27 research outputs found
Coragem e Vergonha. Os mortos e a vingança no sertão de Pernambuco
Este artigo avança a hipótese de que os mortos no sertão de Pernambuco, por conta das implicações do esquema de vingança, importam e interferem nos funcionamentos da justiça, por conta do júri popular, mas também na administração pública da violência e da criminalidade em diversos governos estaduais de Pernambuco
FamÃlia como Grupo?: PolÃtica como agrupamento? O Sertão de Pernambuco no mundo sem solidez
I propose in this article to think about a very specific problem: how, in a municipality in Pernambuco Backlands, certain collectives make and break family, make and break political groupings. I tried also to inspect how long a certain number of people can raise certain concepts, emotions, memories and objects to themselves and others, aiming to build family and politics.Proponho neste artigo discorrer sobre um problema muito pontual: o modo como, num municÃpio do Sertão de Pernambuco, certos coletivos fazem e desfazem famÃlia, fazem e desfazem agrupamentos polÃticos. Tentei ainda inspecionar o modo como um determinado número extenso de pessoas é capaz de mobilizar certos conceitos, emoções, memórias e objetos para si mesmas e para os outros, visando fazer famÃlia e fazer polÃtica
Os vivos, os mortos e a polÃtica no sertão de Pernambuco
Pretendo mostrar neste artigo alguns modos pelos quais os mortos são chamados a interferir na vida e em alguns aspectos centrais da vida cotidiana em três municÃpios situados no sertão de Pernambuco. A principal contribuição desta etnografia é a de procurar demonstrar que a mnemotecnia familiar e genealógica, os mortos, a polÃtica e a famÃlia são capazes de estabelecer história polÃtica e municipal e criar uma forma-Estado especÃfica.Through an analysis of ethnography from three municipalities situated in the sertão of Pernambuco, the article explores some of the ways in which the dead are called to intervene in the quotidian activities of the living. The article seeks to demonstrate how histories of municipal politics are established and sedimented through familiar mnemonics and genealogical narratives, leading to the creation of unique state-forms
Ordem pública e segurança individual
Este livro pretende mostrar, com base em material de arquivo cuja circunscrição histórica é a Primeira República, os modos de combate ao banditismo do sertão de Pernambuco. Demonstra o modo como as reflexões de polÃticos, juristas e policiais alocaram o sertão como uma região caracterizada pelo atraso, pela ignorância e que deveria ter como alvo um projeto simultaneamente civilizatório e repressivo. Além disso, a documentação aponta diferentes ações e preocupações polÃticas e policiais segundo uma clivagem essencial para a época: a ordem pública e a segurança individual
A dÃvida e a diferença. Reflexões a respeito da reciprocidade
The goal of this article is to propose alternative reflections to the notion of "gift" as an anthropological concept, free of the qualities of equivalence, homeostasis, dialectics, and acknowledgment. As the present text suggests, these elements are essential in several interpretations of Marcel Mauss's Essai sur le Don, as well as various anthropological interpretations of the concept of reciprocity. I have approached this material through the use of concepts presented by authors such as Nietzsche in his Genealogy of Moral, and Gilles Deleuze and Felix Guattari's Anti-Oedipe, who resist subjacent hegelianism in the construction and use of gift and reciprocity referred to above.O objetivo deste artigo é propor alternativas para se pensar o dom, desprendidas das noções de equivalência, homeostase, dialética e reconhecimento; que, como sugere o presente texto, são centrais nas mais variadas leituras do Ensaio sobre o dom assim como em todos os usos que se faz da reciprocidade. Para tal, lançou-se mão dos conceitos apresentados por Nietzsche em A genealogia da moral e dos conceitos de Gilles Deleuze e Felix Guattari, autores que combatem o hegelianismo subjacente nas noções acima referidas
O ADVENTO DO ESTADO NOVO, A MORTE DE LAMPIÃO E O FIM DO CANGAÇO
A morte de Lampião e a extinção do fenômeno do cangaço estão muito menos relacionadas com o advento do Estado Novo do que é freqüentemente suposto. A afirmação é apoiada não só pela documentação da época e pelos relatos de ex-cangaceiros, mas também pela comparação dos modos de vida de Lampião no perÃodo de coexistência de cangaceirismo e Estado Novo e perÃodos anteriores (entre 1927 e 1928). Este artigo sustenta que muito mais importante do que as interferências dos estratos polÃticos superiores são, no que concerne à morte de Virgulino Ferreira da Silva, os valores socioculturais sertanejos e, no que diz respeito à extinção do cangaço, à s modificações na paisagem e na organização espacial sertaneja
O sangue e a polÃtica: sobre a produção de famÃlia nas disputas eleitorais no sertão de Pernambuco
Um dos objetivos aclamados da democracia é a purificação do governo em relação aos interesses familiares, embora esse ideal não seja alcançado em parte alguma. Com base em etnografia realizada em um municÃpio do sertão de Pernambuco, neste artigo mostramos como em certas circunstâncias famÃlia e polÃtica são sinônimos e, de forma mais geral, como parentesco e polÃtica não são concebidos como domÃnios autônomos. A partir da discussão concernente a categorias locais de famÃlia, três circunstâncias de crise são identificadas, de modo a demonstrar a inextricável articulação entre sangue e polÃtica
Duas formas de fazer justiça: a atuação em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) como mediadora de um acordo do paz no sertão pernambucano
Etnografia e aprendizagem na prática: explorando caminhos a partir do futebol no Brasil
Societas Sceleris Cangaço e formação de bandos armados no sertão de Pernambuco
No campo social que as produziu, as palavras cangaço e cangaceiro são necessariamente polissêmicas. Paradoxalmente, tanto na literatura especializada quanto na concepção dosnão especialistas no tema, aquelas palavras, em virtude das dimensões, da amplitude e da longevidade do cangaço de Lampião, tendem ao movimento inverso. Cangaço e cangaceiro passam a designar o movimento chefiado por Lampião. Apesar de a grande produção da literatura especializada no tema ter produzido alguns relatos muito completos sobre o ingresso de Lampião na vida ilegal das armas, nenhum deles o cotejou em profundidade com o meio social em que estava inserido. Assim, foi praticamente descartado o estudo sistemático das relações de parentesco e dos conflitos entre grupos familiares no Vale do Pajeú e sua indissociável mistura com as instituições estatais, impossibilitando ver em Lampião um caso entre muitos de seu tempo e compreender as relações dos grupos armados com as instituições oficiais. Proponho, verificar os modos de formação dos bandos, apontar seus componentes, as formas como se articulavam com as instituições policiais e judiciárias de sua época e como essas, em conjunção com a polÃtica eleitoral, concorriam para a produção de novos cangaceiro