626 research outputs found

    Honra moderna e política em Max Weber

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    O objetivo deste artigo é explorar o entendimento weberiano da esfera política, elegendo como ângulo de inserção a teoria de valor subjacente à obra de Max Weber e, como inspiração, o material etnográfico oriundo de minhas pesquisas acerca das concepções de decoro parlamentar no Congresso Nacional no período entre 1949 e 1994. Dessa perspectiva, o texto discute o conceito de vocação dos políticos e da política no mundo moderno, buscando compreender os critérios e valores decisivos da vida política em sua autonomia vis-à-vis as demais esferas de valor. Ao longo desse empreendimento, analiso a noção de honra e de ética da responsabilidade como categorias centrais à existência do político de vocação e a própria especificidade do domínio político, tomando como guia, para tal releitura dos textos weberianos, os trabalhos de Wolfgang Schluchter.This article aims to explore the Weberian understanding of the political sphere, taking as its angle of approach the theory of value underlying Max Weber’s work, and as its inspiration, the ethnographic material originating from my own research into conceptions of parliamentary decorum in the Brazilian National Congress during the period between 1949 and 1994. Working from this perspective, the paper discusses the concept of vocation adhered to by politicians and politics in the modern world, and seeks to comprehend the key criteria and values of political life in its autonomy vis-à-vis other valueladen spheres. In the course of this undertaking, I analyze the notions of honour and ethical responsibility as categories central to the existence of professional politicians and to the specific nature of the political domain, taking the works of Wolfgang Schluchter as a guide to the accompanying re-reading of Weber

    Interrupting routes, hygienizing people : sanitary techniques and human beings in the actions of sanitary guards and educators

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    O interesse maior deste artigo é compreender as conexões entre o manejo das tecnologias sanitárias e o manejo das pessoas, por meio das chamadas ações educativas vinculadas aos objetivos orientadores das técnicas implantadas. Com este objetivo, analiso a conformação de dois profissionais centrais à atuação do Serviço Especial de Saúde (1942-1960) e que parecem expressar em sua própria existência o vínculo indissolúvel entre concepções técnicas e concepções de ser humano: o guarda sanitário e a visitadora sanitária. Por meio dos manuais e programas de cursos utilizados na formação desses profissionais, busco compreender valores e concepções sobre o processo saúde/doença e as relações entre ser humano e ambiente vigentes à época, bem como acerca do próprio exercício das funções de guardas e educadoras sanitárias. O interesse maior deste artigo é compreender as conexões entre o manejo das tecnologias sanitárias e o manejo das pessoas, por meio das chamadas ações educativas vinculadas aos objetivos orientadores das técnicas implantadas. Com este objetivo, analiso a conformação de dois profissionais centrais à atuação do Serviço Especial de Saúde (1942-1960) e que parecem expressar em sua própria existência o vínculo indissolúvel entre concepções técnicas e concepções de ser humano: o guarda sanitário e a visitadora sanitária. Por meio dos manuais e programas de cursos utilizados na formação desses profissionais, busco compreender valores e concepções sobre o processo saúde/doença e as relações entre ser humano e ambiente vigentes à época, bem como acerca do próprio exercício das funções de guardas e educadoras sanitárias. O interesse maior deste artigo é compreender as conexões entre o manejo das tecnologias sanitárias e o manejo das pessoas, por meio das chamadas ações educativas vinculadas aos objetivos orientadores das técnicas implantadas. Com este objetivo, analiso a conformação de dois profissionais centrais à atuação do Serviço Especial de Saúde (1942-1960) e que parecem expressar em sua própria existência o vínculo indissolúvel entre concepções técnicas e concepções de ser humano: o guarda sanitário e a visitadora sanitária. Por meio dos manuais e programas de cursos utilizados na formação desses profissionais, busco compreender valores e concepções sobre o processo saúde/doença e as relações entre ser humano e ambiente vigentes à época, bem como acerca do próprio exercício das funções de guardas e educadoras sanitárias.The main interest of this article lies in understanding the connections between managing sanitation technologies and managing people by means of so-called health education interventions towards the same purpose and aim. It analyzes the training of two categories of professionals who were of crucial importance for the actions of the Special Service of Health (1942-1960) and whose existence as such seems to express the indissoluble link between the concepts technique and human being: sanitation guards and sanitation educators. By investigating the instruction manuals and course programs, this study aims at grasping the values and ideas about the health/disease process and the relationship between the human being and the environment valid at that time, as well as at understanding the functions of the sanitation guards and educators

    Avaliação de dano genético em agricultores: agricultura biológica e tradicional

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    Trabalho financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia através da bolsa de Doutoramento SFRH/BD/37190/2007 de C. Cost

    Decoro e imunidade parlamentar : as relações entre os domínios político e jurídico

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    A existência da política enquanto uma esfera de valor em si, dotada de lógica própria e âe critérios de conduta específicos, é um fenômeno histórico recente. Faz parte de uma era que se instaurou com o "desencanto do mundo", com a quebra do monopólio religioso na atribuição de significado da vida humana e a constituição de um pluralismo de valores engendrado a partir da compreensão da religião como um e não mais o valor último da vida. Não há mais convicção acerca da abrangência dos juízos da fé e tampouco há consenso sobre as mediações entre as diversas esferas de valor. A política ”” bem como os demais domínios ”” tem que redescobrir seu sentido, sua vocação no mundo e, simultaneamente, ser capaz de traduzi-la numa ética que propicie aos indivíduos que atuam politicamente realizar esta vocação. Deste modo, a vida, que parecia haver perdido o significado com a sua dessacralização, pode readquiri-lo, mas, agora, na pluralidade de sentidos que os seres humanos forem capazes de engendrar por meio da compreensão da vocação específica de cada esfera de valor

