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A circularidade da escrita de Lygia Fagundes Telles
Este ensaio apresenta uma reflexão filosófica sobre a circularidade da escrita de Lygia Fagundes Telles pela impessoalidade do texto literário pregada pelos pós-estruturalistas Michel Foucault, Roland Barthes e Jacques Derrida. Como modelo, faz-se a análise da metanarratividade no conto “Senhor diretor”, da coletânea Seminário dos ratos (1977). Esse texto expõe o jogo de dissimulação no qual o dito é apagado pelo murmúrio do não dito. Com isso, reconhecem-se os processos ambíguos da escrita, que dissimula referências ao mundo externo, enquanto fala de si
O deslocamento inaugural de Laços de família
Este ensaio apresenta uma leitura do espaço da mulher nos contos “Amor” e “Os laços de família”, da coletânea Laços de família (1960), de Clarice Lispector. A partir da ideia de aula inaugural, proposta por Silviano Santiago, analisa-se o deslocamento da mulher para fora da família como uma marca original dessa obra. Tomando como base o conceito de heterotopia, de Michel Foucault, identifica-se a fuga da protagonista como um questionamento da opressão patriarcal. Nos dois contos, temos a mulher em busca de uma heterotopia de sua liberdade
Literatura e performances políticas sobre a violência contra a mulher
A literatura é um importante veículo de divulgação de performances políticas. No caso da autoria feminina brasileira, há diversas obras literárias que questionam a violência contra a mulher por meio de uma estética que parodia e ironiza a masculinidade. Partindo dessas considerações, este artigo apresenta um estudo sobre questionamentos literários acerca da violência de gênero, dando destaque a contos de Lygia Fagundes Telles, Marina Colasanti e Clarice Lispector. Metodologicamente, abordamos os conceitos antropológicos que reconhecem a violência contra a mulher como parte da estrutura hegemônica de manutenção do poder masculino, segundo Rita Laura Segato e Lia Zanotta Machado
A VOZ DOS EXCLUÍDOS EM LYGIA FAGUNDES TELLES
Este artigo analisa como a voz do excluído é representada na ficção de Lygia Fagundes Telles a partir da culpa do narrador diante das mazelas sociais nos contos “O x do problema”, de Seminário dos ratos (1977), e “Dia de dizer não”, de Invenção e memória (2000). Neles, a periferia é descrita como um espaço de tensão social e de confronto de classes no qual o papel do intelectual é avaliado. Parte-se do conceito de hibridismo e de alteridade para se investigar como esses conflitos sociais são representados esteticamente
REGULAÇÕES DO ESTUPRO EM LYA LUFT E PATRÍCIA MELO | REGULATIONS OF THE RAPE IN LYA LUFT AND PATRÍCIA MELO
Os estudos feministas questionam regras e normas que relativizam a culpa do estuprador, quando desqualificam a mulher. Partindo do diálogo entre literatura e antropologia, este artigo analisa como essa relativização é representada nos romances As parceiras (1980), de Lya Luft, e O matador (1995), de Patrícia Melo. No primeiro, a narradora relata os estupros sofridos por sua avó no casamento. No segundo, o narrador descreve o estupro que pratica contra sua namorada em um momento de descontrole. Nesta análise, levamos em conta o embasamento teórico de Judith Butler e Lia Zanotta Machado, que denunciam a relativização dessa violência como parte das regulações de gênero hegemônicas que insistem na subordinação do corpo da mulher ao desejo masculino. Abstract: Feminist studies question rules and norms that relativize the rapist’s guilt when they disqualify the woman. Starting from the dialogue between literature and anthropology, this article analyzes how criticism of this relativization is represented in the novels As parceiras (1980), by Lya Luft, and O Matador (1995), by Patricia Melo. In the first novel, the narrator reports the rapes suffered by her grandmother at the wedding. In the second one, the narrator describes the rape he practices against his girlfriend in a moment of lack of control. In this analysis, we take into account the theoretical basis of Judith Butler and Lia Zanotta Machado, who denounce the relativization of this violence as part of the hegemonic gender regulations that insist on the subordination of the woman’s body to male desire.Keywords: Gender anthropology; Sexual violence; Contemporary novel
A estética da desregulação da violência doméstica em Marina Colasanti
