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RELATO DE EXPERIÊNCIA DO ENFERMEIRO RESIDENTE COM A IMPLANTAÇÃO DO INSTRUMENTO DE SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
INTRODUÇÃO: A enfermagem é uma profissão que necessita estar em constante aprimoramento, visto que os avanços tecnológicos vem criando espaço e desafiando paradigmas da profissão, desconstruindo a realidade e o contexto na qual está inserida. Sistematizar as ações de enfermagem e propor novas práticas de implementar o cuidado são ações emergentes que precisam ser revistas. De acordo com Truppel et al (2009), a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) configura-se como uma metodologia para organizar e sistematizar o cuidado,com base nos princípios do método científico. Tem como objetivos identificar as situações de saúde-doença e as necessidades de cuidados de enfermagem, bem como subsidiar as intervenções de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade. A SAE contempla o processo de enfermagem (PE) que é baseado em 5 fases: Histórico do cliente, diagnósticos de enfermagem, planejamento de ações, implementação do plano de cuidados proposto e avaliação. Com a implementação do PE, a SAE pode ser potencializada pelo conhecimento teórico do enfermeiro que irá realizar essas etapas, e seu comprometimento com a assistência a ser prestada, onde suas ações devem estar voltadas para o PE, e assim sistematize seu cuidado, a partir de um instrumento a ser utilizado, que gere uma linguagem padronizada, de forma a identificar as necessidades humanas afetadas a partir de um exame físico que possa gerar os diagnósticos de enfermagem e embasar o plano de cuidados a ser implementado. Na Resolução 272/04 do COFEN no artigo 2º, fica estabelecido que “A implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE - deve ocorrer em toda instituição da saúde, pública e privada”, assim é de responsabilidade também da instituição ser um sujeito participativo na adoção da SAE, contribuindo para a utilização desse tipo de processo metodológico de assistência. Consta ainda nessa resolução, em suas considerações e no artigo 1º que, a SAE é uma ação privativa do enfermeiro, o que nos obriga a aplicá-la em responsabilidade a nossa profissão. Analisando o cenário atual percebe-se que essa Resolução por si só talvez não ofereça todo o apoio que a implantação da SAE exige, pois muitos fatores têm desencadeado dificuldades práticas tanto de implantação como na implementação dessa metodologia nas instituições de saúde (HERMIDA; ARAÚJO, 2006). Já Neves; Shimizu (2010), afirmam que a SAE eleva a qualidade da assistência, pois contribui para um cuidado individualizado, define as ações a serem implementadas dando maior segurança ao profissional, torna a enfermagem mais científica e traz autonomia para o enfermeiro. Sendo assim, a implantação da SAE nas instituições deve ser uma realidade trabalhada em conjunto com os gestores, visando à qualidade do cuidado, tendo como foco o cliente hospitalizado e o atendimento integral a sua saúde. Por se tratar de uma prática que exige conhecimento teórico-científico, a grande dificuldade do enfermeiro está em prestar e documentar uma assistência que englobe todas as fases do processo de enfermagem, e assim sistematize sua assistência. A SAE constitui um processo dinâmico e essas fases do PE não são necessariamente divididas na prática, portanto uma ação complementa a outra, de modo a manter uma relação de interdependência entre essas fases. A partir da nossa observação nos setores percebemos que a maior dificuldade está em manter uma cronologia das ações, pois quando se tem um histórico incompleto, o exame físico pode não estar direcionado para aquele determinado tipo de cliente, e com isso os diagnósticos de enfermagem não serão corretamente ou integralmente identificados, e o plano de cuidados a ser definido também será incompleto ou não eficaz, o que vai ser percebido na avaliação. Garantir que o PE seja cumprido é a principal meta quando se fala em implantar a SAE, e os enfermeiros devem estar capacitados para tal ação, para assegurar a humanização do cuidado. Em face ao exposto, trazemos ainda como dificuldade de implantar a SAE, a falta de preparo oriunda desde a graduação, a capacitação inadequada do enfermeiro, as barreiras que esse profissional tem quanto à eficácia desse processo, os fatores organizacionais e estruturais da instituição e a falta de recursos humanos que garantam um número de profissionais para cumprir com as atividades requeridas por essa metodologia de sistematização da assistência ( HERMIDA, 2004). Segundo Neves; Shimizu (2010), alguns requisitos são necessários para a implementação da SAE e estão relacionados com aspectos que envolvem o ensino em Enfermagem, a estrutura das organizações do trabalho de Enfermagem e elementos que encerram crença, valores, conhecimento, habilidade e prática do enfermeiro. Outras condições prévias são: Política Institucional, Liderança, Educação Continuada, Recursos Humanos, Comunicação, Instrumentos e Processo de Mudança. O residente de enfermagem sendo um profissional em busca de experiência e aprimoramento está inserido na operacionalização da SAE formando um elo entre a equipe de enfermagem, o serviço de educação permanente e a gestão da instituição. OBJETIVOS: Descrever a experiência do enfermeiro residente com a implantação do instrumento de sistematização da assistência de enfermagem (SAE). Identificar as dificuldades vivenciadas pelo enfermeiro residente na/durante o período de implantação do instrumento de SAE. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência, realizada em um hospital federal na cidade do Rio de Janeiro, no período de março e abril de 2010. O relato foi baseado na experiência do enfermeiro residente com o treinamento da equipe para preenchimento do instrumento e sua implantação nos setores do hospital. E sua vivência como mediador entre o setor de educação permanente e a equipe de enfermagem, esclarecendo dúvidas a cerca do correto preenchimento do instrumento, reportando as dificuldades da equipe ao setor de educação permanente. DISCUSSÃO: Para implantar a SAE no hospital em questão, foi criado um instrumento que contempla todas as fases do processo de enfermagem, onde a assistência de enfermagem seria sistematizada e documentada e assim, arquivada no prontuário do paciente. O instrumento contém 3 dias de evolução, o que corresponde a 6 plantões de 12 horas. Na primeira parte há dados de identificação e histórico do paciente, segue com escala de dor, local para identificar dispositivos invasivos que estão sendo utilizados no paciente, a avaliação do exame físico se dá através de funções e sistemas, estão presentes os diagnósticos de enfermagem pré-estabelecidos e espaços para o acréscimo de outros diagnósticos. E logo abaixo, seguem as prescrições de enfermagem e para finalizar os sinais vitais. Inicialmente participamos do treinamento para capacitação do preenchimento do instrumento de SAE, com duração de uma semana, realizado pelo serviço de educação permanente. Posteriormente, distribuídos em setores de clínica médica e cirúrgica, auxiliamos na implantação do instrumento, onde atuamos como mediadores de conflitos relacionados a não aceitação da implantação do instrumento por parte dos profissionais, e quanto ao esclarecimento de dúvidas a cerca de seu preenchimento. Ressaltamos que foi oferecido treinamento a todos os enfermeiros da instituição quanto ao instrumento a ser implantado. Ao prestar assistência ao cliente, utilizamos o instrumento de SAE, onde surgiram inquietações a respeito do correto preenchimento, pois muitas foram as dificuldades quanto: ao tempo despendido, a adequação do cumprimento do PE com a rotina do