15 research outputs found

    Modulação de condicionais e modelos mentais

    Get PDF
    Tese de Doutoramento em Psicologia Aplicada (Psicologia Cognitiva) apresentada ao Instituto Superior Psicologia AplicadaCom o presente programa de investigação intentamos contribuir para o debate teórico que se tem instalado em redor do raciocínio com afirmações condicionais na forma ‘se , então q’. Apesar de o raciocínio a partir de afirmações condicionais, ou simplesmente de condicionais, parecer intuitivo e fazer parte do nosso quotidiano desde tenra idade, a sua explicação sistemática provou ser um complexo desafio teórico. As origens do estudo do raciocínio condicional enraízam-se na lógica proposicional. Nesta disciplina, a relação entre duas proposições, ‘p’ e ‘q’ expressa pela forma ‘se…, então…’, corresponde invariavelmente à implicação material (Prior, 1990). Devido à manifesta inflexibilidade deste sistema interpretativo, a abordagem oferecida pela lógica mostra-se insuficiente para dar conta da pluralidade dos significados que o ‘se’ assume na linguagem natural. A dificuldade de lidar com a natureza camaleónica das condicionais do quotidiano não é exclusiva da lógica proposicional. Após aproximadamente meio século de investigação psicológica, um dos poucos consensos que existem na literatura do raciocínio condicional é a ideia de que se trata de um assunto controverso. O estado de arte é marcado pela proliferação de explicações teóricas destinadas a capturar o sentido do conectivo condicional (e.g., Braine & O'Brien, 1998; Cheng & Holyoak, 1985; Cosmides, 1989; Evans, 2007; Evans, Handley, & Over, 2003; Johnson-Laird, 2008c; Johnson-Laird & Byrne, 2002; Rips, 1983). Entre as diversas abordagens destaca-se a extensão da teoria dos modelos mentais às condicionais. A principal vantagem desta abordagem consiste em ser incorporada numa teoria que se aplica a uma vasta diversidade de tipos de raciocínio. A teoria, com base num número restrito de princípio psicológicos, oferece uma explicação da competência dedutiva, dos desvios do quadro normativo da lógica e da influência de factores semânticos e pragmáticos sobre o raciocínio com condicionais (Johnson-Laird, 2006, 2008c; Johnson-Laird & Byrne, 1991, 2002; Johnson-Laird, Byrne, & Schaeken, 1992). Johnson-Laird e Byrne (2002; Johnson-Laird, 2006, 2008) resolvem a problemática das condicionais propondo uma interacção entre um significado nuclear abstracto subjacente à forma condicional e um mecanismo de modulação que, em função do significado das orações, das suas ligações co-referenciais e em função dos conhecimentos activados, pode transformar o significado nuclear num número indefinido de interpretações diferentes. Esta hipótese sobre a componente interpretativa do raciocínio, que a partir daqui será referida como a hipótese de modulação, até à data não foi devidamente avaliada em termos empíricos. Com o presente programa de investigação pretendemos colmatar esta lacuna. Adicionalmente, estendemos a hipótese de modulação à componente inferencial do raciocínio e examinamos as suas implicações sobre o raciocínio com afirmações condicionais indicativas e deônticas. O nosso objectivo final era traçar um quadro explicativo com suporte empírico sólido que contribuísse para a resolução do enigma das condicionais quer ao nível interpretativo, quer ao nível inferencial. À luz deste objectivo realizámos um programa de investigação composto por quatro experiências. Os resultados destas experiências demonstram que (1) o significado das orações de condicionais indicativas e deônticas modula a forma como as pessoas interpretam a relação condicional entre elas; (2) os conhecimentos sobre o tipo de conteúdo de condicionais (factual, deôntico) modula a representação mental subjacente à interpretação da relação condicional; (3) a modulação semântica do significado e a modulação pragmática dos conhecimentos sobre o tipo do conteúdo têm um impacto poderoso e previsível sobre o desempenho inferencial com condicionais, quer em situações em que as inferências são realizadas em tempo ilimitado, quer em situações em que o tempo disponível é limitado. A integração dos resultados corrobora a ideia de que as pessoas ao compreenderem uma relação condicional pensam sobre um conjunto de possibilidades. A composição deste conjunto depende do significado das orações e a sua representação mental é influenciada pelos conhecimentos sobre o tipo do conteúdo. Estas evidências corroboram a hipótese de modulação proposta no âmbito da teoria dos modelos mentais e, juntamente com os resultados nas tarefas, permitem avançar com refinamentos da actual teoria dos modelos mentais

