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    O mito libertário do “jornalismo cidadão”

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    Teorizações sobre a ubiquidade dos media normalmente resultam num processo de rejeição que pode revelar-se numa de duas formas diferentes: a simples demonização, como nos é apresentada nomeadamente por Baudrillard, Virilio, Chomsky ou Bourdieu, ou a apresentação de algumas propostas alternativas que, apesar do seu apelo ou talvez por causa dele, se colocam num território que poderíamos denominar ‘limbo de utopia’. Este artigo centra-se na segunda aproximação, particularmente nos desvios que a enformam na chamada era da comunicação online. Apresenta a web como um poderoso motor de possível reversão das estruturas de poder nos sistemas mediáticos, com os cidadãos a assumirem um papel mais interventivo de forma mais simples e rápida. O que será o jornalismo num tal cenário

    O “jornalismo cidadão”e o mito da tecnologia redentora

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    O objetivo deste artigo é suscitar um debate sobre o assim chamado “jornalismo cidadão” ou “jornalismo participativo” e demonstrar, entre outras coisas, o equívoco na simplificação de se apresentar o confronto entre “nós” (cidadãos ávidos por exercitar sua liberdade de expressão) e “eles” (jornalistas que tentam preservar seu “privilegiado” papel de informantes). Pretendo, assim, oferecer uma nova perspectiva para a discussão sobre essa aclamada revolução no jornalismo. Se todos nós pudéssemos assumir o papel de jornalistas, o próprio jornalismo seria “naturalizado” ou dissolvido entre nossos afazeres diários. Entretanto, se imaginarmos que esse novo cenário permite transformar a todos nós, potencialmente, em fontes, poderemos verificar que o jornalismo se tornou, de fato, mais complexo. Consequentemente, passa a haver uma demanda por critérios mais rigorosos para a seleção de notícias. O que, em contrapartida, contradiz a lógica do jornalismo em “tempo real”. Mas este já seria um tema para outra discussão

    As sombras de junho │ The shadows of June

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    RESUMO Este artigo traça um breve quadro do contexto político em que emergiram as manifestações de junho de 2013 no Brasil e aponta a relevância da questão do cotidiano para uma análise mais abrangente. Concentra-se na discussão sobre o papel da internet na mobilização da população e na atuação de grupos de midiativistas que surgiram ou se consolidaram nesse período. Critica a perspectiva da “ação direta”, reitera a importância da mediação jornalística para o esclarecimento do público e a necessidade da abertura ao contraditório para o convívio democrático. Palavras-chave: Manifestações; Internet; Cotidiano; Midiativismo; Jornalismo. ABSTRACT This article provides a brief background of the political context in which the events of June 2013 emerged in Brazil and highlights the relevance of the question of everyday life for a more comprehensive analysis. It focuses the discussion on the role of internet in mobilizing the population and the activity of midiactivists groups which have arisen or been consolidated in this period. It also criticizes the prospect of "direct action", and reiterates the importance of journalistic mediation to inform the public and the need for openness to contradictory points of view to build a democratic society. Keywords: Demonstrations; Internet; Everyday life; Mediactivism; Journalism

    O MUNDO "DIVERTIDO": O FETICHE DA INTERNET E A MOBILIZAÇÃO POLÍTICA NAS REDES SOCIAIS

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    Este artigo aponta a fetichização da internet como resultado do processo de deslumbramento diante das novidades tecnológicas que acompanha a história da humanidade. Procura demonstrar a necessidade de se explorar o potencial das redes sociais na mobilização política sem resvalar para idealizações mistificadoras. Trata da substituição do “paradigma da produção” pelo “paradigma da comunicação”, que fundamenta a obra de Habermas, e das derivações, por outros autores, de proposição de um novo “bios” – uma nova forma de vida - supostamente inaugurada pela tecnologia digital, que resulta na reiteração do fetiche, no sentido marxista do termo. O artigo aponta o mundo virtual como um reflexo das contradições sociais e critica a hipótese de redenção pela tecnologia, especialmente nos tempos atuais, de permanente apelo a que a vida deva ser “divertida”. Conclui pela necessidade de se adotar uma perspectiva crítica em relação às novas tecnologias, para se evitar a confusão entre as possibilidades de ampliação da luta política proporcionada por esse meio com a realização dessa luta no ambiente virtual. Identificador de Objeto Digital (DOI) http://dx.doi.org/10.5902/231630547310 

