Otite média aguda : Estudo clínico na criança e experimental no rato : Interacções entre o ouvido médio e o ouvido interno, miringotomia e aspectos da cicatrização da membrana timpânica

Dissertação de Doutoramento em Medicina, área de especialização em Otorrinolaringologia, apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade do PortoRESUMO E CONCLUSÕESA presente dissertação é dedicada à otite média aguda (OMA), uma das afecções mais frequentes do estrato etário pediátrico. Entre as diversas complicações e sequelas descritas contam-se a labirintite com disfunção coclear e a miringosclerose. Nas últimas décadas as bactérias responsáveis pela OMA têm demonstrado um aumento progressivo de resistências aos antimicrobianos, exigindo uma actualização permanente por parte da comunidade médica e motivando um repensar das estratégias diagnósticas e terapêuticas. Como tal é legítimo esperar-se um ressurgimento da utilização da miringotomia na OMA, pelo que a investigação dos aspectos relacionados com a cicatrização da membrana timpânica (MT) e a prevenção de sequelas pós-miringotomia se revestem de grande actualidade.Os resultados obtidos nos trabalhos incluídos na dissertação permitem concluir,ß Através da avaliação audiométrica prospectiva de uma série de crianças com OMA unilateral, que:1) A OMA origina uma diminuição da acuidade auditiva na audiometria por via óssea.2) Este tipo de hipoacusia é mais evidente nas frequências altas e assume geralmente um carácter temporário.3) O grau de atingimento auditivo inicial é superior nos casos que permanecem mais tempo com inflamação no ouvido médio.ß Mediante a observação histopatológica de 1151 ossos temporais humanos, que:4) A presença de coloração eosinofílica nos fluídos do ouvido interno, indicativa de labirintite serosa, é independente de fenómenos artefactuais post-mortem.5) O diagnóstico histológico de labirintite serosa é frequente nos ouvidos com otite média, sendo mais comum na OMA do que na otite média crónica.6) Embora possa assumir um carácter difuso, a localização predominante dos fenómenos de labirintite serosa dá-se na região da rampa timpânica da espira basal coclear adjacente à membrana da janela redonda.7) A labirintite serosa associa-se de forma significativa à presença de sinais típicos de hidropisia endolinfática.ß ..

Epidemiologia da Otite Média Aguda nos Primeiros 18 Meses de Vida

Introdução: A Otite Média Aguda (OMA) é uma das infecções mais frequentes na criança. Constitui um problema de saúde pública relevante, relacionado com uma morbilidade e custos económicos importantes. O reconhecimento e controle dos vários factores de risco continua a desempenhar um papel primordial no tratamento eficaz desta afecção.Objectivos: Conhecer aspectos da epidemiologia descritiva da OMA em crianças da região do Porto, com idade inferior a 18 meses.Material e Métodos: Elaborou-se um inquérito, que foi respondido através de uma entrevista telefónica. Estudou-se uma amostra recolhida da população de todos os nados-vivos ocorridos no Serviço de Obstetrícia do Hospital de S. João nos meses de Abril e Setembro de 1998. Os critérios de admissão para este estudo foram os seguintes: gravidez de baixo risco, parto de termo não complicado, ausência de malformações craneo-faciais congénitas e acesso telefónico. Registaram-se apenas os episódios de OMA diagnosticado por um médico. Foram calculados os Odds Ratio (OR), e respectivos intervalos de confiança a 95% (IC 95%), como medida da associação entre as características das crianças ou do seu agregado familiar e a ocorrência de pelo menos 1 episódio de OMA.Resultados: Incluídos na análise dados referentes a 204 participantes.A idade média das crianças foi 17,2 ±1,7 meses, sendo 45,1% do sexo feminino. Verificou-se que 44% de todas as crianças já tinham tido pelo menos 1 episódio de OMA, e que destas, foi instituído tratamento antibiótico a 97%.Identificou-se um risco significativamente aumentado de OMA nos primeiros 6 meses de vida, para aleitamento com a criança deitada, história familiar de alergias, aleitamento exclusivo com leite artificial, e profissão paterna de "colarinho azul". No período correspondente aos seis meses que precederam o inquérito, o risco foi significativamente superior para crianças com história de OMA nos primeiros 6 meses de vida, cujos pais eram fumadores, e fumavam habitualmente em casa, alimentadas exclusivamente com leite artificial, com mães de profissão "colarinho azul" e com história familiar de alergias.Conclusões: O presente estudo revelou que a prevalência de OMA nos primeiros 18 meses no Norte de Portugal é elevada (44%), e a utilização de antibióticos ocorre em quase todos os doentes (97%), confirmando esta patologia como um importante problema de saúde pública. Foram identificados factores de risco susceptíveis de intervenção como é o caso do fumo do tabaco e da alimentação, pelo que é essencial a continuação de campanhas de sensibilização para as vantagens do aleitamento materno, e chamar a atenção para os malefícios do tabaco

Congenital cytomegalovirus infection in an extremely preterm newborn exposed to chemotherapy <em>in utero</em>

