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    Mulheres em idade fértil e pobreza: formas de acesso e padrões de utilização dos cuidados de saúde reprodutiva

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    Esta tese aborda as práticas e as representações de mulheres em idade fértil, que vivem em contextos sociais de pobreza. As práticas sobre o acesso e as formas de utilização dos cuidados de saúde reprodutiva. As representações das mulheres relativamente à maternidade e/ou fecundidade, verificando de que forma estas influenciam a utilização de cuidados de saúde reprodutiva (saúde materna e planeamento familiar). E as representações dos profissionais de saúde e técnicos de serviço social sobre os comportamentos de fecundidade e as formas como as mulheres (pobres e não pobres) utilizam os cuidados de saúde reprodutiva. Devido à natureza do objecto de estudo e à complexidade inerente, optou-se por utilizar uma combinação de métodos qualitativos e quantitativos e respectivas técnicas de recolha e análise de dados, num mesmo desenho de estudo, tendo em vista a triangulação metodológica, que ajudou à compreensão mais profunda da realidade em estudo. Como tal dividiu-se a investigação em três estudos: 1) o estudo exploratório; que apoiou nas decisões, nomeadamente na delimitação do objecto de estudo, dos objectivos gerais e específicos, das hipóteses centrais de investigação e dos aspectos metodológicos relacionados com o estudo de caso-controlo e o estudo qualitativo; 2) o estudo de caso-controlo (quantitativo); 3) o estudo qualitativo. Estudo de caso-controlo O estudo de caso-controlo foi realizado com mulheres em idade fértil, em que os casos são mulheres consideradas “muito pobres”, havendo dois controlos para cada caso: os controlos 1, que são mulheres consideradas “pobres” e os controlos 2, que são mulheres consideradas “não pobres”. Este estudo foi planeado com uma amostra de 1513 mulheres em idade fértil, com 499 casos seleccionados segundo um esquema de amostragem estratificada proporcional (de mulheres consideradas muito pobres) seleccionados da base de dados de beneficiários de RSI, da SCML. E 1014 controlos (de mulheres não consideradas como muito pobres): os controlos 1 foram seleccionados também segundo um esquema de amostragem estratificada proporcional dos restantes beneficiários da SCML; os controlos 2 foram seleccionados de forma bi-etápica, primeiro procedeu-se a uma amostragem aleatória simples de quatro Centros de Saúde e de seguida optou-se por uma regra sistemática de selecção das utentes desses Centros de Saúde, mediante a aplicação de um formulário de critérios de inclusão. Os dados foram recolhidos através de um questionário semi-quantitativo aplicado por entrevista. Responderam ao questionário um total de 1054 mulheres, sendo que o total de respondentes distribui-se pelos grupos em estudo, isto é, 304 referentes aos casos (muito pobres), e 750 respeitantes aos controlos [293 pertencentes ao grupo de controlos 1 (pobres) e 457 provenientes do grupo de controlos 2 (não pobres)]. Os dados foram analisados utilizando técnicas estatísticas bivariadas e multivariadas. Concretamente, começou-se pela análise descritiva (frequências absolutas e relativas; medidas de tendência central: moda, média, mediana, média aparada a 5%) das variáveis demográficas e das variáveis de fecundidade (representações, tensões, práticas e controlo de fecundidade) em função das variáveis de condição social (gradientes de pobreza segundo os grupos em estudo). Seguiu-se a análise de comparação e associação - o teste de Qui-quadrado para testar a homogeneidade e para testar a homogeneidade de variâncias aplicou-se o teste de Levene e a normalidade da variável quantitativa, nos grupos em estudo, foi testada através do teste de Kolmogorov Smirnov e o teste de Shapiro-Wilk. Sempre que as condições de aplicação da ANOVA não se verificaram, aplicou-se a alternativa não paramétrica: o teste de Kruskal-Wallis. O cálculo do odds ratio da variável “ter gravidez e filhos” foi efectuado de acordo com o proposto por Mantel-Haenszel aplicado nas situações em que existem dois controlos por caso. Foram ainda utilizados modelos de regressão logística (pelo método Forward: LR) para avaliar a probabilidade de ser do grupo de casos (muito pobre), relativamente a ser do grupo de controlos 1 (pobre) e ser do grupo de controlos 2 (não pobre). E dois modelos de regressão logística multinomial para estudar a relação entre uma variável dependente de resposta qualitativa não binária [no presente estudo com três classes - os três grupos em estudo: casos (muito pobres), controlos 1 (pobres) e controlos 2 (não pobres)] e um conjunto de variáveis explicativas (predictor variables), que podem ser de vários tipos. A análise efectuada confirma a existência de gradientes de pobreza e a sua associação a gradientes de fertilidade, que se reflectem em termos de acesso à saúde e nos padrões de utilização de cuidados de saúde reprodutiva. O facto de as mulheres terem tido filhos (variável “ter gravidez e filhos”) aumenta a probabilidade (OR=1,17; p<0,001; IC = 1,08 – 1,26) de serem muito pobres, comparativamente a serem pobres e não pobres. Isto é, a maternidade configura-se como um factor explicativo da pertença social das mulheres, sobretudo quando interligado com outros factores. Concretamente, verifica-se através da análise dos modelos de regressão logística que existe uma interligação entre