45 research outputs found

    Silvas em três tempos: emulação e engenho em Estácio, Poliziano, Quevedo

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    Este trabalho tem por objetivo observar o uso do termo Silua para nomear uma composição poética curta, de tom laudatório e de caráter espontâneo, desde os cinco livros de Estácio até os encômios eruditos de Angelo Poliziano. A partir da consideração de alguns dos seus empregos na Antiguidade, em Varrão, Quintiliano e Suetônio, pretende-se discutir as características das Siluae de Estácio conforme recuperadas por Poliziano; por fim, aponta-se para a continuidade  e metamorfose do termo na produção poética em línguas vernáculas, através das Silvas de Quevedo

    José de Anchieta na sala de aula: uma experiência com o latim pós-clássico

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    O currículo tradicional de literatura latina ensinado nas salas de aula costuma se restringir aos séculos I a.C. a II d.C.. No entanto, produziu-se literatura latina durante um período de tempo muito mais vasto; ao se restringirem aos autores ditos clássicos, os professores de língua e literatura latina deixam de lado oportunidades não só de apresentarem aos alunos uma ampla gama de obras que foram parte da formação dos autores mais importantes das literaturas vernáculas como também de criar pontes que são, em muitos casos, bastante significativas para os estudantes, porque remetem a outros temas presentes em seus estudos e em suas vidas. Com isso em mente, a autora deste trabalho tem buscado criar unidades didáticas de língua latina, destinadas aos primeiros períodos da graduação em Letras, em que textos menos convencionais são apresentados. Uma das experiências mais bem sucedidas foi o trabalho com uma unidade de revisão cujo ponto de partida foi um trecho normalizado de uma carta conhecida como Epistula quamplurimarum rerum naturalium quae Sancti Vicentii provinciam incolunt, escrita no século XVI pelo jesuíta José de Anchieta. Neste trabalho, propõe-se apresentar a experiência e analisá-la quanto aos benefícios do uso do latim pós-clássico em sala de aula como forma de enriquecer o ensino de latim com textos que ofereçam conexões entre a literatura latina e o mundo contemporâneo

    The book and the temple: Flavian poetry and everyday art

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    A partir da compreensão de que a écfrase é um elemento retórico cujos limites eram mais amplos no mundo antigo do que em nossa contemporaneidade, este artigo tem por objetivo discutir a função da écfrase de objetos cotidianos nas poéticas de Marcial e Estácio como indicativos de mudanças sociais e culturais do período flaviano.Understanding that ekphrasis as a rethorical device was employed in Ancient times in much broader terms than in our contemporary world, this paper aims at discussing the role of ekphrasis of daily objects in the poetry of Martial and Statius as a sign of social and cultural changes that took place under Flavian rule

    Arquitetura de uma poética nova: Estácio, Silvae, 3.1

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    No primeiro poema de seu terceiro livro, Estácio toma como tema a dedicação de um templo a Hércules em Sorrento; o novo templo é cantado em novo modo por um poeta que, escrevendo uma obra caracterizada pela mistura de gêneros, é identificado pela crítica recente como ícone de uma mudança cultural e literária operada durante o período flaviano. Neste trabalho, pretendemos ler o poema 3.1, a celebração do templo de Hércules, como também celebração da nova poética imperial

    Persona satírica e mudança de tom na obra juvenaliana

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    Neste artigo trazemos um panorama simplificado de duas perspectivas centrais que se apresentam no estudo contemporâneo das Sátiras do poeta romano Juvenal: a aplicação do conceito de persona poética e a interpretação da suposta mudança de tom que existe em sua obra, composta por 16 sátiras. Discutimos em que medida a postura adotada pelos críticos juvenalianos diante dessas questões ditou sua análise dos poemas e apresentamos nosso próprio posicionamento teórico: concordamos com o uso do conceito de persona e defendemos que a obra juvenaliana não apresenta o que se possa definir como mudança de tom, haja vista que consideramos que uma única persona se mantém ao longo de toda a obra

    A emulação camoniana em Prosopopeia: a Nova Lusitânia cantada em Os Lusíadas

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    Prosopopeia (1601), épica luso-brasileira de Bento Teixeira, foi por muito tempo lida como um mero simulacro camoniano, sem qualidades literárias próprias, devido às semelhanças com Os Lusíadas, de Camões. Neste artigo, busca-se confrontar essa perspectiva, mediante uma leitura do poema em que a emulação de Camões seja encarada como artifício retórico adotado por Bento Teixeira. Abordamos inicialmente a mímesis, que na Renascença se orientou pela imitação de autoridades consagradas pela tradição (SALTARELLI, 2009), para então destacar Camões como arquétipo do gênero épico em contexto lusitano. Bento Teixeira emula o modelo camoniano, ao elaborar Prosopopeia enquanto canto que Proteu deixou de pronunciar em Os Lusíadas, além de retratar os fidalgos da Nova Lusitânia, que, assim como os heróis antecessores, são assinalados na história como exempla dos valores reinóis lusos. Enquanto variação de Os Lusíadas, Prosopopeia apresenta diversas semelhanças e disparidades em relação à épica camoniana, como as analogias mitológicas, a temática das Grandes Navegações e as ekphraseis de Tritão. Essas associações – que ora se aproximam, ora se distanciam – são elencadas ao longo do artigo, a fim de evidenciar o diálogo entre as épicas, assim como a relevância de Prosopopeia para a camonologia.Prosopopeia (1601), a Luso-Brazilian epic by Bento Teixeira, was for a long time read as a mere imitation of Camoes, with no literary qualities of its own, due to its similarities with The Lusiads. In this article, we seek to confront this perspective, through a reading of the poem in which the emulation of Camoes is seen as a rhetorical device adopted by Bento Teixeira. We start by considering the concept of mimesis, which in the Renaissance was guided by the imitation of traditionally established authorities, to then highlight Camoes as an archetype of the epic genre in the Lusitanian context. Bento Teixeira emulates the Camonian model, when elaborating Prosopopeia as the poem that Proteus fails to enunciate in The Lusiads, in addition to portraying the nobles of the New Lusitania, who, like the predecessor heroes, are marked in history as an example of Portuguese values. Understood as a variation on The Lusiads, Prosopopeia presents several similarities and disparities in relation to the Camonian epic, such as the mythological analogies, the theme of the Great Navigations and the ekphrasis of Triton. These associations – sometimes growing nearer, sometimes withdrawing from one another – are listed throughout the article, to highlight the dialogue between the epics, as well as the relevance of Prosopopeia to the studies of Camoes
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