Cytomegalovirus (CMV) infection is the most frequent congenital infection in developed countries and the main cause of non-hereditary sensorineural deafness. We report the case of a 27-week-old newborn (NB) with symptomatic congenital CMV infection. The pregnancy was monitored and CMV seroconversion was detected in the first trimester maternal serum screening. At 10 weeks of gestation the mother was diagnosed with breast carcinoma, submitted to a tumorectomy at 17 weeks and started chemotherapy by the 21st week. CMV fetal infection was confirmed by positive DNA detection in amniotic fluid at 21 weeks of gestation. The mother received valaciclovir therapy from the 22nd week of pregnancy until delivery. The NB was delivered by cesarean section at 27 weeks with a birth weight of 950 g. In the first day of life, the NB suffered severe thrombocytopenia and congenital CMV infection was confirmed by positive PCR for CMV DNA in both urine and blood samples. The NB completed six weeks of ganciclovir treatment with progressive clinical and analytical recovery. Auditory evoked potentials were absent in the left ear. On the 84th day of life, the infant, due to clinical and laboratory assessments deterioration, started valganciclovir, completing a total of 6 months of treatment. Currently, at 36 months, the infant presents an appropriate development for the corrected age and has no indication for cochlear implantation. The authors intend to point out the difficulty of treating this infection associated with a high morbimortality, as there is no definitive evidence about the potential benefit of fetal infection treatment during pregnancy, the evidences regarding the effectiveness of antiviral therapy in NB refer to a restricted group of NBs, and this therapy may be associated with important side effects. In this case, the existence of other factors that increase the NB vulnerability and potential sequelae make decisions even more difficult

Gentamicin delivery to the inner ear: does endolymphatic hydrops matter?

Introduction Middle ear application of gentamicin is a common medical treatment for uncontrolled Ménière’s disease. The objective of the study was to evaluate the impact of endolymphatic hydrops on inner ear delivery. Methods Perilymph gentamicin concentrations and correlation with endolymphatic hydrops in an animal model were assessed. A group of 24 guinea pigs was submitted to surgical obstruction of the endolymphatic sac and duct of the right ear. Gentamicin was applied either to the right ear’s round window niche or through a transtympanic injection. Perilymph specimens were collected at different times. Histologic morphometry was used to evaluate both turn-specific and overall hydrops degree. Results In animals with endolymphatic hydrops, lower concentrations of gentamicin were observed after 20 or 120 minutes of exposure and in both types of administration, when compared to controls. This difference reached statistical significance in the round window niche application group (Mann-Whitney, p = 0,007). A negative correlation between perilymphatic gentamicin concentration and hydrops degree could be observed in both groups, after 120 minutes of exposure (Spearman correlation, round window niche p<0,001; TT p = 0,005). Conclusions The study indicates that the endolymphatic hydrops degree has a negative interference on the delivery of gentamicin into the inner ear following middle ear application

Panel 3:Recent Advances in Anatomy, Pathology, and Cell Biology in Relation to Otitis Media Pathogenesis

Background and Objectives. The pathogenesis of otitis media (OM) involves a number of factors related to the anatomy, pathology, and cell biology of the middle ear, the mastoid, the Eustachian tube, and the nasopharynx. Although some issues of pathogenesis are fairly well established, others are only marginally indicated by current knowledge, and yet others remain undisclosed. The objective of this article is to provide a state-of-the-art review on recent scientific achievements in the pathogenesis of OM, as related to anatomy, pathology, and cell biology. Data Sources. PubMed, Ovid Medline, and Cochrane Library. Review Methods. Articles published on the pathogenesis of OM and the anatomy, pathology, and cell biology of the middle ear, the mastoid, the Eustachian tube, and the nasopharynx between January 2007 and June 2011 were identified. Among almost 1900 abstracts, the authors selected 130 articles for full article review and inclusion in this report. Results. New knowledge on a number of issues emerged, including cell-specific expression and function of fluid transportation and innate immune system molecules, mucous cell metaplasia, mucin expression, bacterial adherence, and epithelial internalization, as well as the occurrence, composition, dynamics, and potential role of bacterial biofilm. In addition, the potential role of gastroesophageal reflux disease and cigarette smoke exposure has been explored further. Conclusions and Implications for Practice. Over the past 4 years, considerable scientific progress has been made on the pathogenesis of OM, as related to issues of anatomy, pathology, and cell biology. Based on these new achievements and a sustained lack of essential knowledge, suggestions for future research are outlined

International Pediatric Otolaryngology Group (IPOG) survey : efforts to avoid complications in home tracheostomy care

International audienceObjectiveTo provide guidance for home care tracheostomy management in the pediatric population. The mission of the IPOG is to develop expertise-based recommendations for the management of pediatric otolaryngologic disorders with the goal of improving patient care.MethodsSurvey of expert opinion by the members of the International Pediatric Otolaryngology Group (IPOG).ResultsSurvey results provide guidance for caregiver teaching, the reuse of tracheostomies and suction catheters while inpatient and following discharge, acceptable sterilization practices for tracheostomies, tracheitis workup and management, and outpatient follow-up practices.ConclusionThis presentation of common home tracheostomy care practices are aimed at improving patient-centered care in the pediatric population