83 research outputs found

    Lulism, populism, and bonapartism

    Get PDF
    Lulism is one of the most important political phenomena of twenty-first-century Brazil. It can be compared to the Varguism that dominated Brazilian politics between 1930 and 1964 in its broad popular but politically unorganized base and its policy of state intervention in the economy to stimulate economic growth, increase the state’s room for maneuver against the imperialist countries, and promote a moderate income distribution. These two variants of populism differ, however, in that Varguism was based on the working class while Lulism, which may be called “neopopulism,” is based on the marginal mass of workers and has less potential to destabilize the political process. Bonapartism, to which Lulism has also been compared, is distinct from it in that what links its leadership to its base is the fetish of the state based on order rather than the fetish based on protection471134151O lulismo é um dos fenômenos políticos mais importantes do Brasil do século XXI. Pode ser comparado ao varguismo que dominou a política brasileira entre 1930 e 1964 em relação à sua ampla, mas politicamente desorganizada, base popular, e sua política de intervenção estatal na economia para estimular o crescimento econômico, aumentar a margem de manobra do Estado contra os países imperialistas e promover uma distribuição de renda moderada. Essas duas variantes do populismo diferem, no entanto, no sentido de que o varguismo era baseado na classe trabalhadora, enquanto o lulismo, que pode ser chamado de “neopopulismo”, é baseado na massa marginal de trabalhadores e tem menos potencial para desestabilizar o processo político. O bonapartismo, ao qual o lulismo também foi comparado, é distinto dele, pois o que liga sua liderança à sua base é o fetiche do estado baseado na ordem, e não o fetiche baseado na proteçã

    No calor da hora: o jovem Gramsci analisa o surgimento do fascismo

    Get PDF
    Gramsci tem uma reflexão própria e multifacetada sobre o fenômeno político que foi o fascismo. Acompanhou de olhos bem abertos, como intelectual e militante comunista, a conjuntura crítica do pós Primeira Guerra e o nascimento do movimento fascista italiano. Testemunhou e analisou no calor da hora os primeiros passos dessa corrente de extrema direita e forneceu, a meu juízo, algumas das primeiras fotos nítidas e de corpo inteiro desse fenômeno. Eram textos curtos, voltados para a análise de conjuntura, para o debate com os socialistas e, logo em seguida, para o debate interno do então recém-fundado Partido Comunista e publicados nos primeiros anos da década de 1920 principalmente no L’Ordine Nuovo, jornal que Gramsci fundara em 1919 com Palmiro Togliatti, intelectual e militante comunista como o nosso autor. Esses escritos – da fase pré-cárcere do dirigente comunista – colocam o jogo complexo de conflitos, de alianças de classe e de frações de classe diversas no centro da análise. Isso é feito de tal modo que esse procedimento diferencia tais textos, ao nosso ver, daqueles escritos posteriormente, durante a década de 1930, no período de prisão de Gramsci. Uma outra diferença é que em Cadernos do cárcere, Gramsci adotou um enfoque do fenômeno fascista que, além de dispor de uma perspectiva histórica maior, tinha a ambição de ser mais abrangente: situar o fascismo no conjunto da história moderna da Itália1

