120 research outputs found

    Recorridos y tendencias en las pesquisas sobre educación indígenas en la región sur de Brasil

    Get PDF
    Este artigo decorre de uma pesquisa que, inicialmente, subsidiou o trabalho especial apresentado na Reunião Científica Regional - X ANPEd Sul, em 2014. A partir dos registros encontrados no portal de teses da Capes (teses e dissertações defendidas) e no site do evento (trabalhos apresentados nas reuniões regionais), elaborei um levantamento minucioso das pesquisas realizadas nos últimos 15 anos (2002 a 2016), tecendo um panorama para a compreensão de possíveis significados e tendências que anunciam. A educação e a escola indígena começaram a ser tema de atenção nas pesquisas acadêmicas a partir da antropologia e, desde os anos 90 do século XX se tornam evidentes também no campo da educação. Assim como em todo o Brasil, as pesquisas realizadas na Região Sul andam pari passu com o movimento dos próprios coletivos indígenas, que implementam com maior intensidade processos de escolarização em suas terras e fora delas. Em decorrência, há um estreitamento do diálogo das universidades e das(os) pesquisadoras(es) com os povos originários da região, o incremento na produção bibliográfica, o fortalecimento do movimento político que implementa as ações afirmativas e o ingresso de estudantes indígenas nas universidades, inclusive nos programas de pós-graduação, inaugurando a autoria indígena também nas pesquisas acadêmicas.This article derives from a research which, at first, subsidized the special work presented at the Regional Scientific Meeting – 10th ANPED Sul, in 2014. Starting from records found on Capes thesis platform (approved doctoral and senior thesis) and from the event website (work presented during the regional meetings), I built a very thorough mapping of researches produced in the last 15 years (2002 to 2016), drawing an overview for comprehending possible meanings and upcoming trends. Indigenous education and indigenous school became subjects matter in academic research in anthropology, and as of the 90’s in the 20th century, it becomes also evident in the education field. As well as in all of Brazil, researches taking place I the Southern region, goes pari passu along the indigenous collectives, who implement with greater strength schooling processes inside and outside their own lands. As consequence, there is a growing dialogue between universities, researchers and regional native people, an increase in bibliographic production and the strengthening of the political movement that implements affirmative action and indigenous students admission in universities, including post-graduation programs, launching the indigenous authorship in academic research as well.Este artículo proviene de una pesquisa que, a principio, ha subsidiado el trabajo especial presentado en la Reunión Científica Regional – X ANPED Sul, en el 2014. Desde los registros encontrados en el portal de tesis de Capes (tesis y disertaciones defendidas) y desde el sitio del evento (trabajos presentado en las reuniones regionales), elaboré un minucioso análisis de las pesquisas realizadas en los últimos 15 años (de 2002 a 2016), tejiendo un panorama para la comprensión de posibles significados y tendencias que se anuncian. La educación y la escuela indígena pasaron a ser temas de atención en las pesquisas académicas a partir de la antropología y, desde los años 90 del siglo XX, se hacen evidentes también en el campo de la educación. Del mismo modo que en todo Brasil, las pesquisas llevadas a cabo en la región sur caminan pari passo con el movimiento de los propios colectivos indígenas, que implementan con más intensidad los procesos de escolarización en sus tierras y fuera de ellas. En el decurso, hay una aproximación en el diálogo de las universidades y investigadores con los pueblos originarios de la región, un incremento en la producción bibliográfica, el fortalecimiento del movimiento político que implementa las acciones afirmativas y el ingreso de estudiantes indígenas en las universidades, incluso en los programas de posgrado, inaugurando la autoría indígena también en las pesquisas académicas

    Processos e práticas educativas dos povos ameríndios no Brasil um olhar a partir de pesquisas contemporâneas

