58 research outputs found

    Notas sobre o problema da explicação e da experiência no ensino da Filosofia

    Get PDF
    Despite the efforts of the proponents of the teaching of Philosophy to have the subject back into the Secondary School curriculum, we watch nowadays its neglect in higher education. We observe that today, in this normalized society and in the educational sphere, the integral development of thinking is no longer valued, in favor of the transmission of a series of contents which supposedly allow the student to fit into the picture of technological progress and gain access to the labor market. Centering on this context, the present text intends to investigate the space in which the teaching of Philosophy evolves today. By sketching the contours of a problem that emerges in the university institutional spaces where the teaching of Philosophy still subsists, we have attempted to bring forward the bases on which Philosophy is taught. We have also sought to understand what are the consequences for the learning of philosophizing of the different ways to understand the teaching of Philosophy. A conclusion warranted by this study is that the teaching of Philosophy not only fails to give priority to the experience of thinking, but often denies the students the opportunity of doing and having this experience with the philosophical text, thereby contributing to impoverish this same experience of and with the philosophizing.Apesar do esforço dos defensores do ensino da Filosofia para que essa disciplina volte a fazer parte do Ensino Médio, observamos, atualmente, seu abandono nos cursos universitários. Notamos que hoje, na sociedade normalizada e no espaço educacional, não é mais valorizado o desenvolvimento integral do pensamento, mas a transmissão de uma série de conteúdos que, supostamente, dão condições para a integração do estudante no quadro do progresso tecnológico e proporcionam sua entrada no mercado de trabalho. Circunscrevendo-se nesse contexto, neste texto pretende-se investigar o espaço em que o ensino da Filosofia se desenvolve na atualidade. Delineando os contornos de um problema que emerge nos espaços institucionais universitários onde o ensino da Filosofia ainda persiste, procurou-se evidenciar em que bases a Filosofia é ensinada. Procurou-se, ainda, compreender quais consequências os modos de compreender o ensino da Filosofia trazem para o aprendizado do filosofar. Uma consideração a que se pode chegar, a partir deste estudo, é a de que o ensino da Filosofia além de não privilegiar, e muitas vezes negar, a experiência de pensamento que o aluno pode fazer e ter com o texto filosófico, contribui para o empobrecimento dessa mesma experiência do e com o filosofar

    A imanência como "lugar" do ensino de filosofia

    Get PDF
    The aim of this article is to think the problem of the teaching of philosophy from the perspective of the work of Deleuze and Guattari. These authors have created a series of concepts along their philosophical work to understand what it means to do philosophy, that is, to understand a philosophical activity that moves away from the reflection upon something, to be founded on an act of philosophical creation. According to them, there are four concepts that contribute to understand such philosophical work, namely Concept, Plane of Immanence, Conceptual Persona, and Problem. We assume that these concepts can be useful to think the contemporary teaching of philosophy in a way different from what has been the case. Special attention was given to one of these concepts, Plane of Immanence, developed in the last joint work of these authors, What is philosophy? (1997). We have sought in the work of these authors to understand how one can think the teaching of philosophy in such a way as to distance it from a conceptual fitting to a transcendent or transcendental, which according to the authors employed here would push the concept of teaching into a conceptual dogmatism. The proposal of this article is to seek a way out of this problem, thinking the teaching of philosophy based on the very immanence in which this teaching is produced.A intenção do presente artigo é pensar a problemática do ensino de filosofia a partir da obra de Deleuze e Guattari. Esses autores criaram uma série de conceitos, em seu fazer filosófico, para entender o que seria fazer filosofia, ou seja, para entender a atividade filosófica que se distanciasse de uma reflexão sobre alguma coisa e se fundasse em um ato de criação filosófica. Segundo os autores, existem quatro conceitos que corroboram para entender esse fazer filosófico, quais sejam: conceito, plano de imanência, personagem conceitual e problema. Tem-se como hipótese que tais conceitos podem contribuir para se pensar o ensino de filosofia na contemporaneidade de modo diferenciado do qual vem sendo tratado. Foi dada especial atenção a um desses conceitos: plano de imanência, engendrado na última obra conjunta desses autores, O que é a filosofia? (1997). Buscou-se, na obra desses autores, a caracterização de imanência e, consecutivamente, de plano de imanência para entender como se pode pensar o ensino de filosofia de forma diferenciada e de modo tal a distanciá-lo de uma adequação conceitual a um transcendente ou a um transcendental, a qual, no entender dos autores trabalhados, levaria o conceito de ensino a um dogmatismo conceitual. A proposta deste artigo é buscar uma saída para o problema, pensando o ensino de filosofia a partir da imanência mesma na qual este se produz

    A filosofia no ensino médio: o que se transmite quando se pressupõe transmitir conhecimentos filosóficos?

