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Atividade neurofarmacológica do pericarpo dos frutos de Passiflora edulis variedade flavicarpa Degener (maracujá) em camundongos: envolvimento de flavonoides C-glicosídeos
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, Florianópolis, 2009As espécies vegetais pertencentes ao gênero Passiflora são chamadas popularmente de maracujá e são utilizadas tradicionalmente na medicina popular como sedativo, ansiolítico natural, e no tratamento e prevenção da irritabilidade, insônia e nervosismo. Embora a Farmacopeia Brasileira considere como a espécie oficial do gênero Passiflora apenas a espécie Passiflora alata, a espécie Passiflora edulis variedade flavicarpa Degener, popularmente conhecida no Brasil como maracujá azedo ou maracujá amarelo, é a mais frequentemente usada tanto para a produção de suco pela indústria alimentícia quanto como remédio pela população. Esta tese investigou os efeitos neurofarmacológicos do extrato aquoso (EA), fração butanólica (FB) e fração aquosa residual (FAR) obtidos a partir do pericarpo dos frutos da espécie Passiflora edulis variedade flavicarpa (P. edulis). No teste da transição claro-escuro, o tratamento por via oral com o EA do pericarpo aumentou o tempo de permanência no compartimento claro do modelo, de maneira semelhante ao efeito do diazepam, sugerindo um efeito tipoansiolítico. Além disso, reduziu significativamente o tempo para início do sono induzido por éter etílico, além de aumentar a duração total do sono. No teste da suspensão pela cauda, o tratamento com o EA produziu efeito tipo-antidepressivo, representado pelo aumento da latência para a primeira imobilidade e redução do tempo total de imobilidade, de maneira semelhante ao efeito da imipramina. A FB produziu efeitos semelhantes, tanto no teste da transição claro-escuro, quanto no da suspensão pela cauda, enquanto a FAR mostrou-se desprovida de ação neurofarmacológica. A presença de flavonoides Cglicosídeos, identificados como vicenina-2, 6,8-di-C-glicosilcrisina, spinosina e isoorientina, o último como composto majoritário, tanto no EA quanto na FB, foi associada aos efeitos neurofarmacológicos observados. O tratamento por via oral com a isoorientina isolada promoveu tanto um efeito tipo-ansiolítico no teste da transição claroescuro, quanto um efeito tipo-antidepressivo no teste da suspensão pela cauda. No teste da transição claro-escuro, o pré-tratamento com flumazenil, antagonista benzodiazepínico, não bloqueou o efeito tipoansiolítico da isoorientina, enquanto o pré-tratamento com AY- 100635, antagonista 5-HT1A, bloqueou tal efeito. No teste da suspensão pela cauda, o pré-tratamento com p-clorofenilalanina, inibidor da síntese de serotonina, bloqueou o efeito tipo-antidepressivo da isoorientina, enquanto não houve bloqueio após o pré-tratamento com prazosina, antagonista adrenérgico. Esses resultados sugerem que a atividade neurofarmacológica do pericarpo de P. edulis, observada pela primeira vez neste trabalho, está relacionada à presença de flavonoides Cglicosídeos, principalmente a isoorientina, a qual parece promover atividade tipo-ansiolítica e antidepressiva via mecanismos serotonérgicos de neurotransmissão. O presente trabalho descreve, portanto, a atividade neurofarmacológica de uma parte da planta a casca que é considerada resíduo industrial e, portanto, descartada. Cerca de 300 mil toneladas de cascas dos frutos de P. edulis são descartadas anualmente, o que representa um desperdício de material que poderia ser utilizado como matéria-prima para diferentes tipos de indústria, inclusive, ou principalmente, a farmacêutica
"Ameaçada e sem voz, como num campo de concentração": a medicalização do parto como porta e palco para a violência obstétrica
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Florianópolis, 2016.Introdução - O processo de medicalização faz com que o controle médico e científico represente uma forma de controle por meio da anulação do sujeito e de sua subjetividade. A medicalização de eventos tão naturais quanto a gestação e o parto, transformando-os em eventos institucionalizados, tecnológicos, científicos e industrializados, retirou da assistência à gestante, parturiente e puérpera o caráter subjetivo do cuidado para dar lugar à sua anulação, silenciamento, opressão e violências das mais diversas formas. Atualmente, no Brasil, um quarto das brasileiras que vivem partos normais são vítimas de violência em maternidades, a violência obstétrica. Objetivo - Descrever e analisar a experiência de violência obstétrica em maternidades brasileiras a partir de relatos de mulheres entrevistadas via internet, bem como compreender tais experiências tendo como referência o processo de medicalização da gestação e do parto, identificando práticas consideradas como violentas, profissionais da assistência envolvidos, associação entre aspectos medicalizantes e ocorrência de violência e