53 research outputs found

    Populações tradicionais e conservação ambiental: uma contribuição da teoria social.

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    O presente artigo tem como objetivo analisar os fundamentos teóricos para definição de um grupo social como "tradicional" e as implicações deste termo, freqüentemente norteado r para tomadas de decisão referentes ao manejo de unidades de conservação - como a decisão sobre a permanência ou não de comunidades em áreas de acentuado interesse ecológico -, para a conservação ambiental e a agroecologia. A partir da pesquisa bibliográfica constatou-se que as populações tradicionais, com forte correlação com a noção de "camponês", têm sido definidas pela sua inserção no meio envolvente, pelo uso de técnicas de baixo impacto ambiental e pelo respeito aos ciclos naturais. É destacado que, para uma comunidade ser considerada tradicional, esta não precisa ter padrões de comportamento estáticos, imutáveis, mas ser capaz de reinterpretar os comportamentos tradicionais para a manutenção da reprodução social. Conclui-se que caso se pretenda utilizar o modo de vida tradicional como estratégia de conservação, é necessário oferecer as bases democráticas para que o equilíbrio com o meio natural persista

    Apresentação

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    O câmbio climático, decorrente principalmente dos gases de efeito estufa, tem sido o tema dominante no debate sobre o futuro do planeta ou da crise ambiental. Todavia, como alerta Acselrad (2004, p. 13-14) a noção de crise ambiental não pode ser fetichizada, descolando-a das “dinâmicas da sociedade e da cultura”. Isto é, são os agentes sociais por meio das “formas sociais de apropriação e as diversas práticas culturas de significação” que objetivam o ambiente. As consciências ambientais não podem ser vistas como únicas, homogêneas, desistoricizadas

    Mudanças climáticas, ciência e sociedade

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    This paper proposes a brief presentation of sociological studies on climate change, suggesting a synthesis of the emergence of this research area, its main contributions to the debate and, in particular, highlighting its interrelations with the field of Science and Technology Studies (STS). Thus, it intends to contextualize the dossier Climate change, science and society that makes up this issue of Sociologias. This dossier comprises texts by national and international authors, which demonstrate how the issue of climate change has been challenged in different spheres of political action and has been institutionalized, proving to be a privileged theme for the analysis of the continuous reordering of social relations through the interface between scientific knowledge, public policy, and materialities. Therefore, paving the way to the national debate, the dossier summarizes a contribution from the sociological approach to an increasingly pressing theme: the effects of climate change on contemporary social life. The articles gathered here discuss the battles fought on the subject within the different political arenas and allow us to see how the issue of climate change has the power to drive political transformations in various scales and territories. Thus, the texts presented document how the coexistence of paradigms, associated with transformations in the core of the earth sciences, is a unique opportunity for analytical and theoretical elaboration for both sociology and the studies on Science, Technology and Society.Este texto propõe uma breve apresentação dos estudos em sociologia das mudanças climáticas, sugerindo uma síntese do surgimento dessa área de pesquisa, suas principais contribuições para o debate e, em especial, destacando suas inter-relações com o campo dos Estudos Sociais em Ciência e Tecnologia (ESCT). Desse modo, pretende contextualizar o dossiê Mudanças climáticas, ciência e sociedade, que compõe esta edição de Sociologias. Este dossiê articula textos de autores nacionais e internacionais que demonstram o quanto o tema das mudanças climáticas vem sendo enfrentado nas diferentes esferas de ação política e tem-se institucionalizado, demonstrando ser um objeto privilegiado para a análise do reordenamento contínuo das relações sociais por meio da interface entre conhecimento científico, políticas públicas e materialidades. Portanto, de forma pioneira no debate nacional, o dossiê sumariza uma contribuição do enfoque sociológico ao tema que se tem demonstrado cada vez mais premente: os efeitos das mudanças climáticas na vida social contemporânea. Os artigos aqui reunidos discutem as batalhas travadas sobre o assunto dentro das distintas arenas políticas, e nos permitem constatar como a questão das mudanças climáticas tem poder de agenciamento de transformações políticas em diversas escalas e territórios. Assim, os textos apresentados documentam como a coexistência de paradigmas, associada a transformações no âmbito das ciências da terra, constitui-se em oportunidade ímpar de elaboração analítica e teórica para a sociologia e os ESCT

    Editorial

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    Trata-se de uma coletânea de artigos que compõe essa seção especial, são decorrentes da realização de um workshop, ocorrido nos dias 16 e 17 de outubro de 2018, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. O evento abrigou um intercâmbio de ideias que contribuem para a inclusão de saberes e experiências no contexto dos estudos do desenvolvimento. Partindo-se de questionamentos sobre o pós-desenvolvimento e os limites da crítica à modernidade, e privilegiando as ‘entidades’ envolvidas em seus processos (sementes, micróbios, minerais, água, árvores, artefatos, dentre outras), entendimentos inovadores para problemas contemporâneos foram apresentados ao redor dos seguintes eixos: Mudanças climáticas e energia; Vitalização da alimentação; A vida social dos territórios; Trajetórias da biopolítica às políticas da vida. A proposta nasce da inquietação por revigorar perspectivas e compreensões do que é o social nas análises de processos vividos pelos territórios na América Latina, tomadas as realidades contemporâneas como complexas, de natureza pluriversal e de composição heterogênea. Um dos desafios que está colocado é de como ir além de lógicas do tipo causa e efeito, amparadas em categorias analíticas dicotômicas – como escalas micro e macro; níveis global e local; espaços rural e urbano; sujeitos e objetos; natureza e sociedade, humanos e não humanos. Esse esforço coletivo se volta às múltiplas realidades produzidas em diferentes espaços sociais, atravessados por práticas discursivas, disposições afetivas, elementos ontológicos, múltiplos agenciamentos e materialidades contingentes