setor, a continuidade das ações de enfermagem relacionadas ao não preenchimento de campos obrigatórios no instrumento, e a dicotomia em relação ao seu preenchimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Vimos que padronizar a linguagem de enfermagem e sistematizar a nossa assistência constitui uma estratégia de organização de ações e operacionalização do processo de enfermagem. Porém muitos são os desafios para implantar a SAE e cumprir com o PE na íntegra. Nossa maior dificuldade inicialmente foi entender como organizar nossa rotina no setor conciliando o preenchimento do instrumento, visto que eram novas responsabilidades para o enfermeiro residente assumir e éramos referência na resolução dos problemas relativos ao instrumento, porém tínhamos também nossa resistência, apesar de entender que era necessário e importante. A resistência da equipe, principalmente por parte do enfermeiro foi um grande desafio, pois identificamos o déficit do enfermeiro quando se fala em organizar suas ações e principalmente realizar o exame físico, documentando os padrões de resposta humana. O PE para muitos enfermeiros era algo novo e vimos que mesmo os enfermeiros com pouco tempo de formado demonstravam certa dificuldade para preencher o instrumento, principalmente em relação ao exame físico e a partir deste identificar os corretos diagnósticos de enfermagem, fazendo concordância com as prescrições de enfermagem. Outro problema identificado foi a desvalorização, por parte da equipe de auxiliares de enfermagem, em relação ao plano de cuidados traçado pelo enfermeiro, muitas vezes não implementado. Como responsabilidade de preenchimento para o auxiliar, fica a escala de dor e os sinais vitais, o que o eximiu indiretamente de contribuir para sistematizar a assistência de enfermagem, visto o mesmo acreditar que se tratava de responsabilidade somente do profissional enfermeiro. Para sanar algumas dessas dificuldades, nós enfermeiros residentes, utilizamos o instrumento, e assim tentamos familiarizar a equipe com aquele novo método de evolução de enfermagem, e ao por em prática, conseguimos identificar melhor as dificuldades que a equipe estava tendo, onde muitas vezes era também nossas. Foi possível perceber que atingir a qualidade na assistência de enfermagem por meio da SAE é somente uma das contribuições, pois diversos outros benefícios justificam a sua implantação nas instituições de saúde, voltados não só à assistência ao paciente, mas à profissão e aos profissionais da enfermagem. Espera-se que este relato de experiência contribua auxiliando muitos enfermeiros para iniciarem o processo de implantação da SAE em suas instituições. REFERÊNCIAS : CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) nas instituições de saúde brasileiras. Resolução n.272/04. Disponível em: . Acesso em: 22 jul 2010. HERMIDA, P. M. V. Desvelando a implementação da sistematização da assistência de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.57, n.6, p.733-7, nov/dez. 2004. HERMIDA, P. M. V; ARAÚJO, I. E. M. Sistematização da Assistência de Enfermagem: subsídios para implantação. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.59, n.5, p. 675-9, set-out. 2006. NEVES, R. S.; SHIMIZU, H. E. Análise da implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem em uma unidade de reabilitação. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília; v.63, n.2, p.222-9, mar-abr. 2010. TRUPPEL, T. C; MEIER, M. J; CALIXTO, R. C; PERUZZO, S. A; CROZETA, K. Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.62, n.2, p. 221-7, mar-abril. 2009
PERFIL DE GESTANTES SUBMETIDAS À TRIAGEM DO VÍRUS HTLV NO MARANHÃO
OBJETIVOS: Avaliar o perfil epidemiológico das gestantes submetidas à triagem para o vírus HTLV 1 e 2, atendidas no pré-natal de três serviços públicos. METODOLOGIA: Estudo transversal realizado entre 11/02 e 03/12/2008, com 2044 gestantes em três serviços públicos de pré-natal, São Luis/MA. As pacientes foram orientadas sobre o estudo, incluídas após assinatura do TCLE e preenchimento do questionário. Participaram gestantes entre 18 e 45 anos sem história de doenças psiquiátricas, hipertensão arterial, nefropatia, diabetes e outros que caracterizassem necessidade de pré-natal especializado. A amostra foi calculada em 2041, poder do teste 95%, erro absoluto de 5%, foi usado programa Stata 9.0, realizado teste qui quadrado e aceito
PREVALÊNCIA DE SOROLOGIA POSITIVA PARA O HTLV-1 E HTLV-2 EM GESTANTES ATENDIDAS EM TRÊS SERVIÇOS PÚBLICOS DE PRÉ-NATAL, SÃO LUIS, JUL/08 A JUL/09
O presente trabalho teve como objetivo identificar a prevalência do vírus HTLV-1 e 2 na triagem de gestantes atendidas em três serviços públicos de pré-natal. A metodologia utilizada foi um estudo transversal, realizado entre julho/08 a julho/09, com 2044 gestantes. As pacientes foram orientadas sobre o estudo e incluídas após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e preenchimento do questionário. Participaram gestantes entre 18 e 45 anos, sem história de hipertensão arterial, nefropatia, diabetes, doenças psiquiátricas e outras que caracterizam necessidade de pré-natal especializado. O projeto foi aprovado pelo CEP/HUUFMA. Na triagem usou-se coleta de sangue digital em papel filtro e processada no laboratório do NUPAD - MG, onde fora utilizado a técnica de ensaio imunoenzimático. As gestantes que apresentaram resultado alterado foram contatadas para nova coleta de sangue venoso periférico para testes confirmatórios western blot e PCR. Neste estudo, foram avaliadas 2.044 gestantes. A triagem pelo método ELISA mostrou 07 resultados alterados, sendo 06 reagentes e 01 indeterminado. O exame de Western Blot confirmou todos os resultados reagentes e indeterminados, resultando em prevalência de 0,3% (7/2.044) do vírus HTLV-1/2 entre gestantes atendidas nos serviços públicos de pré-natal de São Luís. Portanto, podemos concluir que apesar de na amostra estudada não ter sido identificada alta prevalência, existe a presença e circulação do vírus na população maranhense.Palavras-chave: HTLV. Gestantes. Pré-natal.AbstractThis research had the objective to identify the prevalence of HTLV-1 and 2 virus in the selection of pregnant women taken care of in the prenatal of three public services. It was used a traversal study, carried out through between jul/08 to jul/09, with 2044 pregnant women. The patients had been guided on the study and enclosed after signature of the TCLE and filling of the questionnaire. They had participated pregnant between 18 and 45 years, without history of high blood pressure, kidney patology, diabetes, psychiatric illnesses and others that would characterize specialized necessity of prenatal. The research was approved by the CEP/HU-UFMA. In the selection collection of digital blood in processed paper was used filter and in the laboratory of NUPAD - MG, to be submitted to the technique of imunoenzimatico assay. The pregnant that had presented resulted modified had been contacted for new collection of peripheral vein blood for confirmatory tests western blot and PCR. This study evaluated 2044 pregnants. The selection by ELISA showed 07 resulted modified, with 06 reagents and 01 indeterminate. The Western Blot test confirmed the results of all reagents and indeterminate, resulting in a prevalence of 0.3% (7/2.044) of HTLV-1/2 among pregnant women in public prenatal care in São Luís. Therefore, we conclude that although the study sample was not identified high prevalence, demonstrating the presence and movement of the virus in the population of Maranhão.Keywords: HTLV. Pregnant Women. Prenatal
Anomalia de Ebstein com comunicação interatrial em paciente gestante com pré-eclâmpsia: um raro relato de caso