consequências sobre a vida das mulheres. Métodos - Pesquisa exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa, por meio de questionário semi-estruturado de entrevista, via internet, com mulheres que viveram violência obstétrica, com resultados analisados por meio de análise de conteúdo por categorias temáticas. Resultados - Os dados mostraram que a violência obstétrica está com frequência presente no interior de maternidades, sendo promovida prioritariamente por profissionais que acompanham as mulheres em seus pré-natais, com frequente desrespeito à Lei do Acompanhante e pouco incentivo à amamentação após o parto. Médicos obstetras, auxiliares de enfermagem, enfermeiras e anestesistas aparecem como os principais autores das práticas violentas, manifestas por agressão verbal, negligência, abandono, ameaças, incitação à cesariana contrária à vontade da mulher, desrespeito pela via de parto escolhida, marcação da cesariana sem consentimento, exposição do corpo nu da mulher, desconsideração do plano de parto, manifestação de crueldade, abuso anestésico, arrogância médica, tortura física e psicológica, preconceito de gênero, entre outros, com consequências devastadoras para a vida das mulheres. Conclusões - A violência obstétrica é promovida e favorecida pelo processo de medicalização social, especificamente a medicalização da gestação e do parto, sendo a autonomia da mulher anulada em virtude de interesses médicos e institucionais. A promoção da autonomia da gestante e da parturiente precisa ser restabelecida de maneira multidimensional, com a modificação da estrutura e das relações do cuidado obstétrico, reposicionando profissionais da assistência e reconstruindo as redes de apoio social e técnico, além de esforços na reconstrução do sistema, de forma a privilegiar estratégias e ambientes que favoreçam a desmedicalização do parto.Abstract : Introduction - The process of medicalization has as a result the scientific and medical controls representing a way of control by the annulment of the subject and its subjectivity. The medicalization of such natural events as pregnancy and labour, turning them into institutionalized, technological, scientifical and industrialized events, has taken the assistence away from the pregnant, parturient and puerperal to be replaced by her annulment, muting, oppression and violence in its most diverse forms. Nowadays, in Brazil, a quarter of the brazilian women who go through natural labour are victims of violence in maternities, the obstetric violence. Objectives - To describe and to analyze the experience of the obstetric violence in Brazilian maternities through the stories of women interviewed over the internet, as well as trying to understand such experiences having as a reference the process of medicalization during pregancy and labour, identifying actions considered as violence, professionals involved, association between medicalization aspects and the occurence of violence and consequences on these women's lives. Methods - Exploratorial and descriptive qualitative research, through semi-estructured interview survey over the internet with women who have experienced obstetric violence, with results analyzed with the content review in thematic categories. Results - Data have showed that obstetric violence is frequently present inside maternities, caused mostly by professionals that follow the women over their prenatal, in frequent disregard to the Federal Law n.11.108 and little motivation to breastfeeding after labour. Obstetrician doctors, nursing assistents, nurses and anesthetists appear as main authors of violent actions expressed as verbal agression, negligence, abandonment, threats, inducing caesarean against the women's will, disrespect with the labour method chosen, booking caesarean without consent, exposure of the women's naked body, no consideration for the labours's plan, cruelty expressions, anesthetic abuse, doctor arrogance, physical and psychological torture, gender prejudice, among others with terrible consequences to women's lives. Conclusions - The obstetric violence is promoted and favored by the process of social medicalization, specifically, the medicalization of pregnancy and labour, having the women's authonomy abrogated due to medical and institutional interests. The promotion of the pregnant's and parturient's autonomy needs to be restaured multidimensionally with the modification of the structure and the relations of obstetric care, repositioning assistence professionals and rebuilding the nets of social and technical care as well as efforts in rebuilding the system in a way to privilege strategies and enviroments in favor of the desmedicalization of labour
FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL: PROPOSTA METODOLÓGICA UTILIZADA EM FERNANDO DE NORONHA, PE
A formação continuada de professores em educação ambiental (EA) tem sido considerada por diversos autores, no mundo todo, como fundamental para o pleno
