Mulheres Militares em Portugal (1992-1998). Políticas, Processos e Protagonistas

Passados quase dez anos sobre o início da incorporação militar feminina em Portugal, propõe-se neste artigo uma análise do desenvolvimento do processo em torno dos contextos político-institucionais que foram configurando a presença de mulheres nas Forças Armadas. Começa por rever-se os factores que estiveram na origem desta decisão, bem como o conjunto de reacções e posicionamentos inicialmente assumidos por diversos sectores da sociedade portuguesa, para de seguida se passar a uma análise das políticas adoptadas no seio da instituição militar relativamente aos novos membros. Neste âmbito, apresentam-se dados relativos à evolução do contingente feminino bem como outros indicadores sobre a situação e localização institucional das mulheres militares. Finalmente, com referência ao conhecimento da experiência de outros países, são equacionadas algumas das questões e problemas que se apresentam como determinantes para o futuro

Diversidade Social nas Forças Armadas: Género e Orientação Sexual em Perspectiva Comparada

A composição social das forças militares nas sociedades ocidentais tem vindo a caracterizar- se por uma crescente heterogeneidade. Esta situação veio conferir uma importância crescente ao problema da gestão da diversidade socio-cultural no âmbito das políticas organizativas. Neste artigo abordam-se dois casos particulares desta problemática: orientação sexual e género. Após rever o lugar que diferentes modelos de análise da mudança nas Forças Armadas conferem a ambas as variáveis, propõe-se uma análise da discussão teórica e informações disponíveis relativamente à integração de homossexuais nas Forças Armadas. Em seguida, aborda- se, com maior desenvolvimento, a questão da diversidade de género, propondo-se, com base em dados empíricos originais, um índice destinado a medir e comparar os países da NATO em termos do nível de integração de género atingido pelas respectivas Forças Armadas. As conclusões apontam para a necessidade de pensar a questão da gestão da diversidade social em articulação com o problema da eficácia organizativa, e não em oposição, como tem sido a tendência dos debates sobre o tema

Igualdade de oportunidades nas Forças Armadas. O papel das políticas de integração de género

En este artículo se discute el impacto de políticas organizacionales sobre la construcción de igualdad de oportunidades e integración de género en las Fuerzas Armadas. Después de una presentación de datos empíricos que permiten la caracterización global de los factores condicionantes y de la situación de las mujeres militares en las democracias occidentales, se analiza el papel de las políticas organizacionales en la promoción de la igualdad de oportunidades e integración de género en las Fuerzas Armadas. Se concluye que no siempre políticas destinadas a promover la igualdad formal tendrán idénticos efectos en términos de integración social y que las políticas parecen ser condición necesaria pero no suficiente para asegurar mayores niveles de equidad entre sexos en el universo milita

Género, confl itos e segurança internacional: agendas políticas e processos sociais

Esta comunicação propõe uma análise sobre a dimensão de género nos discursos e práticas da segurança internacional, questionando, em particular, a emergência de um suposto novo ‘regime de género’ nas missões internacionais de paz. Num primeiro momento procede-se a uma revisão do conjunto de políticas defi nidas ao nível de organizações internacionais como a NATO ou a ONU relativamente ao envolvimento de mulheres como actores relevantes no plano da segurança internacional. De seguida, escrutina-se a forma como tais políticas têm vindo a concretizar-se, tanto no âmbito da participação de mulheres em forças militares como no da sua presença em operações de estabilização e manutenção de paz. Com base em informação proveniente de uma variedade de pesquisas empíricas conduzidas nas últimas décadas sobre o envolvimento de mulheres neste tipo de operações, contrapõese essa dimensão normativa à das práticas e discursos que lhe vão correspondendo, salientando tanto os elementos de novidade como um conjunto de contradições e paradoxos que poderão limitar o potencial transformador das agendas políticas em análise

Género e violência armada

A relação entre género e violência armada constitui um campo de análise controverso, marcado pela persistência de associações profundas e complexas entre masculinidade e feminilidade por um lado, e as dinâmicas da guerra e da paz, por outro. Existe, contudo, uma notável consistência e estabilidade transcultural dos papéis de género na sua relação com a guerra e a paz. Historicamente, na maior parte das sociedades humanas, os homens ocuparam-se das tarefas guerreiras enquanto as mulheres assumiram dominantemente o papel de cuidadoras. Apenas em circunstâncias excecionais elas assumiram papeis combatentes, e, por regra, quando isso aconteceu, o final dos conflitos trouxe consigo a reposição da tradicional ordem de género e uma amnésia seletiva relativamente ao envolvimento feminino. Este texto lança um olhar histórico e transversal sobre a dimensão de género nos conflitos armados, procurando identificar momentos de transi- ção e caraterizar as mudanças ocorridas no Congo no último século

