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    Projetos políticos nas interpretações do Brasil da primeira metade do século XX

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    Embora apoiados nos pressupostos analíticos diferentes, Paulo Prado (Retrato do Brasil, 1928), Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil, 1936), Gilberto Freyre (Casa Grande & Senzala, 1933) e Caio Prado Junior (Evolução Política do Brasil, 1934), entre muitos outros estudiosos da primeira metade do século XX, chegaram a leituras da sociedade brasileira em grande parte coincidentes com a de Francisco de Oliveira Vianna exposta no volume I de Populações meridionais do Brasil (1920), O idealismo na evolução política do Império e da República (1922), e outros escritos seus. Os autores partem do mesmo pressuposto: a incompatibilidade entre instituições, pensamentos e idéias liberais, - proposições consideradas avançadas por terem sido formuladas em países "mais civilizados"-, e a situação, ou a "realidade brasileira", adjetivada de atrasada, patriarcal, patrimonial, semifeudal, por nela inexistir a figura política do cidadão, imprenscídivel para a vigência efetiva de instituições, tal como preconizava a Constituição repbulcana de 1891. Formava-se em seus escritos a figura do brasileiro como um homem descontente consigo mesmo, ressentido com seus pais colonizadores devido à herança maldita aqui deixada. Essa poderosa figura negativa situou a questão da cidadania no núcleo do debate e serviu de eixo argumentativo para seus diferentes projetos políticos

    Cidades e urbanismo. Uma possível análise historiográfica

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    Considerar as cidades contemporâneas inóspitas, violentas, quando não degradadas, ao compará-las à situação de um período anterior, por vezes não muito distante, tornou-se um lugar-comum. A experiência dos habitantes no dia a dia envolve problemas, de não pouca monta, a serem enfrentados. Violência e transtornos diversos nos deslocamentos entre casa e trabalho constituem partes da dimensão negativa do viver em grandes cidades. Os estudiosos do urbanismo e demais especialistas em questões urbanas, de seu lado, expõem continuamente a inversão do sentido original presente nas práticas de intervenção, remodelação e reurbanização de áreas já constituídas e no processo de urbanização de novas áreas. Este artigo busca mapear posições assumidas em análises críticas dos descompassos entre propostas e suas efetivas concretizações, e descompassos entre o saber especializado do urbanista e as expectativas dos moradores das cidades

    A cidade: objeto de estudo e experiência vivenciada

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    Estudar a(s) cidade(s) implica estabelecer conexões de tipo variado com a própria experiência de viver em cidades. Conexões objetivas de moradia e trabalho, laços afetivos tecendo espaços nos quais as lembranças compõem um acervo especial, nós intrincados que relacionam expectativas e imagens, idealizadas em grande parte e resistentes à passagem do tempo. O interesse intelectual pelo estudo da(s) cidade(s) procede com certeza de questões colocadas no presente, ainda quando nos fazem retroceder para um momento no qual consideramos poder captar um elo significativo que elucide as pouco acolhedoras condições de vida nas cidades contemporâneas

    Mitologias: o estudo da história através das grandes unidades significantes do discurso

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    O estudo das disciplinas ligadas à análise das modernas formas de comunicação podem ser consideradas modismo pelos que se dedi-cam a disciplinas mais antigas, tais como a pesquisa histórica

    Mitologias: o estudo da história através das grandes unidades significantes do discurso

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    O estudo das disciplinas ligadas à análise das modernas formas de comunicação podem ser consideradas modismo pelos que se dedi-cam a disciplinas mais antigas, tais como a pesquisa histórica.

