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The need to deconstruct the "lusocentric misunderstanding"
Este curto ensaio centra-se na reflexão crítica sobre alguns dos factos que alimentam o “equívoco lusocêntrico”, conceito tomado de empréstimo a Martins (2006, 2011, 2014), que traduz um dos entendimentos dominantes sobre a ideia de lusofonia.
Esta reflexão conduz-nos pelos caminhos da história, dos movimentos migratórios e da língua enquanto aspetos fundamentais dos processos de construção da identidade, problematizando-os quer do ponto de vista do ex-colonizador, quer do ponto de vista dos ex-colonizados.
A tensão crítica entre os dois pontos de vista remete para a necessidade de desconstrução do “equívoco lusocêntrico”, condição imprescindível para a consubstanciação da comunidade geocultural da lusofonia enquanto espaço de diversidade cultural no quadro da atual globalização de sentido único.This short essay focuses on critical reflection on some of the facts that feed the “lusocentric misunderstandig” concept taken from Martins, M. L. (2011) though.
This concept represents one of the dominant understandings about Lusophonie. This reflection leads us in paths of history, migration and language as key aspects of identity construction processes, questioning them departing not only from the point of view of the former colonizer, but also from the point of view of the excolonized nations.
The critical tension between the two points of view refers to the need to deconstruct “lusocentric misunderstanding”, essential towards the realization of geocultural community of Lusophony as an area of cultural diversity in the context of current globalization
Três figurações do humano nas utopias tecnológicas: o monstro de Frankstein, o robô e o homem «biónico»
A tensão entre a fragilidade da condição humana e o poder dos desígnios da natureza
produziu, desde os tempos mais ancestrais, duas importantes dimensões explicativas
para a experiência da aventura humana: a ciência e o sonho.
A nossa contemporaneidade marca, como se sabe, a crise do sonho (Castoriadis;
Bastide) e a celebração da ciência (Fukuyama).
Partindo da tese de que a ciência e o sonho são interdependentes, que a dimensão
inteligível e a dimensão «maravilhosa» dos fenómenos se confundem num mesmo
objecto de investigação e que a relação entre o sujeito e o objecto de estudo pode ser
bidireccional, procura-se questionar a supremacia do Homem sobre as realizações da
tecnologia.
Propõe-se, para o efeito, a análise de três grandes paradigmas da criação de vida
artificial que animam o nosso imaginário em torno desta questão: o monstro de
Frankenstein, o robô e o homem «biónico». Tomando por objectos o romance de Mary
Shelley, os estudos realizados na área da Inteligência Artificial e um conjunto de filmes
sobre seres criados pelo Homem que o cinema nos legou, esta análise tem ainda em
consideração a dicotomia determinismo / modelação que marca a discussão em torno do
modo como se tem vindo a desenvolver a tecnociência.
Conclui-se que a génese de qualquer um destes paradigmas se suporta,
indiscutivelmente, no mito da deificação do Homem. O desejo de domínio do enigma da
vida e a busca da supressão da morte encontram-se na base de um sonho que a ciência
parece tornar cada vez mais possível: a criação de um ser à nossa imagem e
semelhança. Mas aspirar à eternidade num tempo em que se celebra o efémero e em
que se abandonaram as grandes finalidades, denuncia o empobrecimento do sentido
escatológico da existência humana. Para quê uma tão grande realização quando a
participação e a cidadania parecem estar tão ameaçadas pelo vazio do individualismo e
do conformismo do Homem do nosso tempo? Aqui se encontra o maior dos paradoxos do
nosso tempo.
A recuperação da ideia da reconciliação do Homem com a Natureza, proposta pela
Teoria Crítica Clássica, pode assim configurar a nossa nova utopia, na qual o Homem
controla a sua relação com a tecnologia através da assumpção de uma condição que lhe
é intrínseca: o de ser natural
Políticas para a sociedade da informação em Portugal: da concepção à implementação
(Excerto) A espantosa evolução das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC) e o desenvolvimento da World Wide Web (www), bem como a sua aplicação nos mais diversos domínios de actividade, têm conduzido à crescente transformação de
actividades tradicionais como o correio, o comércio, a publicidade ou o ensino, em
actividades realizadas em ambiente virtual criado por estes novos dispositivos
tecnológicos. Todavia, a transformação destas actividades, assim como o seu rápido sucesso, não ficaram imunes à desconfiança e ao cepticismo vulgarmente associados à evolução da tecnologia, nem tão pouco à controvérsia na análise das suas implicações na alteração dos hábitos e das vivências dos cidadãos.
