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Novos dados sobre dois temas da Pré-História do Sul de Portugal: o Mirense e o processo de neolitização
O presente texto resulta da conferência apresentada pelo signatário na sessão inaugural do III Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular, que teve lugar em Aljustrel entre 26 e 28 de Outubro de 2006. A conferência, intitulada “O Mesolítico e o Neolítico do Sul de Portugal”, centrou-se em dois grandes temas da arqueologia pré-histórica do Alentejo e Algarve: o Languedocense e o processo de neolitização.
Uma vez que as actas do referido Encontro se publicam em CD-ROM, optou-se por publicar aquela conferência também na presente revista, retomando-se para isso o texto original (Carvalho, 2007a), sobre o qual se introduziram no entanto alterações pontuais e se incorporaram dados isotópicos inéditos, entretanto obtidos através de informações pessoais de outros investigadores, respeitantes ao segundo daqueles temas (ver adiante).
Deste modo, este texto, tal como o original, estrutura-se em função daqueles dois grandes temas e foca aspectos dos mesmos para os quais contribuem dados obtidos em escavações recentemente levadas a cabo em dois sítios arqueológicos do Barlavento Algarvio: o concheiro da Idade do Bronze de Catalão e o sítio Mesolítico e Neolítico antigo de Vale Boi, ambos em Vila do Bispo
Algar do Bom Santo: a research project on the Neolithic populations of Portuguese Estremadura (6th-4th millennia BC)
O presente artigo tem como propósito a apresentação do conteúdo, âmbito e objectivos do projecto de investigação consignado ao estudo da gruta-necrópole neolítica do Algar do Bom Santo (freguesia da Abrigada, concelho de Alenquer). Quando pertinentes, incluem-se também breves descrições preliminares dos resultados dos trabalhos de campo realizados neste sítio pela Dra. Cidália Duarte entre 1994 e 2001.
No seu essencial, o texto que se segue corresponde à componente técnico-científica do projecto submetido a financiamento à Fundação para a Ciência e a Tecnologia, razão pela qual, aliás, se encontra redigido em língua inglesa.
As principais alterações tiveram em vista a introdução de um maior desenvolvimento das diversas partes que compunham o conjunto da candidatura, assim como o seu encadeamento numa sequenciação lógica. Acrescentou-se ainda uma bibliografia mais completa e algumas fotografias obtidas aquando dos referidos trabalhos de campo
Rocha das Gaivotas e Vale Boi: os restos vegetais carbonizados, vestígios da vegetação meso-neolítica
O projecto de investigação “O processo de neolitização no Algarve” decorreu entre 2002 e 20051, tendo tido como objectivo principal o estudo da emergência e desenvolvimento do Neolítico naquela região durante o VI e o V milénios a.C., ou seja, durante a fase mais antiga deste período. No sentido deste objectivo, foram programados trabalhos de prospecção direccionada em áreas definidas do Algarve (principalmente no troço a Sul da Serra de Monchique compreendido entre a Costa Vicentina e o vale do Rio Arade) e de escavação em sítios arqueológicos seleccionados pela sua potencial importância para o estudo daquele processo
A cronologia absoluta das ocupações funerárias da gruta da Casa da Moura (Óbidos)
Estes dados serão determinantes para o entendimento da organização social destas populações e, consequentemente, dos contornos específicos em que tiveram lugar os diversos desenvolvimentos que caracterizam os períodos neolítico e calcolítico do actual território português.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
A estação mesolítica da Amieira (Sesimbra)
O estudo sistemático e exaustivo dos materiais recolhidos no sítio da Amieira, agora apresentado pela primeira vez, a par de alguns desenvolvimentos recentes no estudo das últimas comunidades de caçadores-recolectores do actual território português, permite a retoma e actualização de algumas das conclusões avançadas há mais de 15 anos (CARDOSO, 1992).
