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    O vir-a-ser “Medalhão”: estratégias e perspectivas de ação para o prestígio social pelo olhar machadiano

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    Anais e artigos do 28º Fórum Acadêmico de Letras, realizado nos dias 23 a 25 de agosto de 2017 na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) com tema: A pesquisa nos cursos de letras em contexto de línguas e culturas em contato.O objeto da presente pesquisa, o conto Teoria do medalhão (publicado em 1882), faz parte da imensa galeria de gêneros com os quais Machado de Assis trabalhou artisticamente, ao longo de 53 anos de percurso ininterruptos de produção literária. Visa-se explorar as relações entre literatura e sociedade a partir da análise do conto em questão, tendo como eixo teórico a posição metodológica de análise literária de Candido (1993). Trata-se da preposição de que os elementos históricos da sociedade são formalizados esteticamente, para assim criar uma estrutura narrativa na qual as implicações sociais não são estudadas como aspectos exteriores a obra, pois esta alcança autonomia própria e, assim, os elementos históricos só poderiam ser compreendidos na imanência da estrutura narrativa. À vista disso, infere-se que o conto Teoria do medalhão se organiza esteticamente a partir de dois elementos da vida social, política e econômica que caracterizam o cenário brasileiro no século XIX, a saber: o Patrimonialismo (FAORO, 1984) e a figura do Bacharel (FAORO, 1984; ADORNO, 1988). Acredita-se que a relevância de tal análise consiste no fato da obra expor que é necessário o estreitamento da consciência crítica daquele que pretende galgar na sociedade o prestígio social e, com isso, ser um medalhã

    FORMA LITERÁRIA E PROCESSO HISTÓRICO-SOCIAL EM MACHADO DE ASSIS: ASPECTOS DA CULTURA POLÍTICA PATRIMONIALISTA EM “TEORIA DO MEDALHÃO” (1882)

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    Tematiza-se a dialética entre forma literária e processo histórico-social, buscando atualizar o debate sobre a importância política da produção literária do escritor Machado de Assis (1839-1908), com relação a cultura política patrimonialista do II Reinado (1840-1889). Procurou-se, assim, construir uma análise do conto Teoria do medalhão com base nas reflexões analíticas de Antonio Candido (1918-2017), especialmente no que se refere ao processo a que ele denominou de redução estrutural, o qual Schwarz (2009) e Waizbort (2007) consideram como elemento medular em seu posicionamento metodológico. Sendo assim, ao concordarmos com Candido (2010 [1965]) que na interpretação o processo histórico-social importa “não como causa, nem como significação, mas como elemento que desempenha um certo papel na constituição da estrutura” (Candido 2010, 18), a nossa  hipótese de leitura é de que a coerência interna da narrativa do conto “Teoria do medalhão” é constituída a partir da redução estrutural do Estado patrimonialista e do estamento-burocrático, fenômenos descritos e analisados pelo jurista Raymundo Faoro (1925-2003) no livro “Os Donos do Poder” (1984)

    A EXPERIÊNCIA DO SAGRADO E O ISOLAMENTO EXISTENCIAL NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

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    Procurou-se construir no presente artigo uma análise sobre a experiência do sagrado a partir estudos do filósofo e historiador das religiões Mircea Eliade (1907-1986), em intersecção às reflexões analíticas de Peter Berger (1929-2017) e Roger Scruton (1944 -), respectivamente, na área de Sociologia do Conhecimento e Fenomenologia. Parte-se do pressuposto de que o fenômeno religioso constitui, essencialmente, em uma experiência do sagrado, a qual permite ao indivíduo inferir um sentido plausível à sua existência. A perda da credibilidade da religião e o consequente declínio do cosmos sagrado e a secularização das instituições não significou, entretanto, o abandono do sagrado. No século XIX e XX, a experiência do sagrado voltou-se sobretudo às ideologias políticas. Desenvolve-se, assim, uma investigação que considera a experiência do sagrado como uma função antropológica básica, com vistas a discutir se na cultura da sociedade contemporânea os indivíduos possuem modos de absorver no próprio ser experiências sagradas. Visou-se, posteriormente, compreender as consequências éticas quando os indivíduos vivem uma existência sem possuir nenhuma experiência sagrada, considerando que tal possibilidade acarretaria, além de um profundo sentimento de angústia, na dificuldade dos indivíduos formarem o senso de responsabilidade interpessoal

    A FALTA DE LIMITES ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO: AS CARACTERÍSTICAS DO PATRIMONIALISMO NO II REINADO NOS CONTOS “TEORIA DO MEDALHÃO” (1882) E “FULANO” (1884), DE MACHADO DE ASSIS

