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    Escravidão, pecuária e liberdade: o Livro de classificação de escravos (Alegrete, década de 1870)

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    This article aims to explore a source not yet widely used by historiography: the Book of classification of slaves to be freed by the Emancipation Fund – in this case the Book of Alegrete, a county located in the region of the state of Rio Grande do Sul called Campanha, where cattle raising was the main economic activity. It initially discusses the captives’ occupation, focusing on the slaves who took care of livestock, and the structure of the ownership of slaves. Then, by crossing information taken from that book with enfranchisement documents from the same location, it checks whether there was any relationship between cattle raising and liberty. The analysis of that source shows that the number of slaves was quite significant there. This becomes even more relevant in the 1870s, a period in which many historians claim that slave labor in Rio Grande do Sul was declining due to the crisis in the production of jerked beef, where most of the cattle was used, and also due to internal trafficking of slaves, who were allegedly taken from that region to the coffee plantations ins southeastern Brazil. It also became clear that the possession of slaves was still very widespread in society, with a predominance of small groups. Thus, the article attempts to assess the importance of slave labor in the 1870s in a region of peripheral economy and to check to what extent the maintenance of the slaveholding system was only in the interest of the coffee-growing region in the Southeast.Key words: slavery, livestock, liberty.O presente artigo tem por finalidade explorar uma fonte ainda pouco utilizada pela historiografia: o Livro de classificação dos escravos para serem libertados pelo Fundo de Emancipação – no caso, o Livro para Alegrete, município situado na região da Campanha rio-grandense e que tinha na pecuária sua principal atividade econômica. Inicialmente, iremos abordar dois aspectos – a ocupação dos cativos, com ênfase nos escravos que tinham como especificidade o trato com o gado, e a estrutura de posse cativa. Depois, a partir do cruzamento das informações retiradas do Livro com as cartas de alforria para a mesma localidade, iremos observar se havia alguma relação entre a pecuária e a produção da liberdade. Através da análise da fonte referida, foi possível verificar que a quantidade de escravos campeiros era muito significativa. Isto se torna ainda mais relevante quando tratamos da década de 1870, período em que boa parte da historiografia afirma que a mão de obra escrava, na província do Rio Grande, estava em decadência, em razão da crise pela qual passou a produção charqueadora, para onde era destinado grande parte do gado produzido na Campanha, e também em função do tráfico interno – com o sudeste cafeeiro drenando, em tese, boa parte dos cativos rio-grandenses. Da mesma forma, foi possível notar que a posse de escravos ainda estava bastante disseminada pelo tecido social, com predomínio absoluto dos pequenos plantéis. Neste sentido, o presente trabalho busca redimensionar a importância da mão de obra escrava, nas últimas décadas da escravidão, para uma região de economia periférica, e verificar o quanto a manutenção do sistema escravista interessava, ou não, apenas ao sudeste cafeeiro.Palavras-chave: escravidão, pecuária, liberdade

    ESTRATÉGIAS SENHORIAIS, ARTIMANHAS CATIVAS: RELAÇÕES ESCRAVISTAS NA FRONTEIRA ENTRE O BRASIL E O URUGUAI (SÉCULO XIX)

