71 research outputs found

    Saúde Única (One Health): uma abordagem para entender, prevenir e controlar as doenças infecciosas e parasitárias

    Get PDF
    Muitos patógenos, incluindo vírus, bactérias, fungos e parasitas, podem ser transmitidos entre animais e humanos, causando doenças chamadas de zoonoses. Raiva, leptospirose, leishmaniose e toxoplasmose são exemplos de zoonoses clássicas. Algumas outras doenças infecciosas, apesar de tradicionalmente não serem reconhecidas como zoonoses, como a AIDS e a COVID-19, apresentam origem zoonótica. De fato, estas doenças surgiram em populações animais e atualmente afetam basicamente humanos. O meio ambiente (solo, alimentos, entre outros componentes ambientais) também pode abrigar patógenos com capacidade de causar doenças em humanos, como os geo-helmintos e o vírus da hepatite E. Alterações ambientais derivadas da atividade humana (por exemplo: desmatamento, mudanças climáticas, poluição, urbanização desordenada) modificam a distribuição, diversidade e abundância de mosquitos e outros animais vetores de diferentes patógenos, consequentemente afetando o risco de doenças como dengue, zika, doença de Chagas, entre muitas outras. Os exemplos citados anteriormente demonstram que as condições de “saúde” do meio ambiente, das populações humanas e dos animais estão fortemente conectadas. O conceito de Saúde Única (One Health) unifica as conexões entre a tríade “humanos, animais e ambiente”. Este artigo descreve aspectos básicos do conceito de Saúde Única e traz uma série de exemplos de doenças provocadas por desequilíbrios entre a saúde humana, animal e ambiental. O artigo também discute como a Saúde Única pode ser usada para entender, prevenir e controlar o complexo conjunto de doenças infecciosas e parasitárias (patocenose) observado atualmente nas populações humanas. Many pathogens, including viruses, bacteria, fungi and parasites, can be transmitted between animals and humans, causing diseases called zoonoses. Rabies, leptospirosis, leishmaniasis and toxoplasmosis are examples of classic zoonoses. Some other infectious diseases, although traditionally not recognized as zoonoses, such as AIDS and COVID-19, have a zoonotic origin. Indeed, such diseases emerged in animal populations but currently primarily affect humans. The environment (soil, food, among other environmental components) can also harbor pathogens capable of causing diseases in humans, such as soil-transmitted helminths and the hepatitis E virus. Environmental changes derived from human activities (for example, deforestation, climate change, pollution, unplanned urbanization) modify the distribution, diversity and abundance of mosquitoes and other animals which act as vectors of various pathogens, consequently affecting the risk of diseases such as dengue, zika, and Chagas disease. The examples cited above demonstrate that the “health” conditions of the environment, human populations and animals are strongly connected. The One Health concept unifies the connections between the triad “humans, animals and environment”. This article describes basic aspects of the One Health concept and shows a variety of examples of diseases caused by imbalances between human, animal and environmental health. This article also discusses how One Health can be used to understand, prevent and control the complex set of infectious and parasitic diseases (pathocenosis) currently observed in human populations

    Geo-helmintíases no Rio Grande do Sul: uma análise a partir da perspectiva de Saúde Única

