16 research outputs found

    Lecturas sociológicas de la autonomía literaria

    Get PDF
    Revista Landa, v. 1, n. 2 (2013

    Quando chega o griô : conversas sobre a linguagem e o tempo com mestres afro-brasileiros

    Get PDF
    Esta tese investiga a recente proliferação do termo griot (também escrito griô) nos circuitos culturais afro-brasileiros. Em certas sociedades da África do Oeste, os griots são contadores de histórias, genealogistas, músicos e artistas da palavra, com existência registrada desde o antigo Império de Mali (séculos XIII-XVII) até o presente. Na segunda metade do século XX, os griots são incorporados como fontes endógenas no movimento de descolonização dos estudos africanos, e passam a ser conhecidos como símbolo na diáspora africana nas Américas. No Brasil, são referências em escritos de intelectuais negros desde os anos 1970, mas recentemente o termo prolifera e passa a ser utilizado como título para mestres afro-brasileiros. Atravessando esse processo, a política cultural Ação Griô do programa Cultura Viva (2006-2009) contribuiu para difundir o nome, propondo uma “reinvenção” e “ressemantização” para pensar o griô, destacando apenas a oralidade, sem uma referência forte à africanidade. Descartamos o paradigma da “invenção da tradição” para tentar entender como existe hoje o griô no Brasil, e que filosofia do tempo e da linguagem ativa esse termo. Para isso, realizamos um acompanhamento etnográfico com griôs e mestres afro-brasileiros na região metropolitana de Porto Alegre, entre os anos 2015 e 2018. O quilombismo e as religiões de matriz africana apareceram como patrimônios filosóficos nos quais se inserem estes mestres, o plano de imanência que atravessa o griô. No campo, observamos como o termo griô se associa com tradições percussivas afro-gaúchas, a poesia política negra, propostas pedagógicas decoloniais ou movimentos culturais muito recentes como o hip-hop ou os slams. Dentre os vários griôs, firmamos uma relação intensa com o Mestre Cica de Oyó. Acompanhamos suas aulas de idioma yorubá em uma terreira de Batuque e tentamos compreender algumas das suas teses sobre história africana, religiões afro-brasileiras e transformações da linguagem na relação colonial. A partir dessas observações e conversas, propomos uma interpretação do griô no Brasil como a chegada de um personagem conceitual que aprofunda processos de subjetivação em curso, promove a lembrança de aspectos apagados do passado e abre espaços de enunciação para ativar conversas que resistem à ofensiva colonial.This thesis investigates the recent proliferation of the term griot (also written griô) in Afro- Brazilian cultural circuits. In certain societies of West Africa, griots are storytellers, genealogists, musicians and artists of the word, with existence recorded from the ancient Empire of Mali (13th- 17th centuries) to the present. In the second half of the twentieth century, griots are incorporated as endogenous sources in the decolonization movement of African studies, and became known as a symbol in the African diaspora in the Americas. In Brazil, they have been references in writings of black intellectuals since the 1970s, but recently the term proliferates and is now used as a title for Afro-Brazilian masters. Through this process, the Ação Griô cultural policy of the Cultura Viva program (2006-2009) contributed to spreading the name, proposing a “reinvention” and “resemantization” to think the griot highlighting only orality without a strong reference to Africanity. We discard the paradigm of the "invention of tradition," to try to understand how the griot in Brazil exists today, and what philosophy of time and language activates that term. For this, we conducted an ethnographic research with Afro-Brazilian griots and masters in the metropolitan region of Porto Alegre, between the years 2015 and 2018. Quilombismo and Afro- Brazilian religions appeared as philosophical patrimonies in which these masters are inserted, the plane of immanence that crosses the griot. In the field, we observe how the term griô is associated with Afro-Gaucho percussive traditions, black political poetry, decolonial pedagogical proposals, or very recent cultural movements such as hip-hop or slams. Among the various Griots, we established an intense relationship with Mestre Cica de Oyó. We follow his Yoruba language classes in a terreira of Batuque and try to understand some of his theses on African history, Afro- Brazilian religions and transformations of language in the colonial relationship. From these observations and conversations, we propose an interpretation of the griô in Brazil as the arrival of a conceptual character that deepens processes of subjectivation yet in progress, promotes the remembrance of erased aspects of the past and opens spaces of enunciation to activate conversations that resist the colonial offensive .Cette thèse examine la récente prolifération du terme griot (également écrit griô) dans les circuits culturels afro-brésiliens. Dans certaines sociétés de l'Afrique de l'Ouest, les griots sont des conteurs, des généalogistes, des musiciens et des artistes de la parole, dont l'existence remonte à l'époque ancienne de l'empire du Mali (XIIIe-XVIIe siècles). Dans la seconde moitié du XXe siècle, les griots sont incorporés au mouvement de décolonisation des études africaines en tant que sources endogènes et sont désormais reconnus comme un symbole dans la diaspora africaine des Amériques. Au Brésil, ils sont une référence dans les écrits d'intellectuels noirs depuis les années 1970, mais récemment, le terme prolifère et est maintenant utilisé comme titre pour les maîtres afro-brésiliens. En traversent ce processus, la politique culturelle Ação Griô du programme Cultura Viva (2006-2009) a contribué à répandre le nom, proposant une « réinvention » et une « resémantisation » pour penser le griot en soulignant uniquement l’oralité sans une référence forte à l’Africanité. Nous abandonnons le paradigme de « l'invention de la tradition » pour comprendre comment le griot existe au Brésil et quelle philosophie du temps et du langage active ce terme. Pour cela, nous avons effectué un suivi ethnographique auprès griots et maîtres afro-brésiliens de la région métropolitaine de Porto Alegre, entre les années 2015 et 2018. Le quilombisme et les religions de matrice africaine sont apparus comme des patrimoines philosophiques dans lesquels ces maîtres sont insérés, le plan d'immanence qui traverse le griot. Sur le terrain, nous observons comment le terme griô est associé aux traditions de percussion afro-brésilien, à la poésie politique noire, aux projets pédagogiques décoloniales ou à des mouvements culturels très récents tels que le hip-hop ou le slam. Parmi les différents Griots, nous avons noué une relation intense avec Mestre Cica de Oyó. Nous suivons ses cours de langue yoruba dans une terreira de Batuque et essayons de comprendre certaines de ses thèses sur l'histoire de l'Afrique, les religions afro-brésiliennes et les transformations de la langue dans les relations coloniales. À partir de ces observations et conversations, nous proposons une interprétation du griô au Brésil comme l’arrivée d’un personnage conceptuel approfondissant les processus de subjectivation en cours, promouvant la mémoire des aspects effacés du passé et ouvrant des espaces d’énonciation pour activer des conversations résistant à l’offensive coloniale