Cadetes en las academias militares portuguesas: un retrato sociológico

The aim of this article is to revisit the question of the social origins of the armed forces officer corps, using data drawn from a survey to all cadets following military training at the three Portuguese service academies in 2016. It puts forward the question of whether the sociological characteristics of the future military elite reveal a pattern of convergence with society or depart from it, in terms of geographical origins, gender and social origins. The article offers a sociological portrait of the cadets and compares it with previous studies, identifying trends of change and continuity. The results show that there is a diversified and convergent recruitment pattern: cadets are coming from a greater variety of regions in the country than in the past; there is a still an asymmetric but improving gender balance; self-recruitment patterns are rather stable, and there is a segmented social origin pointing to the dominance of the more qualified and affluent social classes. In the conclusion questions are raised regarding future civil-military convergence patterns as well as possible growing differences between ranks.O objetivo do presente artigo é revisitar a questão das origens sociais do corpo de oficiais das Forças Armadas, utilizando dados de um inquérito aplicado a todos os cadetes que frequentavam os cursos das escolas superiores militares, em 2016. Coloca-se a questão de saber se as características sociológicas das futuras elites militares revelam um padrão de convergência com a sociedade ou se dela se afastam, em termos de origens geográficas, género e origens sociais. O artigo apresenta um retrato sociológico dos cadetes e compara-o com estudos anteriores, identificando tendências de mudança e continuidade. Os resultados demonstram que existe diversidade e convergência no padrão de recrutamento: os cadetes são oriundos de uma maior variedade de regiões do país relativamente ao passado; persistem assimetrias de género, mas que têm vindo a diluir-se; os padrões de autorrecrutamento são estáveis; e subsiste uma segmentação na origem social que aponta para a dominância das classes sociais mais qualificadas e com maiores recursos. Na conclusão são levantadas questões sobre os padrões de convergência civil-militar, bem como sobre o possível aumento das diferenças entre categorias no interior das forças militares.L’objectif de cet article est de réexaminer la question des origines sociales du corps des officiers des forces armées, en utilisant les données d’une enquête auprès de tous les cadets suivant une formation militaire dans les trois académies de service portugaises en 2016. La question se pose de savoir si les caractéristiques sociologiques des futures élites militaires révèlent un modèle de convergence avec la société, ou si elles s’en écartent en termes d’origines géographiques, de genre et d’origine sociale. L’article présente un portrait sociologique des cadets et le compare avec des études antérieures, identifiant des tendances de changement et de continuité. Les résultats montrent qu’il existe une diversité et une convergence dans la structure du recrutement: les cadets proviennent d’une plus grande variété de régions du pays que par le passé; les asymétries entre les sexes persistent mais ont été diluées; les standards d’auto-recrutement sont stables; et il existe une segmentation de l’origine sociale qui indique la domination des classes sociales les plus qualifiées et mieux pourvues de ressources. Dans la conclusion, des questions sont soulevées sur les modèles de convergence civilo-militaire, ainsi que l’accroissement possible des différences entre les catégories au sein de l’armée.El objetivo del presente artículo es el de revisar la cuestión de los orígenes sociales del cuerpo de oficiales de las Fuerzas Armadas, utilizando datos de una encuesta aplicada a todos los cadetes que frecuentaban los cursos de las escuelas superiores militares, en 2016. Se plantea la cuestión de si las características sociológicas de las futuras élites militares revelan un patrón de convergencia con la sociedad o si de ella se alejan, en términos de orígenes geográficos, género y orígenes sociales. El artículo presenta un retrato sociológico de los cadetes y lo compara con estudios anteriores, identificando tendencias de cambio y continuidad. Los resultados demuestran que existe diversidad y convergencia en el patrón de reclutamiento: los cadetes provienen de una mayor variedad de regiones del país con respecto al pasado; persisten asimetrías de género pero que se han diluido; los patrones de autorecrutamiento son estables; y subsiste una segmentación en el origen social que apunta a la dominación de las clases sociales más cualificadas y con mayores recursos. En la conclusión se plantean cuestiones sobre los patrones de convergencia civil-militar, así como sobre el posible aumento de las diferencias entre categorías dentro de las fuerzas militares