A Anomalia de Ebstein (AE) é uma cardiopatia congênita rara, ocorre em apenas 1% das más formações cardíacas. É uma alteração da implantação dos folhetos da valva tricúspide, ocorre o aumento do volume do átrio direito e a atrialização do ventrículo direito. Geralmente, possui uma evolução clínica lenta, com sintomas aparecendo em idade avançada. A comunicação interatrial (CIA), também consiste em uma cardiopatia congênita, do tipo acianótica, comumente assintomática, com prevalência de 5 a 10% de todas as cardiopatias, mais comum em mulheres. Baseia-se na formação de um “shunt” esquerdo-direito, podendo causar hiperfluxo da veia pulmonar. Por outro lado, a pré-eclâmpsia é uma complicação gestacional detectada na vigésima semana. É uma disfunção materno/placentária responsável por elevação da pressão arterial (> 140/90 mmHg), associada a lesão de órgão alvo, proteinúria ou disfunção útero/placentária. Neste estudo, o objetivo é relatar as complicações desenvolvidas durante a gestação em paciente que possuía essa rara associação de comorbidades. Paciente feminina, 20 anos, primigesta com 30 semanas e 4 dias, vista em USG obstétrico, com descontrole pressórico desde de o início da gestação. Cardiopata, sem acompanhamento, apresentando EA e IA (diagnóstico em laudo de 2008). Foi admitida em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com dispneia, saturação de O2 de 91%, pressão de 150/100 mmHg. Após estabilização, solicitados pareceres para cardiologia, obstetrícia e risco anestésico. USG obstétrico mostrou compartimento fetal alterado e relação cérebro/placentária alterada. No 2º dia, após corticoterapia, paciente retorna do centro-cirúrgico após cesariana, acoplada à ventilação mecânica invasiva, devido à descompensação. Radiografia pós-cirurgia mostrou pequeno derrame pleural bilateral. Mantida Cefalotina por mais 2 dias. No dia 3, TC de tórax revelou derrame persistente e consolidações, iniciando Ceftriaxone e Clindamicina. Noradrenalina iniciada após descompensação hemodinâmica. No dia 6, após teste de respiração espontânea bem-sucedido, o ecocardiograma evidenciou AE, insuficiência tricúspide acentuada e mitral leve. Sem critérios graves, a paciente foi transferida para a enfermaria para seguimento e término da antibioticoterapia. A gestação pode agravar riscos em pacientes com comorbidades raras como anomalias cardíacas congênitas. O acompanhamento específico é crucial e, em casos graves, a gravidez deve ser evitada
Saúde do trabalhador em ambiente com exposição a material biológico: uma produção tecnológica
A presente pesquisa abordou a exposição do profissional de enfermagem que atua na terapia intensiva e o seu atendimento pós-exposição ao material biológico, tendo como objeto o atendimento que os membros da equipe de enfermagem do Centro de Terapia Intensiva (CTI) recebem após exposição aos agentes biológicos, por incidentes ou acidentes. Objetivos: Elaborar cartilha educativa acerca de exposição a material biológico e dos procedimentos preconizados no atendimento no Hospital Federal cenário do estudo; Descrever os sentimentos envolvidos e as necessidades de informação da equipe de enfermagem após exposição a material biológico no atendimento realizado no Hospital Federal cenário do estudo; Disseminar a informação acerca dos procedimentos envolvidos no atendimento dos membros da equipe de saúde após exposição a material biológico e Avaliar os aspectos relativos ao conteúdo e estrutura da cartilha educativa com os membros da equipe de enfermagem do CTI do Hospital cenário do estudo. Método: Trata-se de um estudo de caso com abordagem qualitativa, tendo como cenário o Centro de Terapia Intensiva de um Hospital Federal da Cidade do Rio de Janeiro. Os sujeitos foram 29 profissionais de enfermagem que atuam na assistência direta ao paciente internado no setor de terapia intensiva. As etapas de desenvolvimento da pesquisa foram: (1) assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); (2) a entrevista semiestruturada escolhida como instrumento para coleta dos dados, onde foi identificado também o perfil sócio demográfico dos profissionais entrevistados; (3) análise dos dados onde convergiram para 3 categorias; (4) construção da tecnologia educativa escolhida, no caso a cartilha e (5) avaliação da tecnologia pelos profissionais da enfermagem. Resultados e discussão: Dos trabalhadores de enfermagem que participaram, 10 profissionais da equipe de enfermagem afirmaram já terem se acidentado com exposição a material biológico (totalizando 34%). Os dados da entrevista foram agrupados em três categorias: 1-A exposição ao material biológico e suas consequências; 2 – O atendimento pós-exposição ao material biológico na ótica dos participantes; 3 – A necessidade de informação. Os resultados revelaram que os profissionais de enfermagem em sua maioria não sabem como proceder para iniciar o atendimento e se sentem inseguros quanto ao atendimento que é prestado no hospital cenário do estudo. Surgindo assim, quadro de ansiedade e medo quanto à contaminação por doenças infectocontagiosas como o HIV e hepatites B e C. Sugeriram fortemente a qualificação do profissional que presta o atendimento ao acidentado, o fácil acesso a todos os profissionais ao protocolo da instituição, bem como orientações a todos os trabalhadores quanto aos riscos reais e como proceder em caso de acidente com material biológico. Conclusão: A utilização das tecnologias educativas, como a cartilha, podem auxiliar o trabalhador da saúde, complementando a sua práxis, bem como a realização de ações de educação permanente e/ou capacitações com os profissionais é uma das estratégias fundamentais para adoção de ações seguras no trabalho em saúdeThis research approach the exposure of nursing professional of intensive care and their post-exposure care to biological material, with the purpose of the attendance that the members of the Intensive Care Center (ICC) nursing team receive after exposure to biological agents, due to incidents or accidents. Objectives: Elaborate an educational booklet about exposure to biological material and procedures recommended in the Federal Hospital study scenario; Describe the feelings involved and the information needs of the nursing team after exposure to biological material in the care performed at the Federal Hospital study scenario; disseminate information about the procedures involved in the care of health team members after exposure to biological material and evaluate the aspects related to the content and structure of the educational booklet with the members of the ICC nursing team of the hospital scenario of the study. Method: This is a case study with a qualitative approach, based on the Intensive Care Center of a Federal Hospital of the City of Rio de Janeiro. The subjects were 29 nursing professionals who work in the direct assistance to the patient hospitalized in the intensive care sector. The stages of development of the research consisted: (1) signature of the Free and Informed Consent Form (FICF); (2) the data collection using a semi-structured interview, where was also identified the socio-demographic profile of the professionals interviewed; (3) the data analysis where converged to 3 categories; (4) construction of the elected educational technology, in which case it is a booklet and (5) evaluation of technology by nursing professionals. Results and discussion: The nursing workers who participated, 10 professionals from the nursing team said that they had already been injured with exposure to biological material (totaling 34%). The interview data were grouped into three categories: 1-Exposure to biological material and its consequences; 2 – The participants' point of view about the after exposure to biological material attendance; 3 - The need for information. The results revealed that nursing professionals mostly do not know how to start the attendance and feel insecure about the attendance that is provided in the hospital setting of the study. Emerging thus, a scenario of anxiety and fear about the contamination by infectious diseases such as HIV and hepatitis B and C. They strongly suggested the qualification of the professional who provides attendance for the injured, easy access for all professionals to the protocol of the institution, as well as orientation to all workers about the real risks and how to proceed in case of an accident with biological material. Conclusion: The use of educational technologies, such as the leaflet, can help the health worker, complementing his praxis, as well as carrying out permanent education actions and / or training with professionals is one fundamental strategy for adopting safe actions in the Health wor