    Para um país de leitores: uma análise do Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL)

    Get PDF
    Este texto é o resultado de uma análise exploratória das políticas públicas referentes ao “incentivo à leitura” no Brasil. Consideramos o Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL), que, vigente desde 2006, orienta e dá forma às atuais políticas estaduais e municipais de incentivo à leitura no País, tomando como objeto de análise e discussão suas concepções norteadoras e seu formato. Para tanto, utilizamos informações oriundas das três esferas de governo com relação ao PNLL e a outros programas e informações estatísticas de diferentes fontes. O texto apresenta uma análise das informações estatísticas disponíveis sobre a leitura enquanto prática “cultural”; a seguir, é apresentada uma caracterização do PNLL e de suas implicações nos planos, programas e ações de incentivo à leitura. Essa análise enfatiza como seu formato está ligado aos impasses governamentais quanto às formas de financiamento das políticas de incentivo à leitura. Por fim, nas Considerações finais, retomamos as principais questões abordadas, apontando as limitações do Plano. Palavras-chave: leitura; políticas públicas; Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL) TÍTULO EM INGLÊS Making a country of readers: an analysis of public policies on reading in Brazil Abstract This article is the result of an exploratory analysis of public policies on reading in Brazil. We take into account the National Book and Reading Plan (PNLL), which, since 2006, has guided and shaped the current state and municipal policies that encourage reading in Brazil. The Plan’s format and guiding conceptions are our object of analysis. To reach our goal, we used information from the three different spheres of government regarding the PNLL and other statistical programs and information from different sources. The text brings an analysis of the statistical information available on reading as a “cultural” practice; we then present a characterization of the PNLL and its implications for the plans, programs and actions that encourage reading. This analysis emphasizes how the PNLL’s format is connected with the government impasses on the forms of funding for the policies that foster reading habits. Finally, in the Final Considerations, we return to the main issues addressed, pointing to the limitations of the Plan. Keywords: reading; public policies; National Book and Reading Plan (PNLL) Artigo recebido em 20 out. 2015. ------------------------------ Classificação JEL: Z1