    Tényelleni (counter-factual) gondolkodás egyetemi tanulási kontextusban

    Get PDF
    Mikor egy negatív élményt élünk át életünk során, gyakran gondolkozunk el azon, mennyire másképp alakulhattak volna a dolgok, ha akár csak a végeredményt megelőző egyetlen előzmény más lett volna. Az ilyen jellegű gondolatokat nevezzük tényelleni (counter-factual) gondolatoknak: ezek olyan mentális alternatívát nyújtanak számunkra a valósággal szemben, amely jellegénél és idődimenziójánál fogva kitágítja kognitív és érzelmi tapasztalatainkat a valós határokon túl

    Paradigma subjacente ao estudo da inferência condicional

    Get PDF
    Neste artigo apresentamos os estudos sobre as inferências com frases condicionais, do tipo “Se A, então C”, como o paradigma experimental que tem sido privilegiado para estudar a raciocínio dedutivo. Iremos referir os efeitos principais que foram encontrados desde os estudos originais, bem como as diversas explicações teóricas de que a psicologia dispõe atualmente para explicar esses efeitos. Serão realçadas as metodologias habitualmente utilizadas, variáveis moderadoras e moduladoras, bem como alguns exemplos do uso do paradigma

    A psicologia cognitiva e o estudo do raciocínio dedutivo no último meio século

    Get PDF
    Para assinalar os 50 anos de ensino da Psicologia em Portugal, ou seja, o nascimento do ISPA, iremos reflectir sobre este meio século de estudos e trabalhos no âmbito da psicologia cognitiva, nomeadamente no domínio do raciocínio dedutivo, revendo as principais tarefas utilizadas para o estudar, bem como as principais teorias psicológicas que o explicam. Na parte final, apresentaremos o nosso contributo mais recente neste domínio.ABSTRACT: To celebrate the 50 years of teaching Psychology in Portugal, and at ISPA, we present a reflexion about a half a century of studies carried out in the field of cognitive psychology, namely, in the domain of deductive reasoning. We will discuss the main methods and theoretical frameworks of this domain. We also present our recent contributions to the study of reasoning

    Necessidade de cognição, memória de trabalho e recuperação de contra-exemplos para condicionais causais