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    A fronteira sul do Império brasileiro foi palco de constantes conflitos. Seja entre os luso-brasileiros e o Império espanhol, entre os brasileiros e orientais ou argentinos, seja a Guerra do Paraguai, a região teve poucos momentos de paz ao longo do século XIX. Do mesmo modo, durante o Oitocentos, o regramento sobre o sistema escravista brasileiro sofreu importantes percalços, como o fim do tráfico em 1850 e a Lei do Ventre Livre em 1871. No Brasil meridional, a abolição da escravidão no Uruguai foi outro fator de desestabilização da instituição escravista. Mesmo em meio a estas contendas e mesmo com as mudanças pelas quais passavam as relações escravistas (no Brasil e fora dele), ali se estabeleceu a mais expressiva criação de gado de todo o país. E, mais importante, produção pecuária que tinha na mão de obra escrava algo estruturante de sua organização. É neste contexto que estudamos a relação entre fronteira e escravidão no presente artigo. Nele, buscamos entender como senhores e escravos lidavam com o espaço fronteiriço, utilizando tal aspecto em seu benefício. Foi possível identificar que a fronteira ora servia para que cada um dos polos buscasse seus objetivos, ora para forjar acordos entre eles, sendo sempre um fator fundante das relações ali produzidas. Palavras-chave: Escravidão. Brasil meridional. Fronteira. ABSTRACT The southern border of the Brazilian Empire was the scene of constant conflicts. Between the Luso-Brazilians and the Spanish Empire, between the Brazilians and the Orientals or the Argentines, or the Paraguayan War, the region had few moments of peace during the nineteenth century. Likewise, during the nineteenth century, the rule on the Brazilian slave system suffered major setbacks, such as the end of trafficking in 1850 and the Free Womb Law in 1871. In southern Brazil, the abolition of slavery in Uruguay was another destabilizing factor of the slave institution. Even in the midst of these struggles, and even with the changes through which slave relations passed (in Brazil and elsewhere), there was established the most expressive cattle breeding in the whole country. And, more important, livestock production that had on the labor slave something structuring of its organization. It is in this context that we study the relationship between frontier and slavery in this article. In it, we sought to understand masters and slaves dealing with the frontier space, using such aspect to their advantage. It was possible to identify that the frontier now served for each of the poles to pursue their objectives, sometimes served to forge agreements between them, always being a founding factor of the relations produced there. Keywords: Slavery. Southern Brazil. Border

    Escravidão, pecuária e liberdade: o Livro de classificação de escravos (Alegrete, década de 1870)

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    This article aims to explore a source not yet widely used by historiography: the Book of classification of slaves to be freed by the Emancipation Fund – in this case the Book of Alegrete, a county located in the region of the state of Rio Grande do Sul called Campanha, where cattle raising was the main economic activity. It initially discusses the captives’ occupation, focusing on the slaves who took care of livestock, and the structure of the ownership of slaves. Then, by crossing information taken from that book with enfranchisement documents from the same location, it checks whether there was any relationship between cattle raising and liberty. The analysis of that source shows that the number of slaves was quite significant there. This becomes even more relevant in the 1870s, a period in which many historians claim that slave labor in Rio Grande do Sul was declining due to the crisis in the production of jerked beef, where most of the cattle was used, and also due to internal trafficking of slaves, who were allegedly taken from that region to the coffee plantations ins southeastern Brazil. It also became clear that the possession of slaves was still very widespread in society, with a predominance of small groups. Thus, the article attempts to assess the importance of slave labor in the 1870s in a region of peripheral economy and to check to what extent the maintenance of the slaveholding system was only in the interest of the coffee-growing region in the Southeast.Key words: slavery, livestock, liberty.O presente artigo tem por finalidade explorar uma fonte ainda pouco utilizada pela historiografia: o Livro de classificação dos escravos para serem libertados pelo Fundo de Emancipação – no caso, o Livro para Alegrete, município situado na região da Campanha rio-grandense e que tinha na pecuária sua principal atividade econômica. Inicialmente, iremos abordar dois aspectos – a ocupação dos cativos, com ênfase nos escravos que tinham como especificidade o trato com o gado, e a estrutura de posse cativa. Depois, a partir do cruzamento das informações retiradas do Livro com as cartas de alforria para a mesma localidade, iremos observar se havia alguma relação entre a pecuária e a produção da liberdade. Através da análise da fonte referida, foi possível verificar que a quantidade de escravos campeiros era muito significativa. Isto se torna ainda mais relevante quando tratamos da década de 1870, período em que boa parte da historiografia afirma que a mão de obra escrava, na província do Rio Grande, estava em decadência, em razão da crise pela qual passou a produção charqueadora, para onde era destinado grande parte do gado produzido na Campanha, e também em função do tráfico interno – com o sudeste cafeeiro drenando, em tese, boa parte dos cativos rio-grandenses. Da mesma forma, foi possível notar que a posse de escravos ainda estava bastante disseminada pelo tecido social, com predomínio absoluto dos pequenos plantéis. Neste sentido, o presente trabalho busca redimensionar a importância da mão de obra escrava, nas últimas décadas da escravidão, para uma região de economia periférica, e verificar o quanto a manutenção do sistema escravista interessava, ou não, apenas ao sudeste cafeeiro.Palavras-chave: escravidão, pecuária, liberdade

    ESTRATÉGIAS SENHORIAIS, ARTIMANHAS CATIVAS: RELAÇÕES ESCRAVISTAS NA FRONTEIRA ENTRE O BRASIL E O URUGUAI (SÉCULO XIX)

