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    Sociabilidades, edição, educação: o Annuário Brasileiro de Literatura como projeto educativo (1937-1944)

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    Este artigo se propõe a analisar o periódico Annuário Brasileiro de Literatura (ABL), publicado entre 1937 e 1944, como lugar de sociabilidade e órgão de educação da intelectualidade brasileira. O ABL se constituiu, no período,  numa das mais importantes e influentes publicações periódicas brasileiras  e, no texto, buscamos mostrar que ele fazia parte de um investimento de construção da unidade nacional, do intercâmbio entre agentes intelectuais diversos (escritores, editores, jornalistas etc) e um esforço por colocar o Brasil no concerto das nações civilizadas. O periódico propunha  o congraçamento da intelectualidade a favor da unidade nacional, ao mesmo tempo que reafirmava que tal unidade não poderia prescindir da riqueza de nossa diversidade histórica, cultural e geográfica. Finalmente, apontamos que o ABL, buscava educar e mobilizar os intelectuais sem descurar, no entanto, de um olhar sobre a educação escolar vista como um condição, ou como um obstáculo, à ampliação do mercado editorial e, portanto, do esclarecimento da população brasileira

    Ilustração e educação: uma leitura de Bernardo Guimarães

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    This articles aims at explaining some important facets of the Brazilian culture and its schooling process, taken place especially in Minas Gerais throughout the 1800s. It follows in the footsteps of other studies as we try to gather data from several sources such as newspapers, records, schools’ legislation and school directors’ reports in an attempt to highlight both importance of both culture and schooling for the history of education and generate an understanding for each one of them. The article brings up to the table the works of one of the greatest intellectuals of Minas Gerais of the XIX century – the novel writer Bernardo Guimarães – in an attempt to highlight the intellectuals’ importance for the schooling process throughout the two last centuries.Este trabalho busca explicitar facetas importantes da cultura e do processo de escolarização no Brasil e, mais especificamente, em Minas Gerais, ao longo do oitocentos. Ele acompanha outros em que temos tentado trabalhar com fontes diversas (jornais, relatórios de diretoras e inspetores escolares, legislação escolar) buscando apontar para a importância destas para a história da educação e produzir uma inteligibilidade própria a cada uma delas. O texto traz à tona a discussão sobre a produção literária de um dos principais intelectuais mineiros do século XIX – o romancista Bernardo Guimarães -, buscando destacar a importância dos intelectuais no processo de escolarização nos últimos dois séculos. Palavras-chave: Minas Gerais. Literatura. História. História da Educação

    O mártir, o humanista, o pedagogo: a contemporaneidade de Rui Barbosa e a educação nas comemorações do centenário de seu nascimento (1949)

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    Este artigo busca analisar as intervenções de três intelectuais brasileiros – Clemente Mariani, Lourenço Filho e Fernando Azevedo – na celebração do centenário de Rui Barbosa em 1949. Mais especificamente, analisa como eles abordam a questão da educação na obra de Rui Barbosa. O texto estabelece uma relação entre as celebrações do centenário e a publicação das Obras Completas de Rui Barbosa, atividade esta cujo investimento inicial data do final da década de 1930 e que logrou publicar o primeiro tomo das obras em 1942. Ambos os movimentos – a publicação das Obras Completas e a celebração do centenário – fazem parte de um mesmo investimento de demonstrar, a um só tempo, a atuação marcante do jurista, político e intelectual baiano na defesa das mais nobres causas, dentre elas a da educação, e a sua contemporaneidade na discussão dos grandes desafios que marcam o país naquele momento

    Looking for a forgotten subject matter: the place of education in the recent interpretation of Brazil