    Autonomia em saúde indígena

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    Através do escrutínio das Conferências Nacionais de Saúde Indígena o artigo mapeia os diferentes sentidos da autonomia enquanto uma ideia valor que surge no campo da saúde indígena como consensual entre todos os sujeitos que o compõem. Logra por tal procedimento propor um contínuo semântico no qual as estratégias políticas operam deslocamentos e combinações contextualizadas entre a autonomia indígena entendida como (i) irredutibilidade da diferença; (ii) parceria e participação protagonista; (iii) e controle da gestão em saúde indígena nos termos de decisão e supervisão do processo. Não se observando como prioridade até o momento o controle direto da gestão da saúde indígena, o eixo de ação dos povos indígenas em saúde no Brasil, diferente do que vem ocorrendo no Canadá, tem sido o da cidadania e não o do autogoverno. Contribuir para a compreensão dos limites e possibilidades desta trajetória na saúde indígena brasileira é ambição maior destas reflexões que, ao final, trazem considerações sobre o principal mecanismo de exercício de cidadania indígena (e não indígena) no campo da saúde pública, ou seja, sobre o “controle social” e sua ambivalência no manejo das categorias de “usuários” e “representantes” indígenas

    Pesquisadores, parceiros e mediadores políticos

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    Este trabalho discute um padrão de relação que há pouco vem se impondo no cenário político brasileiro, as parcerias, pondo em diálogo as abordagens e reflexões oriundas de duas vertentes de estudos antropológicos: os estudos clássicos sobre clientelismo político e as recentes pesquisas sobre o conjunto de práticas que vem sendo chamado, por pesquisadores e atores sociais, de “terceiro setor”. Trata-se de explorar, a partir das investigações etnográficas desenvolvidas na cidade de Santa Maria (DF), algumas questões sobre as conexões entre, por um lado, redes de ajuda mútua e solidariedade moral e, por outro, contrato cívico e políticas públicas, na busca de compreender as práticas estabelecidas pelos administradores daquela localidade.This article discusses a new pattern of relationship that has been imposing itself in the Brazilian political scene: partnerships. This has stimulated a dialogue between approaches and reflections originating from two anthropological strands: classic studies on political clientelism and recent works on the set of practices that have come to be called the “third sector.” Working from ethnographic studies done in the city of Santa Maria (DF), the text focuses on the connections between, on the one hand, networks of mutual help and moral solidarity and, on the other hand, on civic contracts and public policies, in an effort towards understanding the practices established by local administrators

    Participação social na saúde indígena: a aposta contra a assimetria no Brasil?

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    Este artigo enfoca as práticas discursivas dos indígenas na luta pela redução das assimetrias nas políticas de saúde brasileiras. Nessas o discurso da “interculturalidade” se faz quase ausente, diferente do observado nas políticas de educação e em várias políticas indigenistas em outros contextos latino-americanos. O escrutínio de situações e documentos mostrou a ênfase na “participação social” e “atenção diferenciada”. A questão é qual o significado de não tomar o eixo da cultura, implícito na categoria “interculturalidade”, como mediador da defesa dos direitos indígenas na saúde? Para tal apresenta o subsistema de saúde indígena, se detém na 5ª CNSI para refletir sobre a categoria “participação social” e estabelecer um diálogo entre “atenção diferenciada” e “interculturalidade”, propondo que a luta dos indígenas na saúde tem se dado nos termos de garantir um diferencial de poder (político-estratégico e moral) a ser revertido a seu favor e não principalmente como conquista de direitos substantivos

    Autonomia em saúde indígena: sobre o que estamos falando?

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    Através do escrutínio das Conferências Nacionais de Saúde Indígena o artigo mapeia os diferentes sentidos da autonomia enquanto uma ideia valor que surge no campo da saúde indígena como consensual entre todos os sujeitos que o compõem. Logra por tal procedimento propor um contínuo semântico no qual as estratégias políticas operam deslocamentos e combinações contextualizadas entre a autonomia indígena entendida como (i) irredutibilidade da diferença; (ii) parceria e participação protagonista; (iii) e controle da gestão em saúde indígena nos termos de decisão e supervisão do processo. Não se observando como prioridade até o momento o controle direto da gestão da saúde indígena, o eixo de ação dos povos indígenas em saúde no Brasil, diferente do que vem ocorrendo no Canadá, tem sido o da cidadania e não o do autogoverno. Contribuir para a compreensão dos limites e possibilidades desta trajetória na saúde indígena brasileira é ambição maior destas reflexões que, ao final, trazem considerações sobre o principal mecanismo de exercício de cidadania indígena (e não indígena) no campo da saúde pública, ou seja, sobre o “controle social” e sua ambivalência no manejo das categorias de “usuários” e “representantes” indígenas.This article maps out the various meanings of indigenous autonomy – a value idea that seems consensual among all subjects within the Brazilian indigenous health field throughout the final reports of National Conferences of Indigenous Health. In this way, it puts forward a semantic continuum, in which political strategies are defined in context through arrangements and displacements of the following meanings of indigenous autonomy: (i) irreducible diversity; (ii) partnership and participation with protagonism; and (iii) control of indigenous health management via decision making and supervision of processes. Considering that up to then the direct control of indigenous health management it is not a priority, the action axis of Brazilian indigenous peoples in health has been the citizenship and not the self-government different from what has happen in Canada. To contribute for the understanding of limits and possibilities of this course of action in the Brazilian indigenous health is the broader aim of these reflections, which conclude with considerations on the main mechanism of indigenous (and non-indigenous) citizenship in the public health, i.e., the “social control” and its ambivalence in relation to the categories of “users” and indigenous “representatives”
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