a condição social das mulheres e um conjunto de características sóciodemográficas, que se configuram como factores de risco de pobreza, como sejam o baixo rendimento dos agregados, a dimensão dos agregados familiares, a baixa escolaridade e as pertenças étnicas. Quanto ao acesso económico, constata-se que as mulheres muito pobres apresentam incapacidades financeiras para comportar custos com a compra de medicamentos muito superiores às restantes, constituindo-se esta como uma característica forte para explicar a sua condição social actual. Em termos de utilização de cuidados de saúde reprodutiva percebe-se que as mulheres muito pobres são caracterizadas por baixa frequência das consultas de revisão do parto, com todas as eventuais implicações no seu estado de saúde. Um aspecto pertinente prende-se com a sistemática aproximação das mulheres pobres às muito pobres, distanciando-se em quase tudo das mulheres não pobres. Ou seja, existe um número considerável da nossa população “média” com vulnerabilidades, que deveriam merecer uma atenção prioritária em termos de políticas sociais (nomeadamente, na área da saúde, do trabalho e do apoio social). Assim, é de enfatizar a importância de haver uma adequação das políticas de saúde no sentido de assegurar que as populações mais vulneráveis consigam utilizar de forma apropriada os cuidados de saúde reprodutiva. Estudo Qualitativo Foi efectuado um estudo qualitativo, através de realização de entrevistas e grupos focais. Concretamente, foram feitas oito entrevistas e dois grupos focais a mulheres provenientes de diferentes contextos socioeconómicos (pobreza e não pobreza), num total de 18 indivíduos. Foram conduzidos dois grupos focais a profissionais de saúde (enfermeiros e médicos), num total de 15 participantes. E realizados quatro grupos de discussão a técnicos de serviço social, num total de 36 participantes. Todas as entrevistas e grupos focais foram gravados, seguindo-se a sua transcrição integral. Os dados foram analisados com base nos procedimentos de análise de conteúdo habituais no âmbito de abordagens qualitativas. No que diz respeito aos grupos focais, procedeu-se a uma análise categorial temática. Através da análise das representações de fecundidade percebe-se que para as mulheres, independentemente do grupo socioeconómico a que pertencem, o melhor e o pior dos filhos, envolve três níveis: os sentimentos, o desempenho das funções parentais e as privações. E a maioria das mulheres assume que foi através de amigos, dos media e/ou de vizinhos que obteve as primeiras informações sobre os métodos contraceptivos. Revelando ainda a inexistência de influência familiar, especialmente das mães, na transmissão desses conhecimentos e informações sobre contracepção, em todos os grupos socioeconómicos. Aliás, a percepção generalizada é de que o sexo foi um assunto tabu na educação destas mulheres. Muitas das mulheres no estudo descrevem uma preparação inadequada para o sexo e contracepção na primeira gravidez, acontecendo esta como resultado de impreparação e não de planeamento. Encontram-se semelhanças entre as mulheres provenientes de diferentes gradientes sociais, mas também se encontram diferenças, nomeadamente, acerca do papel do parceiro masculino no planeamento familiar e no planeamento das gravidezes. Existe uma diferença entre mulheres provenientes de grupos socioeconómicos distintos (muito pobres e pobres vs. não pobres) relativamente ao papel do parceiro na contracepção: não utilização do preservativo porque companheiros “não aceitam” vs. as mulheres que assumem que as decisões quanto à contracepção são e foram sempre da sua responsabilidade. Os resultados vêm mostrar a importância atribuída ao sexo do médico e a vergonha envolvida na utilização dos cuidados de saúde materna, cujas consequências se revelaram impeditivas de realização das consultas pós-parto. Vários estudos já apontaram o desconforto durante o encontro biomédico nos cuidados pré-natais resultando de uma incapacidade da mulher para lidar com certas características do profissional de saúde, que podem incluir idade, género e linguagem (cfr. nomeadamente, Whiteford e Szelag, 2000). Um outro aspecto em que há diferenças entre grupos socioeconómicos nos resultados do estudo de caso-controlo, e que vem ser ainda mais aprofundado através do estudo qualitativo, está relacionado com os apoios recebidos quando os filhos nascem e quando existe uma situação de doença. As mais pobres encontram-se numa posição de vulnerabilidade acrescida, porque não podem colmatar a falta de apoios, por exemplo com amas para tomar conta dos filhos, como é admitido, por exemplo, por uma mulher de etnia cigana. Mas emerge uma semelhança entre as mulheres dos diferentes grupos socioeconómicos, quando reivindicam a necessidade de existir mais apoio, nomeadamente uma rede de creches. Os profissionais (saúde e social) demonstram nas suas representações as influências do modelo biomédico de saúde. Quanto às mulheres, consoante o seu contexto cultural, elas tendem a integrar num “modelo próprio” a sua relação com os cuidados de saúde, especificamente com os cuidados pré-natais. Modelo esse que não exclui o uso dos serviços biomédicos durante a gravidez, o que acontece é que as mulheres conservam as suas crenças e algumas práticas tradicionais em face de novas. Deixando em aberto a possibilidade de negociação e transmissão de conhecimentos por parte dos profissionais de saúde, processo