    Get PDF
    Os helmintos intestinais Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e os ancilostomídeos Ancylostoma duodenale e Necator americanus apresentam importante relevância em termos de saúde pública no Brasil, sendo associados com deficiências nutricionais, problemas gastrointestinais e déficits no desenvolvimento infantil. Essas espécies são conhecidas conjuntamente como geo-helmintos, pois o solo (geo) exerce papel importante na transmissão e no desenvolvimento desses parasitas. A contaminação ambiental por ovos e larvas de geo-helmintos é particularmente comum em áreas com problemas de distribuição de água potável e no tratamento de esgoto. Humanos infectados por A. lumbricoides, T. trichiura e ancilostomídeos podem liberar uma grande quantidade de ovos dos parasitas nas fezes, facilitando a contaminação ambiental. Outros geo-helmintos, como Toxocara canis, Toxocara cati e A. caninum, possuem animais domésticos como hospedeiros definitivos e a contaminação ambiental por fezes de cães e gatos facilita a ocorrência de zoonoses, como a larva migrans. As geo-helmintíases são endêmicas no Brasil, mas as informações sobre geo-helmintos no estado do Rio Grande do Sul são escassas e geralmente estão descritas na literatura de forma fragmentada. Dessa forma, este artigo revisa, integra e discute dados e informações sobre geo-helmintos no Rio Grande do Sul, com base em estudos realizados com amostras humanas, animais e ambientais, em uma estratégia alinhada à perspectiva de Saúde Única. Os potenciais impactos das alterações ambientais observadas no Rio Grande do Sul sobre a ocorrência das geo-helmintíases também são abordados neste artigo. The intestinal helminths Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura and the hookworms Ancylostoma duodenale and Necator americanus have strong public health relevance in Brazil, being associated with nutritional deficiencies, gastrointestinal problems and deficits in child development. These species are collectively known as soil-transmitted helminths, as the soil plays an important role in the transmission and development of these parasites. Environmental contamination by soil-transmitted helminth eggs and larvae is particularly common in areas with problems in potable water distribution and/or in sewage treatment systems. Humans infected with A. lumbricoides, T. trichiura and hookworms can release a large amount of parasite eggs in their feces, facilitating environmental contamination. Other soil-transmitted helminths, such as Toxocara canis, Toxocara cati and A. caninum, have domestic animals as definitive hosts. Therefore, environmental contamination by feces of dogs and cats facilitates the occurrence of zoonoses, such as larva migrans. Soil-transmitted helminth infections are endemic in Brazil, but information on soil-transmitted helminths in the Rio Grande do Sul State is scarce and is usually described in the literature in a fragmented way. Thus, this article reviews, integrates and discusses data and information on soil-transmitted helminths in the Rio Grande do Sul, based on studies carried out with human, animal and environmental samples, in a strategy aligned with the One Health perspective. The potential impacts of environmental changes observed in the Rio Grande do Sul on the occurrence of soil-transmitted helminths are also addressed in this article

    Vírus: o que são, de onde vêm e para onde “vamos”? A COVID-19 como exemplo para entender o mundo dos vírus

    Get PDF
    As discussões relacionadas a vírus e infecções virais são cada vez mais comuns e populares, principalmente considerando o cenário atual da pandemia da COVID-19. No entanto, será que sabemos mesmo o que são os vírus? Apesar de ouvirmos extensivamente sobre doenças relacionadas a infecções virais, não podemos resumir esse vasto grupo a “causadores de doença”. E ainda, mesmo nesse contexto, como explicar que tais partículas possam ocasionar um tão amplo leque de situações, incluindo uma ampla diversidade de processos patológicos? Para respondermos a essas perguntas, no presente trabalho realizamos uma revisão bibliográfica sobre o tema, para desmistificar e tornar as discussões acerca dos vírus mais completa e acessível. Aqui, iremos conversar sobre a origem dos vírus, as estruturas e modos de replicação viral, retomar o antigo debate a respeito do status de vivo ou não vivo de um vírus, e, ainda, trazer como exemplo para tais discussões aspectos interessantes sobre o SARS-CoV-2 e a COVID-19. Discussions related to viruses and viral infections are increasingly common and popular, especially considering the current scenario of the COVID-19 pandemic. However, do we really know what viruses are? Although we hear extensively about illness related to viral infections, we cannot consider this vast group only as “disease-causing”. Yet, even in this context, do we really understand how it is possible that such particles can cause a so wide range of pathological processes? To answer these questions, we present a bibliographic review on the subject, in an attempt to demystify and make discussions about viruses completer and more accessible. We will discuss the origin of viruses, the structure and modes of viral replication, revisit the old debate about the status of living or non-living of a virus, and bring as an example to such discussion interesting aspects about the SARS-CoV-2 and COVID-19

    Nutritional aspects and lifestyle related to depressive symptoms: a case-control study

    Get PDF
    Depression is a mental condition that affects more than 322 million people worldwide. The nutritional status of individuals diagnosed with depression may change. Individuals with depression may experience changes in eating habits and weight changes. The main objective of this study is to relate the nutritional aspect and lifestyle of depressive patients with the symptoms presented. Through a case-control study, nutritional status, depressive symptoms with the Beck II Inventory, physical activity, tobacco and alcohol consumption, and family history were investigated. The sample consisted of 389 individuals (217 depressive and 172 controls) with a mean age of 45.6±15.6 years (range 16 to 83 years), most of them female (78.1%). In the results obtained, most patients with depression had severe symptoms of depression. Depression was associated with a higher body mass index (BMI) and obesity. Patients with depression were less likely to consume alcohol but more likely to smoke. It is concluded that individuals with depression have a higher prevalence of overweight, smoking, family history of depression and use of medications. A multidisciplinary approach is critical for treating depression and improving patients' quality of life

    Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2011 – Muito além de perguntas para as respostas imunológicas

