheres refletia o consenso social sobre a moral e os bons costumes e baseava-se em aprendizados que valorizavam o saber-fazer doméstico. Na Escola Técnica de Curitiba, o curso industrial ginasial de Corte e Costura era direcionado exclusivamente para meninas e apresentava, como parte do currículo, a prática educativa de Economia Doméstica com o intuito de preparar futuras “donas de casa exemplares”. No que tange à formação de meninas, os conteúdos serão analisados a partir do viés de pedagogias de gênero, visto que a instituição estava interessada em ensinar, legitimar e reforçar concepções tradicionais de feminilidade como os cuidados com o lar e com o conforto, a saúde e o bem-estar da família
“Quando o negro se movimenta, toda a possibilidade de futuro com ele se move”
The aim of this paper is to identify how Afrofuturist language appropriates related proposals such as the Brazilian black movement, as a strategy of resistance to racism. The analysis methodology is based on a literature review based on the studies of identity representation (Stuart Hall), Black Movement (Nilma Lino Gomes) and Afrofuturism (Ytasha Womack). Thus, this study demonstrates how design techniques inserted in aesthetic and artistic productions become crucial tools for the construction of images and social emancipation from the negative representations in contemporary culture.O objetivo deste artigo é identificar como a linguagem Afrofuturista se apropria de proposições correlatas as lutas do movimento negro brasileiro, comouma estratégia de resistência em relação ao racismo. A metodologia de análise se baseia em uma revisão bibliográfica a partir dos estudos de representação identitária (Stuart Hall), Movimento Negro (Nilma Lino Gomes) e Afrofuturismo (Ytasha Womack). Assim, este estudo demonstra como as técnicas de design inseridas nas produções estéticas e artísticas se tornam ferramentas cruciais para a construção imagética e emancipação social a partir das representações das populações negras na cultura contemporânea
Habitar a metrópole: os apartamentos quitinetes de Adolf Franz Heep
The restructuring of the housing market and the emergence of a new housing typology in Sao Paulo from the mid-1940s, the kitchenette apartment, coincided with changes in the parameters that guided disciplinary discourse and architectural practice in Brazil. Analyze the moment the new typology was formulated, their initial motivations and subsequent developments, allows not only to recover the trajectory of the German architect Adolf Franz Heep (1902-1978) as investigate the dialogue between European architectural avant-garde, the North-American experiences, the local architectural production and the local demands