18 research outputs found

    Reflection on indigenous health and current challenges in dialogue with the dissertation ‘It has to be our way’: participation and protagonism of the indigenous movement in the construction of the health policy in Brazil

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    This essay presents the speech given by Ailton Krenak on March 25, 2020, at the PhD thesis’ defense of Nayara Scalco, advisee of Professor Marília Louvison, in the Graduate Program in Public Health, School of Public Health, University of São Paulo, plus excerpts from the lecture given at the International Seminar: Indigenous Health and Ecology of Knowledges in Facing Current Challenges: “It has to be our way”, on March 26, 2020. In this context, it highlights the importance of a dialogue between different knowledges and how the Indigenous Health Care Subsystem is constituted. Focusing on the debate about the relationship between the Brazilian State and indigenous peoples since colonial times, based on the production of Epistemologies of the South that guides the discussion of the dissertation, it proposes rethinking health and care beyond biomedical knowledge.Este ensaio traz o discurso proferido por Ailton Krenak em 25 de março de 2020, na Banca de Doutorado de Nayara Scalco, sob orientação da professora Marília Louvison, no Programa de Pós- Graduação em Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, acrescido de trechos da palestra proferida no Seminário Internacional: A Saúde Indígena e a Ecologia de Saberes no Enfrentamento dos Desafios Atuais: “Tem que ser do nosso jeito”1, em 26 de março de 2020. Neste cenário, traz a importância do diálogo entre diferentes saberes e como o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena se constitui. Com foco no debate sobre a relação entre Estado brasileiro e povos indígenas desde os tempos do Brasil colônia, a partir da produção das Epistemologias do Sul que guia a discussão da tese, propõe repensar a saúde e o cuidado para além do saber biomédico

    Pensando com a cabeça na Terra

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    Ailton Krenak reflete, nesse texto, sobre as relações entre a política estatal das identidades e os efeitos da discriminação; as atividades de produção econômica voltada ao mercado e a devastação ambiental; e as formas como a produção e circulação de conhecimento são institucionalizadas – na Universidade, principalmente – e a marginalização de outras cosmologias. Propõe o fomento à erupção do pensamento rebelde que potencialize a descolonização das formas de conhecimento e ação no mundo.