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    Este texto se propõe a analisar o lugar reservado à educação nas contemporâneas interpretações do Brasil. Para isso, escolhemos um conjunto de obras publicadas a partir do final do século XX, ocasião em que se avolumava as comemorações/discussões sobre os 500 anos do “descobrimento”, até o ano de 2015, quando se instalou a crise que, como vimos, resultou no golpe civil parlamentar que destituiu a Presidenta eleita, Dilma Roussef, da Presidência da República. O artigo defende que, se, ao longo do século XX, o acesso à educação foi panaceia para todos os males da nação, no século XXI, interpretar o Brasil tornou-se um exercício que permite abordar a permanência de quem chegou à escola, ampliando o foco do acesso para a inclusão, procurando entender, mais do que a transposição de limites, a aproximação, o fazer juntos que a quase universalização da escola básica possibilita. Mas também impõe entender as distâncias atualizadas e ampliadas entre a casa grande e a escola pública, no cultivo dos privilégios de classe e de raça de longeva tradição no Brasil.This text is proposed to analyze the place reserved for education in the contemporary interpretations of Brazil. To do so, we chose a group of works published from the end of the twentieth century, time when commemorations / discussions about the 500 anniversary of the “Discovery” have been built up until the year 2015 when an Economic Crisis has been installed and resulted in the ousting of the Dilma Roussef from the Republic Presidency. The article defends that, if, throughout the twentieth century, access to education was “Panacea” for all the evils in the country, in the twenty-first century, interpreting Brazil became an exercise that allows us to approach the permanence of those who have got to school, increasing the focus of access for inclusion, aiming to understand more than just overpassing the limits, the approximation, the “doing together” that the almost universalization of the basic school provides. But it also imposes the understanding of the updated and extended distances between the Big house and the Public school on the fostering of class and race privileges, very tradition a land common in Brazil

    Os professores e sua formação profissional: entrevista com António Nóvoa

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    Para António Nóvoa, há muitas maneiras de ser professor, uma diversidade de opções e de caminhos. Contudo, em todos eles, defende que é imprescindível compreender a complexidade da profissão em todas as suas dimensões: teóricas, experienciais, culturais, políticas, ideológicas e simbólicas. Trata-se de um conhecimento profissional docente, um conhecimento contingente, coletivo e público. E é com base nesse conhecimento que ele afirma que se devem organizar novos modelos de formação docente: uma formação que garanta aos professores espaços e tempos para o desenvolvimento do autoconhecimento e da autorreflexão sobre as dimensões pessoais, profissionais e coletivas do professorado

    Reescrevendo a história do ensino primário: o centenário da lei de 1827 e as reformas Francisco Campos e Fernando de Azevedo

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    This text analyzes the role played by the celebrations of the centenary of the promulgation of the October, 15th 1827 Law within the discussions of the reforms of the Minas Gerais and Rio de Janeiro education systems that happened in 1927-1928. Both reforms depicted the previous education efforts as unsuccessful, describing the Brazilian education scene as chaotic. In the case of Rio de Janeiro, the Fernando de Azevedo reform becomes a landmark in the constitution of an education system, establishing a discourse that painted a new future for the public education, while breaking away from previous initiatives. That did not seem to be the case of the Minas Gerais reform. With a discourse shaped at times around the idea of a modern school, and at other times around the idea of an active school, the reformers also proposed to go beyond the past and build a grand future. However, they did not propose to break away from tradition and the educational past. The aim was here that of affirming innovation within tradition, leading to a much more complacent view of the old school than that of Fernando Azevedo. By rewriting the past, the discourses disseminated by the Francisco Campos and Fernando Azevedo reforms have produced the present and reverberated into the future, inaugurating an interpretation of the Brazilian education that would persist for decades in the Brazilian education historiography.Este texto analisa o lugar ocupado pelos festejos comemorativos do centenário de promulgação da Lei de 15 de outubro de 1827, no interior dos processos de discussão das reformas da instrução mineira e carioca, em 1927/1928. As duas reformas caracterizavam os esforços educativos anteriores como sem sucesso, descrevendo como caótico o quadro educacional brasileiro. No caso do Rio de Janeiro, produzindo-se como marco na constituição de um sistema educacional, a reforma Fernando de Azevedo constituía um discurso que ao mesmo tempo projetava um novo futuro para a educação pública e pretendia romper com as iniciativas anteriores. Diverso parecia ser o caso da reforma mineira. Num discurso articulado ora pela idéia de uma escola moderna, ora pela idéia de uma escola ativa, os reformadores mineiros se propunham a superar o passado e a construir um futuro grandioso. No entanto, não o faziam a partir de uma ruptura com a tradição e com o passado educacionais. Mais do que isso, buscava-se afirmar a inovação dentro da tradição, o que dava lugar a uma leitura muito mais indulgente da escola antiga do que aquela de Fernando Azevedo. Ao reescrever o passado, esses discursos, disseminados pelas reformas Francisco Campos e Fernando de Azevedo, produziram o presente e reverberaram no porvir, instaurando uma leitura da educação brasileira que por décadas perdurou na historiografia educacional brasileira

