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    Do “só o espaço” ao lugar de memória: Preservação de bens culturais de matriz africana uma questão de “lugar”?

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    Este texto tem por objetivo abordar alguns aspectos do debate a respeito do reconhecimento por parte do Estado brasileiro de bens culturais de matriz africana como patrimônio cultural brasileiro. Além de apresentar uma breve digressão histórica sobre as práticas de preservação no Brasil e a relação institucional entre o Estado e os povos e comunidades tradicionais de matriz africana, este trabalho procura ainda demonstrar como este moderno/colonial Estado-Nação brasileiro por intermédio do seu “Serviço do patrimônio” elaborou até a década de 1980 uma narrativa histórica sobre a memória nacional invisibilizando aspectos culturais ligados à população negra e às heranças africanas no Brasil. Concluímos assim que pensar políticas públicas de preservação é pensar as relações raciais no Brasil e por isso a importância de sabermos o “lugar” dos bens culturais de matriz africana no rol dos bens elencados como representativos da memória nacional. Somente após o tombamento do Terreiro de Casa Branca, e as pressões da sociedade civil, principalmente os movimentos sociais e culturais negros e de matriz africana, que o Iphan vem tentando construir um novo “olhar patrimonial” e um novo lugar institucional para os bens culturais ligados aos povos e comunidades tradicionais de matriz africana

    Na Casa de Ajalá : comunidades negras, patrimônio e memória contracolonial no Cais do Valongo : a “Pequena África”

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    Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Centro de Estudos Avançados e Multidisciplinares, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional, 2019.Esta dissertação, apresenta um estudo sobre como as comunidades negras da região da Pequena África [Zona Portuária] do Rio de Janeiro tem disputado o direito à memória, e agenciado maneiras próprias de lembrar, narrar e fazer usos da memória e do passado a partir da patrimonialização do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo. Ressurgido em 2011 após obras estruturais do Projeto Porto Maravilha, os vestígios do Cais do Valongo, o maior porto escravista das Américas entre os séculos XVIII e XIX, e que esteve soterrado, apagado e silenciado durante anos, foi reconhecido em 2017 pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade e Sítio de Memória Sensível. Como fenômeno, a patrimonialização do Valongo mobiliza traumas, dor e violência, mas também herança, celebrações e identidades, o que nos leva a repensar as relações entre memória e patrimônio, identidade e subjetividade, passado e história. A partir da perspectiva teórico-metodológica do desde a travessia, tomamos as experiências negras como lugar e o corpo como documento para pensar as disputas, conflitos e re-politização da memória em torno da memorialização e da patrimonialização do Cais do Valongo e de outras marcas e heranças negras. E assim, tanto denunciar um processo histórico de silenciamentos, esquecimentos e apagamentos das memórias negras, o que definimos necropolítica das memórias negras, isto é, a produção de uma memória sobre negro de perspectiva colonial, branca, euroferenciada, quanto pensar uma memória negra do negro, contracolonial/desde a travessia, reposicionada pelas comunidades negras que passam a produzir um lembrar de si e passam a narra a si como possibilidade de reconstrução do ser esfacelado pela colonização, a escravidão e o racismo.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).This dissertation presents a study about how the black communities of the region of Small Africa [portuary zone] of Rio de Janeiro have been disputing the right to memory, and have organized their own ways of remembering, narrating and making uses of memory and the past from the patrimonialization of the Archaeological Site of Cais do Valongo. Resurrected in 2011 after structural works of the Porto Maravilha Project, the vestiges of the Valongo Pier, the largest slave port in the Americas between the 18th and 19th centuries, which was buried, erased and silenced for years, was recognized in 2017 by UNESCO as Patrimony of Humanity and Site of Sensitive Memory. As a phenomenon, Valongo's patrimonialization mobilizes traumas, pain and violence, but also inheritance, celebrations and identities, which leads us to rethink the relations between memory and heritage, identity and subjectivity, past and history. From the theoretical-methodological perspective desde a travessia, we take the black experiences as place and the body as a document to think about the disputes, conflicts and re-politicization of memory around the memorization and patrimonialization of Cais do Valongo and other brands and black inheritance. And so, both denouncing a historical process of silence, oblivion and erasure of black memories, what we define the necropolitics of black memories, that is, the production of a black memory of a colonial, white, Euroferenciada perspective, black, contracolonial / from the crossing, repositioned by the black communities that come to produce a remembrance of themselves and pass on narrates to themselves as a possibility of reconstruction of being crushed by colonization, slavery and racism

    Na travessia o negro se desfaz: vida, morte e memÓRÍa , possíveis leituras a partir de uma filosofia africana e afrodiaspórica