    O “Segundo olho” do repórter: o papel dos motoristas na produção da notícia

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    This article brings to light the importance of the work of a professional category that has always been in shadow and is now endangered in the Internet era: the drivers that work for the press. It seeks to demonstrate their relevance in newsmaking, both in its most basic task behind the wheel as in the very process of investigation and in various other forms of collaboration. The article tries to afford an opportunity to enrich the history of journalism in Brazil and sets out, though briefly, the changes in news production, with the adoption of digital technology and the progressive reduction of street reportage.Este artículo pone de manifiesto la importancia de la labor de una categoría profesional que siempre estuvo a la sombra y ahora está en peligro de extinción en la era de Internet: el conductor que trabaja para la prensa. Se trata de demostrar la relevancia de su trabajo en la producción de noticias, tanto en su tarea más básica detrás de la rueda como el proceso mismo de investigación y en varias otras formas de colaboración. El texto busca ofrecer una oportunidad para enriquecer la historia del periodismo en Brasil y establece, aunque sea brevemente, los cambios en la producción de noticias, con la adopción de la tecnología digital y la reducción progresiva de los reportajes en la calle.Este artigo traz à luz a importância do trabalho de uma categoria profissional que sempre ficou na sombra e está agora em vias de extinção, na era da internet: o motorista de reportagem. Procura demonstrar a relevância de sua atuação na produção da notícia, tanto na sua tarefa mais elementar ao volante como no próprio processo de apuração e em várias outras formas de colaboração. Assim, busca oferecer elementos para enriquecer a história do jornalismo no Brasil e expõe, ainda que brevemente, as transformações na produção da notícia, com a adoção da tecnologia digital e a progressiva redução da reportagem de rua.The “Second eye” of the reporter: the role of drivers in newsmakingABSTRACTThis article brings to light the importance of the work of a professional category that has always been in shadow and is now endangered in the Internet era: the drivers that work for the press. It seeks to demonstrate their relevance in newsmaking, both in its most basic task behind the wheel as in the very process of investigation and in various other forms of collaboration. The article tries to afford an opportunity to enrich the history of journalism in Brazil and sets out, though briefly, the changes in news production, with the adoption of digital technology and the progressive reduction of street reportage.KEYWORDS: Driver. Newsmaking. History of journalism.El “Segundo ojo” del periodista: el papel de los conductores en la producción de la notíciaRESUMENEste artículo pone de manifiesto la importancia de la labor de una categoría profesional que siempre estuvo a la sombra y ahora está en peligro de extinción en la era de Internet: el conductor que trabaja para la prensa. Se trata de demostrar la relevancia de su trabajo en la producción de noticias, tanto en su tarea más básica detrás de la rueda como el proceso mismo de investigación y en varias otras formas de colaboración. El texto busca ofrecer una oportunidad para enriquecer la historia del periodismo en Brasil y establece, aunque sea brevemente, los cambios en la producción de noticias, con la adopción de la tecnología digital y la reducción progresiva de los reportajes en la calle.PALABRAS CLAVE: Conductor. Producción de la noticia. Historia del periodismo

    O caso Vaza Jato: uma discussão sobre verdade, política, ética e credibilidade

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    Este artigo é uma primeira aproximação para um estudo de caso derivado de pesquisa pós-doutoral, ainda em andamento, sobre a necessidade e as dificuldades do jornalismo no tempo das redes, que tem na discussão da credibilidade sua preocupação central. O foco é o texto de apresentação da série de reportagens conhecida como Vaza Jato, na qual o jornal eletrônico The Intercept Brasil (TIB), a partir de material obtido com fonte anônima, expõe várias ilegalidades cometidas pela operação Lava Jato para condenar o ex-presidente Lula e impedi-lo de concorrer às eleições presidenciais de 2018. A partir de uma discussão sobre verdade e política, o artigo examina a questão da credibilidade no jornalismo como crença verdadeira justificada, explorando a distinção entre credibilidade constituída e credibilidade atribuída, e aplica essa fundamentação teórica à análise dos pressupostos éticos anunciados para justificar a publicação da série e à polêmica que ela provocou. Para isso, parte da campanha publicitária que o TIB mantém online para conquistar apoio, na qual reafirma os princípios clássicos do jornalismo e os alia ao sentido de uma militância que nivela, ainda que apenas retoricamente, a equipe de jornalistas a seu público, e instila nele o sentido cívico de colaboração com o projeto. Discute a dúvida que sempre recai sobre reportagens oriundas de vazamento de informação e questiona o protagonismo dos dois editores executivos do jornal, que restitui ao jornalismo seu caráter político mas implica o risco de uma excessiva exposição que tumultua o ambiente já poluído da guerra ideológica virtual. Conclui que, num contexto de paixões políticas radicalizadas, a explicitação da defesa de causas tende a cristalizar as posições e a alimentar a desconfiança daqueles que, em princípio, os jornalistas precisam conquistar, se pretendem falar além das próprias bolhas