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    Trata-se aqui de demonstrar resultados de uma pesquisa que procura examinar como a produção literária do escritor Machado de Assis (1839-1908) expõe e problematiza a cultura política patrimonialista do II Reinado (1840-1889), tendo como corpus para análise os contos Teoria do medalhão (1882) e Fulano (1884). Ambos são narrativas muito significativas sob o ângulo da pretensão individual de galgar na sociedade o prestígio sociopolítico, por isso partimos do pressuposto de que o universo imaginário dos contos em questão possui uma organicidade, com visões de mundo que apontam para horizontes análogos. A nossa hipótese de leitura é de que a coerência interna das narrativas dos dois contos é constituída a partir da redução estrutural do Estado patrimonialista e do estamento-burocrático, fenômenos descritos e analisados pelo jurista Raymundo Faoro (1925-2003) no livro Os donos do poder. Ao longo da construção da análise, percebe-se como ambos os contos problematizam um estilo político em que o poder é arbitrário, originado por uma tradição que trata a coisa pública como privada, dificultando boas relações a nível entre Estado e Sociedade. Nessa perspectiva do nosso propósito, nos deparamos com a dimensão da cultura política das elites do II Reinado brasileiro, que se caracteriza pela predominância das relações familiares e as práticas de patronagem que se formam ao seu redor, perpetuando-se sob a base estrutural do Estado patrimonial.PALAVRAS-CHAVE: Literatura Brasileira. Machado de Assis. Patrimonialismo no II Reinado. Estamento. Público e privado.DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v7i2.168

    ALBERT CAMUS, ESTADO DE EXCEÇÃO E O ESPETÁCULO BÁRBARO DA ANOMIA JURÍDICA: FORMALIZAÇÃO ESTÉTICA DIANTE DO PROCESSO HISTÓRICO-SOCIAL NAZIFASCISTA

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    Procurou-se neste artigo refletir e explicitar as relações existentes entre literatura e política no que concerne a peça Estado de sítio, de Albert Camus (1913-1960). Lançada em 1948, no fim do contexto histórico-social denominado por Hobsbaw (1995) como a “era da catástrofe”, a peça tematiza uma pandemia que assola a cidade litorânea de Cádiz, a fim de realizar uma alegoria acerca das atrocidades ideológicas da ambição totalitária nazifascista de regimes de direita e extrema-direita que progressivamente se consolidaram na Europa a partir da década de 1920. A abordagem propõe, assim, a hipótese de que há na peça Estado de sítio uma formalização estética de mecanismos de ordenamento jurídico-políticos próprios ao Estado de exceção (AGAMBEN, 2004), que leva os personagens a um estado de anomia a partir da violência sistêmico-simbólica (ŽIŽEK, 2014). DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v9i4.248

    DIALÉTICA ENTRE FINITUDE E AUTENTICIDADE NA TRAJETÓRIA BIOGRÁFICA DE IVAN ILITCH: UMA PROPOSTA DE LEITURA DA NOVELA 'A MORTE DE IVAN ILITCH', DE LIEV TOLSTÓI, A PARTIR DA ANALÍTICA ONTOLÓGICA HEIDEGGERIANA

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    O artigo propõe uma hipótese de leitura da narrativa “A morte de Ivan Ilitch” (1886), do escritor russo Liev Tolstói (1828-1910), a partir da analítica ontológica heideggeriana. Com base, especialmente, na categoria ser-para-a-morte, exposta na obra Ser e Tempo (1927), focaliza-se a trajetória problemática da biografia de Ivan Ilitch, com o objetivo de demonstrar que o discurso narrativo desta novela encontra-se sobredeterminado pelas instâncias discursivas da finitude e autenticidade, que se articulam de maneira orgânica e formam um esquema estético reflexivo sobre a consciência da finitude representar ao sujeito o enriquecimento axiológico de seu processo existencial. Diante dessa análise hermenêutico-fenomenológica, a abordagem da biografia do personagem Ivan Ilitch, como sujeito que morreu sem lograr uma singularidade autêntica, permitiu-nos discorrer acerca da vulnerabilidade do sentido da existência e a negação da finitude na cultura contemporânea.DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v8i2.204

    “Em troca de um salário que era pouco mais do que nada”: violência sistêmico-simbólica e precarização do trabalho em “Passageiro do fim do dia”, de Rubens Figueiredo

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    The article proposes a hypothesis of reading the narrative Passageiro do Fim do Dia, by Rubens Figueiredo, articulating the taxonomy of violence manifestations established by the philosopher Slavoj Žižek with the understanding that financial capital has become the hegemonic fraction of contemporary capitalist accumulation dynamic, aiming to investigate and explain how the artistic procedures of the narrative aesthetically formalize the historical-social process of the productive restructuring of capital in contemporary Brazilian socioeconomic dynamics, with regard to the precarization of work. In this way, the character Rosane is focused, demonstrating that the systemic-symbolic violence present in the narrative is characterized by the implications of precarious work and the fetish of the merchandise caused by the current logic of financial capital.O artigo propõe uma hipótese de leitura da narrativa Passageiro do Fim do Dia, do escritor Rubens Figueiredo, articulando a taxonomia de manifestações de violência estabelecida pelo filósofo Slavoj Žižek com a compreensão de que o capital financeiro tornou-se fração hegemônica da dinâmica de acumulação capitalista contemporânea, tendo como propósito investigar e explicitar como os procedimentos artísticos da narrativa formalizam esteticamente o processo histórico-social da reestruturação produtiva do capital na dinâmica socioeconômica brasileira contemporânea, no que tange à precarização do trabalho. Desse modo, focaliza-se a personagem Rosane, demonstrando que a violência sistêmico-simbólica presente na narrativa está caracterizada pelas implicações da precarização do trabalho e do fetiche da mercadoria ocasionadas pela atual lógica do capital financeiro
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