No respeitante à integração cultural, os novos dados agora reunidos autorizam que se atribua esta estação ao Mesolítico Final. No sentido desta conclusão apontam algumas presenças. Desde logo, a presença de elementos líticos comuns neste período, tais como módulos lamelares compatíveis com os conhecidos noutros locais da mesma época, sem o recurso aparente a talhe por pressão típico do Neolítico Antigo e um conjunto de geométricos produzido através da técnica do microburil que inclui um “trapézio de Téviec” e um “triângulo de Coincy”, que ocorrem em Portugal apenas durante o Mesolítico Final.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
A estação do neolítico antigo de Cabranosa (Sagres) : contribuição para o estudo da neolitização do Algarve
Este trabalho corresponde ao
desenvolvimento de um outro, recentemente
publicado, sobre a estação de Cabranosa. Este
último, no qual se estudou de forma sistemática,
o espólio arqueológico até ao presente recolhido,
permitiu considerar a existência, nos primórdios
do Neolitico antigo, datado na estação pelo
radiocarbono no terceiro quartel do VI milénio cal
BC, de uma comunidade que, sedeada no extremo
sudoeste da Península Ibérica, praticava já um
modo de vida de tendência sedentária, com a
presença de animais domésticos (cabra e/ou ovelha).
Esta constatação impunha a realização de um estudo
mais desenvolvido na perspectiva da integração
cultural da estação e do seu próprio significado, no
contexto geográfico regional e supra-regional em
que se insere.
O exercício comparativo efectuado permitiu concluir
que a produção cerâmica (que inclui vasos cardiais
produzidos localmente) se distingue, a vários títulos,
das produções homólogas do Neolítico antigo do
litoral alentejano e da Andaluzia ocidental,
geograficamente mais próximas, face às das fases
mais tardias do Neolítico cardial da Andaluzia
oriental e do País Valenciano, mais longínquas.
Também ao nível dos conjuntos de pedra lascada se
detectaram diferenças entre o recolhido na
Cabranosa e, de modo mais geral, os das estações
algarvias, face à realidade conhecida das estações do
litoral alentejano, na passagem do Mesolítico para o
Neolítico.
Os elementos referidos afiguram-se de importância
significativa na discussão dos modelos possíveis que
presidiram à neolitização do litoral meridional
português. No estado actual dos conhecimentos,
afigura-se provável a existência simultânea de duas
comunidades culturalmente distintas na referida
orla litoral: uma, mesolítica, de há muito
estabelecida em ecossistemas litorais, praticando
uma economia de caça-pesca-recolecção; outra, já
neolítica, estabelecida na faixa litoral algarvia, com
uma economia já de produção (pelo menos a
pastorícia e, muito provavelmente a agricultura),
portadora de uma cultura material diferente.
Posta nestes termos discussão, é forçoso concluir
que a génese do Neolitico no litoral algarvio (de que é paradigma a estação de Cabranosa) parece ter-se
ficado a dever à presença de grupos populacionais
oriundos possivelmente da costa levantina da
Península, os quais teriam interagido,
ulteriormente, com os já sedeados na região,
designadamente os que se dispersavam ao longo do
litoral alentejano. Porém, como é óbvio, a definição
cultural destes dois hipotéticos grupos está longe de
se poder considerar satisfatória, bem como
discutível se afigura, também, a cronologia do
referido processo de interacção: se, em meados do
VI milénio cal BC (se se considerarem os dados
cronométricos de Vale Pincel ou Medo Tojeiro), ou
apenas a partir do início do V milénio cal BC (a
aceitar-se somente os dados do concheiro do cabeço
das Amoreiras, no baixo vale do Sado). É admissível,
ainda, qualquer data intermédia, visto que o
concheiro das Amoreiras se situa já numa posição
periférica relativamente ao possível foco de
neolitização considerado, a partir do litoral algarvio.
A terminar, é feita breve alusão à emergência do
fenómeno megalítico regional: na estação de
Cabranosa, não se conhecem menires partilhando o
espaço de ocupação neolítica, situação que concorda
com os escassos indicadores cronológicos que fazer
corresponder, quando muito, ao Neolítico antigo
evoluído as primeiras manifestações megalíticas
(menires e sepulcros proto-megalíticos).This work builds on earlier, recently
published work on the site of Cabranosa.