facilitado com existência de diálogo e abertura dos profissionais de saúde para as especificidades culturais (cfr. outros estudos, nomeadamente, Atkinson e Farias, 1995; Whiteford e Szelag, 2000). Os profissionais atribuem ao “pobre” uma característica-tipo: o imediatismo. Este condiciona a actuação dos indivíduos “pobres” nas práticas de planeamento familiar e nas formas de utilização de cuidados de saúde reprodutiva. Por exemplo, para os profissionais de saúde e técnicos de serviço social a utilização correcta da contracepção dependerá do nível educacional da mulher. Mas não se comprova tal facto nos estudos, havendo mesmo indício de uma certa transversalidade nas “falhas” de utilização, por exemplo da pílula. Através do estudo de caso-controlo comprovase que a pílula era o contraceptivo mais usado no momento em que as mulheres engravidaram do último filho, sendo que aparentemente algo terá falhado (dosagem, esquecimento, toma simultânea de antibiótico), não existindo diferenças entre os grupos socioeconómicos. A análise reflecte a existência de representações nem sempre coincidentes entre mulheres e profissionais de saúde, no que diz respeito à maternidade, à gravidez e à fecundidade, mas também às necessidades e formas de utilização dos cuidados de saúde reprodutiva (saúde materna e planeamento familiar).Chama-se a atenção para a importância dos decisores terem estes factos em atenção de forma a adequar as políticas de saúde às expectativas e percepções de necessidade por parte das populações vulneráveis, procurando atingir o objectivo de utilização adequada de cuidados de saúde reprodutiva e, em última análise, promover a equidade em saúde. Conclusões Gerais Esta investigação insere-se numa lógica de perceber as características associadas no continuum de pobreza, procurando-se os factores que explicam a posição relativa dos grupos nesse mesmo continuum. Em termos de saúde, contata-se existir uma associação entre a não realização de consultas de revisão do parto e as chances superiores de pertencer a um grupo socioeconómico mais pobre. Haverá aqui lugar a um cuidado acrescido em termos de organização de cuidados de saúde para que estas mulheres, com vulnerabilidades de vária ordem, sejam devidamente acompanhadas, orientadas, apoiadas para a realização deste tipo de consultas, envolvendo uma sensibilização para “gostar de si própria”, de valorização individual, mesmo depois do nascimento dos filhos. As redes de sociabilidade são distintas consoante a posição que a mulher ocupa em termos de gradiente social, sendo que a posição é mais vulnerável para as mulheres muito pobres e pobres, quer em situação de doença, quer em situação de apoio para os filhos e ainda em termos de privação material existe um efeito em termos de diluição das sociabilidades para grupos já tão fragilizados a outros níveis. Ao descrever, analisar e caracterizar os gradientes de pobreza e privação múltipla entre os grupos de mulheres em estudo posso concluir que existem aspectos diferenciadores das mulheres pobres relativamente às mulheres não pobres.Mas elas manifestam sobretudo características que as aproximam das mulheres muito pobres. Ou seja, este grupo de pessoas está particularmente envolta numa multiplicidade de riscos sociais, uma vez que são mulheres que têm filhos, trabalham, têm redes de sociabilidade enfraquecidas e não podem contar com a ajuda do Estado em termos de medidas de apoio social, não sendo elegíveis, por exemplo, para o RSI. Urge rever as condições de atribuição de medidas, não necessariamente com a configuração actual, mas que tenham em atenção este conjunto populacional.A actividade sexual começa muito cedo nas vidas das jovens, independentemente da proveniência socioeconómica, pelo que esse é um aspecto que, penso, deverá continuar a ser considerado em termos de saúde sexual e reprodutiva por parte das diferentes entidades no que se refere à educação e promoção para a saúde. As questões relacionadas com a incapacidade para comportar custos de saúde - deixar de comprar medicamentos, sobretudo, para as próprias mulheres, não poder pagar consultas em médicos especialistas e dentistas - revelam-se sérias, na medida em que fazem emergir as diferenças em termos de grupos socioeconómicos, constituindo-se como um factor associado com as iniquidades em saúde ainda existentes em Portugal. Como é sabido pelos estudos realizados, estas são também causas de pobreza. Assim, esta é uma das áreas a merecer actuação prioritária no sentido de contribuir para que caminhemos para uma sociedade com mais equidade. A existência de diferenças na acessibilidade e no acesso geográfico e económico, marcada pelas diferenças em termos de gradientes sociais, deixa em aberto a necessidade de actuar no sentido de que o sistema de saúde tenha políticas de promoção da equidade, nomeadamente a equidade de acesso económico, na investigação desenvolvida sobre “sistemas de saúde”. Parece que fica evidente a necessidade de monitorizar quais as interacções entre as políticas, de saúde e sociais, e a variabilidade nas desigualdades sociais ao longo do tempo, ou seja, a importância de monitorizar os efeitos das políticas nos grupos vulneráveis. Só avaliando poderemos saber se as medidas devem continuar com conteúdo e formas de implementação actuais ou se, pelo contrário, deverão acontecer mudanças nas medidas de apoio para melhorar as condições sociais e de saúde das populações.This thesis addresses the