19 research outputs found

    The anthropologist filmmaker and the native actor/author: transformations of Oumarou Ganda and Petit Touré in Moi, un noir, by Jean Rouch

    Get PDF
    Este artigo apresenta a dimensão performática e corporal das personagens de Oumarou Ganda e Petit Touré no filme Eu, um negro, de Jean Rouch (1958). Para além da análise dos enquadramentos, falas e edição, enseja-se dar ênfase à interpretação da dimensão performática, tanto dos gestos corporais e feições faciais quanto da impostação da voz off de Oumarou Ganda e Petit Touré. Se, por um lado, compreender de que maneira a dimensão performática e corporal de Ganda e Touré cria uma mise-en-scène própria, possibilitando pensá-los como nativo-a(u)tores, por outro, analisar o espaço de criação das personagens traz apontamentos para pensar na construção do conhecimento antropológico a partir da relação entre Rouch e seus interlocutores.This article presents an analysis of the performatic and bodily dimension of Oumaru Ganda’s and Petit Touré’s characters in Moi, un noir, by Jean Rouch (1958). More than analyzing camera angles, character speeches and editing, it is proposed to emphasize the interpretation of the performatic dimension, looking at bodily gestures and facial expressions, as well as at Omarou Ganda’s and Petit Touré’s voice-off impostation. On the one hand, understanding how performatic and bodily dimensions of Ganda and Touré create a particular mise-en-scène enables us to view them as native actors/authors. On the other hand, analyzing the spaces available for Ganda’s and Touré’s creative interventions in the filmmaking will bring new aspects to the considerations on the construction of anthropological knowledge, through the relation between Rouch and his interlocutors. &nbsp

    Atlântida: Carnavalizando o Cinema Brasileiro

    Get PDF
    Este artigo pretende analisar sob uma perspectiva antropológica o aspecto cômico do gênero cinematográfico que ficou conhecido por “chanchada”, tendo como base a análise do filme “Carnaval Atlântida”, dirigido por José Carlos Burle em 1952. A película permite entrever pistas para análise de três aspectos diversos do cinema brasileiro do período (1940-1950): um debate sobre a identidade nacional; as representações do negro; e a trajetória da Atlântida, empresa cinematográfica que desenvolveu e produziu grande parte das chanchadas. Argumento no decorrer do artigo que a comicidade presente na chanchada, em especial nesse filme, é um aspecto privilegiado para visualizar a complexidade desse gênero cinematográfico que, por muito tempo, foi tido como um “arremedo vulgar” dos musicais norte-americanos

    O olhar oposicional e a forma segregada: raça, gênero, sexualidade e corpo na cinematografia hollywoodiana e brasileira (1930-1950)

    Get PDF
    Esse artigo pretende discutir de que forma as relações raciais se internalizaram nas convenções adotadas pelos cinemas hollywoodiano e brasileiro durante a década de 1930 a 1950. Esse período é marcado pelo Código Hays, implementado em 1934, que tinha como uma de suas principais preocupações uma pedagogia de raça, gênero e sexualidade, proibindo, nos filmes, qualquer representação e/ou apologia da miscigenação. Tal código, que internalizava a segregação racial nos Estados Unidos na forma cinematográfica, definiu as convenções do cinema hollywoodiano, que foram traduzidos na forma dos filmes brasileiros do período

    Políticas de ação afirmativa: inclusão no ensino superior: Apresentação

    Get PDF
    .O debate sobre o sistema de cotas raciais e o“Estatuto da Igualdade Racial” continuam tra-zendo grandes dúvidas e questões para diversossetores da sociedade. Até o momento, 21 ins-tituições de Ensino Superior aderiram às cotassociais e/ou étnico-raciais1, enquanto o “Es-tatuto da Igualdade Racial”, criado em 1998,permanece em trâmite no Congresso Nacional,sem previsão para a votação. Em 2006, mui-tas foram as movimentações pela aprovaçãodeste projeto de lei: abaixo-assinados enviadosao Congresso e manifestações de intelectuais,líderes de movimentos sociais e artistas, entreoutros – a favor e contra o Estatuto – tiveramampla cobertura da mídia. Buscando refletirsobre estes acontecimentos, além de esclarecerdúvidas e questões sobre tais políticas de açãoafirmativa, a Comissão de Cultura2 dos CentrosAcadêmicos de Ciências Sociais (CEUPES) eFilosofia (CAF) da USP, conjuntamente coma revista Cadernos de Campo, promoveu o ciclode debates O Negro: políticas e representações