This earlier article, in which the available
archaeological evidence was studied in a
systematic way, permitted us to consider the
existence, by the beginning of the Early Neolithic
and radiocarhon dated to the third quarter of the
6th millennium BC, of a sedentary community
with domestic animaIs (goat and/or sheep) in the
extreme southwest of the Iberian Peninsula.
This evidence stimulated a more developed study
of the cultural integration of the site and its
significance, in the regional and supra-regional
geographic context in which it was situated.
This comparative exercise allowed us to conclude
that ceramic production (which includes locally
produced Cardial vases) can be distinguished
from the homologous products of the Early
Neolithic of the Alentejo coast and eastern
Andalucia, as well as the latest phases of the
Cardial Neolithic of eastern Andalucia and of
Valencia, further away. Furthermore, at the
level of the flaked stone assemblages there were
differences detected between those recovered
in Cabranosa and, in general, those from others
sites of the Algarve, and those sites known
in the coastal Alentejo, between the Mesolithic
and Neolithic.
These cultural indicators contribute to our
understanding of the possible factors that
presided in the neolithization of the western
Portuguese coast. In the present state of
knowledge, it seems likely that there existed
simultaneously two di stinct cultural communities
in this area: one, Mesolithic, long-established
in the coastal ecosystem, practicing an economy
of hunting·fishing·gathering: the other, already
Neolithic, established in the Algarve coast, with
an economy of production (at least herding
and, very likely agriculture), and a carrier of a
different material culture.
Placed in these terms, we must conclude that
the genesis of the Neolithic in the Algarve
coast (of which Cabranosa is paradigmatic)
appears to have been related to the presence
of populations possibly coming from the Levantine coast of the Peninsula, which were
later integrated with those already based in
the region, namely those which were dispersed
along the Alentejo coast.
Clearly, the cultural definition of these two
possible groups is far from satisfactory, and the
chronology of their interaction is debatable.
It is unclear whether this interaction dates
to the middle of the 6th millennium cal BC
(if one considers the chronometric dates of Vale
Pincel or Medo Tojeiro), or only from the
beginning of the 5th millennium BC (if we only
accept the dates of the shell-midden on the
hill at Amoreiras, in the lower Sado valley).
An intermediate date is even possible, given
that the shell-midden of Amoreiras is already
situated in a peripheral position, relative to the
possible focus of Neolithization, from the
Algarve coast. Finally, this article makes
a brief reference to the emergence of a
regional megalithic phenomenon.
At the site of Cabranosa, there are no known
menhirs that share its Neolithic occupational
space, which is consistent with the scarce
chronological evidence that the first megaliths
(menhirs and proto-megalithic burials)
correspond to, at the earliest, to the evolved
Early Neolithic
A gruta do Lugar do Canto (Alcanede) e sua importância no faseamento do Neolítico no território português
Desde a publicação do estudo de Manuel Leitão e colaboradores (1987) que novos dados bioantropológicos têm vindo a ser obtidos. Porém, é forçoso constatar que, exceptuando alguns casos particulares, a larga maioria dos estudos se têm infelizmente debruçado sobre materiais osteológicos obtidos em escavações antigas, as quais foram levadas a cabo muitas vezes sem o controlo estratigráfico hoje considerado necessário para uma correcta diferenciação das diversas ocupações registadas. Daí resulta a dificuldade de apartar com rigor os restos humanos pertencentes a momentos distintos da Pré-História e, consequentemente, a impossibilidade de atribuir uma cronologia aos diversos conjuntos sem recurso à sua datação directa por radiocarbono.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Os sítios de Quebradas e de Quinta da Torrinha (Vila Nova de Foz Côa) e o Neolítico antigo do Baixo Côa
info:eu-repo/semantics/publishedVersio
O Povoado do Fumo (Almendra, Vila Nova de Foz Côa) e o início da Idade do Bronze no Baixo Côa (Trabalhos do Parque Arqueológico do Vale do Côa)
info:eu-repo/semantics/publishedVersio
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