Foi neste contexto que se realizaram, nos últimos anos, importantes debates e discussões no seio da comunidade científica que conduziram a processos de criação e de reformulação de modelos teóricos que permitissem analisar e compreender este «novo» mundo que se edifica perante nós. Surgiram, assim, conceitos como o «informatismo», a «informacionalização», a «economia da informação» ou a «sociedade da informação». A «sociedade da informação» é, de entre os novos conceitos, aquele que parece ter maior alcance, já que contém em si todos os outros e, ao mesmo tempo, denomina algumas teorizações relevantes sobre uma «nova» realidade de organização social, emergente a partir da introdução das TIC nos mais diversos domínios da experiência humana
On the “Garden of Delights” as a model of analysis of the intercultural communication processes
A observação do tríptico “Jardim das Delícias”, de Hieronymus Bosch constitui o ponto de partida para um curto ensaio sobre a possível interpretação desta obra por parte do seu último comprador, Filipe II de Espanha. Por sua vez, este ensaio conduz à proposta de um modelo, baseado em três categorias de análise, para a interpretação crítica do percurso global que a humanidade tem vindo a trilhar desde o início das grandes navegações intercontinentais, inicialmente levadas a cabo por portugueses e espanhóis. O modelo proposto pretende constituir um contributo para a desfragmentação da memória de um longo processo marcado pela tensão entre forças hegemónicas e dinâmicas de interculturalidade.The observation of Hieronymus Bosch’s “Garden of Delights” triptych is the starting point for a short essay on the possible interpretation of this work by its last purchaser, Philip II of Spain. Additionally, this essay leads to the proposal of a model, based on three categories of analysis, for the critical interpretation of the global course that humanity has been taking since the beginning of the great intercontinental navigations, initially carried out by the Portuguese and the Spanish. The proposed model intends to contribute to the defragmentation of the memory of a long process marked by the tension between hegemonic forces and dynamics of interculturality.(undefined)info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Qu’est-ce le cosmopolitisme? Ulrich Beck (2006)
A reflexão sobre o estado do mundo nos nossos dias permite que muitos autores concluam
que o projecto da modernidade se encontra inacabado. A procura de respostas para os vários desafios resultantes desta situação tem vindo a convocar o aparecimento de propostas de interpretação e de intervenção sobre a realidade diferentes das que conhecemos até agora. É nesta linha de pensamento que Beck nos propõe a óptica cosmopolítica (2006: 22). O mundo da óptica cosmopolítica é interpretado
como uma realidade transparente, no qual as diferenças, as oposições e as fronteiras devem ser olhadas segundo o princípio de que os outros são, na sua essência, idênticos a nós. Deste modo, poder-se-á entender a óptica cosmopolítica como uma abordagem apta a compreender as ambivalências que nos são colocadas pelas distinções e contradições culturais que caracterizam o nosso tempo
Competências de comunicação para a sociedade da informação: alguns elementos sobre a situação dos recém-licenciados em Portugal
(Excerto) A evolução das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC) e o
desenvolvimento da World Wide Web (www), bem como a sua aplicação nos mais
diversos domínios de actividade, têm conduzido à crescente relevância dos sistemas de informação nas sociedades contemporâneas. Neste contexto, cientistas sociais como Daniel Bell (pósindustrialismo), Jean Baudrillard e Mark Poster (pósmodernismo), Michael Piore e Charles Sabel (especialização flexível) e Manuel Castells (o modo informacional de desenvolvimento) procederam à formulação de modelos teóricos que lhes permitissem analisar e compreender este «novo» mundo que se edifica perante nós (Webster, 1995). A «sociedade da informação» surge, assim, como novo paradigma sóciotécnico consubstanciado na centralidade conquistada pela informação e pela rápida incorporação das TIC em todos os domínios da experiência humana. Segundo Castells (in Cardoso, 1998: http://www.bocc.ubi.pt); (in Sousa, 2004: 3), este novo paradigma de organização social rege-se pelos seguintes princípios: i) a informação é trabalhada como matériaprima; ii) rápida difusão das TIC e dos seus efeitos, possível através do seu custo cada vez menor e dos seus desempenhos cada vez melhores; iii) – advento da lógica de rede em todos os sistemas, devido à utilização das TIC; iv) – flexibilidade para a reconfiguração do próprio paradigma, já que este caracteriza uma sociedade em constante mudança; v) – convergência de tecnologias autónomas para um sistema amplamente integrado
Educação e literacia para os media na promoção da cidadania