RELATO DE EXPERIÊNCIA DO ENFERMEIRO RESIDENTE COM A IMPLANTAÇÃO DO INSTRUMENTO DE SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
INTRODUÇÃO: A enfermagem é uma profissão que necessita estar em constante aprimoramento, visto que os avanços tecnológicos vem criando espaço e desafiando paradigmas da profissão, desconstruindo a realidade e o contexto na qual está inserida. Sistematizar as ações de enfermagem e propor novas práticas de implementar o cuidado são ações emergentes que precisam ser revistas. De acordo com Truppel et al (2009), a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) configura-se como uma metodologia para organizar e sistematizar o cuidado,com base nos princípios do método científico. Tem como objetivos identificar as situações de saúde-doença e as necessidades de cuidados de enfermagem, bem como subsidiar as intervenções de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade. A SAE contempla o processo de enfermagem (PE) que é baseado em 5 fases: Histórico do cliente, diagnósticos de enfermagem, planejamento de ações, implementação do plano de cuidados proposto e avaliação. Com a implementação do PE, a SAE pode ser potencializada pelo conhecimento teórico do enfermeiro que irá realizar essas etapas, e seu comprometimento com a assistência a ser prestada, onde suas ações devem estar voltadas para o PE, e assim sistematize seu cuidado, a partir de um instrumento a ser utilizado, que gere uma linguagem padronizada, de forma a identificar as necessidades humanas afetadas a partir de um exame físico que possa gerar os diagnósticos de enfermagem e embasar o plano de cuidados a ser implementado. Na Resolução 272/04 do COFEN no artigo 2º, fica estabelecido que “A implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE - deve ocorrer em toda instituição da saúde, pública e privada”, assim é de responsabilidade também da instituição ser um sujeito participativo na adoção da SAE, contribuindo para a utilização desse tipo de processo metodológico de assistência. Consta ainda nessa resolução, em suas considerações e no artigo 1º que, a SAE é uma ação privativa do enfermeiro, o que nos obriga a aplicá-la em responsabilidade a nossa profissão. Analisando o cenário atual percebe-se que essa Resolução por si só talvez não ofereça todo o apoio que a implantação da SAE exige, pois muitos fatores têm desencadeado dificuldades práticas tanto de implantação como na implementação dessa metodologia nas instituições de saúde (HERMIDA; ARAÚJO, 2006). Já Neves; Shimizu (2010), afirmam que a SAE eleva a qualidade da assistência, pois contribui para um cuidado individualizado, define as ações a serem implementadas dando maior segurança ao profissional, torna a enfermagem mais científica e traz autonomia para o enfermeiro. Sendo assim, a implantação da SAE nas instituições deve ser uma realidade trabalhada em conjunto com os gestores, visando à qualidade do cuidado, tendo como foco o cliente hospitalizado e o atendimento integral a sua saúde. Por se tratar de uma prática que exige conhecimento teórico-científico, a grande dificuldade do enfermeiro está em prestar e documentar uma assistência que englobe todas as fases do processo de enfermagem, e assim sistematize sua assistência. A SAE constitui um processo dinâmico e essas fases do PE não são necessariamente divididas na prática, portanto uma ação complementa a outra, de modo a manter uma relação de interdependência entre essas fases. A partir da nossa observação nos setores percebemos que a maior dificuldade está em manter uma cronologia das ações, pois quando se tem um histórico incompleto, o exame físico pode não estar direcionado para aquele determinado tipo de cliente, e com isso os diagnósticos de enfermagem não serão corretamente ou integralmente identificados, e o plano de cuidados a ser definido também será incompleto ou não eficaz, o que vai ser percebido na avaliação. Garantir que o PE seja cumprido é a principal meta quando se fala em implantar a SAE, e os enfermeiros devem estar capacitados para tal ação, para assegurar a humanização do cuidado. Em face ao exposto, trazemos ainda como dificuldade de implantar a SAE, a falta de preparo oriunda desde a graduação, a capacitação inadequada do enfermeiro, as barreiras que esse profissional tem quanto à eficácia desse processo, os fatores organizacionais e estruturais da instituição e a falta de recursos humanos que garantam um número de profissionais para cumprir com as atividades requeridas por essa metodologia de sistematização da assistência ( HERMIDA, 2004). Segundo Neves; Shimizu (2010), alguns requisitos são necessários para a implementação da SAE e estão relacionados com aspectos que envolvem o ensino em Enfermagem, a estrutura das organizações do trabalho de Enfermagem e elementos que encerram crença, valores, conhecimento, habilidade e prática do enfermeiro. Outras condições prévias são: Política Institucional, Liderança, Educação Continuada, Recursos Humanos, Comunicação, Instrumentos e Processo de Mudança. O residente de enfermagem sendo um profissional em busca de experiência e aprimoramento está inserido na operacionalização da SAE formando um elo entre a equipe de enfermagem, o serviço de educação permanente e a gestão da instituição. OBJETIVOS: Descrever a experiência do enfermeiro residente com a implantação do instrumento de sistematização da assistência de enfermagem (SAE). Identificar as dificuldades vivenciadas pelo enfermeiro residente na/durante o período de implantação do instrumento de SAE. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência, realizada em um hospital federal na cidade do Rio de Janeiro, no período de março e abril de 2010. O relato foi baseado na experiência do enfermeiro residente com o treinamento da equipe para preenchimento do instrumento e sua implantação nos setores do hospital. E sua vivência como mediador entre o setor de educação permanente e a equipe de enfermagem, esclarecendo dúvidas a cerca do correto preenchimento do instrumento, reportando as dificuldades da equipe ao setor de educação permanente. DISCUSSÃO: Para implantar a SAE no hospital em questão, foi criado um instrumento que contempla todas as fases do processo de enfermagem, onde a assistência de enfermagem seria sistematizada e documentada e assim, arquivada no prontuário do paciente. O instrumento contém 3 dias de evolução, o que corresponde a 6 plantões de 12 horas. Na primeira parte há dados de identificação e histórico do paciente, segue com escala de dor, local para identificar dispositivos invasivos que estão sendo utilizados no paciente, a avaliação do exame físico se dá através de funções e sistemas, estão presentes os diagnósticos de enfermagem pré-estabelecidos e espaços para o acréscimo de outros diagnósticos. E logo abaixo, seguem as prescrições de enfermagem e para finalizar os sinais vitais. Inicialmente participamos