8 research outputs found

    O incipit na novelística histórica portuguesa e brasileira

    Get PDF
    O incipit como partida para um lugar, origem de um itinerário narrativo desconhecido, é uma fórmula privilegiada que os autores possuem não só como mecanismo de sedução, como artifício que dita as regras do universo da história, mas também como expressão do seu posicionamento face ao que irão contar. Tratando-se do romance histórico, o autor tem ainda a responsabilidade de situar temporalmente o leitor, optando quer por descrições, segmentos narrativos ou por iniciar a história em medias res, sempre de forma a não desconfortar o leitor. O incipit neste género pode também funcionar como índice da forma como o autor faz uso da História na ficção: “écran” ideológico, com o intuito de intervenção no presente, evasão e catarse, ou, ainda, reflexão e clarificação de um determinado período. Se estas categorias são válidas na análise do incipit das obras dos autores lusos e de alguns textos de Alencar, os romances históricos de teor indianista alencarianos exigem uma outra categoria – a da elaboração ficcional da História com intenções mítico-lendárias. Com alguns piscar de olhos aos romancistas portugueses, numa verdadeira lição de ironia romântica, Alencar faz da descrição incipitaria uma verdadeira instituição que concentra em si objetivos ligados à construção da narrativa identitária.The Incipit as a starting point, origin of an unknown narrative itinerary, is a privileged formula that authors use not only as a mechanism of seduction, as a device that dictates the rules of the universe of the narrative, but also as an expression of their position in relation to what is going the object of their story. In the case of the historical novel, the author still has the responsibility of temporarily situating the reader, opting either for descriptions, narrative segments or for starting the story in medias res, so as not to discomfort and loose the reader. The incipit in this genre can also work as a clue to how the author makes use of history in fiction: as an ideological “screen”, with the intention of intervening in the present, evasion and catharsis, or also reflection and clarification of a certain period. If these categories are valid in the analysis of the incipit of the works of the Portuguese authors and of some of Alencar’s texts, the Alencarian historical novels of indianist content demand another category – that of the fictional elaboration of History with mythical and legendary intentions. With some eye winking to Portuguese novelists, in a true lesson of romantic irony, Alencar makes the incipital description a true institution that concentrates in itself objectives linked to the construction of the narrative of the origins of the Brazilian people.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Zaíta will not be forgotten: life in fragments and children in Conceição Evaristo

    Get PDF
    Este estudo procura refletir sobre a violência em comunidades brasileiras empobrecidas e com uma forte presença criminal, conforme retratado pela autora brasileira contemporânea Conceição Evaristo, a partir da análise do conto «Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos» (2014). Considerando a forma extrema de agressão sobre as crianças, como o uso da força física ou psicológica para imposição de uma vontade e controlo, esta passa por condicionamentos que se manifestam por processos de autoritarismo, repressão, segregação e exclusão social. O conto analisa as consequências de um modo de pensar, agir e de se colocar em relação ao outro marcado por experiências diretas e indiretas de violência que se replicam num círculo vicioso e que resultam em vidas que são como o brinquedo mutilado e perdido da pequena Zaíta.This study seeks to reflect on violence in impoverished Brazilian communities with a strong criminal presence, as portrayed by contemporary Brazilian author Conceição Evaristo, based on the analysis of the short story «Zaíta forgot to put the toys away» (2014). Considering the extreme form of aggression against children, such as the use of physical or psychological force to impose a will and control, this goes through a conditioning that is manifested by processes of authoritarianism, repression, segregation and social exclusion. The short story analyzes the consequences of a way of thinking, acting and placing oneself in relation to the other marked by direct and indirect experiences of violence that are replicated in a vicious circle and that result in lives that are like the mutilated and lost toy of the little girl Zaíta.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Humanidades e Universidade: que passado e que futuro?

    Get PDF
    O projeto de Universidade de que somos herdeiros, desenvolvido na Idade Média, nasce assente no princípio da universalidade, no diálogo entre disciplinas e na demanda do conhecimento à luz de um ideário de procura da unidade dos saberes, garantindo ao mesmo tempo a sua autonomia epistemológica na construção de um saber mais holístico sobre a complexidade do ser humano e do cosmos. As disciplinas englobadas hoje nas «Humanidades» desempenhavam um papel central numa formação que se pretendia o mais possível unificadora das etapas de produção de conhecimento disciplinar fragmentário. Com a crescente deriva da especialização na construção do conhecimento e com a valorização das áreas científico-técnicas em nome de exigências económico-sociais, as tradicionais Humanidades têm sofrido uma secundarização no quadro universitário, correndo o risco, em alguns casos, do seu desaparecimento. É, assim, fulcral refletir sobre o seu lugar e futuro, entendendo a Academia como território de produção de saber aberto, com uma formação abrangente e englobante, de interação e construção de visões globais de conhecimento, contra os perigos da fragmentação ou coisificação. Esta assumida defesa das Humanidades passará por vencer a velha dicotomia entre Humanidades, pouco valorizadas da construção de um saber universitário, e as Ciências ditas «científicas» ou «duras», de forma a que se possa contribuir para humanizar e responsabilizar o conhecimento em nome de uma humanidade plenamente humana. Palavras-chave: universidade; humanidades; epistemologia; saberes; humanidade

    Humanidades e universidade: que passado e que futuro?