practice and representations of women of fertile age who live in a social context of poverty, the practice on access and utilization forms of reproductive health care, the representations of women on maternity and/or fertility, confirming how they influence reproductive health care use (maternal health and family planning) and the representation of health professionals and social workers on fertility behaviour and the ways in which women (poor and non-poor) use reproductive health care. Due to the nature and the complexity of the study object, we chose to use a combination of qualitative and quantitative methods and their methods of collecting and analyzing data in the same design study, in view of methodological triangulation, which helped deeper understanding of reality under study. Therefore the investigation was divided in three research studies: 1) the exploratory study, 2) the case-control study (quantitative), 3) the qualitative study. The exploratory study, which supported the decisions, including the delimitation of the study object, the general and specific objectives, the research hypothesis and methodological aspects related to both case-control study and qualitative study. Case-control study The case-control study was conducted with women of fertile age, in which “cases” are women considered "very poor", with two controls for each case: “controls 1” are women considered "poor" and “controls 2” are women considered "not poor". This study was planned with a sample of 1513 women of fertile age: 499 cases selected according to a proportional stratified sample (of women considered very poor) selected from the beneficiaries of RSI (Social Welfare Payment for Inclusion) of SCML (Santa Casa da Misericórdia of Lisbon). And 1014 controls (women not considered very poor): controls 1 were also selected according to a proportional stratified sample of the remaining members of SCML, controls 2 were submitted to a two phases selection process, first held with a simple random sampling of four health centres and then opted for a systematic rule for selecting the users of these health care facilities by implementing a form of inclusion criteria. Data were collected through a semi-quantitative questionnaire applied by interview. Answered the questionnaire a total of 1054 women, with total respondents distributed by study groups: 304 cases (very poor), and 750 controls [293 belonging to the group of controls 1 (poor) and 457 from the control group 2 (non-poor)]. The data were analyzed using bivariate and multivariate statistical techniques. Initially I did a descriptive analysis (absolute and relative frequencies, measures of central tendency: mode, mean, median, trimmed mean 5%) of demographic variables and fertility variables (expectations, tensions, practices and control of fertility) according to social status variables (poverty gradients according to the study groups). Followed by association and comparison analysis.- Chi-square test for homogeneity and Levene test for homogeneity of variance and normality of the quantitative variable in the groups was tested by Kolmogorov-Smirnov test and Shapiro-Wilk test. Where the conditions of application of the ANOVA did not happen, the nonparametric alternative was applied: Kruskal-Wallis test. The odds ratio calculation of the variable “having pregnancy and children” was made in accordance with that proposed by Mantel-Haenszel applied in situations where there are two controls per case. I also used logistic regression models (by Forward: LR method) to assess the probability of being cases (very poor) in relation to be control 1 (poor) and to be control 2 (non-poor). And I used two multinomial logistic regression models to understand the relationship between a dependent variable of qualitative response not binary [in this study with three classes - the three study groups: cases (very poor), controls 1 (poor) and 2 controls (not poor)] and a set of explanatory variables (predictor variables), which may be of various types. The analysis confirms the existence of gradients of poverty and its association with fertility gradients, as reflected in terms of access to health and patterns of reproductive health care use. Maternity (variable “having pregnancy and children) increases the probability (OR=1,17; p<0,001; IC = 1,08 – 1,26) to be very poor, compared to being poor and not poor. That is, motherhood is configured as an explanatory factor of women social belonging, especially when linked to other factors. Specifically, the analysis of logistic regression models appears to confirm that there is a link between social status of women and a set of socio-demographic characteristics, which act as riskfactors of poverty, such as low-income households, the size of households, low education and ethnicity. Regarding economic access, it seems that very poor women have financial incapacity to carry costs for the purchase of drugs well above the other, which is a strong feature to explain the current social condition. In terms of reproductive health care use it is confirmed that the very poor women have low frequency of postpartum consultations, with all the possible implications for their health. A relevant aspect relates to the systematic approach of poor women to very poor, distancing themselves from almost all aspects concerning the non-poor women. In other words, there is a considerable number of our "average" population with vulnerabi

