130 research outputs found
Ressignificar a queda, empestar o cânone
Resenha da obra "Segunda Queda" (2018), de Ave Terrena Alves
Meu filho tá no jornal
Pensamentos perambulantes transformados em literatur
O insólito como crítica ao patriarcado no conto “La casa de azúcar”, de Silvina Ocampo
Este artigo analisa como o insólito, categoria abarcadora de diversas expressões narrativas difusas na contemporaneidade, articula um efeito crítico ao regime patriarcal no conto “La casa de azúcar”, presente no livro La furia y otros cuentos (1959), de Silvina Ocampo. No conto, a gradual “metamorfose” (ao nível discursivo, corporal e subjetivo) da personagem feminina apresenta-se como um evento dimensionalmente fantástico e macabro, pois potencializa a irrupção de uma cotidianidade pequeno-burguesa e produz um espaço de questionamento da dominação masculina, bem como das noções de “verdadeiro” e “essencial” que moldam certa concepção de realidade
Tornar-se corpo, desejo e palavra: a personagem travesti no romance As fantasias eletivas, de Carlos Henrique Schroeder
A partir dos estudos recentes de Regina Dalcastagnè (2012) sobre as relações de desigualdade na produção literária brasileira da contemporaneidade, abre-se um leque de possibilidades para se pensar a representação de grupos historicamente marginalizados em literatura. Sendo assim, com base nos pressupostos de Antonio Candido, sobre a personagem (2006, 1981), de Stuart Hall, sobre a identidade do sujeito pós-moderno, de Don Kulick, sobre a identidade travesti (2008), além de Judith Butler sobre a noção de construção social do gênero e dos “corpos abjetos” (2003), o artigo analisa a configuração da travesti Copi, protagonista do romance contemporâneo brasileiro As fantasias eletivas (2014), de Carlos Henrique Schroeder. O romance narra a história de Renê, um recepcionista de hotel da cidade litorânea de Balneário Camboriú, que tenta reconstruir sua vida após o abandono do filho e a tentativa frustrada de suicídio. Nesse espaço de solidão, Renê acaba conhecendo a travesti Copi, que sobrevive da prostituição e escreve pequenos textos, tendo como referência as fotos que realiza com sua câmera Polaroid. A análise da construção da personagem Copi, na narrativa em questão, sinalizou para a desconstrução de estereótipos e cristalizações sobre os corpos desviantes, bem como propôs um processo de legitimação, humanização, enfrentamentos e outras questões que envolvem as configurações de personagens travestis na literatura atual do Brasil
A história incompleta de Brenda e de outras mulheres: subjetividades trans nas brechas do existir
A partir dos relatos presentes no livro A história incompleta de Brenda e de outras mulheres (2016), do jornalista Chico Ludermir, este artigo analisa e articula um “olhar decolonial” sobre as dinâmicas de representação dos corpos subalternizados, bem como pensa o exercício da escrita como instrumento de resistência, reafirmação e construção de outras sensibilidades
Desesterro: silêncios, construtos e resistências na literatura latino-americana
When social constructs concerning women in Latin-American society are questioned, there are moments of resistance. In this article we will discuss on restrictive images of resistance, but propitiating another kind of resistance in the Brazilian novel Desesterro, by Sheyla Smanioto. In order to prove our hypothesis we have instability as foundation described in conditions that prevent us from living, revealing protests in disagreement. Nevertheless, the “gathering” of women in Smanioto’s text bursts possibilities. In order to do this, we will employ Judith Butler’s conception of assembly providing readers with a target claim, echoing the imposed silence towards women’s voices presented in the text.Quando construtos sociais, relativos à mulher na sociedade latina americana, são questionados, há momentos de resistências. Nesse artigo discorreremos sobre imagens impeditivas de uma resistência de fato, mas propiciadoras de resistência outra no romance brasileiro Desesterro, de Sheyla Smanioto. A fim de comprovar nossa hipótese, temos como fundamentação a instabilidade descrita em condições inviabilizadoras do viver, revelando protestos em desacordo. Não obstante, a “reunião” de mulheres no texto de Smanioto irrompe possibilidades. Para isso, empregaremos a concepção de assembleia de Judith Butler, proporcionando aos leitores uma visada reivindicativa, concedendo eco ao silêncio imposto às vozes femininas presentes no texto
ELA É AMAPÔ DE CARNE, OSSO E PALAVRAS: PERSONAGENS TRAVESTIS NO ROMANCE CONTEMPORÂNEO BRASILEIRO
In the words of Candido (2006), literature is a space where there is the possibility of expressing and problematizing social dynamics. Far from discursive neutrality, literature can act both in the confirmation of consensuses and in producing new meanings for reality, to construct ruptures. Contemporary literary production, although diffuse and homogeneous, with new forms of narrative construction and new social actors, which configure the center and the margins, find difficulties in the configuration of the subjects who escape gender norms. Thus, this article proposes to map, investigate and analyze the configurations of violence and subalternity of transvestite characters in the contemporary Brazilian novel (2000-2016). It was noticed that the literary discourse, allied to the discourse of the media and other cultural means, crosses the bodies of the transvestite characters, in order to insert them a single history, that does not represent a subjective and ambiguous whole, product of our time. For this, the article was based on the studies of Judith Butler (2003), Don Kulick (2008), Regina Dalcastagnè (2012), Beatriz Resende (2008) and other theoreticians who were used in The research.
Submissão: 2017-05-26
Aceite: 2017-08-30Nas palavras de Candido (2006), a literatura é um espaço onde há a possibilidade de expressar e problematizar as dinâmicas sociais. Longe da neutralidade discursiva, a literatura pode agir tanto na confirmação de consensos, quanto produzir novos sentidos para a realidade, construir rupturas. A produção literária contemporânea, embora se apresente difusa e homogênea, com novas formas de construção narrativa e novos atores sociais, que configuram o centro e as margens, encontra dificuldade na configuração dos sujeitos que fogem das normas de gênero. Sendo assim, presente artigo propôs a mapear, investigar e analisar as configurações de violência e subalternidade de personagens travestis no romance brasileiro contemporâneo (2000-2016). Percebeu-se que o discurso literário, aliado ao discurso das mídias e outros meios culturais,atravessa os corpos das personagens travestis, de forma a inserir-lhes uma história única, que não representa um todo subjetivo e ambíguo, produto de nossa época. Para isso, o artigo apoiou-se nos estudos de Judith Butler (2003), Don Kulick (2008), Regina Dalcastagnè (2012), Beatriz Resende (2008) e outros(as) teóricos(as) que foram utilizados(as) no decorrer da pesquisa.
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