    Get PDF
    The indigenous education in Brazil and the Americas has been growing and changing its characteristics over the past decades, raising some questions: what characterizes a school as indigenous, specific and differentiated? What are the meanings of this institution for the different indigenous peoples and for the different amerindian communities? What relation exists between indigenous schools and the process that forms and affirms ethnic identities? What paths need to be built to form indigenous teachers? Based on these questions, this article analyzes 179 master's and doctoral research projects conducted over the past decade which have been published on the CAPES website: 135 were master's and 44 Ph.D. thesis. We searched for papers looking for "indigenous education" as the keyword and analyzed especially the abstracts. Among other things, we emphasize the themes and theoretical methodological approaches of these investigations which, from their multiple perspectives, reveal a growing ethical and aesthetical attention to Amerindian education and schools.La educación escolar indígena ha crecido y modificado sus características en Brasil y en las Américas en las últimas décadas, lo que ha planteado algunas cuestiones: ¿qué caracteriza a una escuela indígena específica y diferenciada? ¿Qué significado tiene esta institución para los diferentes pueblos indígenas o para las diferentes comunidades amerindias? ¿Qué relación existe entre la escuela indígena y el proceso de constitución y afirmación de identidades étnicas? ¿Qué caminos deben construirse para la formación de profesores indígenas? Partiendo de estas interrogaciones, el presente trabajo analiza 179 investigaciones realizadas en Brasil en la última década, que están publicadas en el Portal de CAPES, de las cuales 135 son disertaciones de Maestría y 44 tesis de Doctorado. Buscando las pesquisas por medio de la palabra-clave educación indígena y analizando especialmente los resúmenes, es evidente, que entre otros aspectos, los temas y los enfoques teórico-metodológicos de esas investigaciones en sus múltiples enfoques, revelan un creciente cuidado ético y estético con la educación y con la escuela amerindia.A educação escolar indígena no Brasil e nas Américas vem crescendo e modificando suas feições nas últimas décadas, nos colocando algumas questões: o que caracteriza uma escola como indígena específica e diferenciada? Quais os significados desta instituição para os diferentes povos indígenas, para as diferentes comunidades ameríndias? Que relação existe entre escola indígena e processo de constituição e afirmação de identidades étnicas? Que caminhos precisam ser construídos para a formação de professores indígenas? Partindo destas interrogações, o presente trabalho analisa 179 pesquisas de mestrado e doutorado realizadas no Brasil na última década e que constam publicadas no portal da CAPES, sendo 135 mestrados e 44 teses. Buscando as pesquisas por meio da palavra chave “educação indígena” e analisando especialmente os resumos, evidenciamos, entre outros aspectos, os temas e as abordagens teórico metodológicas dessas investigações que, em seus múltiplos olhares, revelam um crescente cuidado, ético e estético, com a educação e com a escola ameríndia

    Indigenous teacher training : University as a territory of resistance?

    Get PDF
    Os povos indígenas lidam com intervenções colonizadoras desde o século XVI, incluindo nesse rol a escola, implementada majoritariamente por políticas integracionistas. Porém, desde as décadas finais do século XX, intensificam processos de resistência, afirmam e recriam modos de vida, apropriando-se da escola e aliando-se a universidades, principalmente para a formação específica de seus professores. Este estudo aborda a formação inicial de professores indígenas na Licenciatura Intercultural Indígena - CLIND, curso desenvolvido pela Universidade Estadual de Alagoas, Brasil, em parceria com povos indígenas da região. Com um currículo diferenciado, a licenciatura intercultural diplomou 69 professores indígenas e já contempla a segunda turma, iniciada em 2019. Na análise de trabalhos de conclusão do curso, produzidos individualmente por alunos da primeira turma, é possível afirmar que, mesmo informados por parâmetros teórico-metodológicos acadêmicos, estes trabalhos aportam outras metodologias, modos próprios de escrever e de produzir conhecimentos, evidenciado a resistência indígena nos espaços acadêmicos.Indigenous peoples have been dealing with colonizing interventions since the 16th century, including schooling, which was mainly implemented through assimilationist policies. However, since the last decades of the 20th century, indigenous peoples have been intensifying their resistance, affirming and recreating their ways of life, as they appropriate school and establish alliances with universities, especially to create indigenous teacher training programs. This study addresses the training of indigenous teachers within the Indigenous Intercultural Degree (Licenciatura Intercultural Indígena - CLIND), a program developed by the Universidade Estadual de Alagoas, Brazil, in partnership with indigenous peoples from the region. Following a specific curriculum, this Intercultural degree has had 69 indigenous graduates and has expanded to offer a second class, which began in 2019. This work analyzes final theses produced individually by students of the first class. It notes that, although informed by academic theoretical and methodological standards, these theses bring other methodologies and their own ways of writing and producing knowledge, highlighting indigenous resistance in academic spaces.Los pueblos indígenas enfrentan intervenciones colonizadoras desde el siglo XVI, incluida en este rol la escuela, que fue implementada principalmente por políticas integracionistas. Sin embargo, desde las últimas décadas del siglo XX, se intensifican procesos de resistencia, se afirman y se recrean modos de vida, que se apropian de la escuela y se alían con las universidades, principalmente para la formación específica de sus profesores. Este estudio aborda la formación inicial de docentes indígenas en el Profesorado Intercultural Indígena (Licenciatura Intercultural Indígena - CLIND), carrera impartida por la Universidade Estadual de Alagoas, Brasil, en alianza con pueblos indígenas de la región. Con una currícula diferenciada, el profesorado intercultural ha egresado a 69 maestros indígenas y ya contempla la segunda promoción, que inició en 2019. A partir del análisis de las tesis finales de la carrera, producidas individualmente por alumnos de la primera promoción, se puede afirmar que, aunque informados por parámetros teórico-metodológicos académicos, estos trabajos aportan otras metodologías y formas propias de escribir y producir conocimientos que evidencian la resistencia indígena en espacios académicos

    EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA NO BRASIL: DA ESCOLA PARA ÍNDIOS ÀS ESCOLAS INDÍGENAS

    Get PDF
    O presente trabalho tem como eixo a reflexão acerca da educação escolar indígena no Brasil e os processos que configuraram a escola específica e diferenciada nas aldeias. Sendo a “escola para os índios” a primeira perspectiva instituída no Brasil, o texto visa analisar: a) a trajetória histórica que constitui a escola indígena específica e diferenciada; b) os aspectos legais que pautam a educação escolar indígena no cenário educacional brasileiro; c) a relação entre a escola e as cosmologias indígenas; d) a escola como mediadora do contato entre as sociedades indígenas e as sociedades não-indígenas. Articula esses itens a idéia de apropriação, quando cada povo indianiza a escola, tornando-a sua. A postura metodológica considera a etnografia como uma possibilidade para evidenciar a potência do processo escolar, em que a escola na aldeia não é recebida passivamente, mas transformada pela cosmologia do povo indígena. As experiências de construção e vivência de escolas indígenas dos povos Guarani (Rio Grande do Sul) e Mura (Amazonas) serão referência para as reflexões pautadas

    Social construction of childhood and youth

    Get PDF
    Este artigo pretende refletir sobre as construções sociais da infância e da juventude enquanto categorias históricas, sociais e culturais. Dessa forma, essas fases da vida não podem ser pensadas como universais, à medida que se apresentam, ao mesmo tempo, como plurais e diversas. A partir da inserção das autoras em pesquisas nominadamente com crianças e jovens, tem sido possível observar o quanto a realidade social define formas de ser e estar no mundo para esses sujeitos. Da mesma forma, a sociedade e suas instituições hegemônicas, na tentativa de legitimar as diferenças entre crianças e jovens de culturas diversas, realidades socais distintas, condições socioeconômicas mais ou menos (des)favoráveis, entre outros aspectos, têm evidenciado diferenças, não no sentido da produção de singularidades e de cuidado efetivo, mas (de)marcando lugares sociais, entre os “de dentro” e os “de fora”.This article is an attempt to reflect on the social construction of childhood and youth as historical, social and cultural categories. That way, these stages of life can’t be thought of as universal, in so far as they come up, at the same time, as plural and diverse. Since the authors have been involved in research specially with children and young people, it has been possible to notice how much social reality defines for these individuals ways of being and locating themselves in the world. In the same way, society and its hegemonic institutions, in an attempt to legitimize differences among children and young people from diverse cultures, different social realities, more or less favourable socioeconomic conditions, among others, has made clear differences, not in the sense of producing singularities and efective care, but marking (out) social places, of “insiders” and “outsiders”

    Indigenous teachers in the south of Brazil : from domination/submission contexts to the paths of autonomy