    How to face uncertainties amidst the COVID-19 pandemic

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    Funding Information: This study was funded by Funda??o para a Ci?ncia e Tecnologia (FCT) - Doctoral Grant SFRH/BD/115382/2016, UID/04413/2020, UIDB/0006/2020 and UIDP/0006/2020. Funding Information: Funding This study was funded by Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) -Doctoral Grant SFRH/BD/115382/2016, UID/04413/2020, UIDB/0006/2020 and UIDP/0006/2020. Competing interests None declared. Patient and public involvement Patients and/or the public were involved in the design, or conduct, or reporting, or dissemination plans of this research. Refer to the Methods section for further details. Patient consent for publication Not required. Provenance and peer review Not commissioned; externally peer reviewed. Open access This is an open access article distributed in accordance with the Creative Commons Attribution Non Commercial (CC BY-NC 4.0) license, which permits others to distribute, remix, adapt, build upon this work non-commercially, and license their derivative works on different terms, provided the original work is properly cited, appropriate credit is given, any changes made indicated, and the use is non-commercial. See: http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/. Publisher Copyright: © Author(s) (or their employer(s)) 2021. Re-use permitted under CC BY-NC. No commercial re-use. See rights and permissions. Published by BMJ.Studies which focus on the process of acculturation in the lifestyles, nutritional status and health of immigrants from the Community of Portuguese-Speaking Countries (CPLP) in the Iberian Peninsula are still scarce. This study aims to explore the influence of the acculturation process and dietary acculturation on the lifestyle and nutritional and health status of CPLP immigrants in Portugal and Spain, focusing on two Iberian contexts: Lisbon Metropolitan Area and the Basque Country. A mixed methods sequential explanatory design, combining cross-sectional studies and semistructured interviews. Official data will also be analysed. Primary data will be collected through a questionnaire and assessment of nutritional status and body composition. The estimated samples sizes are 1061 adults (≥18 years old) in the Lisbon Metropolitan Area and 573 in the Basque Country. Time-location sampling will be used for the quantitative component and non-probabilistic sampling for the qualitative component. If safety conditions are not guaranteed due to the COVID-19 pandemic, online studies will be conducted. The semistructured interviews will complement the questionnaire data and extend knowledge about the process of acculturation of CPLP immigrants and their relationship with eating habits and physical activity. Thematic analysis will be used for qualitative data. Triangulation of data derived from different methods will be carried out. An integrative approach will be used to address potential discrepancies in findings and limitations inherent to the study design. As inter-method discrepancies may occur, triangulation protocol will be used, elaborating a ‘convergence coding matrix’ to display findings emerging from each component of the study. Ethical approval was obtained through the IHMT Ethics Council (Doc No 20/2020), Portugal, and it was submitted to the Ethics Committee of the UPV/EHU (Doc No under revision), Spain.publishersversionpublishe

    Trabalho e Reforma: dinâmicas/percursos de continuidade a favor da activação dos idosos

