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    HIV-2 immunopathology : how the immune system deals with long-lasting infection

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    Tese de doutoramento, Ciências Biomédicas (Imunologia), Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2012A infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) caracteriza-se por perda progressiva de células T CD4+, conduzindo a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) e morte, na ausência de terapêutica anti-retroviral (ART). Estima-se que, actualmente, mais de 30 milhões de pessoas vivam com VIH. Portugal apresenta uma das incidências mais elevadas de infecção VIH-1 da Europa, bem como a prevalência mais alta de VIH-2, uma infecção essencialmente confinada à África Ocidental. A infecção pelo VIH-2 caracteriza-se por uma perda muito lenta de células T CD4+, níveis indetectáveis/baixos de vírus circulante e um tempo de progressão para SIDA superior a 20 anos, traduzindo-se num impacto limitado na mortalidade da maior parte dos adultos infectados. Estas características configuram a infecção pelo VIH-2 como uma forma naturalmente atenuada de doença. Contudo, o número de células infectadas é semelhante ao encontrado na infecção pelo VIH-1, sugerindo que ambos os vírus apresentam idêntica capacidade de disseminação e estabelecimento de reservatórios. Além disso, doentes VIH-2+ e VIH-1+ com o mesmo grau de perda de células T CD4+ apresentam níveis comparáveis de hiper-activação imunitária, suportando um papel importante da activação imunitária persistente na imunopatogénese de ambas as infecções. A activação imunitária crónica é reconhecida como um melhor indicador de progressão de doença do que os níveis de vírus circulante na infecção pelo VIH, sendo o principal determinante da perda de células T CD4+. Assim, estratégias terapêuticas dirigidas à sua limitação poderão ser benéficas para controlar a infecção VIH/SIDA, contribuindo, potencialmente, para uma progressão mais lenta da doença. Contudo, os mecanismos subjacentes à activação imunitária crónica na infecção VIH permanecem por clarificar. Este trabalho baseou-se no pressuposto de que a investigação da infecção pelo VIH-2 revela estratégias usadas pelo sistema imunitário para enfrentar os desafios impostos pela infecção VIH crónica, elucidando a imunopatogénese associada ao VIH/SIDA. Na primeira parte deste trabalho foram investigadas, pela primeira vez em doentes infectados pelo VIH-2, as alterações de monócitos e células dendríticas mielóides, células do sistema imunitário inato que constituem a primeira linha de defesa contra o vírus. Na fase aguda da infecção pelo VIH, a imunidade inata desempenha um papel importante na limitação da replicação viral e na promoção do desenvolvimento de respostas imunitárias adaptativas, ao passo que, na fase crónica, pode actuar como modeladora da activação imunitária. Verificou-se uma activação dos monócitos desde as fases iniciais da infecção pelo VIH-2, mesmo na ausência de virémia, acompanhada de sobre-expressão de moléculas envolvidas em vias de limitação da activação imunitária (PD-1/PD-L1). Estes dados sugerem que, na infecção pelo VIH-2+, a via PD-1/PD-L1 poderá desempenhar um papel de limitação da activação imunitária desde as fases iniciais da doença. De acordo com esta hipótese, não se documentaram alterações nos níveis séricos de diversas citocinas e quimiocinas produzidas por monócitos nos indivíduos VIH-2+. Embora inicialmente estas alterações de monócitos não se acompanhassem de perda de células dendríticas mielóides, a progressão da doença pelo VIH-2 associou-se a uma depleção desta população, tal como observado na infecção pelo VIH-1. De notar que, nos doentes infectados pelo VIH-2, a activação monocitária e a produção de factores solúveis, bem como as alterações observadas em mDC, não se associaram a níveis de Lipopolissacarídeo (LPS) circulante. Estes dados suportam a ausência de uma contribuição significativa da translocação microbiana para a imunopatogénese da infecção pelo VIH-2, tal como reportado em populações Africanas. Na segunda parte deste trabalho prosseguiu-se à investigação do papel de moléculas envolvidas em vias inibitórias no desenvolvimento da doença VIH/SIDA, através do estudo da sua expressão em células T. Muito embora a expressão de PD-1 em células T específicas para o VIH-1 tenha sido, inicialmente, associada a exaustão celular, dados mais recentes têm apontado para que constitua uma resposta de limitação de danos associados a activação exacerbada. Além disso, diversos autores têm vindo a sugerir que a expressão de PD-1 em células T não será, só por si, suficiente para definir um verdadeiro fenótipo de exaustão sendo, para tal, necessária a co-expressão de outras moléculas inibitórias, como o TIM-3. Os doentes VIH-2+ e VIH-1+ apresentaram o mesmo padrão de expressão de PD-1 nas células T, que se observou estar associado à activação e proliferação celular. Estes dados vão contra a ideia de o PD-1 ser um indicador de exaustão, suportando, ao invés, a possibilidade de a sua sobre-expressão indicar activação celular após encontro com