    JOGOS DE BARBANTE, LINHAS, AMARRAÇÕES E OUTRAS FIGURAS NA COMPOSIÇÃO DE ETNOGRAFIAS ESCRITAS E SENSORIAIS

    Get PDF
    Proposto por Luis Felipe Kojima Hirano (UFG) e por Tatiana Lotierzo (USP), o dossiê n. 64 da Iluminuras, com previsão de publicação em março de 2023, abordará o tema "Jogos de barbante, linhas, amarrações e outras figuras na composição de etnografias escritas e sensoriais". A antropologia atual vem adotando imagens que implicam uma maneira de pensar relações como fluxos, transformações e devires. Nesse sentido, alguns antropólogos adotam figuras-chave para a composição de seus textos: encontram-se aqui, por exemplo, as “linhas” que Tim Ingold (2007) propõe percorrer, os “jogos de barbante [string figures]” que mobilizam a escrita de Donna Haraway (2016), sendo ambos voltados a possibilidades de “conhecer com” e não mais “sobre” ou “a partir de”. Essas formulações remetem e devem muito, por sua vez, a relações com mundos vastos, muito além dos limites do acadêmico e a preocupações com a perpetuação da vida em um cenário de devastação ambiental sem precedentes.  Para Ingold (2007), as linhas são um campo de investigação antropológica, pois a própria vida é vivida ao longo de linhas, deixando pegadas quando caminhamos, inscrições e costuras quando escrevemos e tecemos, mas também ao observarmos, narrarmos e desenhamos. A linha não pode ser confundida com linearidade ou como um conector entre pontos, ela deve ser pensada como um fluxo transformacional que permite produzir novas correspondências.  Haraway (2016) retoma o jogo de barbante navajo Ma’ii Ats’áá’ Yílwoí (“Coiotes correndo em direções opostas”), que remonta ao desmanche dos padrões arranjados por Deus Fogo pelo trickster Coiote. Jogos de barbante são feitos e desfeitos com diferentes mundos de SF – science facts, speculative fabulations, speculative feminism, string figures – que envolvem a passagem de padrões desejados ou não pelas mãos de diferentes jogadores e, com isso, uma responsa-habilidade (response-ability) pela continuação do jogo, pela perpetuação dos mundos, de modo a “ficar com os problemas”.   Merecem atenção muitos outros exemplos de pensamentos e movimentos que se concebem e se distribuem através de linhas e fluxos em movimento, sugerindo estabilizações provisórias – até que outro jogador receba a trama dos fios –, para logo se transformar em novas perguntas. É o caso dos desenhos – como os desenhos yanomami que compõem uma nova topologia com o papel, adentrando a terra-floresta (Kopenawa e Albert, 2015; Garcia dos Santos, 2014), os grafismos e outras composições –, dos caminhos e territórios sentidos ao caminhar pegadas, dos pontos riscados e dos Adinkra em filosofias africanas e amefricaladinoamericanas (Gonzales, 1998 e Rios, 2019) e das inúmeras amarrações com linhas envolvendo diferentes superfícies – corpos, cestaria, tecidos, papel, cantos e outras –, e esses são apenas alguns engajamentos criativos possíveis, que recordamos em meio à vasta gama de possibilidades de conhecimento através/em “emaranhados intra-ativos” (Barad, 2007).   Buscamos pensar em que medida e de que modo imagens/figurações como jogos de barbante, linhas e amarrações, entre outras, mudam o escopo e os efeitos da pesquisa em antropologia. O dossiê receberá artigos e ensaios com imagens e/ou sons desdobrados de etnografias escritas e sensoriais que tenham encontrado, em seus caminhos, perguntas e respostas envolvendo a importância de figurações que busquem envolver o conhecimento ali presentificado em fluxos que não pretendem estancá-lo, mas sim dar-se o risco de mover o barbante sem deixar que ele se desfaça. &nbsp