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    Este estudo tem o intuito de perceber quais as dinâmicas de continuidade a favor da ativação dos idosos, ou seja, de que forma o papel profissional desenvolvido pelos idosos durante a sua vida ativa origina percursos de participação após a reforma. Tendo em vista a prossecução deste objetivo foi realizado um estudo empírico, com uma amostra constituída por 10 indivíduos, reformados, com idade igual ou superior a 65 anos residentes no distrito de Coimbra, que desempenhassem uma atividade ou ocupação a título voluntário ou remunerado e com caracter de continuidade (envolvimento semanal). Não obstante se ter recorrido a indicadores quantitativos para apresentação de elementos de caracterização sociodemográfica, elementos relativos à situação de reforma bem como nos resultados da Escala de Satisfação com Vida de Simões (1992) da nossa amostra, este estudo optou por uma análise de conteúdo, com base num guião construído partindo das propostas teóricas de Bukov, Mass e Lampert (2002) e da Escala de Participação Social nos Idosos de Gorjão (2011), do qual resultaram duas dimensões: as dinâmicas de preparação para a reforma e os níveis de participação na situação pós-reforma. Concluiu-se, de forma abreviada, que relativamente ao momento da reforma os idosos vivenciaram sentimentos de angústia, pressão e revolta, conversaram com amigos ou familiares para tomar a decisão de se reformarem e que procuraram através de relatos de outros reformados, perceber o que estes sentiam, havendo total desconhecimento da existência de programas de preparação para a reforma. Quanto às atividades de participação coletiva na situação pós-reforma, os idosos da nossa amostra participam em atividades físicas organizadas, passeios, festas, atividades lúdicas, atividades religiosas e atividades de convívio e socialização, bem como férias e participação em redes sociais virtuais. No que respeita a atividades de participação produtiva, conclui-se que as mesmas se agrupam em cuidados "a terceiros", atividades para estabilidade financeira e/ou realização pessoal e atividades de cariz solidário, sendo a participação política menos vivida por este grupo, registando-se apenas debates com família e amigos sobre temas políticos da atualidade. Quanto aos níveis de satisfação com a vida, a maioria (60%) está satisfeito com a sua vida e, até agora, tem conseguido as coisas importantes da vida que desejaria

    O sector da saúde na Grécia antes de depois da crise e as experiências de participação cidadã

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    A Grécia enfrenta problemas variados, incluindo o envelhecimento da população, a diminuição do crescimento natural, migrações e a crise dos refugiados, que colocam desafios consideráveis ao futuro do sistema de cuidados de saúde. O sistema de saúde grego pode ser caracterizado como um sistema misto (público-privado), coexistindo os seguros, o social obrigatório (IKA) e um sistema de seguro de saúde privado voluntário, com o Serviço Nacional de Saúde (ESY- Ethniko Systima Ygeias). Em 2011 foi criada a Organização Nacional de Serviços de Saúde(EOPYY). O país está sob ajuda externa desde 2010, e o sector da saúde foi considerado “um factor importante” no descontrolo da economia do país, que ficou sob intenso escrutínio da Troika. O sistema de saúde acumula problemas estruturais há mais de uma década, agravados com a crise. Neste contexto económico, social e legislativo, com base na revisão da literatura publicada recentemente, apresentamos experiências gregas relativamente às práticas de participação dos cidadãos na definição da política de saúde na Grécia. De acordo com a evidência, as reformas empreendidas no sistema de saúde grego parecem focar-se nas dimensões operacionais, financeiras e de gestão, ignorando o lado do cidadão ou uma perspectiva de um sistema de saúde centrado no paciente. Pelo que haverá ainda espaço para que os decisores políticos promovam mecanismos de participação cidadã

    Is workplace violence against health care workers in Mozambique gender related?

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    Funding Information: We acknowledge support of the Niassa Provincial Health Directorate (provided administrative authorisation and support for the research to be carried out). We are also thankful to all study participants for their time and effort by taking part in the study. Fundação para a Ciência e Tecnologia for funds to research centre GHTM UID/04413/2020. Funding Information: We acknowledge support of the Niassa Provincial Health Directorate (provided administrative authorisation and support for the research to be carried out). We are also thankful to all study participants for their time and effort by taking part in the study. Fundação para a Ciência e Tecnologia for funds to research centre GHTM UID/04413/2020. Publisher Copyright: © 2022 The Authors. The International Journal of Health Planning and Management published by John Wiley & Sons Ltd.This report revisits data used to describe the typology and the perceived impact of violence against health care workers (VHCW) at the health services of the City of Lichinga in Mozambique, based on an observational, descriptive, cross-sectional study, carried out from March to May 2019. In this report we attempt to understand if our reanalysis of VHCW in Niassa can explain it as an example of gender-based violence. Our findings—particularly that women more than men reported not knowing if the health services had any policies or procedures to deal with VHCW, felt that they were not encouraged to report acts of VHCW and were more frequently threatened/violented by different sex aggressors—although not conclusive, support the need to consider gender as a dimension when conducting research on VHCW. If we do not do so, gender will continue to be an invisible and ignored dimension of intervention strategies to prevent and address VHCW.publishersversionpublishe