o antigénio. Em contraste, a expressão de TIM-3 mostrou-se independente da diferenciação e proliferação celular, identificando uma população significativamente expandida nos doentes VIH-1+, mas não nos VIH-2+. Finalmente, apenas os doentes VIH-2+ apresentaram fortes correlações positivas entre a expressão, quer de PD-1, quer de PD-L1, apesar de não apresentarem aumento significativo da sua expressão, e os níveis de perda de células T CD4+ e activação imunitária. Isto apesar da virémia reduzida e em contraste evidente com os doentes VIH-1+, que não mostraram associação entre expressão de PD-L1 e indicadores de progressão da doença. Estas observações apoiam um modelo em que, durante a infecção pelo VIH-2, ocorre um controlo estrito da expressão de PD-L1 pelas células T que, de alguma forma, está alterado na infecção pelo VIH-1. Neste cenário, uma melhor manutenção global da via PD-1/PD-L1 na infecção pelo VIH-2, na ausência de níveis significativos de TIM-3, poderá, ao invés de indicar exaustão, contribuir para limitar imunopatologia, resultando assim numa perda mais lenta de células T CD4+. A capacidade de conservação/renovação das células T CD4+ é um factor determinante do curso da infecção pelo VIH que depende, em grande parte, da homeostasia das células T CD4+ naïve. Este compartimento celular é mantido, na idade adulta, pela produção contínua de células T, no timo, que tende a decrescer com a idade, e pela subsequente proliferação das células, após saída do timo, na periferia. A citocina homeostática IL-7 tem um papel importante nesta proliferação homeostática, particularmente na da população de células T CD4+ que expressam CD31, que inclui as células recentemente emigradas do timo, contribuindo, desta forma, para a preservação da sua diversidade em termos de TCR. Assim, na terceira parte deste trabalho, investigaram-se os mecanismos envolvidos na manutenção do compartimento de células T CD4+ naïve. Os doentes VIH-2+ e os controlos saudáveis, com a mesma idade, apresentaram telómeros com tamanho idêntico nas células T CD4+ naïve, apesar de os níveis de proliferação serem significativamente mais elevados nos indivíduos infectados. Em contraste, doentes VIH-1+, com idade e níveis de proliferação de células T-CD4+ naïve equivalentes aos dos doentes VIH-2+, apresentaram telómeros significativamente mais curtos, em comparação com os dos controlos. Assim, as duas infecções diferem na capacidade de preservar o tamanho dos telómeros e o potencial replicativo das células T CD4+ naïve. Para além disso, verificou-se que estas células, em particular as definidas pela expressão de CD31, mantinham a capacidade de proliferar em resposta à estimulação com IL-7 em doentes VIH-2+, mas não em VIH-1+ com a mesma idade. Estes dados sugerem uma melhor manutenção da capacidade de proliferação em resposta à IL-7 na infecção pelo VIH-2, que poderá contribuir para preservar o número e a diversidade das células T CD4+ naïve. Em conjunto, estes resultados poderão conduzir a uma menor taxa de perda de células T CD4+ na infecção pelo VIH-2, promovendo uma progressão lenta de doença. Apesar de a perda de células T CD4+ ser a alteração típica da infecção VIH/SIDA, diversas outras perturbações imunológicas ocorrem durante a doença, contribuindo para a imunodeficiência global. Em particular, a infecção pelo VIH-1 tem sido associada a uma diminuição progressiva das respostas humorais e à perda generalizada de células B de memória, perturbações apenas parcialmente recuperadas pela ART. Na última parte deste trabalho investigou-se se a infecção prolongada pelo VIH-2 leva a alterações do compartimento de células B de memória. Verificou-se que a infecção pelo VIH-2 se associou a uma perda de células B de memória, com e sem mudança de classe de imunoglobulinas avaliada pela perda de expressão de IgD, em correlação directa com a activação das células T. Esta perda observou-se mesmo na ausência de virémia, não sendo recuperada pela ART, apresentando os doentes VIH-2+ tratados maiores perturbações, provavelmente devido ao seu maior tempo de infecção. Em conclusão, a progressão lenta da infecção pelo VIH-2 relacionou-se com dois factores. Por um lado, a regulação estrita de vias inibitórias de activação celular, com a sobre-expressão de moléculas inibitórias, por células da imunidade inata e linfócitos T, a constituir uma “assinatura” específica do VIH-2. Por outro, a preservação dos telómeros e da capacidade de resposta à IL-7 das células T CD4+ naïve contribuindo, provavelmente, para manter as células T CD4+. Contudo, a perda irreversível de células B de memória, mesmo em doentes sem virémia, indica que, ao longo da fase “assintomática/crónica” mais prolongada da doença VIH-2, ocorrem alterações irreversíveis e, possivelmente, exaustão imunitária. Este trabalho demonstra que a infecção pelo VIH-2 constitui um modelo natural único para identificar potenciais alvos para novas estratégias terapêuticas complementares dos fármacos anti-retrovirais que permitam uma efectiva reconstituição imunológica na infecção VIH/SIDA.Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT, SFRH/BD/36400/2007, POCI 2010) e FSE