    Get PDF
    O presente trabalho aborda especialmente a formação de professores kaingang no sul do Brasil. Sustentado metodologicamente em uma perspectiva cartográfica, o estudo visa mostrar um movimento histórico que, aos poucos, rompe com as práticas de dominação e tutela impostas aos povos originários. Inauguradas pela colonização portuguesa, práticas de dominação se estenderam e aprofundaram ao longo do período colonial e, principalmente no século XX, em que o Estado brasileiro criou mecanismos mais eficazes para a integração do indígena à sociedade nacional, entre eles a educação escolar. Embora o processo de dominação/subordinação tenha causado danos à existência autônoma de cada povo indígena, mostramos também que houve um forte, por vezes silencioso, processo de re-existência, que se torna mais evidente e retumbante nas últimas duas décadas do século XX e nos anos 2000. Registros documentais e estudos historiográficos analisados evidenciam os movimentos tímidos e pontuais do Estado, muitas vezes em consonância com ordens religiosas, na formação de professores Kaingang para as escolas criadas nas Terras Indígenas. Mudanças ocorrem a partir da Constituição Federal de 1988, abolindo oficialmente a tutela e a educação escolar integracionista e amparando legalmente as lutas indígenas por uma escola diferenciada, com professores pertencentes a seus povos. Em decorrência, observa-se uma atuação indígena protagonista e autônoma, que rompe com as práticas tutelares implementadas em contextos de dominação/submissão, criando caminhos para a autonomia no que tange à educação escolar diferenciada e à formação e atuação dos professores indígenas.This paper mainly tackles the training of Kaingang teachers in the south of Brazil. Methodologically funded on cartographical perspective, the study intends to show a historical movement that gradually breaks through the domination and tutelage practices enforced upon native people. Initiated by the Portuguese colonization, the domination practices were extended and deepened throughout the whole colonial period and specially on the 20th century, when the Brazilian government created more effective mechanisms for integrating the indigenous population into the national society, being among them the school education. Although the domination/subordination process has caused many damages to the autonomous existence of each indigenous community, we point out that there was also a strong, even if sometimes silent process of re-existence (resistance/ re-existence), that became more evident and reverberant in the last two decades of the 20th century and during the 2000’s. The documental registries and historiographical studies here analyzed highlight the coy and sporadic state initiatives, in frequent agreement with religious orders, in the educational training of Kaingang teachers for the schools built in the indigenous lands. Changes begin to occur as of the Federal Constitution of 1988, that officially abolished the integration-seeking school education and tutelage, and legally supported the indigenous demands for a specific school, with teachers who belong to their people. In consequence, we see protagonist and autonomous indigenous acts, breaking the tutelary practices deployed under domination/submission contexts, and opening paths for autonomy concerning specific school education and indigenous teachers’ performanc

    Education Policy for Indigenous People in Southern Brazil : the Introduction of Schools for the Kaingang (1910-1967)

    Get PDF
    La escuela para los pueblos indígenas en Brasil es un fenómeno que nació con la colonización, habiendo funcionado de diversas maneras en los diferentes tiempos y espacios. Durante el período colonial e imperial (siglos xvi a xix), las iniciativas educativas dirigidas a los indígenas fueron de carácter religioso. Sólo en el siglo xx el Estado brasileño anunció y concretó políticas educativas que, en principio, debían ser laicas, a partir de la creación del Servicio de Protección a los Indios (SPI) que actuó en gran parte del territorio nacional entre 1910 y 1967. Asentado en una práctica tutelar, el órgano indigenista se encargó de implementar políticas que apuntaban a la integración de los indígenas en la sociedad nacional y tuvo en la escuela una importante aliada en el cumplimiento de sus objetivos. Sobre las políticas de educación escolar implementadas hacia el pueblo Kaingang, del estado de Rio Grande do Sul, en la región sur de Brasil, trata el presente artículo. A través del análisis de documentos oficiales y de bibliografía que abordan la actuación del SPI y sus políticas, el estudio muestra cómo y para qué fueron puestas en marcha escuelas para el pueblo Kaingang en los puestos indígenas de Nonoai, Guarita, Ligeiro y Cacique Doble, en el periodo de vigencia del órgano indigenista. Es posible concluir que, en gran medida, el SPI alcanzó sus objetivos, interfiriendo en los modos de vida tradicionales, transformando a los indígenas en trabajadores nacionales y ocasionando fuerte daño a la lengua Kaingang.Schooling for indigenous peoples in Brazil arose during the period of colonisation and was implemented in diverse ways in different times and spaces. During the colonial and imperial period (16th-19th centuries), educational initiatives aimed at indigenous peoples were religious in nature. It was not until the 20th century that the Brazilian government announced and specified educational policies which, in principle, were to be secular, with the creation of the Indian Protection Service (SPI) that operated across much of the country between 1910 and 1967. Based on a stewardship model, the indigenous body was responsible for implementing policies that worked towards integrating indigenous people into national society, with schools being an important ally in fulfilling this aim. This articles looks at the school education policies implemented for the Kaingang people in the state of Rio Grande do Sul in southern Brazil. By analysing official documents and bibliography covering the SPI’s activities and policies, the paper demonstrates how and for what purpose schools for the Kaingang people were introduced in the communities of Nonoai, Guarita, Ligeiro and Cacique Doble during the lifespan of the indigenous body. We can broadly conclude that the SPI attained its goals, interfering in traditional ways of life and transforming indigenous people into national workers, whilst inflicting great harm on the Kaingang language