    Sensibilidades e paixões políticas democráticas: Ansart entre leitores de Tocqueville

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    As instituições democráticas são, sem dúvida, um tema candente e atual. Tema controverso, perpassa os debates políticos em todas as mídias, acirra as controvérsias sobre seus fundamentos, faz com que os embates resvalem rapidamente dos argumentos racionais para os mecanismos da persuasão. Signos sensíveis e figuras de linguagem, em particular metáforas, acionam os imaginários políticos ao substituírem ideias por imagens e os argumentos por apelos emocionais. As reflexões de Pierre Ansart sobre as “paixões políticas democráticas”, presentes em Les cliniens des passions politiques, publicado em 1997, retomadas em Quatre leçons de Philosophie sur les passions politiques, artigo de 2002, me estimularam a reler De la Démocratie en Amérique, de Alexis de Tocqueville, publicado em dois tomos em 1835 e 1840.  Neste ensaio, busco colocar as reflexões de Ansart entre as de contemporâneos seus, Lefort e Catoriadis, que frente ao desmonte da URSS, nos anos 1980 e 1990, buscaram responder a indagações comuns sobre os desafios colocados às democracias. Por ser Tocqueville em De la Démocratie en Amérique referência comum a eles penso ser importante indagar qual o legado intelectual deixado por Tocqueville, cujos escritos trazem como subtema as tensões de um período político bastante conturbado na França dos anos 1830? Pode Tocqueville ser definido como analista crítico das paixões políticas? Suas observações sobre as instituições republicanas dos Estados Unidos permitiram, certamente, compor um campo conceitual sobre o poder das paixões na política, mas teriam consistência para permitir indagações sobre nossos desafios atuais

    A concepção de estado em oliveira viana

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    Nossa principal preocupação ao elaborar este trabalho, prendeu-se a uma das dificuldades fundamentais enfrentadas pela pesquisa histórica e acreditamos, pelos pesquisadores da área de Ciências Humanas em geral.

    O mito da interdisciplinaridade e outros mitos

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    (primeiro parágrafo do artigo)Pensar a industrialização brasileira como um momento do específico processo de desenvolvimento do capitalismo nas formações sociais que ocupam posição subordinada na economia mundial tem sido o traço que atualmente define e diferencia os trabalhos de alguns economistas. Preocupados com a particular forma de inserção do Brasil no sistema capitalista, eles buscam compreender como a dinâmica do movimento mais amplo do capital penetra as sociedades periféricas. Preocupa-os também apreender essa dinâmica como movimento global que atravessa as várias formações sociais determinando-lhes, tanto as relações técnicas e sociais de produção, bem como as relações de dominação política e ideológica. Esses pesquisadores têm procurado se afastar da concepção corrente que explica a industrialização como uma das fases do desenvolvimento econômico em geral, entendida a crescente produtividade como resultado do progresso técnico em si. Afastam-se ainda, da vertente de análise que confere ao mercado o estatuto de elemento explicativo do desenvolvimento de relações de produção capitalistas

    A Cidade E O Urbano: ExperiÊncias, Sensibilidades, Projetos

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    Denúncias e investigações relativas às más condições das habitações da população operária no século XIX estabelecem o tripé pobreza-doenças-perigo social como um dos eixos das intervenções nas cidades. Iniciativas sanitárias em equipamentos coletivos urbanos correm em paralelo a projetos modelares de “moradias mínimas” embora em franco contraste com o efetivamente edificado, sugestivamente denominado “casernas”. Nas décadas inicias do século XX, a preocupação com induzir famílias a novos hábitos pelo agenciamento do espaço modelar desloca-se significativamente para a casa mínima redefinida em resposta às “profundas mudanças da estrutura social”. Novos modos de vida e a coesão familiar desfeita exigem nova concepção de moradia aliada a de mobilidade urbana e dão lugar a padronização industrial e a tipologias padrão com pretensão a universalidade.68História, Arquitetura E Urbanism

    Suprimento de mão-de-obra para a agricultura: um dos aspectos do fenômeno histórico da abolição

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    (1º parágrafo do artigo) O reconhecimento da importância de se definir as relações de produção e as relações sociais delas decorrentes para a compreensão de uma determinada formação social constitui a opção metodológica que fundamenta nosso trabalho. A presente comunicação pretende ser uma contribuição aos estudos das formas de organização do trabalho na sociedade brasileira. O período escolhido situa-se nas duas décadas imediatamente anteriores à supressão legal do trabalho escravo
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