Cadets in portuguese military academies: a sociological portrait

The aim of this article is to revisit the question of the social origins of the armed forces officer corps, using data drawn from a survey to all cadets following military training at the three Portuguese service academies in 2016. It puts forward the question of whether the sociological characteristics of the future military elite reveal a pattern of convergence with society or depart from it, in terms of geographical origins, gender and social origins. The article offers a sociological portrait of the cadets and compares it with previous studies, identifying trends of change and continuity. The results show that there is a diversified and convergent recruitment pattern: cadets are coming from a greater variety of regions in the country than in the past; there is a still an asymmetric but improving gender balance; self-recruitment patterns are rather stable, and there is a segmented social origin pointing to the dominance of the more qualified and affluent social classes. In the conclusion questions are raised regarding future civil-military convergence patterns as well as possible growing differences between ranks.O objetivo do presente artigo é revisitar a questão das origens sociais do corpo de oficiais das Forças Armadas, utilizando dados de um inquérito aplicado a todos os cadetes que frequentavam os cursos das escolas superiores militares, em 2016. Coloca-se a questão de saber se as características sociológicas das futuras elites militares revelam um padrão de convergência com a sociedade ou se dela se afastam, em termos de origens geográficas, género e origens sociais. O artigo apresenta um retrato sociológico dos cadetes e compara-o com estudos anteriores, identificando tendências de mudança e continuidade. Os resultados demonstram que existe diversidade e convergência no padrão de recrutamento: os cadetes são oriundos de uma maior variedade de regiões do país relativamente ao passado; persistem assimetrias de género, mas que têm vindo a diluir-se; os padrões de autorrecrutamento são estáveis; e subsiste uma segmentação na origem social que aponta para a dominância das classes sociais mais qualificadas e com maiores recursos. Na conclusão são levantadas questões sobre os padrões de convergência civil-militar, bem como sobre o possível aumento das diferenças entre categorias no interior das forças militares.L’objectif de cet article est de réexaminer la question des origines sociales du corps des officiers des forces armées, en utilisant les données d’une enquête auprès de tous les cadets suivant une formation militaire dans les trois académies de service portugaises en 2016. La question se pose de savoir si les caractéristiques sociologiques des futures élites militaires révèlent un modèle de convergence avec la société, ou si elles s’en écartent en termes d’origines géographiques, de genre et d’origine sociale. L’article présente un portrait sociologique des cadets et le compare avec des études antérieures, identifiant des tendances de changement et de continuité. Les résultats montrent qu’il existe une diversité et une convergence dans la structure du recrutement: les cadets proviennent d’une plus grande variété de régions du pays que par le passé; les asymétries entre les sexes persistent mais ont été diluées; les standards d’auto-recrutement sont stables; et il existe une segmentation de l’origine sociale qui indique la domination des classes sociales les plus qualifiées et mieux pourvues de ressources. Dans la conclusion, des questions sont soulevées sur les modèles de convergence civilo-militaire, ainsi que l’accroissement possible des différences entre les catégories au sein de l’armée.El objetivo del presente artículo es el de revisar la cuestión de los orígenes sociales del cuerpo de oficiales de las Fuerzas Armadas, utilizando datos de una encuesta aplicada a todos los cadetes que frecuentaban los cursos de las escuelas superiores militares, en 2016. Se plantea la cuestión de si las características sociológicas de las futuras élites militares revelan un patrón de convergencia con la sociedad o si de ella se alejan, en términos de orígenes geográficos, género y orígenes sociales. El artículo presenta un retrato sociológico de los cadetes y lo compara con estudios anteriores, identificando tendencias de cambio y continuidad. Los resultados demuestran que existe diversidad y convergencia en el patrón de reclutamiento: los cadetes provienen de una mayor variedad de regiones del país con respecto al pasado; persisten asimetrías de género pero que se han diluido; los patrones de autorecrutamiento son estables; y subsiste una segmentación en el origen social que apunta a la dominación de las clases sociales más cualificadas y con mayores recursos. En la conclusión se plantean cuestiones sobre los patrones de convergencia civil-militar, así como sobre el posible aumento de las diferencias entre categorías dentro de las fuerzas militares

As relações transatlânticas em tempos de Covid-19: o reset transatlântico precisa-se!

A tendência para o agravamento de tensões pré-existentes no relacionamento transatlântico é reconhecida pelos vários autores deste IDN Brief como uma das consequências desta pandemia. Os textos aqui reunidos analisam a expressão e implicações do distanciamento entre aliados nas dinâmicas da cooperação entre a UE e os EUA, na liderança global dos EUA e no papel da NATO. Existirá um fosso intransponível no relacionamento transatlântico? Ou será possível reverter a deterioração e fazer um reset aos termos desta relação?info:eu-repo/semantics/publishedVersio

A pandemia e as questões de segurança e defesa

Neste IDN Brief questionámos diversos especialistas sobre o possível impacto da pandemia nas dinâmicas da Defesa Europeia. Num momento em que se encontram em curso diversas iniciativas visando o seu desenvolvimento, em que medida vem esta crise alterar os dados do jogo? Abrirá oportunidades, imporá constrangimentos ou questionará fatalmente alguns dos objetivos da nova agenda da Defesa Europeia? Os contributos aqui reunidos proporcionam reflexões sobre temas tão relevantes como o impacto da pandemia nas missões europeias em curso, o peso relativo da questão orçamental e o Fundo Europeu de Defesa, o empenhamento político dos Estados, a relação da Europa com outros parceiros face a conceitos como o de autonomia estratégica, ou a viabilidade de escolhas a fazer e caminhos a prosseguir.info:eu-repo/semantics/publishedVersio