    Criação da marca MUVA

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    O projecto de mestrado baseia-se na criação de um novo produto de design e a sua respectiva marca. O objectivo foi criar um produto diferente e inovador com base num já existente no mercado: as malas de mão. As malas de mão têm um papel muito importante na vida de muitas pessoas desde há muito anos, sendo muito raro observar-se uma senhora sem uma mala de mão no seu dia-a-dia. São um elemento essencial não só da moda pois não têm uma função somente estética, acabam por ser uma necessidade que cada vez mais precisa de ser funcional, prática e suportar as necessidades contemporâneas. A nível estético a maioria das malas tem um carácter neutro e estanque, que foge às novas tendências visuais e socio-culturais da actualidade, o dinamismo, a personalização, o movimento, e a simplicidade. O objectivo foi desenhar uma mala que se adaptasse a todos estes conceitos e criar a sua própria marca, baseando-se na análise e revisão da literatura de várias áreas como moda, design, marketing, branding, e tendências. Este projecto tem como objectivo melhorar a qualidade de utilização deste objecto no dia-a-dia dos seus utilizadores, e criar uma marca portuguesa que revele irreverência, qualidade, uma boa energia, e sobretudo que os consumidores se divirtam ao entrarem no seu universo

    ACTN3 and Vitamin D receptor polymorphisms impact in muscle physical properties of Spondyloarthritis patients

