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    O rio e a época: entendências barranqueiras sobre a água na paisagem perturbada do Vale do São Francisco

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    Resumo Este artigo tem por objetivo expor parte do emaranhamento que envolve o modo de habitar de ribeirinhos do Vale do Alto-Médio São Francisco, também chamados barranqueiros, com as águas e entes outros-que-humanos que compõem a paisagem (co)construída às margens do rio. O ponto de partida para descrever criticamente essa socialidade mais-que-humana às margens do Rio São Francisco são as entendências dos habitantes da comunidade de Ribanceira, no município de São Romão, em Minas Gerais, sobre as águas em seus fluxos pluviais e fluviais. Imersos na alternância cíclica entre o tempo das águas e o tempo da seca, que orientam suas atividades de pesca e de roça, os barranqueiros da Ribanceira tem vivenciado fluxos pluviais cada vez menos frequentes e intensos, bem como experimentado o convívio com um rio preocupantemente sem corrida que dá cores às narrativas em tons desalentadores sobre a proximidade da época ou fim dos tempos

    O rio e a época: entendências barranqueiras sobre a água na paisagem perturbada do Vale do São Francisco

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    Este artigo tem por objetivo expor parte do emaranhamento que envolve o modo de habitar de ribeirinhos do Vale do Alto-Médio São Francisco, também chamados barranqueiros, com as águas e entes outros-que-humanos que compõem a paisagem (co)construída às margens do rio. O ponto de partida para descrever criticamente essa socialidade mais-que-humana às margens do Rio São Francisco são as entendências dos habitantes da comunidade de Ribanceira, no município de São Romão, em Minas Gerais, sobre as águas em seus fluxos pluviais e fluviais. Imersos na alternância cíclica entre o tempo das águas e o tempo da seca, que orientam suas atividades de pesca e de roça, os barranqueiros da Ribanceira tem vivenciado fluxos pluviais cada vez menos frequentes e intensos, bem como experimentado o convívio com um rio preocupantemente sem corrida que dá cores às narrativas em tons desalentadores sobre a proximidade da época ou fim dos tempos.This article seeks to expose the entanglement in the mode of inhabitation of the ribeirinhos from the Upper São Francisco Valley, also known as barranqueiros, with the waters and other-than-human beings that comprise the co-built landscape on the riverbanks. The starting point for critically describing this more-than-human sociality on the banks of the São Francisco River are the entendências [lit. understandings] of the inhabitants of the Ribanceira Community, in the municipality of São Romão, in Minas Gerais, concerning the pluvial and river flows of the waters. Immersed in the cyclical alternation between the time of the waters and the time of the drought, which guide their fishing and farming activities, the barranqueiros of Ribanceira have experienced increasingly less frequent and less intense pluvial flows, while also coexisting with a river that is worryingly not flowing that colours their narratives in disheartening tones regarding the proximity of the epoch or end of times

    Cultura e Reversibilidade: breve reflexão sobre a abordagem “inventiva” de Roy Wagner

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    In the mid 1970s, Roy Wagner, in his book The Invention of Culture, sees anthropology as a discipline that invents culture through culture. Based on his experience with the Daribi of New Guinea, the author presents a conception of culture as a creative activity in which we are all inventors. In this perspective, the anthropologist and native perform similar operations and, consequently, the study of culture consists of the culture of the anthropologist. Wagner also coins the term “reverse anthropology” in order to question the ethnographer’s privileged position regarding the elaboration of an “anthropological analysis”. The present article seeks a reflection on some implications of the adoption of this perspective in anthropology, linking it with contemporary discussions, especially with regard to the us/them dichotomy and the statutes of ethnography.Em meados da década de 1970, Roy Wagner, no seu livro The Invention of Culture, toma a antropologia como disciplina que inventa a cultura a partir da cultura. Alicerçado na sua experiência de campo com os Daribi, da Nova Guiné, o autor apresenta a noção de cultura como atividade criativa, na qual somos todos agentes inventivos. Nesta perspectiva, antropólogo e “nativo” realizam operações similares e, por conseguinte, o estudo da cultura consistiria na cultura do antropólogo. É ainda nesta obra que Wagner cunha o termo “antropologia reversa”, para pôr em questão a posição privilegiada do etnógrafo no que diz respeito à elaboração de uma “análise antropológica”. Diante do exposto, este artigo busca refletir sobre algumas implicações da adoção de tal perspectiva em antropologia, conectando-a a alguns debates contemporâneos da disciplina, principalmente sobre eixos como a dicotomia “nós/eles” e sobre o estatuto da etnografia