    A singularidade das práticas culturais: entrevista com Bernard Lahire

    Get PDF

    Combatir la subcíudadanía disputando el juego literário : una contribución al estúdio de ia literatura marginal periférica

    No full text
    Apresentamos um estudo da Literatura Marginal Periférica, de uma perspectiva sociológica, que pretende dialogar com as pesquisas que se vêm realizando durante a última década. Esse movimento literário brasileiro recente é integrado por escritores e poetas moradores das periferias de grandes cidades brasileiras (principalmente São Paulo), e de finais dos 1990 à atualidade, vem ocupando diversos espaços centrais do cenário literário nacional. Para compreender suas dinâmicas coletivas, resgatamos algumas metáforas da sociologia da literatura ("sistema", "campo" e "jogo" literário), e reconstruímos o cenário de violência e desigualdade social onde essa literatura se produz (com conceitos como "estigma" ou "subcidadania"). Mapeamos essa Literatura Marginal Periférica revisando diferentes pesquisas realizadas e, com essa cartografia, escolhemos cinco autores para realizar seus retratos sociológicos , observando suas trajetórias individuais de consagração literária em termos de "legitimidade cultural", atentando também para sua relação com a comunidade de origem. Os cinco escritores retratados são: Paulo Lins, Ferréz, Allan da Rosa, Dona Laura Matheus e Jandira Brito. Do estudo empírico obtemos uma imagem do movimento como fenômeno cultural diverso e internamente heterogêneo, com relevância social, artística e cultural; ainda que sua capacidade de articulação de um "sistema literário" autônomo se circunscreve á Região Metropolitana de São Paulo. Em termos políticos, observamos como a apropriação da prática da escrita literária por parte de grupos sociais tradicionalmente excluídos do jogo literário produz uma impugnação da subcidadania, construindo uma autoestima coletiva e reivindicando o reconhecimento das suas especifícidades culturais. Eventualmente, essa dimensão política tem prejudicado o reconhecimento estritamente literário das obras e autores, pelo que a adoção da identidade coletiva não é unânime. Em vista disso, a aposta pela autonomia aparece como princípio norteador do movimento, pela situação desfavorável e desigual que esses escritores enfrentam nos espaços culturais de alta legitimidade; mas, na prática, observamos como as tensas interações com os circuitos da cultura dominante têm fortalecido o movimento e reforçado as posições individuais dos escritores (tanto no cenário literário quanto nas suas comunidades de origem). Em definitiva, observamos um movimento literário com muito interesse nos seus aspectos literários, culturais e políticos, que ainda apresenta diversas questões em aberto a serem acompanhadas nos próximos anos.Presentamos un estúdio de Ia Literatura Marginal Periférica, desde una perspectiva sociológica, que pretende dialogar con Ias investigaciones que se vienen realizando durante Ia última década. Este movimiento literário brasileno reciente está formado por escritores y poetas residentes en Ias periferias de grandes ciudades brasilenas (principalmente São Paulo), y desde finales de los 1990 hasta Ia actualidad, viene ocupando diversos espacios centrales dei escenario literário nacional. Para comprender sus dinâmicas colectivas, rescatamos algunas metáforas de Ia sociologia de Ia literatura ("sistema", "campo" y "juego" literário), y reconstruímos el escenario de violência y desigualdad donde esta literatura se produce (en base a conceptos como "estigma" o "subciudadanía"). Mapeamos esa Literatura Marginal Periférica revisando diferentes investigaciones y con esa cartografia escogemos cinco autores para realizar sus "retratos sociológicos", observando trayectorias individuales de consagración literaria en términos de "legitimidad cultural", considerando su relación con Ia comunidad de origen. Los cinco escritores retratados son: Paulo Lins, Ferréz, Allan da Rosa, Dona Laura Matheus y Jandira Brito. Del estúdio empírico obtenemos una imagen dei movimiento como fenômeno cultural diverso e internamente heterogêneo, con relevancia social, artística y cultural; aunque su capacidad de articulación de un "sistema literário" autônomo se circunscribe a Ia Región Metropolitana de São Paulo. En términos políticos, observamos como Ia apropiación de Ia práctica de escritura literaria por parte de grupos sociales tradicionalmente excluídos dei juego literário provoca una impugnación de Ia subciudadanía, construyendo autoestima colectiva y reivindicando el reconocimiento de sus especificidades culturales. Eventualmente, esa dimensión política ha perjudicado el reconocimiento estrictamente literário de obras y autores, por Io que Ia adscripción a Ia identidad colectiva no es unânime. En vista de esto, Ia apuesta por Ia autonomia aparece como principio orientador dei movimiento, por Ia situación desfavorable y desigual que estos escritores enfrentan en los espacios culturales de alta legitimidad; pero en Ia práctica, observamos como Ias tensas interacciones con los circuitos de Ia cultura dominante han fortalecido al movimiento y reforzado Ias posiciones individuales de los escritores (tanto en el escenario literário cuanto en su comunidad de origen)