    Ecologia Política

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    A ideia de ecologia está relacionada a um conjunto de referências sobre um determinado lugar. Ecologia, para quem vive em uma floresta, é floresta viva a respirar e a inspirar: a vida da floresta é o suporte para a materialidade e a espiritualidade da existência, da cultura e da produção/reprodução da subsistência. Essa existência comum entre sujeitos coletivos e o lugar é desgarrada da Terra pela violência colonial, um processo político e marcado pela relação assimétrica de poder que caracteriza a expansão/conquista do capitalismo. A violência colonial atinge as pessoas — não percebidas aqui como "indivíduos"—, e rompe com a percepção do coletivo ao mesmo tempo que constrói a individualização. O sujeito individualizado resulta do desmembramento do humano da relação com o lugar como suporte da vida. A ecologia política, pela epistemologia contra-hegemônica que propomos, é um projeto que reconstrói essa relação entre sujeitos coletivos e a existência orgânica em comum; expõe as estruturas assimétricas de poder que atingem essa relação comum sujeito/ambiente e promovem a individualização/espoliação, com a apropriação do trabalho e das formas ecológicas de subsistência com a construção de um "eu-saqueador"/"eu-aniquilador", tal como a crítica ao indivíduo patriarcal ocidental "sou, logo conquisto", de Enrique Dussel, e "sou, logo extermino", de Ramon Grosfoguel. O individualismo separado das relações ecológicas com o lugar é a promoção do encercamento, da privatização e apropriação dos projetos coletivos de existência em um planeta comum.Gente, lugar e jeito de estar no lugar compõe um todo. A violência da divisão abissal que marca a colonialidade do mundo, como escreve Boaventura de Sousa Santos, incide sobre os sujeitos coletivos e sobre o lugar como suporte da vida: desmembra, desgarra, desterra. Esse distúrbio cria desequilíbrio e doenças, libera uma condição que Davi Kopenawa, um xamã Yanomami, denomina de xawara, doença. Essa potência/doença esta contida em um lugar em equilíbrio, que liberada emana estados de doenças, que se manifestam no corpo das pessoas como enfermidades: as pessoas ficam loucas, deprimidas, além de outras manifestações físicas de doenças na pele, respiração.A ideia da natureza separada dos sujeitos coletivos é resultado dessa violência colonial abissal como um desequilíbrio ecológico. Para uma epistemologia do sul, ecologia é uma ideia que nasce no Norte, e que é colada nos povos do sul como uma carapaça. A ideia de ecologia é dos Brancos. Assim como a Natureza resulta da separação dos sujeitos coletivos do seu lugar de existência por uma interferência externa, violenta, a partir de uma relação desigual de poder. A expressão do poder na apropriação da “Natureza” constrói uma expropriação tão radical que nos joga todos na condição de miseráveis e pobres: empobrece a paisagem e as pessoas. O garimpo, e aqui faço uso da ideia geral do garimpo, seja o garimpeiro que invade o território yanomami, ou a grande corporação/BHP-Samarco-Vale que garimpa as montanhas e aniquila uma bacia hidrográfica em Minas Gerais, o garimpo como o saque, constitui um lugar de poder para os agentes, mesmo os agentes locais do saque. Agentes locais do saque não precisam necessariamente permanecer nesses locais de destruição/predação. O colonialismo do poder permite que os agentes se posicionem e não precisem viver na margem de um rio morto. O desastre que produz essa separação do sujeito com o ecossistema, para a apropriação da Natureza, constrói olugar do outro. A diferença abissal constrói o lugar do outro — separado da sua existência com o lugar—, e o lugar de dominação ocupado pelo sujeito de poder. Este é um lugar de mobilidade, do lugar nenhum ou qualquer lugar. Há uma separação espacial das relações de poder e do lugar da exploração pela violência abissal do colonialismo.Cinco séculos de extrativismo predatório contínuo em vastas regiões do Sul global foram marcados pela construção de uma epistemologia hegemônica capaz de aniquilar qualquer pensamento alternativo que colocasse em questão esse extrativismo gerador de miséria humana. Com isso, agentes do saque também saem do meio dos saqueados. A epistemologia do saque faz com que do meio das comunidades que são despojadas e expropriadas também saiam sujeitos que tiveram origem nos lugares que foram destruídos, de forma que estes sujeitos dessa violência sejam capazes de reproduzir a violência, e integrar essas práticas como uma ferramenta de afirmação do projeto extrativista colonial. A cultura garimpeira se constituiu num grande animador desse projeto de saque ecológico pela mentalidade que alimenta, justifica e legitima localmente esse processo de desterrar e desgarrar. A identidade do garimpo naturaliza na cabeça das pessoas o desterro e a predação da paisagem em uma ecologia predatória. Os agentes desse processo que saíram deste mesmo meio, são capazes de devolver uma justificativa do que acontece e justificar que era preciso matar o rio ou assassinar a montanha como uma logica de desenvolvimento local. Esses agentes produzem uma tradução da epistemologia hegemônica, para se fazer aceita a lógica colonial do capital.Pertencer ao lugar é uma forma de romper com esse ciclo do oprimido que vem a ser opressor. Indígena é aquele que vem do lugar. Ser do lugar marca a diferença do não- lugar. O sujeito coletivo pertence ao lugar, é o oposto político do lugar que pertence ao indivíduo. Os Kaiowa Guarani lutam pela terra porque pertencem à terra, não porque a terra pertence a eles; a terra não pertence a ninguém. Para o indígena da terra, não há outro lugar, não há outra ecologia. Frente à despossessão, a espoliação e expropriação do desterro da relação ecológica com a Natureza, proteger a terra tem o sentido da existência. O lugar transcende a Natureza em sua percepção como recursoe alcança a dimensão da existência como o sagrado. O lugar espiritual é onde a terra descansa, e se o lugar é sagrado é em razão da transcendência da Natureza da percepção como recurso

    Speech by Ailton Krenak, on 09/04/1987, at the Consituent Assembly, Brasilia, Brazil