    A sépsis na pessoa em situação crítica da urgência ao internamento - uma intervenção de enfermagem especializada

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    Verso das fls. em brancoMestrado, Pessoa em Situação Crítica, 2012, Escola Superior de Enfermagem de LisboaA sépsis é um importante problema de saúde pública a nível mundial, causando elevadas taxas de morbilidade, tempo de internamento, mortalidade e custos para as instituições de saúde. Devido à complexidade da sépsis, caracterizada por sinais e sintomas inespecíficos, os profissionais de saúde apresentam dificuldade em diagnosticá-la, sendo por isso fundamental apostar na sua prevenção. Ao deparar-me com esta problemática no meu contexto de trabalho (serviço de cirurgia geral) e tendo por finalidade contribuir para a melhoria dos cuidados de enfermagem no que diz respeito à prevenção da sépsis, procurei através do estágio desenvolver e adquirir um conjunto de competências do foro especializado, principalmente na área de Especialização Pessoa em Situação Crítica. Assim, o presente relatório explana as principais atividades desenvolvidas no estágio realizado em contexto de Unidade de Cuidados Intensivos, onde se prestam cuidados à pessoa em situação crítica (PSC) com sépsis em estádio avançado, Serviço de Urgência Geral onde se cuida da PSC, onde se efetua a triagem e onde, em caso de necessidade, se ativa o protocolo da Via Verde Sépsis e ainda, no Serviço de Cirurgia Geral, onde se operacionaliza a competência de formação e se implementam estratégias de prevenção e tratamento da sépsis. A existência de medidas de prevenção, nomeadamente, a formação em serviço e a construção de indicadores orientadores na identificação e tratamentos precoces da sépsis são importantes para melhorar os cuidados. O enfermeiro assume assim um papel determinante na fase de prevenção da sépsis. A Teoria Ambientalista de Florence Nightingale serviu de suporte à elaboração do presente relatório, no qual o Enfermeiro é responsável por prestar cuidados holísticos à Pessoa e controlar o seu ambiente envolvente, prevenindo a infeção através de uma observação criteriosa e interpretação de sinais e sintomas

    Representações de mulheres em idade fértil e profissionais de saúde sobre utilização de cuidados de saúde reprodutiva

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    Objectivos Conhecer as representações de mulheres pobres e não pobres relativamente à fecundidade verificando de que forma influenciam a utilização de cuidados de saúde reprodutiva (saúde materna e planeamento familiar). E as representações dos profissionais de saúde sobre comportamentos de fecundidade e forma de utilização de cuidados de saúde reprodutiva dessas mulheres. Métodos Foi realizado um estudo qualitativo, tendo sido efectuadas oito entrevistas e dois grupos focais a mulheres provenientes de diferentes contextos socioeconómicos, num total de dezoito indivíduos. E dois grupos focais a profissionais de saúde (enfermeiros e médicos), num total de quinze participantes. Foi efectuada análise de conteúdo, tendo-se procedido a uma análise categorial temática. Resultados Encontramos semelhanças entre as mulheres provenientes de diferentes gradientes sociais, mas também diferenças acerca do papel do parceiro masculino no planeamento familiar e das gravidezes. Os profissionais de saúde atribuem ao “pobre” uma característica-tipo: o imediatismo, que condiciona a actuação dos indivíduos “pobres” nas práticas de planeamento familiar e nas formas de utilização da saúde materna. Conclusão A análise reflecte a existência de representações nem sempre coincidentes entre mulheres e profissionais de saúde, no que diz respeito à fecundidade e às necessidades e formas de utilização dos cuidados de saúde reprodutiva. É importante os decisores terem estes factos em atenção para adequar as políticas de saúde às expectativas e percepções de necessidade por parte das populações vulneráveis, procurando uma utilização adequada de cuidados de saúde reprodutiva e promover a equidade em saúde