    Espelho da memória: Sylvia Caiuby Novaes através da fotografia

    Get PDF
    To enter Sylvia Caiuby Novaes’s universe, we are invited to come aboard on a real journey. For someone who has photography as a central part of her personal and affective trajectory, there could not be a better way to enter it. This visual essay, builtwith many hands is a composition of photographs from this trajectory, about which we indicate its itinerary. This montages result from long conversations, and research on Sylvia's archives and memories; they take us to meet people and places that this anthropologist has loved, and where she has built homes. In a play of mirrors, Sylvia revisits different moments of her trajectory, sewn in a weft where lived and remembered events reveal to us something typical of everything that is constantly being created.Para entrar no universo de Sylvia Caiuby Novaes, somos convidados a embarcar em uma verdadeira viagem. Para alguém que tem a fotografia como parte central de sua trajetória profissional e afetiva, não poderia haver uma forma melhor. Este ensaio visual, construído a muitas mãos, é composto por fotografias dessa trajetória sobre a qual indicamos o itinerário. Resultado de longas conversas, visitas aos arquivos e às memórias de Sylvia, as montagens que apresentamos a seguir nos levam a conhecer pessoas e lugares que a antropóloga se afeiçoou e fez morada. Em um jogo de espelhos, Sylvia revisita diferentes momentos de sua trajetória, costurados numa trama onde os acontecimentos vividos e lembrados nos revelam algo próprio de tudo que está em permanente criação

    Antropologia em diálogo: a I Semana de Humanidades em Mossoró

    Get PDF
    Entre 8 e 12 de novembro de 2010, participamos da I Semana de Humanidades, realizada na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (Fafic) da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern), em Mossoró (RN). O evento, que reuniu majoritariamente estudantes dos cursos de graduação das áreas de humanidades oriundos de universidades públicas nordestinas, contou com dez grupos de trabalho, nove mesas redondas, treze minicursos e seis oficinas. A conferência de abertura, “Ciência, modernidade e..

    Dwellings, jabuticabas, and affections — trajectories with Sylvia Caiuby Novaes

    Get PDF
    Sylvia Caiuby Novaes é professora do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP) e dedica-se há cerca de 50 anos à pesquisa e ao ensino em antropologia. Entre outras realizações, ela é uma das pioneiras da antropologia visual no Brasil, é fundadora do Laboratório de Imagem e Som da Antropologia (LISA) e editora responsável pela revista Gesto, Imagem e Som. Revista de Antropologia (GIS). Nesta entrevista, realizada por mais de 30 orientandos de diferentes gerações, Sylvia fala sobre sua trajetória, projetos, visão de mundo, suas diversas viagens, o fascínio pelas pesquisas de campo e a universidade. Ao contar sobre sua trajetória acadêmica e pessoal, Sylvia traz reflexões sobre sua relação com a fotografia e a produção de imagens.  Sylvia Caiuby Novaes is a Professor in the Department of Anthropology at the University of São Paulo (USP) and has been dedicated to research and teaching in anthropology for nearly 50 years. Among other accomplishments, she is one of the pioneers of visual anthropology in Brazil, is the founder of the Laboratory of Image and Sound of Anthropology (LISA) and the editor in charge of the Gesture, Image and Sound.  Journal of Anthropology (GIS). In this interview, conducted by more than 30 advisees from different generations, Sylvia talks about her trajectory, projects, worldview, her various travels, her fascination with field research and the university. When telling about her academic and personal trajectory, Sylvia reflects on her relationship with photography and the production of images

    A COR E O SOM: Os músicos na pintura de Portinari

    No full text
    Este artigo pretende fazer uma interpretação da série Os músicos, de Candido Portinari, encomendada em 1942 por Assis de Chateaubriand para figurar no auditório da Rádio Tupi, no Rio de Janeiro. Os oito painéis, por sua associação entre música, trabalho e “cor”, dada a centralidade do “negro”, permitem sugerir uma interpretação alternativa das análises canonizadas da obra de Portinari que, grosso modo, são diametralmente opostas: ora o pintor oficial do Estado Novo, ora o artista crítico. Mais do que apontar para uma das duas interpretações, busco mostrar que Portinari, em Os músicos, cria uma imagem do “negro” em consonância com discursos que, nos anos 1930 e 1940, buscavam instituir uma identidade brasileira fundada na positivação do mito das três raças. Ao mesmo tempo, o artista prima pela singularidade de suas composições, podendo sugerir ruídos. Para tanto, procuro fazer uma análise comparando os painéis primeiro entre si, ou com esboços e demais quadros de Portinari, mas também com outras fontes que versam sobre o mesmo tema: pinturas de Di Cavalvanti e Augusto Rodrigues; produções de cinema; teatro de revista; e canções de época, entre outras representações em que o “negro” e o samba ganhavam proeminência
    corecore