    Mudanças climáticas, ciência e sociedade

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    Este texto propõe uma breve apresentação dos estudos em sociologia das mudanças climáticas, sugerindo uma síntese do surgimento dessa área de pesquisa, suas principais contribuições para o debate e, em especial, destacando suas inter-relações com o campo dos Estudos Sociais em Ciência e Tecnologia (ESCT). Desse modo, pretende contextualizar o dossiê Mudanças climáticas, ciência e sociedade, que compõe esta edição de Sociologias. Este dossiê articula textos de autores nacionais e internacionais que demonstram o quanto o tema das mudanças climáticas vem sendo enfrentado nas diferentes esferas de ação política e tem-se institucionalizado, demonstrando ser um objeto privilegiado para a análise do reordenamento contínuo das relações sociais por meio da interface entre conhecimento científico, políticas públicas e materialidades. Portanto, de forma pioneira no debate nacional, o dossiê sumariza uma contribuição do enfoque sociológico ao tema que se tem demonstrado cada vez mais premente: os efeitos das mudanças climáticas na vida social contemporânea. Os artigos aqui reunidos discutem as batalhas travadas sobre o assunto dentro das distintas arenas políticas, e nos permitem constatar como a questão das mudanças climáticas tem poder de agenciamento de transformações políticas em diversas escalas e territórios. Assim, os textos apresentados documentam como a coexistência de paradigmas, associada a transformações no âmbito das ciências da terra, constitui-se em oportunidade ímpar de elaboração analítica e teórica para a sociologia e os ESCT.This paper proposes a brief presentation of sociological studies on climate change, suggesting a synthesis of the emergence of this research area, its main contributions to the debate and, in particular, highlighting its interrelations with the field of Science and Technology Studies (STS). Thus, it intends to contextualize the dossier Climate change, science and society that makes up this issue of Sociologias. This dossier comprises texts by national and international authors, which demonstrate how the issue of climate change has been challenged in different spheres of political action and has been institutionalized, proving to be a privileged theme for the analysis of the continuous reordering of social relations through the interface between scientific knowledge, public policy, and materialities. Therefore, paving the way to the national debate, the dossier summarizes a contribution from the sociological approach to an increasingly pressing theme: the effects of climate change on contemporary social life. The articles gathered here discuss the battles fought on the subject within the different political arenas and allow us to see how the issue of climate change has the power to drive political transformations in various scales and territories. Thus, the texts presented document how the coexistence of paradigms, associated with transformations in the core of the earth sciences, is a unique opportunity for analytical and theoretical elaboration for both sociology and the studies on Science, Technology and Society

    Desafios analíticos contemporâneos: pós-desenvolvimento e modernidades - Editorial

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    Trata-se de uma coletânea de artigos que compõe essa seção especial, são decorrentes da realização de um workshop, ocorrido nos dias 16 e 17 de outubro de 2018, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. O evento abrigou um intercâmbio de ideias que contribuem para a inclusão de saberes e experiências no contexto dos estudos do desenvolvimento. Partindo-se de questionamentos sobre o pós-desenvolvimento e os limites da crítica à modernidade, e privilegiando as ‘entidades’ envolvidas em seus processos (sementes, micróbios, minerais, água, árvores, artefatos, dentre outras), entendimentos inovadores para problemas contemporâneos foram apresentados ao redor dos seguintes eixos: Mudanças climáticas e energia; Vitalização da alimentação; A vida social dos territórios; Trajetórias da biopolítica às políticas da vida. A proposta nasce da inquietação por revigorar perspectivas e compreensões do que é o social nas análises de processos vividos pelos territórios na América Latina, tomadas as realidades contemporâneas como complexas, de natureza pluriversal e de composição heterogênea. Um dos desafios que está colocado é de como ir além de lógicas do tipo causa e efeito, amparadas em categorias analíticas dicotômicas – como escalas micro e macro; níveis global e local; espaços rural e urbano; sujeitos e objetos; natureza e sociedade, humanos e não humanos. Esse esforço coletivo se volta às múltiplas realidades produzidas em diferentes espaços sociais, atravessados por práticas discursivas, disposições afetivas, elementos ontológicos, múltiplos agenciamentos e materialidades contingentes.