do treinamento para capacitação do preenchimento do instrumento de SAE, com duração de uma semana, realizado pelo serviço de educação permanente. Posteriormente, distribuídos em setores de clínica médica e cirúrgica, auxiliamos na implantação do instrumento, onde atuamos como mediadores de conflitos relacionados a não aceitação da implantação do instrumento por parte dos profissionais, e quanto ao esclarecimento de dúvidas a cerca de seu preenchimento. Ressaltamos que foi oferecido treinamento a todos os enfermeiros da instituição quanto ao instrumento a ser implantado. Ao prestar assistência ao cliente, utilizamos o instrumento de SAE, onde surgiram inquietações a respeito do correto preenchimento, pois muitas foram as dificuldades quanto: ao tempo despendido, a adequação do cumprimento do PE com a rotina do setor, a continuidade das ações de enfermagem relacionadas ao não preenchimento de campos obrigatórios no instrumento, e a dicotomia em relação ao seu preenchimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Vimos que padronizar a linguagem de enfermagem e sistematizar a nossa assistência constitui uma estratégia de organização de ações e operacionalização do processo de enfermagem. Porém muitos são os desafios para implantar a SAE e cumprir com o PE na íntegra. Nossa maior dificuldade inicialmente foi entender como organizar nossa rotina no setor conciliando o preenchimento do instrumento, visto que eram novas responsabilidades para o enfermeiro residente assumir e éramos referência na resolução dos problemas relativos ao instrumento, porém tínhamos também nossa resistência, apesar de entender que era necessário e importante. A resistência da equipe, principalmente por parte do enfermeiro foi um grande desafio, pois identificamos o déficit do enfermeiro quando se fala em organizar suas ações e principalmente realizar o exame físico, documentando os padrões de resposta humana. O PE para muitos enfermeiros era algo novo e vimos que mesmo os enfermeiros com pouco tempo de formado demonstravam certa dificuldade para preencher o instrumento, principalmente em relação ao exame físico e a partir deste identificar os corretos diagnósticos de enfermagem, fazendo concordância com as prescrições de enfermagem. Outro problema identificado foi a desvalorização, por parte da equipe de auxiliares de enfermagem, em relação ao plano de cuidados traçado pelo enfermeiro, muitas vezes não implementado. Como responsabilidade de preenchimento para o auxiliar, fica a escala de dor e os sinais vitais, o que o eximiu indiretamente de contribuir para sistematizar a assistência de enfermagem, visto o mesmo acreditar que se tratava de responsabilidade somente do profissional enfermeiro. Para sanar algumas dessas dificuldades, nós enfermeiros residentes, utilizamos o instrumento, e assim tentamos familiarizar a equipe com aquele novo método de evolução de enfermagem, e ao por em prática, conseguimos identificar melhor as dificuldades que a equipe estava tendo, onde muitas vezes era também nossas. Foi possível perceber que atingir a qualidade na assistência de enfermagem por meio da SAE é somente uma das contribuições, pois diversos outros benefícios justificam a sua implantação nas instituições de saúde, voltados não só à assistência ao paciente, mas à profissão e aos profissionais da enfermagem. Espera-se que este relato de experiência contribua auxiliando muitos enfermeiros para iniciarem o processo de implantação da SAE em suas instituições.
REFERÊNCIAS :
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) nas instituições de saúde brasileiras. Resolução n.272/04. Disponível em: . Acesso em: 22 jul 2010.
HERMIDA, P. M. V. Desvelando a implementação da sistematização da assistência de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.57, n.6, p.733-7, nov/dez. 2004.
HERMIDA, P. M. V; ARAÚJO, I. E. M. Sistematização da Assistência de Enfermagem: subsídios para implantação. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.59, n.5, p. 675-9, set-out. 2006.
NEVES, R. S.; SHIMIZU, H. E. Análise da implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem em uma unidade de reabilitação. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília; v.63, n.2, p.222-9, mar-abr. 2010.
TRUPPEL, T. C; MEIER, M. J; CALIXTO, R. C; PERUZZO, S. A; CROZETA, K. Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.62, n.2, p. 221-7, mar-abril. 2009
RELATO DE EXPERIÊNCIA DO ENFERMEIRO RESIDENTE COM A IMPLANTAÇÃO DO INSTRUMENTO DE SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
INTRODUÇÃO: A enfermagem é uma profissão que necessita estar em constante aprimoramento, visto que os avanços tecnológicos vem criando espaço e desafiando paradigmas da profissão, desconstruindo a realidade e o contexto na qual está inserida. Sistematizar as ações de enfermagem e propor novas práticas de implementar o cuidado são ações emergentes que precisam ser revistas. De acordo com Truppel et al (2009), a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) configura-se como uma metodologia para organizar e sistematizar o cuidado,com base nos princípios do método científico. Tem como objetivos identificar as situações de saúde-doença e as necessidades de cuidados de enfermagem, bem como subsidiar as intervenções de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade. A SAE contempla o processo de enfermagem (PE) que é baseado em 5 fases: Histórico do cliente, diagnósticos de enfermagem, planejamento de ações, implementação do plano de cuidados proposto e avaliação. Com a implementação do PE, a SAE pode ser potencializada pelo conhecimento teórico do enfermeiro que irá realizar essas etapas, e seu comprometimento com a assistência a ser prestada, onde suas ações devem estar voltadas para o PE, e assim sistematize seu cuidado, a partir de um instrumento a ser utilizado, que gere uma linguagem padronizada, de forma a identificar as necessidades humanas afetadas a partir de um exame físico que possa gerar os diagnósticos de enfermagem e embasar o plano de cuidados a ser implementado. Na Resolução 272/04 do COFEN no artigo 2º, fica estabelecido que “A implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE - deve ocorrer em toda instituição da saúde, pública e privada”, assim é de responsabilidade também da instituição ser um sujeito participativo na adoção da SAE, contribuindo para a utilização desse tipo de processo metodológico de assistência. Consta ainda nessa resolução, em suas considerações e no artigo 1º que, a SAE é uma ação privativa do enfermeiro, o que nos obriga a aplicá-la em responsabilidade a nossa profissão. Analisando o cenário atual percebe-se que essa Resolução por si só talvez não ofereça todo o apoio que a implantação da SAE exige, pois muitos fatores têm desencadeado dificuldades práticas tanto de implantação como na implementação dessa metodologia nas instituições de saúde (HERMIDA; ARAÚJO, 2006). Já Neves; Shimizu (2010), afirmam que a SAE eleva a qualidade da assistência, pois contribui para um cuidado individualizado, define as ações a serem implementadas dando maior segurança ao profissional, torna a enfermagem mais científica e traz autonomia para o enfermeiro. Sendo assim, a implantação da SAE nas instituições deve ser uma realidade trabalhada em conjunto com os gestores, visando à qualidade do cuidado, tendo como foco o cliente hospitalizado e o atendimento integral a sua saúde. Por se tratar de uma prática que exige conhecimento teórico-científico, a grande dificuldade do enfermeiro está em prestar e documentar uma assistência que englobe todas as fases do processo de enfermagem, e assim sistematize sua assistência. A SAE constitui um processo dinâmico e essas fases do PE não são necessariamente divididas na prática, portanto uma ação