    O caso Vaza Jato: uma discussão sobre verdade, política, ética e credibilidade

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    Este artigo é uma primeira aproximação para um estudo de caso derivado de pesquisa pós-doutoral, ainda em andamento, sobre a necessidade e as dificuldades do jornalismo no tempo das redes, que tem na discussão da credibilidade sua preocupação central. O foco é o texto de apresentação da série de reportagens conhecida como Vaza Jato, na qual o jornal eletrônico The Intercept Brasil (TIB), a partir de material obtido com fonte anônima, expõe várias ilegalidades cometidas pela operação Lava Jato para condenar o ex- -presidente Lula e impedi-lo de concorrer às eleições presidenciais de 2018. A partir de uma discussão sobre verdade e política, o artigo examina a questão da credibilidade no jornalismo como crença verdadeira justificada, explorando a distinção entre credibilidade constituída e credibilidade atribuída, e aplica essa fundamentação teórica à análise dos pressupostos éticos anunciados para justificar a publicação da série e à polêmica que ela provocou. Para isso, parte da campanha publicitária que o TIB mantém online para conquistar apoio, na qual reafirma os princípios clássicos do jornalismo e os alia ao sentido de uma militância que nivela, ainda que apenas retoricamente, a equipe de jornalistas a seu público, e instila nele o sentido cívico de colaboração com o projeto. Discute a dúvida que sempre recai sobre reportagens oriundas de vazamento de informação e questiona o protagonismo dos dois editores executivos do jornal, que restitui ao jornalismo seu caráter político mas implica o risco de uma excessiva exposição que tumultua o ambiente já poluído da guerra ideológica virtual. Conclui que, num contexto de paixões políticas radicalizadas, a explicitação da defesa de causas tende a cristalizar as posições e a alimentar a desconfiança daqueles que, em princípio, os jornalistas precisam conquistar, se pretendem falar além das próprias bolhas.Este trabalho é apoiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto UIDB/00736/2020

    Educação midiática e fake news: reflexões preliminares sobre um projeto do Observatório de Ética Jornalística (objETHOS)

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    Este artigo situa o projeto de educação para a crítica de mídia desenvolvido pelo Observatório de Ética Jornalística (objETHOS), do Programa de Pós-graduação em Jornalismo da UFSC, no contexto da crise do jornalismo e da discussão sobre credibilidade e o ambiente de desordem informativa contemporâneo. Expõe essa experiência que completa dois anos junto a escolas do ensino médio da capital catarinense. Voltado para a formação cidadã dos estudantes, sensibilizando-os a desenvolver o seu próprio senso crítico frente ao universo de representação das informações jornalísticas, o trabalho se incorpora às atividades letivas e pedagógicas de cada escola, com quatro encontros semestrais de duas horas/aula, sempre na última semana de cada mês. Não são propriamente aulas ou palestras, mas rodas de conversa, conduzidas com base no conceito de diálogo de Paulo Freire, nas quais os pesquisadores do objETHOS apresentam um tema adequado à conjuntura – por exemplo, questões de gênero, racismo, erro de informação –, abrem para a discussão pela turma e em seguida exibem exemplos de cobertura jornalística relativa a esse tema, para nova rodada de discussão. Nos últimos encontros os alunos respondem a um questionário sobre jornalismo e sobre a qualidade da experiência que tiveram. Embora ainda seja cedo para aferir os resultados, as respostas ao questionário sobre o que é jornalismo revelam uma percepção aguçada sobre essa atividade. Os pesquisadores entendem ser necessário acompanhar esses estudantes nos próximos anos, quando muitos deverão estar na universidade, para checar a eficácia dessa iniciativa
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