    Get PDF
    The search for counterexamples is probably the most important stage during deductive reasoning as it guarantees that the conclusion is true. The most widespread explanation concerning the low search for counterexamples is the limited working memory capacity (Markovits & Barrouillet 2002; De Neys, Schaeken & d’Ydewalle, 2002; 2003; 2005a; 2005b) however this does not seem enough to account for the low initiative on using counterexamples as a verifying strategy (Oakhill, & Johnson-Laird, 1985). The present study tested the hypotheses that the need for cognition (Cacioppo & Petty, 1982) has influence on the retrieval of counterexamples for causal conditional inferences, aiming to provide insight on why reasoners fail on searching for counterexamples during deductive reasoning. Bearing this in mind, 60 subjects (15 undergraduate students, 15 PhD students, 15 factory workers and 15 waiters) underwent 3 tests: the need for cognition scale (Silva & Garcia-Marques, 2006), a reasoning task, and a working memory capacity test (Guerreiro, Quelhas & Garcia-Madruga, 2006). Results indicate that the counterexample retrieval process is moderated by the need for cognition and that this influence is not only significant but more important than the influence of the working memory capacity.La demande de contre-exemples est sans doute la phase la plus importante du raisonnement déductif, car elle vise à assurer la validité de la conclusion. L’explication la plus répandue pour la moindre demande de contre-exemples est la capacité limitée de la mémoire de travail (Markovits & BARROUILLET 2002; DeNeys, Schaeken & d’Ydewalle, 2002, 2003, 2005a; 2005b), qui ne semble pas être suffisant expliquer le manque d’initiative en utilisant la recherche par sujet des contre-exemples comme une stratégie de vérification (Oakhill, & Johnson-Laird, 1985). Dans le présent étude on a testé l’hypothèse selon laquelle le besoin de sujets pour la cognition (Cacioppo & Petty, 1982) influe le processus de récupération de contre-exemples, pour conditionnels causals, de façon a comprendre les raisons pourquoi les personnes cherches si peu de contre-exemples pour le raisonnement déductif (Oakhill, & Johnson-Laird, 1985,Johnson-Laird, 2006). À cette fin, un total de 60 participants (15étudiants en maîtrise intégrée en psychologie, 15 doctorants, 15ouvriers d’usine et des serveurs 15) a effectué trois missions: L’échelle Besoin de Cognition (Garcia-Marques & Silva, 2006), une tâche de raisonnement et une tâche d’évaluer la capacité de mémoire de travail (Guerreiro, & Garcia-Madruga Quelhas, 2006). Les résultats indiquent que le processus de récupération des contre-exemples est influencée par la nécessité pour la connaissance et que cette influence est plus importante quel’ influence de la capacité de mémoire de travail.A procura de contra-exemplos é provavelmente a fase mais importante do raciocínio dedutivo, uma vez que visa garantir a validade da conclusão. A explicação mais difundida para a diminuta procura de contra-exemplos é a capacidade limitada da memória de trabalho (Markovits & Barrouillet 2002; De Neys, Schaeken & d’Ydewalle, 2002; 2003; 2005a; 2005b) o que não parece ser suficiente para explicar a pouca iniciativa dos sujeitos em utilizarem a procura de contra-exemplos como estratégia de verificação (Oakhill, & Johnson-Laird, 1985). No presente trabalho testou-se a hipótese de que a necessidade de cognição dos sujeitos (Cacioppo & Petty, 1982) tem influência no processo de recuperação de contra-exemplos, para condicionais causais, de modo aprofundar o conhecimento das razões que levam a que os sujeitos procurem tão poucos contra-exemplos durante o raciocínio dedutivo (Oakhill, & Johnson-Laird, 1985; Johnson-laird, 2006). Para o efeito, um total de 60 participantes (15 alunos do mestrado integrado em psicologia, 15 alunos de doutoramento, 15 operários fabris e 15 empregados de mesa) realizou 3 tarefas: escala Necessidade de Cognição (Silva & Garcia-Marques, 2006), uma tarefa de raciocínio e uma tarefa para avaliar a capacidade da memória de trabalho (Guerreiro, Quelhas & Garcia-Madruga, 2006). Os resultados indicam que o processo de recuperação de contra-exemplos é influenciado pela necessidade de cognição e que esta influência além de significativa é superior à influência da capacidade da memória de trabalho

    Temporal and spatial relations in sentential reasoning

    Get PDF
    The mental model theory postulates that the meanings of assertions, and knowledge about their context can modulate the logical meaning of sentential connectives, such as ‘‘if’’ and ‘‘or’’. One known effect of modulation is to block the representation of possibilities to which a proposition refers. But, modulation should also add relational information, such as temporal order, to models of possibilities. Three experiments tested this prediction. Experiment 1 showed that individuals spontaneously matched the tense of their conclusions (in Portuguese) to embody implied, but unexpressed, temporal relations in conditional premises. Experiment 2 demonstrated the same phenomenon in inferences from disjunctions. Experiment 3 showed that the number of such implicit relations in inferences from conditionals affects both accuracy and the speed of reasoning. These results support the modulation hypothesis

    Counterfactual thinking and functional differences in depression

    Get PDF
    The purpose of the studies reported in this paper was to evaluate the function of counterfactual thinking (CT) in depression. In Experiment 1, depressed and non-depressed participants were asked to imagine themselves as the protagonist of a hypothetical situation, and to think counterfactually about three different scenarios. The results showed that there was a similar CT style (in terms of direction, structure and focus of mutation) for the depressed and the nondepressed groups. It was also found that the perceived preparation for a future similar situation increased after CT and, contrary to our hypotheses, this effect was observed in both groups. In Experiment 2, a real-life situation was used (a course examination) in which participants experienced a negative outcome (a poor score on the test). Again, it was observed that depressed and non-depressed participants showed the same CT style, but non-depressed participants were more likely to use CT spontaneously. In addition, the second study showed further differences between the two groups: depressed participants not only showed a lack of cognitive benefi ts from thinking counterfactually (i.e., after CT they do not feel more prepared for future similar events, nor able to avoid a similar bad outcome, in contrast to the non-depressed participants), but also show a lack of behavioural changes (both intentions to change and actual changes over the subsequent week). In conclusion, these results provide evidence about the function of CT both in depressed and in non-depressed thinking, and highlight both the similarities and differences for these two groups