    Educação e modernização: a UFMG na trajetória de um projeto modernizante (1968-1974)

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    O discurso oficial, hoje, apresenta a Educação como a grande responsável pela modernização de nossas sociedades, por suas maiores ou menores possibilidades de integrarem-se ao mundo globalizado e à sociedade do conhecimento. Como esforço investigativo, problematizamos a relação entre Educação e Modernização na segunda metade do século XX, tensionada nas proposições reformistas que conduziram, na década de 1960, a reestruturação das universidades brasileiras. Tomamos como objeto de estudo o processo de criação e institucionalização dos programas de pós-graduação, ocorrido na Universidade Federal de Minas Gerais, por sintetizar duas grandes matrizes que marcaram o debate intelectual e acadêmico brasileiro nos anos de 1960: a da modernização e a do desenvolvimentismo

    A cultura escolar como categoria de análise e como campo de investigação na história da educação brasileira

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    A preocupação com a problemática da cultura escolar despontou no âmbito de uma viragem dos trabalhos históricos educacionais e de uma aproximação cada vez mais fecunda com a disciplina de história, seja pelo exercício de levantamento, organização e ampliação da massa documental a ser utilizada nas análises, seja pelo acolhimento de protocolos de legitimidade da narrativa historiográfica. O artigo representa uma síntese das investigações que vêm sendo realizadas pelos pesquisadores e pretende apreender como cultura escolar vem sendo apropriada pela área da História da Educação brasileira enquanto categoria de análise e campo de investigação. Para tanto foi dividido em três partes. Na primeira, aborda as definições de cultura escolar mais utilizadas. Trabalhos de Dominique Julia, André Chervel, Jean-Claude Forquin e António Viñao Frago são visitados, procurando-se estabelecer similitudes e diferenças entre as concepções dos autores. Discorre, também, sobre a disseminação desses textos no Brasil. Na segunda parte, sem pretender realizar uma revisão bibliográfica completa nem um exaustivo levantamento de títulos e autores, chama a atenção para algumas das dimensões da realidade educacional brasileira às quais os pesquisadores têm buscado entender com o concurso da noção de cultura escolar. Ao final, aponta alguns dos desafios que precisam ser levados em conta para o prosseguimento das investigações e para o aprofundamento teórico-metodológico das pesquisas que utilizam os arcabouços aqui discutidos.The concern with the issue of school culture has arisen in the context of a turn taken by the works in the history of education and of an ever so fruitful confluence with the discipline of History, be it for the practice of gathering, organization and expansion of the documental mass of data to be used in the analyses, be it by the acceptance of legitimacy protocols from the historiographic narrative. The article represents a synthesis of the investigations that have been conducted by researchers, and intends to apprehend how school culture has been taken on board by the field of History of Brazilian Education as a category of analysis and as a topic of study. To such purpose, the paper is composed of three parts. The first part deals with the most commonly used definitions of school culture. Works by Dominique Julia, André Chervel, Jean-Claude Forquin and António Viñao Frago are focused here in an attempt to establish similarities and differences between the ideas of the various authors. The dissemination of these texts in Brazil is also discussed in this first part. The second part of the article, without any intention of representing a complete bibliographic review or a comprehensive listing of titles and authors, draws attention to some of the dimensions of the Brazilian education reality, which the researchers have been trying to understand with the aid of the notion of school culture. Finally, the article points out some of the challenges that have to be faced in carrying on these studies and in strengthening the theoretical-methodological foundations of the studies that use the general framework discussed here
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