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    A fronteira sul do Império brasileiro foi palco de constantes conflitos. Seja entre os luso-brasileiros e o Império espanhol, entre os brasileiros e orientais ou argentinos, seja a Guerra do Paraguai, a região teve poucos momentos de paz ao longo do século XIX. Do mesmo modo, durante o Oitocentos, o regramento sobre o sistema escravista brasileiro sofreu importantes percalços, como o fim do tráfico em 1850 e a Lei do Ventre Livre em 1871. No Brasil meridional, a abolição da escravidão no Uruguai foi outro fator de desestabilização da instituição escravista. Mesmo em meio a estas contendas e mesmo com as mudanças pelas quais passavam as relações escravistas (no Brasil e fora dele), ali se estabeleceu a mais expressiva criação de gado de todo o país. E, mais importante, produção pecuária que tinha na mão de obra escrava algo estruturante de sua organização. É neste contexto que estudamos a relação entre fronteira e escravidão no presente artigo. Nele, buscamos entender como senhores e escravos lidavam com o espaço fronteiriço, utilizando tal aspecto em seu benefício. Foi possível identificar que a fronteira ora servia para que cada um dos polos buscasse seus objetivos, ora para forjar acordos entre eles, sendo sempre um fator fundante das relações ali produzidas.Palavras-chave: Escravidão. Brasil meridional. Fronteira.ABSTRACTThe southern border of the Brazilian Empire was the scene of constant conflicts. Between the Luso-Brazilians and the Spanish Empire, between the Brazilians and the Orientals or the Argentines, or the Paraguayan War, the region had few moments of peace during the nineteenth century. Likewise, during the nineteenth century, the rule on the Brazilian slave system suffered major setbacks, such as the end of trafficking in 1850 and the Free Womb Law in 1871. In southern Brazil, the abolition of slavery in Uruguay was another destabilizing factor of the slave institution. Even in the midst of these struggles, and even with the changes through which slave relations passed (in Brazil and elsewhere), there was established the most expressive cattle breeding in the whole country. And, more important, livestock production that had on the labor slave something structuring of its organization. It is in this context that we study the relationship between frontier and slavery in this article. In it, we sought to understand masters and slaves dealing with the frontier space, using such aspect to their advantage. It was possible to identify that the frontier now served for each of the poles to pursue their objectives, sometimes served to forge agreements between them, always being a founding factor of the relations produced there.Keywords: Slavery. Southern Brazil. Border

    Registros de batismo, o complexo pecuária-charqueada e o tráfico de africanos para o Sul do Brasil, 1780-1850

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    Este estudo tem como foco a análise do tráfico de africanos para o RS, entre 1780 e 1850. Para tanto, além de um diálogo com pesquisas que trataram da mesma temática, exploramos os registros de batismo das capelas das duas regiões que formavam o complexo pecuária-chaqueada, cuja produção estava conectada com circuitos mercantis mais amplos. Assim, propomo-nos a investigar quantos escravos africanos foram levados às pias batismais, procurando responder: os batismos servem para o estudo desse processo? Para tanto, verificamos o percentual de africanos (frente aos nascidos no Brasil) batizados, o sexo dos mesmos, de que macrorregiões do continente africano eram originários, bem como quais nações mais aparecem. No geral, foram coletados mais de 14 mil registros de batismos. De antemão, é possível afirmar que o percentual de crioulos batizados era muito superior ao de africanos, mesmo em localidades onde o número de africanos, conforme censos demográficos, era superior. Da mesma forma, entre os africanos, havia um predomínio de homens e, também, de batizandos de nações da África Central (Congo, Benguela, Cabinda, etc.), embora o percentual de Mina/Nagôs não seja desprezível, especialmente a partir de meados a década de 1830. Por fim, na falta de documentação mais apropriada, podemos considerar que, sim, os batismos são fontes preciosas para o estudo do tráfico de africanos