    Desenvolvimento do raciocínio condicional e modelos mentais

    Get PDF
    De acordo com a teoria dos modelos mentais (Johnson-Laird, 1983; Johnson-Laird & Byrne, 1991) a interpretação de uma frase condicional, do tipo Se p, então q, gera os modelos iniciais: p q ... em que os três pontos representam um modelo sem conteúdo explícito. A representação completa da condicional compreende os seguintes modelos explícitos: p q ¬p ¬q ¬p q em que “¬” serve aqui para indicar a negação. A partir deste quadro teórico, e da suposição de que uma inferência é tanto mais difícil quanto maior o número de modelos explícitos que requer, é possível colocar hipóteses sobre diferenças no nível de dificuldade nas inferências com os quatro silogismos condicionais. Na experiência que iremos descrever pretende-se testar essas hipóteses em sujeitos de diferentes níveis etários (8, 11 e 15 anos). A partir dos resultados obtidos serão adiantadas hipóteses sobre o progressivo desenvolvimento da capacidade de representar os três modelos mentais de interpretação das condicionais. Serão ainda realçadas diferenças na resposta dos sujeitos que derivam de diferenças no conteúdo das frases condicionais. Um último objectivo, de carácter exploratório, prende-se com a comparação das respostas em sujeitos de duas nacionalidades (Portuguesa e Húngara). Assim, o grupo de variáveis independentes define um plano factorial misto 2X3X2X4 (Nacionalidade X Idade X Conteúdo X Silogismo), dado que a última variável é intra-sujeitos.According to the mental models theory (Johnson- Laird, 1983; Johnson-Laird & Byrne, 1991) the interpretation of a conditional sentence of the kind If p then q creates the initial models: p q ... where the three dots represent a model without explicit content. The complete representation of the conditional has the following explicit models: p q ¬p ¬q ¬p q where “¬” is used to indicate a negation. Based on the mental models, which advocate that the greater the number of explicit models needed, the more difficult is an inference, it is possible to consider hypotheses about the differences in the difficulty level in inferences with the four conditional syllogisms. In the experiment described, our goal is to test those hypotheses in subjects of different ages (8, 11 and 15 years old). Based on the results, we present hypotheses about the progressive development of the capacity to represent the three mental models in conditional sentences interpretation. We also want to emphasise the differences in the answers of the subjects, that are a consequence of the differences in the content of the conditional sentences. Our last goal is to explore the differences in the answers by subjects of two nationalities (Portuguese and Hungarian). Thus, the group of independent variables defines a mixed factorial design 2X3X2X4 (Nationality X Age X Content X Syllogism), since the last variable is within subjects.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Counterfactual thinking: Study of the focus effect of scenarios and blame ascriptions to victim and perpetrator

    Get PDF
    In two different studies we examined the focus effect of a scenario (i.e., the fact that a given character is the protagonist of a story) on two interconnected domains: the generation of counterfactual thoughts and the ascription of blame. It was hypothesised that being the focal agent of a story would not only lead to more counterfactuals centred on him or her, but also to greater ascriptions of blame as it would be easier to imagine how that actor could have behaved differently had he chosen or wanted to, and thus avoided a deleterious outcome. Different negatively-valenced scenarios depicting a certain misfortune such as a mugging were created in which victim, perpetrator or both characters were the centre of the story. Results showed that placing either victim or perpetrator as the protagonist of a scenario increases the number of counterfactual thoughts centred on that character, but does not necessarily increase the blame attributed to him or her as the perpetrator was always ascribed more blame than the victim, irrespective of who was the protagonist. Study 2’s findings replicate those of Study 1 even with a different experimental design, modified materials, and various counterbalancing measures, hence suggesting that being the protagonist enables one to easily consider counterfactual alternatives involving that actor, but does not prevent one from identifying who is rightfully to blame for a given misfortune. The results and their implications were interpreted according to different theoretical perspectives and possible future avenues of research are discussed
    corecore