    Sociology of science and technology in Brazil : an analysis of articles in A1 sociology journals published between 2010 and 2018

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    Este trabalho analisa a produção em sociologia da ciência e da tecnologia publicada no Brasil entre 2010 e 2018 em periódicos nacionais Qualis A1 em sociologia. Foram examinados dados sobre o volume, tipo e distribuição das publicações, além das temáticas, objetos empíricos e conceitos mais frequentes. Analisou-se ainda o conteúdo das cinco temáticas a concentrarem o maior número de publicações. Com isso, espera-se i. esboçar um panorama sobre o perfil dos artigos; ii. identificar como estão distribuídos entre as revistas e instituições de pesquisa; iii. examinar tendências em relação às temáticas; e iv. traçar paralelos com a sociologia brasileira. Concluímos que este é um campo em expansão, cuja produção concentra-se em certas temáticas, objetos empíricos, revistas e instituições. Questionamos ainda por que temáticas importantes para os estudos sociais das ciências e das tecnologias (ESCT) encontram dificuldade em acessar periódicos desse estrato e quais questões em sociologia da ciência e da tecnologia (SCT) poderiam ser mais bem exploradas em pesquisas futuras.This article analyzes articles in Sociology of Science and Technology (SST) published in Brazilian academic journals classified as Qualis A1 in Sociology between 2010 and 2018. To do so we examine data on the volume, type, and distribution of publications, as well as its most frequent themes, empirical objects and concepts. By doing so, we expect i. to describe articles’ profile; ii. to identify how they are distributed among journals and research institutions, iii. to examine trends in relation to the most frequent themes and iv. to draw parallels with Brazilian Sociology. We conclude that SST is a growing field, whose production focuses on certain themes, empirical objects, academic journals, and institutions. We also question why important themes for social studies of science and technology (ESCT) have difficulty accessing journals in this stratum and which issues in sociology of science and technology (SCT) could be better explored in future research

    Em favor das associações: uma homenagem à sociologia de Bruno Latour (1947-2022)

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    Bruno Latour is part of a generation of researchers who intended to completely change the way Social Sciences investigate and analyze the production of science and technology. The hesitation before monolithic truths and the reverence for fieldwork constitute key features of Latourian’s heterogeneous work, which are explicit in his studies within scientific laboratories, when the author starts to focus on science and techniques, then hot topics. The Latourian intellectual enterprise, despite (or precisely because of) its heterogeneous and interdisciplinary character, underlines the importance of doubt and hesitation before what is presented as a fact. If such tension is placed in laboratory studies and in the fabrication of scientific truths, Social Sciences do not pass this criticism unscathed: Bruno Latour’s interpretive move shakes the established dominant sociology. As we pay homage to this important author here, our interest is looking over his vast intellectual life. Such a task, however, requires caution. Without intending to expose all of his work, we aim to compile it through movements that we deem relevant to animate new questions for contemporary sociological research.O despertar do domingo, dia nove de outubro de 2022, foi intempestivo. Mensagens começaram a romper o silêncio da manhã, no horário oficial do Brasil. Como o impacto de toda má notícia leva um tempo a ser assimilado, com essa não foi diferente; falecia Bruno Latour, filósofo, antropólogo, sociólogo, epistemólogo, etnólogo e ecologista político, um verdadeiro “passador de fronteiras” acadêmicas e disciplinares

    A Cozinha Gaúcha: um resgate dos sabores e saberes da Gastronomia do Rio Grande do Sul

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    O contexto atual da alimentação encontra-se em meio a sistemas agroalimentares cada vez mais segmentados, o que põe em risco as tradições relacionadas à alimentação. Ao se conferir à comida e à culinária o status de bem cultural e identitário, elas passam a ser instrumentos de transmissão, de vivência e de valorização das tradições. Esse aparente estratégico papel de receitas e produtos típicos para o desenvolvimento regional impulsionou a instituição dodecreto nº 4868, Programa RS MAIS GASTRONOMIA/Casa Civil, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul com a finalidade de resgatar, pesquisar, catalogar e divulgar os assuntos referentes à gastronomia gaúcha, que atuou de 2011 a 2015. Este artigo deriva de um projeto de pesquisa vinculado a este programa e teve como objetivo verificar o cenário das tradições gastronômicas dos principais grupos étnicos do estado, tendo como recorte para a pesquisa de campo, a região centro sul, composta pelas cidades: Charqueadas, Jaguarão, Pelotas, Piratini, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Turuçu e Porto Alegre. Para tanto, utilizou-se uma abordagem qualitativa, com pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas. Foram realizadas 50 entrevistas com donos de restaurantes, agricultores, representantes de grupos étnicos e agentes do poder público. Os dados foram analisados com auxílio do software NVIVO versão 10. A partir das entrevistas infere-se que, em meio ao processo de globalização e consumo cotidiano de produtos processados, muitas receitas, técnicas e pratos tradicionais foram se modificando ao longo do tempo pela busca de praticidade e pela dificuldade de adquirir os ingredientes típicos, principalmente no meio urbano, onde se nota uma desconexão na relação produtor-ingrediente-consumidor. No entanto, essas tradições mantêm-se vivas nos núcleos familiares e nas comunidades, preparadas principalmente aos domingos e dias de festa, manifestando, assim, as tradições que compõem a identidade dos grupos
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