complementa a outra, de modo a manter uma relação de interdependência entre essas fases. A partir da nossa observação nos setores percebemos que a maior dificuldade está em manter uma cronologia das ações, pois quando se tem um histórico incompleto, o exame físico pode não estar direcionado para aquele determinado tipo de cliente, e com isso os diagnósticos de enfermagem não serão corretamente ou integralmente identificados, e o plano de cuidados a ser definido também será incompleto ou não eficaz, o que vai ser percebido na avaliação. Garantir que o PE seja cumprido é a principal meta quando se fala em implantar a SAE, e os enfermeiros devem estar capacitados para tal ação, para assegurar a humanização do cuidado. Em face ao exposto, trazemos ainda como dificuldade de implantar a SAE, a falta de preparo oriunda desde a graduação, a capacitação inadequada do enfermeiro, as barreiras que esse profissional tem quanto à eficácia desse processo, os fatores organizacionais e estruturais da instituição e a falta de recursos humanos que garantam um número de profissionais para cumprir com as atividades requeridas por essa metodologia de sistematização da assistência ( HERMIDA, 2004). Segundo Neves; Shimizu (2010), alguns requisitos são necessários para a implementação da SAE e estão relacionados com aspectos que envolvem o ensino em Enfermagem, a estrutura das organizações do trabalho de Enfermagem e elementos que encerram crença, valores, conhecimento, habilidade e prática do enfermeiro. Outras condições prévias são: Política Institucional, Liderança, Educação Continuada, Recursos Humanos, Comunicação, Instrumentos e Processo de Mudança. O residente de enfermagem sendo um profissional em busca de experiência e aprimoramento está inserido na operacionalização da SAE formando um elo entre a equipe de enfermagem, o serviço de educação permanente e a gestão da instituição. OBJETIVOS: Descrever a experiência do enfermeiro residente com a implantação do instrumento de sistematização da assistência de enfermagem (SAE). Identificar as dificuldades vivenciadas pelo enfermeiro residente na/durante o período de implantação do instrumento de SAE. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência, realizada em um hospital federal na cidade do Rio de Janeiro, no período de março e abril de 2010. O relato foi baseado na experiência do enfermeiro residente com o treinamento da equipe para preenchimento do instrumento e sua implantação nos setores do hospital. E sua vivência como mediador entre o setor de educação permanente e a equipe de enfermagem, esclarecendo dúvidas a cerca do correto preenchimento do instrumento, reportando as dificuldades da equipe ao setor de educação permanente. DISCUSSÃO: Para implantar a SAE no hospital em questão, foi criado um instrumento que contempla todas as fases do processo de enfermagem, onde a assistência de enfermagem seria sistematizada e documentada e assim, arquivada no prontuário do paciente. O instrumento contém 3 dias de evolução, o que corresponde a 6 plantões de 12 horas. Na primeira parte há dados de identificação e histórico do paciente, segue com escala de dor, local para identificar dispositivos invasivos que estão sendo utilizados no paciente, a avaliação do exame físico se dá através de funções e sistemas, estão presentes os diagnósticos de enfermagem pré-estabelecidos e espaços para o acréscimo de outros diagnósticos. E logo abaixo, seguem as prescrições de enfermagem e para finalizar os sinais vitais. Inicialmente participamos do treinamento para capacitação do preenchimento do instrumento de SAE, com duração de uma semana, realizado pelo serviço de educação permanente. Posteriormente, distribuídos em setores de clínica médica e cirúrgica, auxiliamos na implantação do instrumento, onde atuamos como mediadores de conflitos relacionados a não aceitação da implantação do instrumento por parte dos profissionais, e quanto ao esclarecimento de dúvidas a cerca de seu preenchimento. Ressaltamos que foi oferecido treinamento a todos os enfermeiros da instituição quanto ao instrumento a ser implantado. Ao prestar assistência ao cliente, utilizamos o instrumento de SAE, onde surgiram inquietações a respeito do correto preenchimento, pois muitas foram as dificuldades quanto: ao tempo despendido, a adequação do cumprimento do PE com a rotina do setor, a continuidade das ações de enfermagem relacionadas ao não preenchimento de campos obrigatórios no instrumento, e a dicotomia em relação ao seu preenchimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Vimos que padronizar a linguagem de enfermagem e sistematizar a nossa assistência constitui uma estratégia de organização de ações e operacionalização do processo de enfermagem. Porém muitos são os desafios para implantar a SAE e cumprir com o PE na íntegra. Nossa maior dificuldade inicialmente foi entender como organizar nossa rotina no setor conciliando o preenchimento do instrumento, visto que eram novas responsabilidades para o enfermeiro residente assumir e éramos referência na resolução dos problemas relativos ao instrumento, porém tínhamos também nossa resistência, apesar de entender que era necessário e importante. A resistência da equipe, principalmente por parte do enfermeiro foi um grande desafio, pois identificamos o déficit do enfermeiro quando se fala em organizar suas ações e principalmente realizar o exame físico, documentando os padrões de resposta humana. O PE para muitos enfermeiros era algo novo e vimos que mesmo os enfermeiros com pouco tempo de formado demonstravam certa dificuldade para preencher o instrumento, principalmente em relação ao exame físico e a partir deste identificar os corretos diagnósticos de enfermagem, fazendo concordância com as prescrições de enfermagem. Outro problema identificado foi a desvalorização, por parte da equipe de auxiliares de enfermagem, em relação ao plano de cuidados traçado pelo enfermeiro, muitas vezes não implementado. Como responsabilidade de preenchimento para o auxiliar, fica a escala de dor e os sinais vitais, o que o eximiu indiretamente de contribuir para sistematizar a assistência de enfermagem, visto o mesmo acreditar que se tratava de responsabilidade somente do profissional enfermeiro. Para sanar algumas dessas dificuldades, nós enfermeiros residentes, utilizamos o instrumento, e assim tentamos familiarizar a equipe com aquele novo método de evolução de enfermagem, e ao por em prática, conseguimos identificar melhor as dificuldades que a equipe estava tendo, onde muitas vezes era também nossas. Foi possível perceber que atingir a qualidade na assistência de enfermagem por meio da SAE é somente uma das contribuições, pois diversos outros benefícios justificam a sua implantação nas instituições de saúde, voltados não só à assistência ao paciente, mas à profissão e aos profissionais da enfermagem. Espera-se que este relato de experiência contribua auxiliando muitos enfermeiros para iniciarem o processo de implantação da SAE em suas instituições.
REFERÊNCIAS :
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) nas instituições de saúde brasileiras. Resolução n.272/04. Disponível em: . Acesso em: 22 jul 2010.
HERMIDA, P. M. V. Desvelando a implementação da sistematização da assistência de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.57, n.6, p.733-7, nov/dez. 2004.
HERMIDA, P. M. V; ARAÚJO, I. E. M. Sistematização da Assistência de Enfermagem: subsídios para implantação. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.59, n.5, p. 675-9, set-out. 2006.
NEVES, R. S.; SHIMIZU, H. E. Análise da implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem em uma unidade de reabilitação. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília; v.63, n.2, p.222-9, mar-abr. 2010.