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    Tese de Mestrado, Biologia Molecular e Genética, 2020, Universidade de Lisboa, Faculdade de CiênciasBackground: Spondyloarthritis is the most common group of chronic inflammatory rheumatic disease affecting about 1.5% of the Portuguese adult population. The most common symptoms are low back pain and enthesitis. Spondyloarthritis is a multifactorial disease with well-known genetic contribution. However, other factors such environment and physical components, might contribute for SpA susceptibility and progression. Muscle physical properties may be involved in the physiopathology process. ACTN3 and Vitamin D Receptor genes seems to influence several muscles properties. Objectives: Analyse the relation between the most studied polymorphisms of these genes and disease susceptibility/ phenotype and influence in muscle properties. Methods: Twenty-eight patients with axial Spondyloarthritis (axSpA) and 28 healthy controls (HC) were studied. Clinical, epidemiological and muscle characterization data (strength, stiffness, tone, elasticity, mass, and performance) were collected. ACTN3 (ACTN3 R577X) and Vitamin D Receptor gene (FokI, TaqI e ApaI) single nucleotide polymorphisms were studied. Statistical analysis was performed using SPSS software, version 22.0. Results: 51 individuals were analysed, 27 of which axSpA patients, 66.7% male with mean age of 36 years old. From total patients, 80.8% were HLA-B27 positive, 18.5% with BASDAI ≥ 4, 14.8% with BASFI > 4 and 88.9% showing a BASMI <3. HC and patients’ characteristics were very similar. Two different muscles were analysed- Multifidus and Gastrocnemius. Muscle physical properties (tonus, stiffness, and decrement), muscle strength and muscle mass were similar, but patients have shown a decrease in muscle performance. None of the studied SNPs have shown any association with disease susceptibility/ phenotype (BASDAI, BASFI, BASMI), muscle physical properties, strength, or mass. ACTN3 R577X and VDR FokI seems to be associated with muscle performance. Conclusion: ACTN3 R577X and VDR FokI seems to be associated with muscle performance. Since this was a pilot-study, further research is needed to obtain a definitive conclusion.Este estudo faz parte de um projecto actualmente em curso, “MyoSpA Study”, que tem por objectivo o estudo do músculo em doentes com Espondiloartrite (SpA). A SpA é uma doença etiologicamente multifactorial, consistindo num conjunto de doenças reumáticas inflamatórias crónicas, que afecta cerca de 1,5% da população adulta portuguesa. Esta doença é caracterizada por inflamação das enteses (entesite), o que a torna distinta de outros tipos de artrites. A presença de dor na coluna vertebral e na articulação sacroilíaca acompanhadas por dor na região lombar inferior constituem as características mais comuns da doença. A SpA pode também afectar as articulações mais periféricas, tais como as pequenas articulações das mãos e dos pés assim como as articulações dos ombros e joelhos. Na maioria dos casos existe um envolvimento das enteses (especialmente do tendão de Aquiles e da inserção da fáscia plantar) e dos sistemas extra- articulares (olhos, pele e intestino). A sua progressão e gravidade conduzem a um aumento da rigidez muscular com consequente redução na mobilidade. Paralelamente, os processos de erosão e osteogénese com formação de sindesmófitos, com consequente repercussão a nível da coluna vertebral e da articulação sacroilíaca, condicionam uma redução da mobilidade de forma irreversível. Em 1973, Caffrey e James descreveram o alelo HLA-B27 como sendo o principal gene responsável pela susceptibilidade genética para a Espondilite Anquilosante, actualmente designada por Espondiloartrite axial radiográfica (r-axSpA). Mais recentemente, estudos de associação genómica de larga escala (“GWAS studies”) permitiram a identificação de inúmeros SNPs em vários genes, relacionados com a SpA. Contudo, e apesar de todos os esforços, estes apenas conseguem explicar uma pequena percentagem da predisposição genética e do fenótipo da doença. Tendo isto em conta, os factores ambientais e processos biomecânicos, começaram a ser estudados demonstrando a sua relação com algumas características fenotípicas, susceptibilidade, desenvolvimento e no prognóstico da SpA. A aplicação da tecnologia de “next generation sequencing” (NGS) no microbioma intestinal, revelou a presença de disbiose, ou seja, a existência de alterações na microbiota intestinal, como sendo uma característica comum tanto à SpA como a doenças inflamatórias intestinais. Esta relação é suportada por vários estudos em modelos animais, em que se avalia o efeito do ambiente “normal” vs “germ-free” em ratos que sobre expressam HLA-B27. Mais recentemente, factores biomecânicos, como a existência de microtraumas (intrínsecos ou extrínsecos) recorrentes, têm vindo a revelar um impacto importante na presença de inflamação crónica assim como no surgimento e progressão da espondiloartrite. Mechelen e Lories, num estudo publicado em 2016, recorrendo a ratinhos susceptíveis para a SpA e com sobre-expressão de factor de necrose tumoral, demonstraram que quando estes se encontravam