    The river and the epoch: barranqueiro understandings on water in the disturbed landscape of the São Francisco Valley

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    This article seeks to expose the entanglement in the mode of inhabitation of the ribeirinhos from the Upper São Francisco Valley, also known as barranqueiros, with the waters and other-than-human beings that comprise the co-built landscape on the riverbanks. The starting point for critically describing this more-than-human sociality on the banks of the São Francisco River are the entendências [lit. understandings] of the inhabitants of the Ribanceira Community, in the municipality of São Romão, in Minas Gerais, concerning the pluvial and river flows of the waters. Immersed in the cyclical alternation between the time of the waters and the time of the drought, which guide their fishing and farming activities, the barranqueiros of Ribanceira have experienced increasingly less frequent and less intense pluvial flows, while also coexisting with a river that is worryingly not flowing that colours their narratives in disheartening tones regarding the proximity of the epoch or end of times.Este artigo tem por objetivo expor parte do emaranhamento que envolve o modo de habitar de ribeirinhos do Vale do Alto-Médio São Francisco, também chamados barranqueiros, com as águas e entes outros-que-humanos que compõem a paisagem (co)construída às margens do rio. O ponto de partida para descrever criticamente essa socialidade mais-que-humana às margens do Rio São Francisco são as entendências dos habitantes da comunidade de Ribanceira, no município de São Romão, em Minas Gerais, sobre as águas em seus fluxos pluviais e fluviais. Imersos na alternância cíclica entre o tempo das águas e o tempo da seca, que orientam suas atividades de pesca e de roça, os barranqueiros da Ribanceira tem vivenciado fluxos pluviais cada vez menos frequentes e intensos, bem como experimentado o convívio com um rio preocupantemente sem corrida que dá cores às narrativas em tons desalentadores sobre a proximidade da época ou fim dos tempos

    A governamentalização do Estado contemporâneo: uma cartografia dos mecanismos estatais de controle

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    Este ensaio analisa o processo de “governamentalização” do Estado e as implicações desse processo para a sua própria continuidade. Nutrindo-se de trabalhos genealógicos e estudos contemporâneos, procura-se cartografar alguns caminhos pelos quais os mecanismos de controle e regulação das populações estão sendo recriados e reorganizados, renovando a capacidade normalizadora do campo estatal. A análise aponta que o exercício do “governamento” contemporâneo avança no território do trabalho imaterial no serviço público ao articular o uso de novas tecnologias telemáticas com a produção de subjetividades “desejantes” de controle

    Seguindo nessa vida: memória, aprendizado e pertencimento em uma narrativa de vida no norte mineiro, Brasil

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    This article seeks to establish meaning connections between memory, acquisition of certain learning and belonging to physical and existential territories, through the life narrative of a worker from a rural black community located in the northern region of Minas Gerais, Brazil. Focused on a suffered narrative , this worker weaves the meanings of his lifelines, which are tangled in certain points, articulating work, marriage, religious festivals and ethnicity. The narrative in question evidences the native creativity to give consistency to the story of the past, connecting personal history and community history, through a vocabulary imbricated in the perception of life as movement and attention.O presente artigo busca estabelecer conexíµes de sentido entre a memória, a aquisição de certos aprendizados e o pertencimento a territórios fisicos e existenciais, por meio da narrativa de vida de um trabalhador de uma comunidade negra rural localizada na região norte de Minas Gerais, Brasil. Focado em uma narrativa sofrida, este trabalhador vai tecendo os significados das suas linhas de vida, que se emaranham em determinados pontos, articulando trabalho, matrimí´nio, festas religiosas e etnicidade. A narrativa em questão evidencia a criatividade nativa para conferir consistência ao relato do passado, conectando história pessoal e história da comunidade, por meio de um vocabulário imbricado na percepção da vida como movimento e atenção

    A governamentalização do Estado contemporâneo: uma cartografia dos mecanismos estatais de controle

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    Este ensaio analisa o processo de "governamentalização" do Estado e as implicações desse processo para a sua própria continuidade. Nutrindo-se de trabalhos genealógicos e estudos contemporâneos, procura-se cartografar alguns caminhos pelos quais os mecanismos de controle e regulação das populações estão sendo recriados e reorganizados, renovando a capacidade normalizadora do campo estatal. A análise aponta que o exercício do "governamento" contemporâneo avança no território do trabalho imaterial no serviço público ao articular o uso de novas tecnologias telemáticas com a produção de subjetividades "desejantes" de controle
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