    O CAMINHO BRASILEIRO PARA O FASCISMO

    Get PDF
    O artigo analisa a natureza do governo Bolsonaro, da sua base social de apoio mais ativa e da crise política que lhe deu origem. Polemiza com a bibliografia clássica e atual sobre o fascismo e, operando com um conceito de fascismo inserido na tradição marxista, caracteriza o governo e sua base social como (neo)fascistas. Sustenta a necessidade de construir uma tipologia das crises políticas nas sociedades capitalistas e procura mostrar que a natureza e a dinâmica da crise política brasileira de 2015-2018 são típicas da crise política que dá origem ao fascismo. Insere o bolsonarismo no contexto da democracia ainda existente no Brasil, que caracteriza como uma democracia burguesa em crise.THE BRAZILIAN PATH TO FASCISMThe article analyzes the nature of the Bolsonaro Government, its most active social base of support, and the political crisis that gave rise to it. It polemizes with the classical and current bibliography on fascism and, operating with a concept of fascism embedded in the Marxist tradition, characterizes the government and its social base as (neo)fascists. It argues for the need to develop a typology of political crises in capitalist societies, showing that the nature and dynamics of the 2015-2018 Brazilian political crisis are typical of the political crisis that gives rise to fascism. Finally, it places bolsonarismo in the context of the democracy still existing in Brazil, which it characterizes as a bourgeois democracy in crisis.Keywords: Brazilian Politics. Bolsonaro Government.Neo-fascism. Political Crisis.LE CHEMIN BRÉSILIEN VERS LE FACISMEL’article analyse la nature du gouvernement Bolsonaro, sa base sociale de soutien la plus active et la crise politique qui les a engendrés. Il polémique avec la bibliographie classique et actuelle sur le fascisme et, opérant avec un concept de fascisme ancré dans la tradition marxiste, caractérise le gouvernement et sa base sociale comme (néo) fascistes. Il soutient le besoin de développer une typologie des crises politiques dans les sociétés capitalistes et entend montrer que la nature at dynamique de la crise politique brésilienne de 2015-2018 sont typiques de celle qui donne naissance au fascisme. Il place le bolsonarisme dans le contexte de la démocratie existant encore au Brésil, qu’il caractérise comme une démocratie bourgeoise en crise.Mots-clés: Politique Brésilienne. Gouvernement Bolsonaro. Néofascisme. Crise Politique

    Resenha da nova edição brasileira da obra de Nicos Poulantzas, Poder político e classes sociais

    Get PDF
    A originalidade deste livro está presente já na construção do seu objeto de investigação: o nível jurídico-político do modo de produção capitalista e, particularmente, o tipo capitalista de Estado. O conceito ampliado de modo de produção, concebido não como sinônimo de economia, mas sim como conceito que contempla o todo complexo e articulado de distintas instâncias ou níveis da vida social, esse conceito ampliado é a referência de fundo que permitiu a Poulantzas construir o seu objeto

    Por que caracterizar o bolsonarismo como neofascismo

    Get PDF
    O fascismo original surgiu no século XX nos países centrais. Foi um movimento reacionário de massa predominantemente pequeno burguês, voltado contra o movimento operário socialista e comunista, que mobilizou uma crítica conservadora, típica do pequeno proprietário, à economia capitalista e à política parlamentar e chegou ao governo cooptado pelo capital monopolista. O neofascismo surgiu no século XXI e, no caso brasileiro, na semiperiferia do sistema imperialista. É um movimento reacionário de massa com o predomínio da alta classe média voltado contra o reformismo burguês com base popular; mobiliza uma crítica conservadora, de classe média, à corrupção e à política democrática e chegou ao governo cooptado pelo capital financeiro internacional e pela fração da burguesia brasileira a ele integrada. Ambos os movimentos prestam serviços a frações da burguesia, mas sem se deixar reduzir a instrumentos passivos que essas frações manipulariam ao seu bel-prazer50111119Original fascism arose in the twentieth century in the central countries. It was a mass reactionary movement of the petty-bourgeois against the socialist and communist workers’ movement that mobilized a conservative criticism, typical of the small owner, of capitalist economy and of parliamentary politics and came to the government co-opted by monopolist capital. Neo-fascism emerged in the 21st century and, in the Brazilian case, in the semi-periphery of the imperialist system. It is a reactionary mass movement of the upper middle class against a popular-based bourgeois reformism; it mobilizes a conservative middle-class critique of corruption and democratic politics, and has come to the government co-opted by international capital and the fraction of Brazilian bourgeoisie integrated into this capital. Both movements serve fractions of the bourgeoisie, but they are not reduced to passive instruments that these fractions would manipulate at their own pleasur

    Le gouvernement Lula et l´ascension politique de la grande bourgeoisie intérieure brésilienne