    Elementos espirituais, simbólicos e afetivos na construção da escola mbyá guarani

    Get PDF
    The school has historically been imposed on indigenous peoples, in some cases through violence. However, when school is included in villages' daily lives and does not go against the precepts of each community, it is in many ways suitable for these collectives. In the process of constructing a specific, differentiated and intercultural school, the Mbyá-Guarani people are going through a time of reflection regarding this educational institution. This article deepens reflections on the process of constructing the school based on observations and first-hand experiences in the Mbyá-Guarani villages of Rio Grande do Sul state. Dimensions of spirituality and affectivity in cognitive learning, skills development and internalization of values were observed through intense ethnography that involved recording experiences, dialogues and reflections inside and outside school. These elements are presented here in the form of a dialogue with the education proposed by the indigenous community paradigm of Living well, which are shown as possibilities for constructing a specific, differentiated and intercultural school. Mbyá-Guarani life involves complex existential elements that are present in their own educational processes and that consolidate an ancient continuity. However, they must also be a foundation for constructing the school, contributing to a cultural affirmation, along with access to the technology and knowledge of other cultures. Spirituality, sensitivity, symbolism, experience, and art are some of the elements that are being inserted into the construction of the Mbyá-Guarani school as essencial aspects in the education of this people.Historicamente a escola foi imposta aos povos indígenas, por vezes de forma violenta. Porém, quando inserida ao cotidiano das aldeias e conduzida de acordo com os preceitos de cada povo, em muitos aspectos é apropriada por esses coletivos. No processo de construção da escola específica, diferenciada e intercultural, o povo mbyá guarani vive um momento de reflexão acerca dessa instituição educativa. Este artigo aprofunda reflexões sobre o processo de construção da escola a partir de observações e convivências realizadas em aldeias mbyá guarani do Rio Grande do Sul. Por meio de intensa etnografia que registrou vivências, diálogos e reflexões dentro e fora da escola, foram observadas as dimensões da espiritualidade e da afetividade na aprendizagem cognitiva, no desenvolvimento de habilidades e na internalização de valores. Estes elementos são aqui apresentados na forma de um diálogo com a educação proposta pelo paradigma indígena comunitário do Bem viver, mostrados como potencialidades para a construção da escola específica, diferenciada e intercultural. A vida mbyá guarani apresenta elementos vivenciais complexos, presentes nos processos educacionais próprios e consolidam uma continuidade milenar. No entanto, precisam também se constituir como fundamento na construção da escola diferenciada, contribuindo para uma afirmação cultural, junto ao acesso a tecnologias e conhecimentos de outras culturas. A espiritualidade, a sensibilidade, o simbolismo, a vivência e a arte constituem alguns elementos que estão se inserindo na construção da escola mbyá guarani por serem fundamentais na educação desse povo

    Jóvenes indígenas en la Universidade Federal do Rio Grande do Sul : movimientos de apropiación y reexistencia