    La literatura marginal periférica y el silencio de la crítica

    No full text
    We review the reception of Peripheral Marginal Literature in the Brazilian literary field. This literary movement, born at the turn of the century, is produced by subjects identified with spaces of social exclusion, such as urban peripheries, favelas, or prisons. At first, some works of this kind were received with surprise, celebrating what was considered to be an “unusual discovery”. There was usually an emphasis on its “internal view” of these universes, with books that propose “multiple reading pacts”, combining the novelistic, the testimonial, and the auto-biographical. However, this consideration does no justice to the wealth and diversity of this movement which, with the proliferation of saraus on the peripheries of São Paulo, is forming an independent “literary system” marked by orality and the performative dimension of literature. In this new scenario, hegemonic criticism remains deaf.Revisamos la recepción de la literatura marginal periférica en el campo literario brasileño. Este movimiento literario, nacido con el cambio de siglo, se distingue por ser producido por sujetos identificados con espacios de exclusión social, como periferias, favelas o presidios. En un primer momento, algunas obras de este tipo fueron acogidas con sorpresa, celebrando lo que era considerado un “descubrimiento insólito”. Se enfatizó principalmente su “mirada interna” sobre estos universos, con obras que proponen “pactos de lectura múltiples” combinando lo novelesco, lo testimonial y lo autobiográfico. Sin embargo, esta consideración no hace justicia a la riqueza y diversidad de este movimiento, que con la proliferación de saraus en las periferias de São Paulo, viene constituyendo un “sistema literario” independiente, marcado por la oralidad y la dimensión performática de lo literario. Ante este nuevo escenario, la crítica hegemónica permanece sorda.Revisamos a recepção da literatura marginal periférica no campo literário brasileiro. Este movimento literário, nascido na virada do século, se distingue por ser produzida por sujeitos identificados com espaços de exclusão social, como periferias, favelas ou presídios. Em um primeiro momento, algumas obras deste tipo foram acolhidas com surpresa, celebrando o que era considerado uma “descoberta insólita”. Enfatizou-se principalmente o seu “olhar interno” sobre estes universos, com obras que propõem “pactos de leitura múltipla” combinando o romanesco, o testemunhal, e o autobiográfico. Porém, esta consideração não faz jus à riqueza e diversidade desse movimento, que com a proliferação dos saraus nas periferias de São Paulo, vem construindo um “sistema literário” independente, marcado pela oralidade e a dimensão performática do literário. Ante este novo cenário, a crítica hegemônica permanece surda

    Combatir la subcíudadanía disputando el juego literário : una contribución al estúdio de ia literatura marginal periférica