    Get PDF
    É comum definir o “Sistema Imunológico” como sendo o conjunto de células e mecanismos responsáveis pela diferenciação entre componentes próprios vs. não-próprios e pela defesa de nosso organismo contra patógenos. Apesar desta visão ser geralmente aceita, ela nos conta apenas uma parte da história. Compondo o organismo de um único ser humano encontramos em torno de 1013 células humanas às quais somam-se aproximadamente 1014 células de bactérias, fungos e protozoários de milhares de espécies distintas. Essa situação leva ao estranho paradoxo que determina nosso organismo como contendo dez vezes mais células não humanas do que o total de células humanas... Assim, pode-se considerar um ser humano como um complexo ecossistema, onde interações entre os diferentes componentes são essenciais para o bom funcionamento do mesmo e onde o limite entre próprio/não-próprio é bastante tênue.  Além disso, nossas células não são idênticas, cada tipo celular humano caracteriza-se não apenas por morfologia e função específicas, mas também pela presença de antígenos distintos em sua superfície. Como pode então nosso organismo decidir entre tolerância e resposta imunológica

    Saúde Única (One Health): uma abordagem para entender, prevenir e controlar as doenças infecciosas e parasitárias

    Get PDF
    Muitos patógenos, incluindo vírus, bactérias, fungos e parasitas, podem ser transmitidos entre animais e humanos, causando doenças chamadas de zoonoses. Raiva, leptospirose, leishmaniose e toxoplasmose são exemplos de zoonoses clássicas. Algumas outras doenças infecciosas, apesar de tradicionalmente não serem reconhecidas como zoonoses, como a AIDS e a COVID-19, apresentam origem zoonótica. De fato, estas doenças surgiram em populações animais e atualmente afetam basicamente humanos. O meio ambiente (solo, alimentos, entre outros componentes ambientais) também pode abrigar patógenos com capacidade de causar doenças em humanos, como os geo-helmintos e o vírus da hepatite E. Alterações ambientais derivadas da atividade humana (por exemplo: desmatamento, mudanças climáticas, poluição, urbanização desordenada) modificam a distribuição, diversidade e abundância de mosquitos e outros animais vetores de diferentes patógenos, consequentemente afetando o risco de doenças como dengue, zika, doença de Chagas, entre muitas outras. Os exemplos citados anteriormente demonstram que as condições de “saúde” do meio ambiente, das populações humanas e dos animais estão fortemente conectadas. O conceito de Saúde Única (One Health) unifica as conexões entre a tríade “humanos, animais e ambiente”. Este artigo descreve aspectos básicos do conceito de Saúde Única e traz uma série de exemplos de doenças provocadas por desequilíbrios entre a saúde humana, animal e ambiental. O artigo também discute como a Saúde Única pode ser usada para entender, prevenir e controlar o complexo conjunto de doenças infecciosas e parasitárias (patocenose) observado atualmente nas populações humanas. Many pathogens, including viruses, bacteria, fungi and parasites, can be transmitted between animals and humans, causing diseases called zoonoses. Rabies, leptospirosis, leishmaniasis and toxoplasmosis are examples of classic zoonoses. Some other infectious diseases, although traditionally not recognized as zoonoses, such as AIDS and COVID-19, have a zoonotic origin. Indeed, such diseases emerged in animal populations but currently primarily affect humans. The environment (soil, food, among other environmental components) can also harbor pathogens capable of causing diseases in humans, such as soil-transmitted helminths and the hepatitis E virus. Environmental changes derived from human activities (for example, deforestation, climate change, pollution, unplanned urbanization) modify the distribution, diversity and abundance of mosquitoes and other animals which act as vectors of various pathogens, consequently affecting the risk of diseases such as dengue, zika, and Chagas disease. The examples cited above demonstrate that the “health” conditions of the environment, human populations and animals are strongly connected. The One Health concept unifies the connections between the triad “humans, animals and environment”. This article describes basic aspects of the One Health concept and shows a variety of examples of diseases caused by imbalances between human, animal and environmental health. This article also discusses how One Health can be used to understand, prevent and control the complex set of infectious and parasitic diseases (pathocenosis) currently observed in human populations

    Brazil's heavy metal pollution harms humans and ecosystems

    No full text
    This letter draws attention to the worrying situation of heavy metal pollution in Brazil, especially concerning the Amazon's Indigenous peoples affected by mercury contamination from illegal gold mining activities. Heavy metal pollution is also an emerging problem in other Brazilian biomes besides the Amazon Forest (e.g., Pampa biome in southern Brazil), as well as in coastal ecosystems/regions and large cities. Despite being a neglected problem, Brazil's heavy metal pollution causes significant detrimental impacts on human health and ecosystems. Finally, some alternatives to overcome this problem are suggested
    corecore