(Excerto) Parece ser indiscutível que vivemos num tempo de globalização, sobretudo económica, o que permitiu a constituição de poderosíssimos grupos económicos à escala planetária. Deste modo, os grandes grupos dos media tornaram-se mais poderosos e influentes que nunca e passaram, essencialmente, a explorar interesses comerciais. Os media, que outrora protegeram as pessoas de abusos de poder, são hoje poderosas máquinas de «propaganda silenciosa», capazes de «manipular as massas» e de «fabricar espíritos» (Ramonet, 2000)
O novo ecossistema comunicacional e a socialização de crianças e jovens no espaço cultural da lusofonia: contributos da literatura infantojuvenil
Partindo da configuração de um novo ecossistema comunicacional, que tem na internet o seu epicentro, procura-se refletir sobre a influência do mesmo na socialização de crianças e jovens, através da análise da presença de literatura infantojuvenil neste novo media. A observação de que os dispositivos de comunicação digital alargam as oportunidades de acesso à informação entre cidadãos que falam, pensam e sentem em língua portuguesa, foca a questão no espaço cultural da lusofonia.Starting from the new communication ecosystem, on that internet is the main focus, we search for thinking about how it can influence children and young people’ socialization process, trough an analysis about the literature for these publics presence at this new media. We observe that digital communication devices increase information access opportunities to citizens that speak, think and feel in Portuguese language, focusing our question at the lusophone cultural space
The lusophony in the blogosphere: from the “imagined community” to the “imaginative community”
Publicado em: "Colonialisms, post-colonialisms and lusophonies: proceedings of the 4th International Congress in Cultural Studies". ISBN 978-989-98219-2-7Departing from the observation that the blogosphere
is nowadays a powerful communication space between Lusophone
citizens - users of Portuguese language constitute the fifth largest
language community on the Internet (Macedo , Martins & Macedo
, 2010) - this paper presents some findings of a study that sought
to examine the contents of fifteen blogs, Brazilian Mozambican
and Portuguese, in relation to representations of the Lusophony.
The results show that many aspects of the Portuguese colonial
empire long history, from its achievements to its vicissitudes,
are reminded, communicated and discussed in order to justify
points of view, whether favorable or unfavorable, about the
meaning of a Lusophone community. Regarding it as a kind
of imperial extension, both its advocates (usually nostalgic
Portuguese on their supposedly glorious historical past), as its
detractors (mostly Africans and Brazilians who preserve the
memory of a past of domination), tend to produce simplified
representations that result in tensions and misunderstandings.
Consequently, there is confusion between the nowadays geocultural
community of Lusophony and its own past. This
confusion is connected with the crossing of the independent
present of those who speak, think and feel in Portuguese with
the colonial past, which led them to the meeting of their cultures.
In fact, on the blogosphere, lusophony is emphasized, on one
hand, as a Portuguese colonial empire heritage and, one the
other hand, as an unequivocal proof of its radical disappearance.
It is concluded that such a diversity of representations can turn
this “imagined community” into a “imaginative community.”
Diversity in virtual space speaking - Some thoughts for reflection
A retórica da lusofonia tem persistido, não raras vezes, numa espécie de nostalgia do império, subvalorizando a diversidade cultural que cinco séculos de «aventuras» associaram à língua portuguesa.
Num tempo marcado pela globalização, no qual se configura um novo paradigma comunicacional baseado na convergência e na ampla utilização de infotecnologias –a sociedade em rede – afigura-se pertinente perceber como se constrói o lugar da lusofonia no ciberespaço, como se estabelecem as redes virtuais de comunicação entre cidadãos que pensam e falam em português e, sobretudo, se este novo lugar da língua portuguesa oferece oportunidades à reconfiguração de um espaço lusófono mais englobante e mais plural.The lusophony rhetoric has persisted, for long time, in a kind of imperial nostalgia, underestimating the cultural diversity brought by five centuries of «adventures» associated to the Portuguese language.
In a era of globalization, a new communication paradigm emerges - the web society – it seems important to understand how lusophone position is constructed at the cyberspace, how virtual communication networks are established among citizens that think and speak in Portuguese and, mainly, if this new Portuguese language place offers new opportunities to a more plural lusophone space reconfiguration
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