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    The present work aims to present the concept of Memory, still in development, that has its bases in African and afrodiasporicas ontologies to understand the dimensions of the African ethos of life. Still, in this sense, the article focuses on the concept of Crossing, where the historical experience of the black body transposes elements that still need to be worked and revisited. Thus, the work also seeks to compose a contribution to African (s) and Afro-Diasporic (s) studies no longer from the field of justification of what is “African Philosophy”, but takes the African Philosophy (s) as an already established knowledge and that is allowed in the construction of new concepts and in the questioning of them.O presente trabalho tem como objetivo apresentar o conceito de MemÓRÍa, ainda em desenvolvimento, que possui suas bases em ontologias africanas e afrodiaspóricas para compreender as dimensões do ethos africano de vida. Ainda, neste sentido, o artigo se debruça sobre o conceito de Travessia, onde a experiência histórica do corpo negro transpõe elementos que ainda necessitam ser trabalhados e revisitados. Sendo assim, o trabalho também busca compor uma contribuição aos estudos de Filosofia(s) Africana(s) e afrodiaspóricas não mais a partir do campo da justificativa do que seja “Filosofia africana”, mas toma as Filosofia(s) Africana(s) como um conhecimento já estabelecido e que se permite na construção de novos conceitos e no questionamento dos mesmos

    Memoría, a flecha que rasura o tempo

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    This essay has as its starting point, the refusal to understand that the studies of African Philosophy are limited to the exercise of justification of what is “African Philosophy”, or the relevance of its studies, and the alignment with the understanding that African Philosophy (s). (s) are a knowledge already established and that allows the construction of new concepts and the questioning of them both for philosophy, for history and studies of memory. In the context of black African experiences in the diaspora, in Brazil specifically, memory was and can continue to be a powerful instrument for maintaining the colonialist-racist imagination. Given this we will make some considerations about the concept of Memory as the deepest link with ancestry, as a possibility of reconstruction of the black being in the diasporic, to transform and leave in agency of their being and being in the world, their memories, their senses, uses and meanings. Memory as the possibility of restoring the memory, memory and history of the African being and his black descendants in the diaspora, to blacks themselves, recovering memories and identities usurped by colonialism.Este ensaio tem como ponto de partida o entendimento de que as Filosofia(s) Africana(s) são um conhecimento já estabelecido que permite a construção de novos conceitos e no questionamento dos mesmos, tanto para a filosofia, como para a história e os estudos da memória. No contexto das experiências negro-africanas na diáspora, no Brasil especificamente, a memória foi e pode continuar sendo um poderoso instrumento de manutenção do imaginário colonialista-racista. Diante disso faremos algumas considerações a respeito do conceito de MemÓRÍa como o elo mais profundo com as ancestralidades, como possibilidade de reconstrução do ser negro na diaspórico, de se transformar e sair em agência de seu ser e estar no mundo, das suas memórias, seus sentidos, usos e significados. MemÓRÍa como possibilidade de restituir a lembrança, a memória e a história do ser africano e seus descendentes negros na diáspora, aos próprios negros, recuperando memórias e identidades usurpadas pelo colonialismo

    O que nos contam as pedras pisadas do cais? Usos e disputas políticas das memórias da escravidão e do tráfico transatlântico

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    Over the past thirty years there has been increasing interest in the memory of slavery and ways of expressing the past, including places of memory, museums, and cultural heritage. By accessing slavery’s past, groups and individuals build their own narratives about it and break with places that, historically, have erased, even silenced and marginalized Africa and the Black diaspora. Given this demand for recognizing the legacy of the memory of slavery, this paper raises questions about the Cais do Valongo archeological site, [which came to be recognized] as cultural heritage of humanity, as a result of the agency of Black social actorsin the Pequena África district. It also examines the political uses of the past by these contemporary actors in the struggle for identification, recognition, and reparation, as well as in the fight against racism.Pode-se observar que, nos últimos trinta anos, o interesse pelas memórias da escravidão e as expressões do passado, como os lugares de memória, os museus e o patrimônio cultural, intensificou-se. Ao acessar o passado da escravidão, grupos e indivíduos constroem narrativas próprias sobre esse passado e rompem com espaços que, historicamente, produzem um apagamento, quando não um silenciamento e uma marginalização da África e das populações negras em diáspora. Assim, diante desse quadro de reivindicação recente por reconhecimento e patrimonialização das memórias da escravidão, este texto se propõe a interpelar um bem cultural e patrimônio da humanidade, o Sítio Arqueológico Cais do Valongo, a partir das agências de atores sociais negros da região da Pequena África, e os usos políticos do passado por esses atores contemporâneos na luta por identificação, reconhecimento e reparação, bem como na luta contra o racismo
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