envolvimento dos professores na facilitação de atividades voltadas à EA. Este artigo traz uma proposta metodológica utilizada com êxito no primeiro módulo do projeto “Formação continuada de professores em educação ambiental na Escola Estadual Arquipélago de Fernando de Noronha”, desenvolvido pela OSCIP Ibiré ao longo do segundo semestre de 2002 e primeiro semestre de 2003, em Fernando de Noronha, PE. O artigo apresenta a
metodologia utilizada, bem como seus princípios e objetivos norteadores, como forma de relato de experiência e de referência metodológica para o desenvolvimento de outros projetos de formação continuada de professores em EA no Brasil
Violência obstétrica no Brasil e o ciberativismo de mulheres mães: relato de duas experiências
Um quarto das brasileiras que vivem partos normais referem ter sido vítimas de violência e/ou maus-tratos nas maternidades, a chamada violência obstétrica. Nos últimos anos, ações mediadas pela internet, via redes sociais, e impulsionadas pelo movimento social de mulheres, especialmente mulheres mães, tornaram possível uma maior discussão e participação política na agenda de saúde sobre direitos reprodutivos. Este artigo relata duas iniciativas desenvolvidas em ambiente de conectividade, utilizando as novas mídias como ferramenta: o Teste da Violência Obstétrica e o videodocumentário “Violência obstétrica – a voz das brasileiras”. As ações contribuíram para dar voz ativa às mulheres no combate à violência obstétrica; mostraram que as novas tecnologias de informação constituem importantes ferramentas de promoção da saúde da mulher e atestaram o grande potencial da internet para evidenciar violências antes pouco problematizadas, incentivando a realização de novas pesquisas na área
Teatro de fantoches na formação continuada docente em educação ambiental Puppet theatre in teacher continued environmental education
Neste artigo, apresentamos os resultados de uma pesquisa-ação participativa realizada no espaço do Grupo de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental / Sala Verde Pororoca: espaço socioambiental Paulo Freire (GPEEA/Sala Verde), na UFPA. O objetivo foi investigar as contribuições do teatro de fantoches como proposta pedagógica na formação continuada de professores em educação ambiental. Os sujeitos da pesquisa foram seis professoras do ensino básico, as quais são aqui identificadas pelos seguintes pseudônimos: Lucia, Michelle, Izabel, Eloísa, Marta e Ana. Utilizamos quatro fontes para a coleta das informações: 1) um questionário sobre dados pessoais e com as perguntas a) Que motivos levaram você a se inscrever na oficina? e b) Qual é o entendimento de educação ambiental predominante?; 2) uma oficina; 3) um diário de bordo; e 4) entrevistas para complementar as informações fornecidas pelas professoras. Para analisar os dados, utilizamos a técnica da triangulação metodológica. Constatamos que o teatro de fantoches, como estratégia de ensino-aprendizagem de conhecimentos ambientais, foi importante em todas as etapas. A utilização do teatro de fantoches como metodologia foi entusiasticamente reconhecida pelas professoras como viável na prática docente em todas as disciplinas. E o mais importante: elas perceberam que, para a elaboração de qualquer atividade alternativa, há a necessidade de um planejamento, pois é preciso ter uma finalidade pedagógica, com conotação diferente do lúdico pelo lúdico.<br>In this article we present the results of a participative action-research conducted at the space of the Group of Research and Studies in Environmental Education/Green Room Pororoca: socio-environmental space Paulo Freire (GPEEA/Sala Verde) at the UPFA. The objective here was to investigate the contributions of puppet theatre as a pedagogical proposal in the continued environmental education of teachers. The subjects of the research were six teachers of basic education, which are here identified by the following pseudonyms: Lucia, Michelle, Izabel, Eloísa, Marta and Ana. We have used four sources to collect information: 1) a questionnaire of personal data, containing also the following questions: a) What motives led you to enroll for this workshop? and b) what is the predominant understanding of environmental education?; 2) a workshop; 3) a journey log; and 4) interviews to complement the information supplied by the teachers. To analyze the data, we used a technique of methodological triangulation. We observed that the puppet theatre, as a strategy of teaching-learning of environmental knowledges, was important in all stages. The use of puppet theatre as a methodology was enthusiastically recognized by the teachers as viable in teacher practice for all disciplines. Most importantly, they recognized that, in order to develop any alternative activity, there must be planning, since it is necessary to have a pedagogical objective with a meaning beyond the ludic by itself