    Frank Tannenbaum e os direitos dos escravos: religião e escravidão nas Américas

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    Desde a publicação de Slave and Citizen, de Frank Tannenbaum, em meados do século passado, os estudos comparativos entre os diferentes processos de colonização das Américas e, logo, entre os diferentes sistemas escravistas produzidos, são algo comum na historiografia. Contudo, a obra de Tannenbaum, depois de certo período de notoriedade, foi severamente criticada e quase que posta de lado – um exemplo de ostracismo historiográfico. Porém, há poucos anos, Slave and Citizen foi centro de um acalorado debate que tinha como lócus a atualidade ou não de suas contribuições. Nesse sentido, este artigo se propõe a (re)visitar o livro de Tannenbaum a partir de dois pontos específicos: primeiro, abordaremos a já citada discussão, tendo como norte o embasamento empírico, ou a falta dele, presente na argumentação dos autores; depois, realizar-se-á uma análise bibliográfica de alguns estudos recentes para tratar de algo central à tese do autor: o quanto, hoje, já se conhece sobre o acesso dos escravos às práticas religiosas na América inglesa e como a doutrina (leiga e religiosa) percebia a sua conversão ao cristianismo nessa região. Antes, contudo, devido às quase sete décadas da publicação e à sua não tradução para a língua portuguesa, procederemos uma rápida resenha da obra, retomando suas principais ideias. Apesar da concordância de que o livro tem questões problemáticas, podemos aventar que a argumentação central de Slave and Citizen – qual seja, a de que na América ibérica os escravos eram entendidos como seres portadores de alma e, portanto, inseridos na humanidade, lhes dotou de direitos, diferentemente da América inglesa, onde a doutrina religiosa os excluiu da humanidade – não foi ainda contestada do ponto de vista empírico, o que só será possível através de pesquisas monográficas que refutem, ou não, a tese de Frank Tannenbaum.

    Variation Detection applied in User Signature Verification

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    Behavior studies have been conducted by scientists and philosophers who approach subjects such as star and planet trajectories, society organizations, living beings evolution and human language. With the advent of computer, new challenges have been observed in order to explore and understand the behavior variations of interactions with systems. Motivated by those challenges, this work proposes a new approach to automatically cluster, detect and identify behavior patterns. In order to validate this approach, we have modeled the knowledge embedded in interactions of handwriting signatures. The generated knowledge models were, afterwards, employed to verify signatures. Obtained results were compared to other related approaches presented in SVC2004, the First International Signature Verification Competition

    Process and structure: The end of slavery and the persistence of physical punishment in 19th Century Rio Grande do Sul

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    É conhecido que o fim da escravidão no Brasil foi um processo longo, que teve início em meados do século XIX, com o fim definitivo do tráfico africano de escravos (em 1850), passando pela Lei do Ventre Livre (em 1871), a qual libertou o ventre das escravas, até a abolição definitiva da instituição, em 1888. Nesse interim, a luta dos escravos foi decisiva para o enfraquecimento da instituição. Contudo, do ponto de vista dos costumes, ou melhor, no que diz respeito às relações sociais produzidas e legadas pela escravidão, a persistência da instituição foi muito mais longa. Referimo-nos mais especificamente aos castigos físicos infligidos, em meio às relações de trabalho, a pessoas livres (mas com alguma raiz na escravidão), antes e depois do 13 de maio. Nesse sentido, esse artigo tem por finalidade analisar, através de processos-crime, o recurso de libertos à justiça com fins de acusar seus ex-senhores de tentarem, de maneira ilegal, continuar utilizando de práticas (caso do castigo físico) comuns nas relações escravistas para controlar e submeter a força de trabalho. Com efeito, foi possível observar que, no contexto final da escravidão, os libertos resistiram à prática de dominação senhorial que tinha no castigo físico o seu cerne, levando, inclusive, seus ex-senhores às barras dos tribunais.It is well known that the end of slavery in Brazil was a long process that began in the mid-nineteenth century, with the definitive end of the African slave trade (in 1850), through the Lei do Ventre Livre (in 1871), that liberated the womb of slaves, until the definitive abolition of the institution in 1888. During that time, the struggle of the slaves was decisive for the weakening of the institution. However, from the point of view of customs, or rather, with respect to the social relations produced and bequeathed by slavery, the persistence of the institution was much longer. We refer more specifically to the physical punishments inflicted, in the midst of the labor relations, on free people (but free people who came from slavery), before and after the 13 of May of 1888. In this sense, this article aims to analyze, through criminal proceedings, the use of justice by freed persons with the purpose of accusing their ex-masters of attempting, in an illegal manner, to continue using practices common in the slaves relations (like physiscal punishment) to submit the labor force. Indeed, it was possible to observe that, in the context of the end of slavery, the freed persons resisted the practice of seigniorial domination that had physical punishment at its center, even bringing their masters before the courts
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