suspensos pela cauda, ou pelas patas posteriores, não desenvolviam a doença. Tendo concluído que danos localizados/ microtraumas poderiam estimular o surgimento da SpA e ter um impacto considerável na progressão da doença. Adicionalmente, alguns autores têm vindo a defender que as propriedades físicas musculares poderão contribuir de forma significativa para a susceptibilidade e progressão desta doença, uma vez que doentes com SpA parecem apresentar elevados valores de rigidez muscular nos músculos da região axial quando comparados com controlos saudáveis. De forma complementar, a sarcopenia pode ser um factor igualmente importante desde os estadios iniciais contribuindo para um diagnóstico mais grave da doença. Tendo em conta as características musculares e o seu impacto, o presente estudo teve por objectivo analisar a existência de uma relação entre os polimorfismos mais estudados dos genes do VDR (Receptor para a Vitamina D) e do ACTN3, e o seu potencial impacto a nível do músculo. Adicionalmente, foi estudada a correlação entre estes polimorfismos e alguns parâmetros musculares testados: características físicas musculares, força muscular, massa muscular e a performance muscular- a nível dos músculos Multífidos, localizado na região lombar e do músculo Gastrocnémios, localizado na região posterior da perna. Foram então analisados quatro SNPs diferentes, um no gene ACTN3 (ACTN3 R577X) e três no gene VDR (FokI, TaqI e ApaI). O gene ACTN3 é um gene altamente estudado, principalmente em atletas de alta competição, uma vez que a sua variante é responsável por uma melhor performance global, com aumento da força e da velocidade. Tal deve-se ao facto deste gene provocar uma alteração no tipo de fibra muscular, convertendo as fibras tipo I (fibras de contração lenta) em fibras tipo II (fibras de contração rápida). O gene VDR foi também estudado uma vez que a vitamina D para além dos processos mais conhecidos em que está envolvida, como sendo a regulação da homeostasia do cálcio e o metabolismo ósseo, parece possuir também extrema importância no desenvolvimento e remodelação do músculo-esquelético. Qualquer variação indesejada tanto no receptor como na proteína em si poderão ter graves efeitos sistémicos. A deficiência em vitamina D ou quando em níveis extremamente baixas pode ser responsável por certas doenças sendo exemplos a osteomalacia e o raquitismo. É também responsável por um aumento do risco de quedas com consequentes fraturas e aumento de comorbidades. No presente estudo foram incluídos 56 indivíduos (28 indivíduos saudáveis e 28 doentes com Espondiloartrite axial (axSpA)) agrupados de acordo com o género, idade, nível de atividade física. Contudo, devido à existência de alguns dados em falta, nomeadamente a nível de genotipagem, apenas 51 indivíduos reuniram todos os dados necessários de modo a ser possível a sua análise (27 doentes com espondiloartrite axial e 24 controlos saudáveis). Dos 27 doentes com axSpA, 66,7% são do género masculino com idade média de 36 anos. Do total de doentes, 80,8% são HLA-B27 positivos, 18,5% apresentam um BASDAI ≥ 4, 14,8% apresenta um BASFI > 4 e 88.9% um valor de BASMI <3, traduzindo uma população de doentes com baixa atividade da doença e baixa repercussão funcional. As duas populações (controlos e doentes) são bastantes semelhantes tanto a nível de características físicas como epidemiológicas. Adicionalmente, foram estudadas algumas características físicas musculares como sendo o tónus muscular, rigidez, “decrement” (inverso da elasticidade), força (teste “Sit-to-stand 5”), e massa magra (obtida por bioimpedância), dos dois músculos situados em segmentos corporais distintos, não revelaram alterações. Os doentes mostraram, porém, um compromisso da performance muscular (avaliada por dois testes distintos: “Sit-to-stand 60” e velocidade da marcha). Adicionalmente, nenhum dos SNPs dos genes ACTN3 e VDR revelaram uma associação com a susceptibilidade ou interferência nos parâmetros clínicos específicos da espondiloartrite axial (BASDAI, BASMI e BASFI). Podemos assim concluir, que os factores genéticos em estudo, não são suficientes per si para explicar as diferenças nas propriedades musculares entre indivíduos saudáveis e doentes com espondiloartrite axial. Coloca-se a hipótese de que a sua conjugação com outros factores genéticos associados à existência de microtraumas recorrentes ou alterações na microbiota intestinal (factores intrínsecos), tenham, em conjunto com o genótipo, um papel mais preponderante na susceptibilidade, progressão e prognóstico desta doença. Este estudo trata-se de um estudo piloto, com uma amostra de tamanho reduzido, sendo assim imprescindível a realização de mais estudos de forma a obter robustez nos resultados e uma conclusão mais definitiva. Seria ainda importante, dar continuidade a este projecto, com a análise do polimorfismo BsmI do gene do Receptor da Vitamina D, e confirmação da existência de um haplótipo, descrito na literatura, assim como a quantificação desta vitamina e a sua correlação com as propriedades musculares. O melhor conhecimento destes mecanismos poderia contribuir para uma melhor avaliação e acompanhamento dos doentes com espondiloartrite axial