TRUPPEL, T. C; MEIER, M. J; CALIXTO, R. C; PERUZZO, S. A; CROZETA, K. Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.62, n.2, p. 221-7, mar-abril. 2009
Relato de experiência do enfermeiro residente com a implantação do instrumento de sistematização da assistência de enfermagem
INTRODUÇÃO: A enfermagem é uma profissão que necessita estar em constante aprimoramento, visto que os avanços tecnológicos vem criando espaço e desafiando paradigmas da profissão, desconstruindo a realidade e o contexto na qual está inserida. Sistematizar as ações de enfermagem e propor novas práticas de implementar o cuidado são ações emergentes que precisam ser revistas. De acordo com Truppel et al (2009), a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) configura-se como uma metodologia para organizar e sistematizar o cuidado,com base nos princípios do método científico. Tem como objetivos identificar as situações de saúde-doença e as necessidades de cuidados de enfermagem, bem como subsidiar as intervenções de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade. A SAE contempla o processo de enfermagem (PE) que é baseado em 5 fases: Histórico do cliente, diagnósticos de enfermagem, planejamento de ações, implementação do plano de cuidados proposto e avaliação. Com a implementação do PE, a SAE pode ser potencializada pelo conhecimento teórico do enfermeiro que irá realizar essas etapas, e seu comprometimento com a assistência a ser prestada, onde suas ações devem estar voltadas para o PE, e assim sistematize seu cuidado, a partir de um instrumento a ser utilizado, que gere uma linguagem padronizada, de forma a identificar as necessidades humanas afetadas a partir de um exame físico que possa gerar os diagnósticos de enfermagem e embasar o plano de cuidados a ser implementado. Na Resolução 272/04 do COFEN no artigo 2º, fica estabelecido que “A implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE - deve ocorrer em toda instituição da saúde, pública e privada”, assim é de responsabilidade também da instituição ser um sujeito participativo na adoção da SAE, contribuindo para a utilização desse tipo de processo metodológico de assistência. Consta ainda nessa resolução, em suas considerações e no artigo 1º que, a SAE é uma ação privativa do enfermeiro, o que nos obriga a aplicá-la em responsabilidade a nossa profissão. Analisando o cenário atual percebe-se que essa Resolução por si só talvez não ofereça todo o apoio que a implantação da SAE exige, pois muitos fatores têm desencadeado dificuldades práticas tanto de implantação como na implementação dessa metodologia nas instituições de saúde (HERMIDA; ARAÚJO, 2006). Já Neves; Shimizu (2010), afirmam que a SAE eleva a qualidade da assistência, pois contribui para um cuidado individualizado, define as ações a serem implementadas dando maior segurança ao profissional, torna a enfermagem mais científica e traz autonomia para o enfermeiro. Sendo assim, a implantação da SAE nas instituições deve ser uma realidade trabalhada em conjunto com os gestores, visando à qualidade do cuidado, tendo como foco o cliente hospitalizado e o atendimento integral a sua saúde. Por se tratar de uma prática que exige conhecimento teórico-científico, a grande dificuldade do enfermeiro está em prestar e documentar uma assistência que englobe todas as fases do processo de enfermagem, e assim sistematize sua assistência. A SAE constitui um processo dinâmico e essas fases do PE não são necessariamente divididas na prática, portanto uma ação complementa a outra, de modo a manter uma relação de interdependência entre essas fases. A partir da nossa observação nos setores percebemos que a maior dificuldade está em manter uma cronologia das ações, pois quando se tem um histórico incompleto, o exame físico pode não estar direcionado para aquele determinado tipo de cliente, e com isso os diagnósticos de enfermagem não serão corretamente ou integralmente identificados, e o plano de cuidados a ser definido também será incompleto ou não eficaz, o que vai ser percebido na avaliação. Garantir que o PE seja cumprido é a principal meta quando se fala em implantar a SAE, e os enfermeiros devem estar capacitados para tal ação, para assegurar a humanização do cuidado. Em face ao exposto, trazemos ainda como dificuldade de implantar a SAE, a falta de preparo oriunda desde a graduação, a capacitação inadequada do enfermeiro, as barreiras que esse profissional tem quanto à eficácia desse processo, os fatores organizacionais e estruturais da instituição e a falta de recursos humanos que garantam um número de profissionais para cumprir com as atividades requeridas por essa metodologia de sistematização da assistência ( HERMIDA, 2004). Segundo Neves; Shimizu (2010), alguns requisitos são necessários para a implementação da SAE e estão relacionados com aspectos que envolvem o ensino em Enfermagem, a estrutura das organizações do trabalho de Enfermagem e elementos que encerram crença, valores, conhecimento, habilidade e prática do enfermeiro. Outras condições prévias são: Política Institucional, Liderança, Educação Continuada, Recursos Humanos, Comunicação, Instrumentos e Processo de Mudança. O residente de enfermagem sendo um profissional em busca de experiência e aprimoramento está inserido na operacionalização da SAE formando um elo entre a equipe de enfermagem, o serviço de educação permanente e a gestão da instituição. OBJETIVOS: Descrever a experiência do enfermeiro residente com a implantação do instrumento de sistematização da assistência de enfermagem (SAE). Identificar as dificuldades vivenciadas pelo enfermeiro residente na/durante o período de implantação do instrumento de SAE. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência, realizada em um hospital federal na cidade do Rio de Janeiro, no período de março e abril de 2010. O relato foi baseado na experiência do enfermeiro residente com o treinamento da equipe para preenchimento do instrumento e sua implantação nos setores do hospital. E sua vivência como mediador entre o setor de educação permanente e a equipe de enfermagem, esclarecendo dúvidas a cerca do correto preenchimento do instrumento, reportando as dificuldades da equipe ao setor de educação permanente. DISCUSSÃO: Para implantar a SAE no hospital em questão, foi criado um instrumento que contempla todas as fases do processo de enfermagem, onde a assistência de enfermagem seria sistematizada e documentada e assim, arquivada no prontuário do paciente. O instrumento contém 3 dias de evolução, o que corresponde a 6 plantões de 12 horas. Na primeira parte há dados de identificação e histórico do paciente, segue com escala de dor, local para identificar dispositivos invasivos que estão sendo utilizados no paciente, a avaliação do exame físico se dá através de funções e sistemas, estão presentes os diagnósticos de enfermagem pré-estabelecidos e espaços para o acréscimo de outros diagnósticos. E logo abaixo, seguem as prescrições de enfermagem e para finalizar os sinais vitais. Inicialmente participamos do treinamento para capacitação do preenchimento do instrumento de SAE, com duração de uma semana, realizado pelo serviço de educação permanente. Posteriormente, distribuídos em setores de clínica médica e cirúrgica, auxiliamos na implantação do instrumento, onde atuamos como mediadores de conflitos relacionados a não aceitação da implantação do instrumento por parte dos profissionais, e quanto ao esclarecimento de dúvidas a cerca de seu preenchimento. Ressaltamos que foi oferecido treinamento a todos os enfermeiros da instituição quanto ao instrumento a ser implantado. Ao prestar assistência ao cliente, utilizamos o