    No full text
    Apresentamos um estudo da Literatura Marginal Periférica, de uma perspectiva sociológica, que pretende dialogar com as pesquisas que se vêm realizando durante a última década. Esse movimento literário brasileiro recente é integrado por escritores e poetas moradores das periferias de grandes cidades brasileiras (principalmente São Paulo), e de finais dos 1990 à atualidade, vem ocupando diversos espaços centrais do cenário literário nacional. Para compreender suas dinâmicas coletivas, resgatamos algumas metáforas da sociologia da literatura ("sistema", "campo" e "jogo" literário), e reconstruímos o cenário de violência e desigualdade social onde essa literatura se produz (com conceitos como "estigma" ou "subcidadania"). Mapeamos essa Literatura Marginal Periférica revisando diferentes pesquisas realizadas e, com essa cartografia, escolhemos cinco autores para realizar seus retratos sociológicos , observando suas trajetórias individuais de consagração literária em termos de "legitimidade cultural", atentando também para sua relação com a comunidade de origem. Os cinco escritores retratados são: Paulo Lins, Ferréz, Allan da Rosa, Dona Laura Matheus e Jandira Brito. Do estudo empírico obtemos uma imagem do movimento como fenômeno cultural diverso e internamente heterogêneo, com relevância social, artística e cultural; ainda que sua capacidade de articulação de um "sistema literário" autônomo se circunscreve á Região Metropolitana de São Paulo. Em termos políticos, observamos como a apropriação da prática da escrita literária por parte de grupos sociais tradicionalmente excluídos do jogo literário produz uma impugnação da subcidadania, construindo uma autoestima coletiva e reivindicando o reconhecimento das suas especifícidades culturais. Eventualmente, essa dimensão política tem prejudicado o reconhecimento estritamente literário das obras e autores, pelo que a adoção da identidade coletiva não é unânime. Em vista disso, a aposta pela autonomia aparece como princípio norteador do movimento, pela situação desfavorável e desigual que esses escritores enfrentam nos espaços culturais de alta legitimidade; mas, na prática, observamos como as tensas interações com os circuitos da cultura dominante têm fortalecido o movimento e reforçado as posições individuais dos escritores (tanto no cenário literário quanto nas suas comunidades de origem). Em definitiva, observamos um movimento literário com muito interesse nos seus aspectos literários, culturais e políticos, que ainda apresenta diversas questões em aberto a serem acompanhadas nos próximos anos.Presentamos un estúdio de Ia Literatura Marginal Periférica, desde una perspectiva sociológica, que pretende dialogar con Ias investigaciones que se vienen realizando durante Ia última década. Este movimiento literário brasileno reciente está formado por escritores y poetas residentes en Ias periferias de grandes ciudades brasilenas (principalmente São Paulo), y desde finales de los 1990 hasta Ia actualidad, viene ocupando diversos espacios centrales dei escenario literário nacional. Para comprender sus dinâmicas colectivas, rescatamos algunas metáforas de Ia sociologia de Ia literatura ("sistema", "campo" y "juego" literário), y reconstruímos el escenario de violência y desigualdad donde esta literatura se produce (en base a conceptos como "estigma" o "subciudadanía"). Mapeamos esa Literatura Marginal Periférica revisando diferentes investigaciones y con esa cartografia escogemos cinco autores para realizar sus "retratos sociológicos", observando trayectorias individuales de consagración literaria en términos de "legitimidad cultural", considerando su relación con Ia comunidad de origen. Los cinco escritores retratados son: Paulo Lins, Ferréz, Allan da Rosa, Dona Laura Matheus y Jandira Brito. Del estúdio empírico obtenemos una imagen dei movimiento como fenômeno cultural diverso e internamente heterogêneo, con relevancia social, artística y cultural; aunque su capacidad de articulación de un "sistema literário" autônomo se circunscribe a Ia Región Metropolitana de São Paulo. En términos políticos, observamos como Ia apropiación de Ia práctica de escritura literaria por parte de grupos sociales tradicionalmente excluídos dei juego literário provoca una impugnación de Ia subciudadanía, construyendo autoestima colectiva y reivindicando el reconocimiento de sus especificidades culturales. Eventualmente, esa dimensión política ha perjudicado el reconocimiento estrictamente literário de obras y autores, por Io que Ia adscripción a Ia identidad colectiva no es unânime. En vista de esto, Ia apuesta por Ia autonomia aparece como principio orientador dei movimiento, por Ia situación desfavorable y desigual que estos escritores enfrentan en los espacios culturales de alta legitimidad; pero en Ia práctica, observamos como Ias tensas interacciones con los circuitos de Ia cultura dominante han fortalecido al movimiento y reforzado Ias posiciones individuales de los escritores (tanto en el escenario literário cuanto en su comunidad de origen)