    On the Potential Mismatch between the Function of the Bayes Factor and Researchers’ Expectations

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    The aim of this study is to investigate whether there is a potential mismatch between the usability of a statistical tool and psychology researchers’ expectation of it. Bayesian statistics is often promoted as an ideal substitute for frequentists statistics since it coincides better with researchers’ expectations and needs. A particular incidence of this is the proposal of replacing Null Hypothesis Significance Testing (NHST) by Null Hypothesis Bayesian Testing (NHBT) using the Bayes factor. In this paper, it is studied to what extent the usability and expectations of NHBT match well. First, a study of the reporting practices in 73 psychological publications was carried out. It was found that eight Questionable Reporting and Interpreting Practices (QRIPs) occur more than once among the practitioners when doing NHBT. Specifically, our analysis provides insight into possible mismatches and their occurrence frequencies. A follow-up survey study has been conducted to assess such mismatches. The sample (N = 108) consisted of psychology researchers, experts in methodology (and/or statistics), and applied researchers in fields other than psychology. The data show that discrepancies exist among the participants. Interpreting the Bayes Factor as posterior odds and not acknowledging the notion of relative evidence in the Bayes Factor are arguably the most concerning ones. The results of the paper suggest that a shift of statistical paradigm cannot solve the problem of misinterpretation altogether if the users are not well acquainted with the tools

    On the white, the black, and the many shades of gray in between:Our reply to Van Ravenzwaaij and Wagenmakers (2021)

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    In 2019 we wrote an article (Tendeiro & Kiers, 2019) in Psychological Methods over null hypothesis Bayesian testing and its working horse, the Bayes factor. Recently, van Ravenzwaaij and Wagenmakers (2021) offered a response to our piece, also in this journal. Although we do welcome their contribution with thought-provoking remarks on our article, we ended up concluding that there were too many "issues" in van Ravenzwaaij and Wagenmakers (2021) that warrant a rebuttal. In this article we both defend the main premises of our original article and we put the contribution of van Ravenzwaaij and Wagenmakers (2021) under critical appraisal. Our hope is that this exchange between scholars decisively contributes toward a better understanding among psychologists of null hypothesis Bayesian testing in general and of the Bayes factor in particular. (PsycInfo Database Record (c) 2022 APA, all rights reserved)

    The crit coefficient in Mokken scale analysis:A simulation study and an application in quality-of-life research