    Get PDF
    O crescente acesso de indígenas ao ensino superior, motivados pela busca de apropriação de ferramentas das sociedades não indígenas para a defesa de seus direitos, territórios e organização social, provocou, na última década, a consolidação de políticas de ingresso nas universidades públicas brasileiras por meiode cotas e/ou de outros programas específicos de acesso. Neste trabalho, apresentamos reflexões decorrentes de pesquisa de doutorado, a qual, através de uma metodologia colaborativa de inspiração etnográfica, cartografou movimentos do estar indígena na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), bem como as repercussões dessa presença na instituição. Observamos que, ao chegarem à universidade, os jovens indígenas re-criam esse espaço, apropriando-se do universo acadêmico, dos conhecimentos ocidentais e, ao mesmo tempo, re-existem através de uma presença disruptiva que se expressa na linguagem, nas diferentes temporalidades, na lógica comunal, no compromisso com a comunidade e na re-existência epistêmica. Desse modo, o estar sendo indígena universitário dá-se na fronteira entre dois universos opostos e complementares. Nesse lugar, habita a potência do pensar indígena que, atuando entre dois sistemas de pensamento (da ciência ocidental e o próprio), pode causar rupturas na episteme hegemônica.The increasing access of indigenous people to higher education, motivated by the search for seize tools from non-indigenous societies to be used in the defense of their rights, territories, and social organization, led in the last decade to the consolidation of admission policies in public universities through quotas and/or other specific access programs. Here we present reflections resulting from a doctoral research, which, through a collaborative methodology of ethnographic inspiration, mapped movements of indigenous living at the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), Brazil, as well as the repercussions of this presence in the institution. We note that, upon arriving to the university, young indigenous people re-create this space, seizing the academic universe of Western knowledge and, at the same time, re-exist through a disruptive presence that is expressed in language, in different temporalities, in communal logic, in commitment to the community, and in epistemic re-existence. Thus far, living, being an indigenous university student, takes place at the border between two opposite and complementary universes. In this place lives the indigenous powerof thinking, acting between two systems of thought (of western science and itself), can cause ruptures in the hegemonic episteme.El creciente acceso de indígenas a la enseñanza superior, motivados por la búsqueda de apropiación de herramientas de las sociedades no-indígenas para la defensa de sus derechos, territorios y organización social, ha provocado, en la última década, la consolidación de políticas de ingreso en las universidades públicas brasileñas a través de cupos y/o de otros programas específicos de acceso. En este trabajo presentamos reflexiones resultantes de investigación doctoral, la cual, a través de una metodología colaborativa de inspiración etnográfica, cartografió movimientos del estar indígena en la Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Brasil, así como las repercusiones de esa presencia en la institución. Observamos que, cuando llegan a la universidad, los jóvenes indígenas recrean ese espacio apropiándose del universo académico, de los conocimientos occidentales y, al mismo tiempo, re-existen a través de una presencia disruptiva que se expresa en el lenguaje, en las diferentes temporalidades, en la lógica comunal, en el compromiso con la comunidad y en la re-existencia epistémica. De ese modo, el estar siendo indígena universitario se lleva a cabo en la frontera entre dos universos opuestos y complementarios. En ese lugar habita la potencia del pensar indígena que, actuando entre dos sistemas de pensamiento (el de la ciencia occidental y el propio), puede causar rupturas en la episteme hegemónica

    The role of theserviço de proteção aos índiosgovernment agencyin the educational history of the kaingang people (1940-1967)

    Get PDF
    O presente artigo aborda a escola implementada pelo Serviço de Proteção aosÍndios(SPI) junto ao povo Kaingang, no período de 1940 a 1967, visando compreender a atuaçãoda instituição escolar nascomunidades de Nonoai e Guarita (RS). Resulta de uma tese de doutorado e contou com pesquisa documental no arquivo do Museu do Índio(RJ),e com o registro de relatos orais doskófa, velhos e velhas Kaingang. A análise dos documentos oficiais e a escuta às vozes doskofámostram que a escola, planejada pelo SPI com a intenção de“civilizar”,alfabetizare difundirensinamentos agrícolas e cívicospara transformar os indígenas em trabalhadores rurais e desenvolver neles um sentimento de nacionalidade não cumpriu totalmente sua finalidade. A escola efetivamente implementada em Nonoai e Guaritaneste períodofoi fruto de disputas e negociações com as comunidades Kaingang,e os dados evidenciam seualcance limitado diante do que foiinicialmente anunciadopelo SPI. Indícios apontam que foi a partir da década de 1970 que a escola se expandiu em número e em alcance às crianças.This paper examines the role played by the school system implemented by the Serviço de Proteção aos Índios (SPI) government agency among the Kaingang people of Nonoai and Guarita (RS) between 1940 and 1967. The article is based on research carried out for a doctoral thesis, and draws on archive material from Museu do Índio (RJ) and on oral accounts by thekófa, the Kaingang elders. Analysis of official documents and of the kofá interviews show that the school, planned by the SPI with the intention to “civilize”, teach to read and write, and disseminate agricultural and civic teachings to transform indigenous people into rural workers while developing a sense of nationality, failed to achieve its goals. The school that was actually implemented in Nonoai and Guarita was the result of negotiations with the Kaingang communities, and the data show its limited success relative to the government's stated goals.Evidence suggests that the school system among the Kaingangexpanded fromthe1970s onwards
    corecore