    La literatura marginal periférica y el silencio de la crítica

    No full text
    Revisamos la recepción de la literatura marginal periférica en el campo literario brasileño. Este movimiento literario, nacido con el cambio de siglo, se distingue por ser producido por sujetos identificados con espacios de exclusión social, como periferias, favelas o presidios. En un primer momento, algunas obras de este tipo fueron acogidas con sorpresa, celebrando lo que era considerado un “descubrimiento insólito”. Se enfatizó principalmente su “mirada interna” sobre estos universos, con obras que proponen “pactos de lectura múltiples” combinando lo novelesco, lo testimonial y lo autobiográfico. Sin embargo, esta consideración no hace justicia a la riqueza y diversidad de este movimiento, que con la proliferación de saraus en las periferias de São Paulo, viene constituyendo un “sistema literario” independiente, marcado por la oralidad y la dimensión performática de lo literario. Ante este nuevo escenario, la crítica hegemónica permanece sorda. Revisamos a recepção da literatura marginal periférica no campo literário brasileiro. Este movimento literário, nascido na virada do século, se distingue por ser produzida por sujeitos identificados com espaços de exclusão social, como periferias, favelas ou presídios. Em um primeiro momento, algumas obras deste tipo foram acolhidas com surpresa, celebrando o que era considerado uma “descoberta insólita”. Enfatizou-se principalmente o seu “olhar interno” sobre estes universos, com obras que propõem “pactos de leitura múltipla” combinando o romanesco, o testemunhal, e o autobiográfico. Porém, esta consideração não faz jus à riqueza e diversidade desse movimento, que com a proliferação dos saraus nas periferias de São Paulo, vem construindo um “sistema literário” independente, marcado pela oralidade e a dimensão performática do literário. Ante este novo cenário, a crítica hegemônica permanece surda. We review the reception of Peripheral Marginal Literature in the Brazilian literary field. This literary movement, born at the turn of the century, is produced by subjects identified with spaces of social exclusion, such as urban peripheries, favelas, or prisons. At first, some works of this kind were received with surprise, celebrating what was considered to be an “unusual discovery”. There was usually an emphasis on its “internal view” of these universes, with books that propose “multiple reading pacts”, combining the novelistic, the testimonial, and the auto-biographical. However, this consideration does no justice to the wealth and diversity of this movement which, with the proliferation of saraus on the peripheries of São Paulo, is forming an independent “literary system” marked by orality and the performative dimension of literature. In this new scenario, hegemonic criticism remains deaf

    Quando chega o griô : conversas sobre a linguagem e o tempo com mestres afro-brasileiros