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    PURPOSE: In Mokken scaling, the Crit index was proposed and is sometimes used as evidence (or lack thereof) of violations of some common model assumptions. The main goal of our study was twofold: To make the formulation of the Crit index explicit and accessible, and to investigate its distribution under various measurement conditions. METHODS: We conducted two simulation studies in the context of dichotomously scored item responses. We manipulated the type of assumption violation, the proportion of violating items, sample size, and quality. False positive rates and power to detect assumption violations were our main outcome variables. Furthermore, we used the Crit coefficient in a Mokken scale analysis to a set of responses to the General Health Questionnaire (GHQ-12), a self-administered questionnaire for assessing current mental health. RESULTS: We found that the false positive rates of Crit were close to the nominal rate in most conditions, and that power to detect misfit depended on the sample size, type of violation, and number of assumption-violating items. Overall, in small samples Crit lacked the power to detect misfit, and in larger samples power differed considerably depending on the type of violation and proportion of misfitting items. Furthermore, we also found in our empirical example that even in large samples the Crit index may fail to detect assumption violations. DISCUSSION: Even in large samples, the Crit coefficient showed limited usefulness for detecting moderate and severe violations of monotonicity. Our findings are relevant to researchers and practitioners who use Mokken scaling for scale and questionnaire construction and revision. SUPPLEMENTARY INFORMATION: The online version contains supplementary material available at 10.1007/s11136-021-02924-z

    Relação da cárie dentária com os hábitos alimentares da população infanto-juvenil da Guiné-Bissau