    Get PDF
    Quelles sont les relations entre le premier gouvernement Lula da Silva (2003-2006) et la bourgeoisie, surtout si l’on une perspective qui rejette l´idée d´une classe capitaliste homogène et qui prend en compte les différentes fractions de la bourgeoisie brésilienne et internationale agissant comme une force sociale aux côtés de l’État brésilien ? Critiquant ceux qui soutiennent que le gouvernement Lula est dans la continuité du gouvernement Cardoso, et ceux qui se contentent de dire que le gouvernement Lula est « plus à gauche », cet article se propose d’identifier la classe sur laquelle s’appuie le gouvernement Lula da Silva.Il soutient que cette base se trouve au sein de la grande bourgeoisie intérieure que Lula a promue, sans rompre, jusque-là, avec l´ancienne hégémonie du grand capital financier national et international. Autrement dit : un gouvernement de base populaire transformé en un gouvernement de cette fraction de la bourgeoise dont les intérêts entrent dans une certaine mesure en conflit avec les intérêts étrangers. De plus, cette analyse montre que les bourgeoisies intérieures des pays dépendants, tels que le Brésil, ne sont pas parfaitement intégrées à la « mondialisation ».O artigo analisa as relações entre o primeiro governo Lula da Silva (2003-200) e a burguesia. O seu enfoque exclui a idéia de uma classe capitalista homogênea e toma em consideração as distintas frações da burguesia brasileira e internacional que agem como força social junto ao Estado brasileiro. Criticando seja os que sustentam que o Governo Lula é uma continuidade do Governo Cardoso, seja aqueles que imaginam que é suficiente dizer que o Governo Lula está « mais à esquerda », o artigo procura encontrar a base de classe do Governo Lula da Silva. Sustenta que essa base se encontra na grande burguesia interna que Lula promoveu sem romper todavia com a antiga hegemonia do grande capital financeiro nacional e internacional. Um governo de base popular teria se transformado em um governo da fração burguesa que tem conflitos limitados com os interesses estrangeiros. Essa análise indica além do mais que as burguesias internas dos países dependentes como o Brasil não estão perfeitamente integradas à « globalização ».The article analyses the relationships between the first Lula da Silva government (2003-2006) and the bourgeoisie, through a perspective which rejects the idea of a homogenous capitalistic class and which bears in mind the various fractions of the Brazilian and international bourgeoisie acting as a social force alongside the Brazilian State. Criticising those who maintain that the Lula government is in the continuity of the Cardoso government, and those who confine themselves to saying that the Lula government is “further to the left”, this article proposes to identify the class upon which the Lula da Silva government relies. It maintains that this base is to be found in the domestic upper classes, which Lula has promoted without yet breaking from the hegemony of the major national and international financial capital. In other words, a government with a working-class base transformed into a government of that fraction of the bourgeoisie whose interests to some extent enter into conflict with foreign interests. Furthermore, this analysis shows that the domestic upper classes of dependent countries such as Brazil are not perfectly integrated into “globalisation”

    CRISE POLÍTICA E REVOLUÇÃO: UM COMENTÁRIO TEÓRICO A PROPÓSITO DO LIVRO 1789: O SURGIMENTO DA REVOLUÇÃO FRANCESA DE GEORGES LEFÈBVRE

    Get PDF
    Este trabalho pretende mostrar que o texto de Lefèbvre encontra-se na tradição, existente também em vários teóricos marxistas (Marx, Lenin, Mao Tsetung), que entende a crise política revolucionária não a partir da oposição simplificadora entre classe dominante e classe dominada, mas sim a partir da multiplicidade de contradições presentes num momento histórico desse tipo. A análise que Lefèbvre faz da Revolução Francesa, no seu clássico 1789: O surgimento da Revolução Francesa, realiza, provavelmente de forma inconsciente, a noção leninista de "crise revolucionária", segundo a qual uma situação revolucionária não ocorre sem que apareçam, concomitantemente, três condições: 1) a impossibilidade da classe dominante perpetuar a dominação devido a uma crise na “cúpula”; 2) agravamento incomum da miséria e 3) ascensão da atividade política independente por parte das massas

    BRASIL: CLASSES SOCIAIS, NEODESENVOLVIMENTISMO E POLÍTICA EXTERNA NOS GOVERNOS LULA E DILMA

    Get PDF
    O presente artigo trata da relação entre as classes sociais e a política econômica, a política social e a políticaexterna nos governos Lula e Dilma. Durante esses governos houve uma mudança no interior do bloco no poder: agrande burguesia interna brasileira ascendeu politicamente e passou a apoiar-se em uma ampla frente política queabarca, inclusive, classes populares. Denominamos “neodesenvolvimentismo” o programa político dessa frente – apolítica de desenvolvimento possível nos marcos do capitalismo neoliberal. Os governos Lula e Dilma não romperamcom esse modelo de capitalismo, mas introduziram, em decorrência das classes sociais que representam e nas quaisse apoiam, mudanças importantes na economia, na política e na atuação internacional do Estado brasileiro
    corecore