instrumento de SAE, onde surgiram inquietações a respeito do correto preenchimento, pois muitas foram as dificuldades quanto: ao tempo despendido, a adequação do cumprimento do PE com a rotina do setor, a continuidade das ações de enfermagem relacionadas ao não preenchimento de campos obrigatórios no instrumento, e a dicotomia em relação ao seu preenchimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Vimos que padronizar a linguagem de enfermagem e sistematizar a nossa assistência constitui uma estratégia de organização de ações e operacionalização do processo de enfermagem. Porém muitos são os desafios para implantar a SAE e cumprir com o PE na íntegra. Nossa maior dificuldade inicialmente foi entender como organizar nossa rotina no setor conciliando o preenchimento do instrumento, visto que eram novas responsabilidades para o enfermeiro residente assumir e éramos referência na resolução dos problemas relativos ao instrumento, porém tínhamos também nossa resistência, apesar de entender que era necessário e importante. A resistência da equipe, principalmente por parte do enfermeiro foi um grande desafio, pois identificamos o déficit do enfermeiro quando se fala em organizar suas ações e principalmente realizar o exame físico, documentando os padrões de resposta humana. O PE para muitos enfermeiros era algo novo e vimos que mesmo os enfermeiros com pouco tempo de formado demonstravam certa dificuldade para preencher o instrumento, principalmente em relação ao exame físico e a partir deste identificar os corretos diagnósticos de enfermagem, fazendo concordância com as prescrições de enfermagem. Outro problema identificado foi a desvalorização, por parte da equipe de auxiliares de enfermagem, em relação ao plano de cuidados traçado pelo enfermeiro, muitas vezes não implementado. Como responsabilidade de preenchimento para o auxiliar, fica a escala de dor e os sinais vitais, o que o eximiu indiretamente de contribuir para sistematizar a assistência de enfermagem, visto o mesmo acreditar que se tratava de responsabilidade somente do profissional enfermeiro. Para sanar algumas dessas dificuldades, nós enfermeiros residentes, utilizamos o instrumento, e assim tentamos familiarizar a equipe com aquele novo método de evolução de enfermagem, e ao por em prática, conseguimos identificar melhor as dificuldades que a equipe estava tendo, onde muitas vezes era também nossas. Foi possível perceber que atingir a qualidade na assistência de enfermagem por meio da SAE é somente uma das contribuições, pois diversos outros benefícios justificam a sua implantação nas instituições de saúde, voltados não só à assistência ao paciente, mas à profissão e aos profissionais da enfermagem. Espera-se que este relato de experiência contribua auxiliando muitos enfermeiros para iniciarem o processo de implantação da SAE em suas instituições. REFERÊNCIAS : CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) nas instituições de saúde brasileiras. Resolução n.272/04. Disponível em: . Acesso em: 22 jul 2010. HERMIDA, P. M. V. Desvelando a implementação da sistematização da assistência de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.57, n.6, p.733-7, nov/dez. 2004. HERMIDA, P. M. V; ARAÚJO, I. E. M. Sistematização da Assistência de Enfermagem: subsídios para implantação. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.59, n.5, p. 675-9, set-out. 2006. NEVES, R. S.; SHIMIZU, H. E. Análise da implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem em uma unidade de reabilitação. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília; v.63, n.2, p.222-9, mar-abr. 2010. TRUPPEL, T. C; MEIER, M. J; CALIXTO, R. C; PERUZZO, S. A; CROZETA, K. Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.62, n.2, p. 221-7, mar-abril. 2009
Necrotizing enterocolitis in low weight newborns: hierarchized analysis of associated factors / Enterocolite necrosante em recém-nascidos de baixo peso: análise hierarquizada dos fatores associados
Objetivo: Analisar a ocorrência de enterocolite necrosante (ECN) e os fatores associados ao seu desenvolvimento em recém-nascidos (RN) de baixo peso. Métodos: Estudo caso controle, em duas unidades de terapia intensiva neonatal de São Luís-MA. Amostra 1:3, nível de confiança de 95% e poder do estudo de 80%, total de 236 RN de baixo peso, sendo 59 RN com ECN (grupo caso) e 177 RN sem ECN (grupo controle). As variáveis maternas e neonatais foram organizadas em blocos e em níveis (distal, intermediário e proximal). Para verificar associação com a variável resposta ECN empregou-se a regressão logística hierarquizada. Resultados: Observou-se associação estatisticamente significante com ECN, o uso de corticóide antenatal (OR=2,90; p<0,001), líquido amniótico reduzido (OR=2,03; p<0,001), reanimação ao nascimento (OR=1,35; p=0,010), peso ao nascimento ≤1500g (OR=3,32; p<0,001), transfusão (OR=2,11 ; p=0,040) e uso de surfactante (OR=2,41; p=0,020). Conclusão: Os aspectos maternos (período gestacional) e os neonatais (nascimento e hospitalização) podem estar influenciando no aparecimento da ECN. Intervenção nestas variáveis pode diminuir a chance de ECN
A trajetória infracional de Cecilia: um estudo de caso na perspectiva psicanalítica
In view of the scarcity of works that deal with the involvement of girls and women with crime, we aim to present a case study of female delinquency, extracted from the partial results of the research «Life course and delinquent trajectory: an exploratory study of events and narratives of vulnerable young people». We will use the theoretical perspective of psychoanalysis in order to analyze the Individual Service Plan, the semi-structured interview and the Narrative Memoir of a young woman we call Ce-cilia, in honor of the Brazilian poet Cecilia Meireles. It is a brown woman who was sexually abused in childhood, became a mother in adolescence and had her partners killed for involvement in crime. Also entangled in criminality, she seeks refuge and guidance in an Afro religion.Diante da escassez de trabalhos que tratam do envolvimento de meninas e mulheres com o crime, objetivamos a apresentação de um estudo de caso de delinquência feminina, extraído dos resulta-dos parciais da pesquisa «Curso de vida e trajetória delinquencial: um estudo exploratório dos eventos e narrativas de jovens em si-tuação de vulnerabilidade». Utilizaremos a perspectiva teórica da psicanálise a fim de analisar o Plano Individual de Atendimento, a entrevista semiestruturada e a Narrativa Memorialística de uma jo-vem que denominamos Cecilia, em homenagem à poetisa brasileira Cecilia Meireles. Trata-se de uma mulher parda, que foi abusada se-xualmente na infância, se tornou mãe na adolescência e teve seus parceiros mortos pelo envolvimento com o crime. Enredada também na criminalidade, ela busca refúgio e orientação em uma religião afroEn vista de la escasez de trabajos que aborden la participación de niñas y mujeres en el crimen, nuestro objetivo es presentar un estudio de caso de delincuencia femenina, extraído de los resultados parciales de la investigación «Curso de vida y trayectoria delincuente: un estudio exploratorio de eventos y narrativas de jóvenes vulnerables». Usaremos la perspectiva teórica del psicoanálisis para analizar el Plan de Servicio Individual, la entrevista semiestructurada y la narrativa memorialista de una joven que llamamos Cecilia, en honor a la poeta brasileña Cecilia Meireles. Es una mujer morena que sufrió abusos sexuales en la infancia, se convirtió en madre en la adolescencia y asesinó a sus parejas por participar en delitos. También enredada en la criminalidad, busca refugio y orientación en una religión afro