    Get PDF
    Esta tese investiga a recente proliferação do termo griot (também escrito griô) nos circuitos culturais afro-brasileiros. Em certas sociedades da África do Oeste, os griots são contadores de histórias, genealogistas, músicos e artistas da palavra, com existência registrada desde o antigo Império de Mali (séculos XIII-XVII) até o presente. Na segunda metade do século XX, os griots são incorporados como fontes endógenas no movimento de descolonização dos estudos africanos, e passam a ser conhecidos como símbolo na diáspora africana nas Américas. No Brasil, são referências em escritos de intelectuais negros desde os anos 1970, mas recentemente o termo prolifera e passa a ser utilizado como título para mestres afro-brasileiros. Atravessando esse processo, a política cultural Ação Griô do programa Cultura Viva (2006-2009) contribuiu para difundir o nome, propondo uma “reinvenção” e “ressemantização” para pensar o griô, destacando apenas a oralidade, sem uma referência forte à africanidade. Descartamos o paradigma da “invenção da tradição” para tentar entender como existe hoje o griô no Brasil, e que filosofia do tempo e da linguagem ativa esse termo. Para isso, realizamos um acompanhamento etnográfico com griôs e mestres afro-brasileiros na região metropolitana de Porto Alegre, entre os anos 2015 e 2018. O quilombismo e as religiões de matriz africana apareceram como patrimônios filosóficos nos quais se inserem estes mestres, o plano de imanência que atravessa o griô. No campo, observamos como o termo griô se associa com tradições percussivas afro-gaúchas, a poesia política negra, propostas pedagógicas decoloniais ou movimentos culturais muito recentes como o hip-hop ou os slams. Dentre os vários griôs, firmamos uma relação intensa com o Mestre Cica de Oyó. Acompanhamos suas aulas de idioma yorubá em uma terreira de Batuque e tentamos compreender algumas das suas teses sobre história africana, religiões afro-brasileiras e transformações da linguagem na relação colonial. A partir dessas observações e conversas, propomos uma interpretação do griô no Brasil como a chegada de um personagem conceitual que aprofunda processos de subjetivação em curso, promove a lembrança de aspectos apagados do passado e abre espaços de enunciação para ativar conversas que resistem à ofensiva colonial.This thesis investigates the recent proliferation of the term griot (also written griô) in Afro- Brazilian cultural circuits. In certain societies of West Africa, griots are storytellers, genealogists, musicians and artists of the word, with existence recorded from the ancient Empire of Mali (13th- 17th centuries) to the present. In the second half of the twentieth century, griots are incorporated as endogenous sources in the decolonization movement of African studies, and became known as a symbol in the African diaspora in the Americas. In Brazil, they have been references in writings of black intellectuals since the 1970s, but recently the term proliferates and is now used as a title for Afro-Brazilian masters. Through this process, the Ação Griô cultural policy of the Cultura Viva program (2006-2009) contributed to spreading the name, proposing a “reinvention” and “resemantization” to think the griot highlighting only orality without a strong reference to Africanity. We discard the paradigm of the "invention of tradition," to try to understand how the griot in Brazil exists today, and what philosophy of time and language activates that term. For this, we conducted an ethnographic research with Afro-Brazilian griots and masters in the metropolitan region of Porto Alegre, between the years 2015 and 2018. Quilombismo and Afro- Brazilian religions appeared as philosophical patrimonies in which these masters are inserted, the plane of immanence that crosses the griot. In the field, we observe how the term griô is associated with Afro-Gaucho percussive traditions, black political poetry, decolonial pedagogical proposals, or very recent cultural movements such as hip-hop or slams. Among the various Griots, we established an intense relationship with Mestre Cica de Oyó. We follow his Yoruba language classes in a terreira of Batuque and try to understand some of his theses on African history, Afro- Brazilian religions and transformations of language in the colonial relationship. From these observations and conversations, we propose an interpretation of the griô in Brazil as the arrival of a conceptual character that deepens processes of subjectivation yet in progress, promotes the remembrance of erased aspects of the past and opens spaces of enunciation to activate conversations that resist the colonial offensive .Cette thèse examine la récente prolifération du terme griot (également écrit griô) dans les circuits culturels afro-brésiliens. Dans certaines sociétés de l'Afrique de l'Ouest, les griots sont des conteurs, des généalogistes, des musiciens et des artistes de la parole, dont l'existence remonte à l'époque ancienne de l'empire du Mali (XIIIe-XVIIe siècles). Dans la seconde moitié du XXe siècle, les griots sont incorporés au mouvement de décolonisation des études africaines en tant que sources endogènes et sont désormais reconnus comme un symbole dans la diaspora africaine des Amériques. Au Brésil, ils sont une référence dans les écrits d'intellectuels noirs depuis les années 1970, mais récemment, le terme prolifère et est maintenant utilisé comme titre pour les maîtres afro-brésiliens. En traversent ce processus, la politique culturelle Ação Griô du programme Cultura Viva (2006-2009) a contribué à répandre le nom, proposant une « réinvention » et une « resémantisation » pour penser le griot en soulignant uniquement l’oralité sans une référence forte à l’Africanité. Nous abandonnons le paradigme de « l'invention de la tradition » pour comprendre comment le griot existe au Brésil et quelle philosophie du temps et du langage active ce terme. Pour cela, nous avons effectué un suivi ethnographique auprès griots et maîtres afro-brésiliens de la région métropolitaine de Porto Alegre, entre les années 2015 et 2018. Le quilombisme et les religions de matrice africaine sont apparus comme des patrimoines philosophiques dans lesquels ces maîtres sont insérés, le plan d'immanence qui traverse le griot. Sur le terrain, nous observons comment le terme griô est associé aux traditions de percussion afro-brésilien, à la poésie politique noire, aux projets pédagogiques décoloniales ou à des mouvements culturels très récents tels que le hip-hop ou le slam. Parmi les différents Griots, nous avons noué une relation intense avec Mestre Cica de Oyó. Nous suivons ses cours de langue yoruba dans une terreira de Batuque et essayons de comprendre certaines de ses thèses sur l'histoire de l'Afrique, les religions afro-brésiliennes et les transformations de la langue dans les relations coloniales. À partir de ces observations et conversations, nous proposons une interprétation du griô au Brésil comme l’arrivée d’un personnage conceptuel approfondissant les processus de subjectivation en cours, promouvant la mémoire des aspects effacés du passé et ouvrant des espaces d’énonciation pour activer des conversations résistant à l’offensive coloniale
    corecore