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    Ailton Krenak is an indigenous leader, environmentalist and writer. Born in 1953 in the state of Minas Gerais, in the Middle Rio Doce region. At the age of seventeen, he moved with his family to the state of Paraná, where he learned how to read and write, and became a graphics producer and journalist. In the 1980s, he began to devote himself exclusively to the indigenous movement. In 1985, he founded the non-governmental organization Indigenous Culture Center  (Núcleo de Cultura Indígena), which aims to promote indigenous culture. During the Constituent Assembly of 1987, Ailton produced a striking scene: in a speech at the podium, dressed in a white suit, he painted his face black to protest against what he saw as a setback in the struggle for indigenous rights. In 1988, he participated in the founding of the Union of Indigenous Peoples (União dos Povos Indígenas), an organization that seeks to represent indigenous interests on the national scene. In 1989, he participated in the Alliance of Forest Peoples (Aliança dos Povos da Floresta), a movement that seeks the creation of nature reserves in the Amazon, making possible economic subsistence based on extraction of latex from rubber trees, as well as collection of other forest products. He returned to Minas Gerais, where he dedicated himself to the Indigenous Culture Center  (Núcleo de de Cultura Indígena). Since 1998, this organization has held, in the Serra do Cipó region, in Minas Gerais, a festival designed by Ailton: the Festival of Indigenous Dance and Culture, promoting the union of different indigenous populations. Link to the movie: https://drive.google.com/file/d/1PkFNpds7iPbqHHAWibvxtrZfjroFVsyY/view?usp=sharingAilton Krenak é líder indígena, ambientalista e escritor. Nasceu em 1953 no estado de Minas Gerais, na região do Médio Rio Doce. Aos dezessete anos de idade, mudou-se com sua família para o estado do Paraná, onde se alfabetizou e se tornou produtor gráfico e jornalista. Na década de 1980, passou a dedicar-se exclusivamente ao movimento indígena. Em 1985, fundou a organização não governamental Núcleo de Cultura Indígena, que visa promover a cultura indígena. Foi durante a Assembleia Constituinte, em 1987, que Ailton protagonizou uma das cenas mais marcantes da mesma: em discurso na tribuna, vestido com um terno branco, pintou o rosto com tinta preta para protestar contra o que considerava um retrocesso na luta pelos direitos indígenas. Em 1988, participou da fundação da União dos Povos Indígenas, organização que busca representar os interesses indígenas no cenário nacional. Em 1989, participou da Aliança dos Povos da Floresta, movimento que busca o estabelecimento de reservas naturais na Amazônia onde fosse possível a subsistência econômica através da extração do látex da seringueira, bem como da coleta de outros produtos da floresta. Retornou a Minas Gerais, onde passou a se dedicar ao Núcleo de Cultura Indígena. Desde 1998, a organização realiza, na região da Serra do Cipó, em Minas Gerais, um festival idealizado por Ailton: o Festival de Dança e Cultura Indígena, promovendo a integração entre as diferentes populações indígenas. Link para o filme: https://drive.google.com/file/d/1PkFNpds7iPbqHHAWibvxtrZfjroFVsyY/view?usp=sharin

    PAISAGENS, TERRITÓRIOS E PRESSÃO COLONIAL

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    Genocídio e resgate dos "Botocudo"

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    Entrevist

    Existence and difference : racism against indigenous peoples

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    Este artigo discute um dos aspetos mais invisibilizados do racismo no Brasil: o caso do racismo contra os povos indígenas. Na primeira parte, discute-se o vazio na literatura sobre o racismo contra indígenas. Em seguida, são apresentados depoimentos e reflexões de caráter prático e teórico sobre racismo por parte de de autores indígenas. A pesquisa se baseia em dois encontros com intelectuais, artistas e lideranças indígenas para discutir o tema do racismo.This article discusses one of the most invisible aspects of racism in Brazil: racism against indigenous peoples. The first part focuses on the gaps about the topic in the literature about racism in Brazil. The following sections present some personal experiences and discussions on the topic of racism from the point of view indigenous persons. The research is based on two meetings with indigenous intellectuals, artists, and leaders from various parts of Brazil focused on discussing the topic of racism

    LANDSCAPES, TERRITORY AND COLONIAL PRESSURE

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    Eating, drinking, dancing, singing and lifting the sky

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    Talk presented during Paulo Freire Centennial: 7 Talks in Preparation for the Next 100 Years 24th March 2021, Loughborough University London, London, UK. Editors: Ana Cristina Suzina, Eulália Vasconcelos, Márcio Bigly, Talita Magno</p
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