    O luto como o vivemos : educar para a perda

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    Este Projeto pretende levar ao reconhecimento da morte como facto natural e comum a todos os seres vivos, proporcionando à comunidade escolar formas de intervir adequadas na temática do luto. O objetivo primordial é dotar as crianças de um maior grau de resiliência, face à problemática da morte e do luto, após a intervenção delineada. É, também, objetivo a elaboração de um Manual que apoie os educadores. Considera-se que o estudo é pertinente pois existe uma necessidade atual de discutir e refletir sobre o assunto, resultando no desenvolvimento da cidadania e da promoção de saúde, a partir da abertura de espaços que possibilitem a inserção da educação para a morte e o cuidado de si e do outro, no contexto da educação para a saúde. Da intervenção realizada, salientam-se alguns dos resultados. As técnicas lúdicas utilizadas com as crianças na escola da Solum, em Coimbra, como forma de promoção da educação para a perda, constituíram uma estratégia eficaz e de efeito positivo na partilha de sentimentos e emoções e possibilitaram à amostra participante aumentar o seu grau de resiliência face à problemática da morte e do luto. A existência de um manual para educadores também se verificou uma mais valia, no sentido de permitir a partilha da comunicação na área do luto infantil, promovendo um maior enriquecimento. Decorrendo do último tabu social da cultura ocidental, a morte e o luto têm sido escassamente estudados ao nível científico. As suas efetivas implicações, nomeadamente ao nível da educação para a saúde, estão longe de ser devidamente equacionadas. Estudos detalhados e interdisciplinares sobre o educar para a perda são sugeridos para investigações futuras

    A Mixed-Method Case Study on a Treatment Centre in the Lisbon Metropolitan Area, Portugal

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    Funding Information: Funding: R.M.R., L.G., P.J.H. and I.C. were supported by Fundação para a Ciência e a Tecnologia for funds to GHTM-UID/04413/2020 and L.G. from UIDB/00006/2020 and UIDP/00006/2020. Funding Information: R.M.R., L.G., P.J.H. and I.C. were supported by Funda??o para a Ci?ncia e a Tecnologia for funds to GHTM-UID/04413/2020 and L.G. from UIDB/00006/2020 and UIDP/00006/2020. Publisher Copyright: © 2022 by the authors. Licensee MDPI, Basel, Switzerland.Tuberculosis (TB) is an infectious disease associated with poverty. In the European Union TB tends to concentrate in urban settings. In Lisbon, previous studies revealed, the presence of migrant populations from a high endemic country, is one of the risk factors contributing to TB. To better understand TB in foreign-born individuals in the Lisbon Metropolitan Area, a mixed-method case study was undertaken on a TB treatment centre in a high-risk part of urban Portugal. Quantitatively, annual TB cases were analysed from 2008 to 2018, dividing foreign-origin cases into recent migrants and long-term migrants. Qualitatively, we explored recent migrants’ reasons, experiences and perceptions associated with the disease. Our results showed that foreign-born individuals accounted for 45.7% of cases, mainly originated from Angola, Guinea-Bissau, and Cabo Verde. TB in recent migrants increased over the years for Angola and Guinea-Bissau, while for Cabo Verde TB cases were due to migrants residing in Portugal for more than 2 years. Recent migrants’ reasons to travel to Portugal were to study, to live and work, tourism, and seeking better healthcare. Visiting family and friends, historical links and common language were key drivers for the choice of country. Recent migrants and long-term migrants may present distinct background profiles associated with diagnosed TB.publishersversionpublishe

    An Overview of Systematic Reviews

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    Funding Information: Funding: R.M.C., L.V. and I.C. were supported by Fundação para a Ciência e a Tecnologia for funds to GHTM-UID/04413/2020. R.M.C was supported by Fundação para a Ciência e a Tecnologia for funds to her Doctoral Program (UI/BD/151065/2021). Publisher Copyright: © 2022 by the authors. Licensee MDPI, Basel, Switzerland.Introduction: Globally, anemia is still a public health issue faced by people in low and high-income countries. This study gives an overview of published scientific articles related to the prevalence, nutritional indicators, and social determinants of anemia in pregnant women and children aged 6 to 59 months living in Mozambique and Portugal. Methods: We performed a review of scientific literature in April 2021, searching for published indexed articles in the last 15 years (2003–2018) in electronic databases. Subsequently, quality assessment, data extraction, and content analysis were performed. Results: We have identified 20 relevant publications. Unsurprisingly, anemia plays a relevant role in disability and life imbalances for these subgroups in Mozambique compared with Portugal. For both countries, data on anemia and iron deficiency in pregnant women and children aged 6 to 59 months old are either outdated or remain unclear. Similarly, studies on social determinants and anemia are also still scarce. Conclusions: A gap of information on anemia, other nutritional indicators, and social determinants in pregnant women and children between 6 and 59 months of age living in Mozambique and Portugal is highly observed. More research is crucial to help achieve the goals established by the Sustainable Development Goals.publishersversionpublishe
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