    Get PDF
    O projeto de Universidade de que somos herdeiros, desenvolvido na Idade Média, nasce assente no princípio da universalidade, no diálogo entre disciplinas e na demanda do conhecimento à luz de um ideário de procura da unidade dos saberes, garantindo ao mesmo tempo a sua autonomia epistemológica na construção de um saber mais holís tico sobre a complexidade do ser humano e do cosmos. As disciplinas englobadas hoje nas «Humanidades» desempenhavam um papel cen tral numa formação que se pretendia o mais possível unificadora das etapas de produção de conhecimento disciplinar fragmentário. Com a crescente deriva da especialização na construção do conhecimento e com a valorização das áreas científico-técnicas em nome de exigências económico-sociais, as tradicionais Humanidades têm sofrido uma se cundarização no quadro universitário, correndo o risco, em alguns ca sos, do seu desaparecimento. É, assim, fulcral refletir sobre o seu lugar e futuro, entendendo a Academia como território de produção de saber aberto, com uma formação abrangente e englobante, de interação e construção de visões globais de conhecimento, contra os perigos da fragmentação ou coisificação. Esta assumida defesa das Humanidades passará por vencer a velha dicotomia entre Humanidades, pouco va lorizadas da construção de um saber universitário, e as Ciências ditas «científicas» ou «duras», de forma a que se possa contribuir para huma nizar e responsabilizar o conhecimento em nome de uma humanidade plenamente humana.The University project of which we are heirs, developed in the Middle Ages, is born based on the principle of universality, in the dialogue between disciplines and in the demand for knowledge in the light of an ideal of seeking the unity of knowledge, while guaranteeing its epistemological autonomy in the construction of a more holistic knowl edge about the complexity of the human being and the cosmos. The subjects encompassed today in the «Humani ties» played a central role in an education that was intended as much as possible to unify the stages of producing fragmentary disciplinary knowledge. With the increasing drift of specialization in the construction of knowledge and with the valorization of scientific-technical areas in the name of economic and social requirements, the traditional Humanities have been suffering of less importance in the university framework, running the risk, in some cases, of disappearing. It is, therefore, crucial to reflect on its place and future, understanding the Academy as a territory of production of open knowledge, with a comprehensive and encompassing formation, of interaction and construction of global views of knowledge, against the dangers of fragmentation or objectification. This assumed defense of the Humanities requires overcoming the old dichotomy between the Humanities, little valued in the construction of uni versity knowledge, and the so called «hard» Sciences, so that one can contribute to humanize and hold knowledge accountable in the name of a fully human humanity.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Literatura, educação e empatia

    Get PDF
    Sendo a literatura uma produção artística que tem como fim a aliança entre beleza e reflexão, estética e ética, fruição e atuação, permite um processo continuo de aprendizagem, já que implica o estimulo ao uso da emoção e do raciocínio, o preenchimento de lacunas de formação e a compreensão do “eu” e dos outros. Tendo em consideração a riqueza polissémica e simbólica, a abertura para outros espaços, fantásticos ou reais, e diferentes mundos, vai muito além de juntar letras ou compor frases, já que transporta o leitor para outro universo, convidando-o a fazer parte da vida do “outro” através das personagens e da experiência das suas vivencias. A exploração da literatura trabalha, de facto, diversas competências, não só as geralmente mais exploradas, como as linguísticas e estéticas, mas também aquelas ligadas às relações intra e interpessoais, a promoção da atuação social e cidadania ativa, o espírito empreendedor, compreensão cultural e o desenvolvimento da empatia. Os estudos indicam que a literatura em contexto educativo, formal e informal, tem um papel importante na abordagem das questões da diferença, da identidade e da possibilidade de “colocar-se na pele” do próximo. Ha, assim, que analisar a relação literatura-educacao-empatia – recorrendo não só aos autores da teoria e filosofia da literatura, como T. Todorov ou R. Mitchell, mas também aos das neurociências e das ciências cognitivas K. Oatley, M. Fisher, E. Kidd, M. M. Hammond ou S. Keen –, ao nível, por um lado, da existência de uma identificação empática do leitor com o “eu-nos” do texto, mas também da possibilidade da transformação do “outro” em um “tu” com o qual se dialoga

    Obras Pioneiras da Cultura Portuguesa: primeiros textos de pré-história, história e heráldica

    No full text
    Obra sob a direção de: José Eduardo Franco e Carlos Fiolhais, e coordenada por: Cristina Trindade, Filipe Alves Moreira, João Luís Cardoso, Luísa Paolinelli, Pedro Sameiro e Rui CaritaIV Crónica Breve de Santa Cruz de Coimbra; História de Portugal, de Fernando Oliveira; Troféus Lusitanos, de António Soares de Albergaria; Da Existência do Homem em Épocas Remotas no Vale do Tejo, de Francisco A. Pereira da Costa; Portugal Pré-Histórico, de José Leite de Vasconcelos.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
    corecore