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    Projeto de Pós-Graduação/Dissertação apresentado à Universidade Fernando Pessoa como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Medicina DentáriaIntrodução e objetivos: A cárie dentária é uma das mais frequentes doenças da infância e a alimentação pode constituir um importante factor de risco, já que a etiologia da cárie dentária está relacionada com a ação de microorganismos orais que produzem ácidos orgânicos, a partir do metabolismo dos hidratos de carbono. A higiene oral modela esses efeitos. O objectivo deste estudo foi avaliar a saúde oral e os hábitos alimentares de crianças da Guiné-Bissau. Participantes e Métodos: Foram observadas 655crianças (8,0±3,5 anos; 25,4±10,9 kg; 1,24±0,2 m; 17,0±24,1 kg/m2; 2,2±2,7 dentes) da Guiné-Bissau, institucionalizadas num Orfanato de Háfia, nos serviços de pediatria do Hospital Simão Mendes em Bissau, escolas de Geba, e da Ilha de Uno. Tratou-se de um estudo transversal, em que os indivíduos foram caracterizados em 3 componentes: saúde oral (através dos índices de cárie: CPOd ou cpod e nº dentes livres de cárie, hábitos alimentares (questionário semi-quantitativo de frequência alimentar) e antropometria (peso e estatura, tendo-se calculado o IMC). A metodologia adaptada obedeceu aos critérios preconizados pela OMS para realização de estudos epidemiológicos em saúde oral. A análise estatística descritiva e inferencial dos dados recolhidos foi realizada com o auxílio do programa informático SPSS, versão 22.0. Resultados e Discussão: A média do CPOd geral foi de 2,15±2,66, estando 95,8% dos indivíduos com cárie e 4,2% livres de cárie. Os alimentos mais consumidos foram fruta, arroz e peixe; e os menos consumidos foram os cereais, gelatina, sumos, ovo, chá e chocolate. Apesar de não haver diferenças estatisticamente significativas (p>0,05) entre o CPOD geral e o IMC (que vai de encontro com a maioria das publicações em populações pediátricas), observou-se, surpreendentemente, que o consumo de farinha (p=0,001), arroz (p=0,010) e sumos (0,041) reduziu significativamente a incidência de cárie nos dentes permanentes e que, a ingestão de chocolate (p=0,013), cereais (p=0,041), farinha (p=0,007), legumes (p=0,012), lacticínios (p=0,005), carne (p=0,001), água (p=0,002) e sumos (p=0,039) diminuiu significativamente, a cárie nos dentes decíduos. Conclusões: Os dados apontam para o facto de, mais importante que a frequência do consumo alimentar, ser a quantidade e qualidade dos alimentos ingeridos para justificar os resultados encontrados; que a avaliação do CPOD será menos importante do que avaliar o número de cáries efetivas e a extensão da cárie; que o acesso a cuidados básicos de saúde oral são escassos e que o número de dentes obturados foram maioritariamente nulos; Uma das limitações deste tipo de estudos ao recorrer ao índice CPOd (indicado pela OMS) é de não permitir distinguir com clareza, em determinadas idades com dentição mista, o motivo de ausência dos dentes decíduos se dever ao processo de esfoliação dentária ou por motivo cárie. Introduction and objectives: The dental carie is one of the most frequent childhood diseases and the alimentation can constitute an important risk factor, since the etiology of dental carie is related with the oral microorganismes action that produce organic acides from carbohidrates metabolism. However the oral hygiene can change the effects. The main point of this study was to evaluate the oral health as well as the eating habits of Guiné-Bissau Children. Participants and methods: 655 chindren have been observed (8,0±3,5years; 25,4±10,9kg;1,24±0,2m;17,0±24,1kg/m2;2,2±2,7tooth) in Guiné-Bissau, hosted in the Háfia orphanage, is the pediatric services of Simão Mendes Hospital in Bissau, Schools of Geba and Uno Island. It was about a cross-sectional study, in which individuals were characterized into three components: oral health (through the carie index: CPOd or cpod and nº of teeth free of caries, eating habits (semi-quantitative food frequency questionnaire) and anthropometry (weight and height, and the BMI was calculated). The suitable methodology followed the criteria recommended by the OMS for realization of epidemiological studies in oral health. The descriptive and inferential statistical analysis of data collected was performed with the help of SPSS Informatic program, version 22.0. Results and discussion: The CPOd overall average was 2,15±2,66, being 95,8% of the individuals with carie and 4,2% free of carie. The most consumed food is fruit, rice and fish; and least consumed is cereal cereais, jelly, juice, egg, tea and chocolate. Although there is no statistically significant differences (p>0,05) between CPOd overall and BMI (that resonates with the majority of publications in pediatric populations), observed, surprisingly, that the use of flour (p=0,001), rice (p=0,010) and juice (0,041) significantly reduced the incidence of carie in permanent teeth and the intake of chocolate (p=0,013), cereal (p=0,041), flour (p=0,007), vegetables (p=0,012), dairy products (p=0,005), meat (p=0,001), water (p=0,002) and juice (p=0,039) significantly decreased caries in deciduous teeth. Conclusions: The data point to the fact that more important than the frequency of food consumption, is the quantity and quality of food intake to justify the results; that the evaluation of the CPOd is less important than assessing the number of effective carie as well as the extension of the carie; that access to basic oral health care are scarce and the number of filled teeth is mostly null; One of the limitations of this kind of studies by resorting to the CPOd index (indicated by OMS) is not possible to distinguish clearly, at certain ages with mixed dentition, the reason for the absence of deciduous teeth is due to the exfoliation process of dental or caries

    The Use of Nonparametric Item Response Theory to Explore Data Quality

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    The aim of this chapter is to provide insight into a number of commonly used nonparametric item response theory (NIRT) methods and to show how these methods can be used to describe and explore the psychometric quality of questionnaires used in patient-reported outcome measurement and, more in general, typical performance measurement (personality, mood, health-related constructs). NIRT is an extremely valuable tool for preliminary data analysis and for evaluating whether item response data are acceptable for parametric IRT modeling. This is in particular useful in the field of typical performance measurement where the construct being measured is often very different than in maximum performance measurement (education, intelligence; see Chapter 1 of this handbook). Our basic premise is that there are no “best tools” or “best models” and that the usefulness of psychometric modeling depends on the specific aims of the instrument (questionnaire, test) that is being used. Most important is, however, that it should be clear for a researcher how sensitive a specific method (for example, DETECT, or Mokken scaling) is to the assumptions that are being investigated. The NIRT literature is not always clear about this, and in this chapter we try to clarify some of these ambiguities
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