Este artigo apresenta um estudo acerca das regulações de gênero que normatizam a violência doméstica pela análise da obra Contos de amor rasgados (1986), de Marina Colasanti. Partimos do conceito de revisão paródica, de Linda Hutcheon, para identificar a caricatura da masculinidade como uma forma de deslocamento das normas de gênero. De acordo com os estudos acadêmicos de Judith Butler, Henrietta Moore, Lia Zanotta Machado e Rita Laura Segato, apresentamos a violência de gênero e o excesso de masculinidade como práticas de controle moral e físico da mulher. Especificamente, investigamos como são representados os valores morais atrelados à questão da honra e à crise identitária das personagens masculinas.This article presents a study about gender regulations that make domestic violence normative from the analysis of Contos de Amor Rasgados (Torn Love Tales) (1986), by Marina Colasanti. We are working with the concept of parodic revision by Linda Hutcheon to identify the caricature of masculinity as a form of displacement of gender norms. According to academic studies by Judith Butler, Henrietta Moore, Lia Zanotta Machado and Rita Laura Segato, we present the gender violence and the excess of masculinity as practices of moral and physical control over women. Specifically, we investigate how moral values bound to the question of honor and the identity crisis of masculine characters are represented
O lugar do leitor cultural
ResumoEste artigo apresenta algumas reflexões acerca do leitor cultural, que ganhou visibilidade a partir das contribuições dos estudos culturais e feministas. Defende-se o lugar desse leitor como um espaço de produção de significados politizados. O leitor cultural leva em conta o contexto de produção literário e de sua recepção atual. Assim, propomos a leitura interdisciplinar como indispensável para a formação do leitor cultural, pois ela explora relações interculturais entre texto e sociedade. Além da recepção crítica, partimos da exploração da paródia como um roteiro de leitura, uma vez que ela pode ser usada para o reconhecimento das opções estéticas como parte dos conflitos sociais. Por ser dual, a paródia traz um diálogo com o passado e uma preocupação com a forma de construção do texto. Nessa perspectiva, a leitura cultural exige um movimento para fora e para dentro do texto.Palavras-chaveleitor cultural, paródia, estudos culturais, interculturalidade
A recepção crítica da ópera na ficção de Nélida Piñon
Este artigo analisa como Nélida Piñon faz uma recepção crítica da ópera de Giuseppe Verdi no romance A força do destino (1977). Essa obra destaca o papel da escritora contemporânea ao ler o clássico de um lugar pós-moderno. Na relação intertextual, a recepção da ópera é explorada como um arquivo cultural. Metodologicamente, exploram-se as intertextualidades artísticas a partir do lugar feminista da escritora brasileira. Respaldado no jogo paródico entre ópera e romance, identifica-se a irreverência dessa metanarrativa pós-moderna
Cultural studies and literary criticism
Este ensaio apresenta um debate sobre a importância dos
estudos culturais como intersecção entre forma e conteúdo do texto
literário. A partir da interdisciplinaridade dos estudos culturais, propomos
uma leitura pautada na importância da politização da crítica
literária por meio de abordagens híbridas em que estética e aspectos
culturais sejam explorados como partes do texto literário. Neste debate,
apontamos o hibridismo cultural como método interpretativo
que aproxima diferentes fronteiras do texto, como nos ensinam Homi
Bhabha, Silviano Santiago e Reinaldo Marques._________________________________________________________________________________________ ABSTRACT: This essay presents a discussion on the importance of
the cultural studies as an intersection between form and content of
literary texts. Taking as a starting point the interdisciplinarity of the
cultural studies, it is proposed a reading based on the importance of
the politicization of the literary criticism through hybrid approaches
in which the aesthetic and the cultural aspects are understood as part
of the literary text. In this debate, we highlight the cultural hybridism
as an interpretative method which helps the process of approximating
different boundaries of the text as can be verified in the studies of
Homi Bhabha, Silviano Santiago and Reinaldo Marques
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