    Get PDF
    O objetivo deste texto é problematizar o que se transmite quando o ensino de filosofia no ensino médio se fundamenta no pressuposto formativo da transmissão de conhecimentos. Escrito sob a inspiração das críticas de Rancière à lógica da explicação/transmissão dos conhecimentos, pensa-se como as práticas dos professores de filosofia ordenam as possibilidades da aprendizagem. Mostra-se que aquilo que se transmite não são conhecimentos essenciais à filosofia que, na posse dos estudantes, poderiam desenvolver suas capacidades filosóficas, mas sim uma maneira de se relacionar com a filosofia e o tempo presente. Por essa razão, se defende que, ao invés de estimular e exercitar o pensamento filosófico do presente – objetivo da disciplina nesse contexto educacional –, transmite-se uma prática descritivo-doutrinária da história da filosofia, decalque de uma herança técnico-acadêmica consolidada na década de 1960 na Universidade de São Paulo. Essa herança, parcial e propedeuticamente implementada no Brasil, tem como cerne a técnica estruturalista de explicação de textos de Goldschmidt e Guéroult, cujas práticas permitem enunciar a figura do professor-explicador: explicador porque ocupa função específica na lógica da explicação/transmissão de conhecimento; e explicador em razão do recurso metodológico que sustenta a suposta transmissão de seu saber, a técnica de explicação de textos estruturalista. O texto se desenvolve nas investigações e experiências dos autores em seu ofício de professores de filosofia, ora focalizando nas práticas no ensino médio, ora dando ênfase no ensino de filosofia universitário e na formação do professor, perspectivadas principalmente desde um contexto paulista de ensino

    Um olhar para os vestígios da historiografia da filosofia nos documentos oficiais e na tradição formativa do professor de filosofia

    Get PDF
    The aim of this article is to point to the vestiges of an educational heritage that provides guidelines for the subject of Philosophy in basic education and also models Philosophy teachers’ education. This reconstruction is initially grounded on two official documents that are basic to the construction of São Paulo State Curriculum – "Parâmetros Curriculares Nacionais" and "Orientações Curriculares para o Ensino Médio" – and on the texts by Leopoldo e Silva. From the reading of these writings, there will be fundamental elements that allow associating the theoretical-philosophical guidelines to the educational tradition in Philosophy consolidated in the undergraduate course of Philosophy of University of São Paulo. In order to show their resonances in the practices of teaching and learning Philosophy, the methodological apparatuses responsible for the construction of a technical-academic standard are rescued. These can be partially evidenced in Jean Maugüé's texts and, fundamentally, in the philosophical practices of Martial Guéroult and Victor Goldschmidt. Finally, as long as the origin of these practices is reconstructed with Philosophy, their own possibilities to think the present are strained.O objetivo deste texto é apontar para os vestígios de uma herança formativa que fornece diretrizes à disciplina de filosofia na educação básica e também modela a formação dos professores de filosofia. Essa reconstrução ampara-se, inicialmente, em dois documentos oficiais basilares à construção do Currículo do Estado de São Paulo – os Parâmetros Curriculares Nacionais e as Orientações Curriculares para o Ensino Médio - e nos textos de Leopoldo e Silva. A partir da leitura desses escritos, apresentar-se-ão elementos fundamentais que permitem associar as diretrizes teórico-filosóficas à tradição formativa em filosofia consolidada no curso de Filosofia, da Universidade de São Paulo. Para mostrar suas ressonâncias nas práticas de ensinar e aprender filosofia, resgatam-se os aparatos metodológicos responsáveis pela construção de um padrão técnico-acadêmico, que podem ser evidenciados, parcialmente, nos textos de Jean Maugüé (1955) e, fundamentalmente, nas práticas filosóficas de Martial Guéroult (1968 [1956]; 2007 [1957], 2015 [1970];) e Victor Goldschmidt (1970 [1953]; 2014 [1947]). Ao final, na medida em que se reconstrói a proveniência dessas práticas com a filosofia, tensionam-se suas próprias possibilidades para pensar o presente

    A filosofia no ensino médio: o que se transmite quando se pressupõe transmitir conhecimentos filosóficos?

    Get PDF
    O objetivo deste texto é problematizar o que se transmite quando o ensino de filosofia no ensino médio se fundamenta no pressuposto formativo da transmissão de conhecimentos. Escrito sob a inspiração das críticas de Rancière à lógica da explicação/transmissão dos conhecimentos, pensa-se como as práticas dos professores de filosofia ordenam as possibilidades da aprendizagem. Mostra-se que aquilo que se transmite não são conhecimentos essenciais à filosofia que, na posse dos estudantes, poderiam desenvolver suas capacidades filosóficas, mas sim uma maneira de se relacionar com a filosofia e o tempo presente. Por essa razão, se defende que, ao invés de estimular e exercitar o pensamento filosófico do presente – objetivo da disciplina nesse contexto educacional –, transmite-se uma prática descritivo-doutrinária da história da filosofia, decalque de uma herança técnico-acadêmica consolidada na década de 1960 na Universidade de São Paulo. Essa herança, parcial e propedeuticamente implementada no Brasil, tem como cerne a técnica estruturalista de explicação de textos de Goldschmidt e Guéroult, cujas práticas permitem enunciar a figura do professor-explicador: explicador porque ocupa função específica na lógica da explicação/transmissão de conhecimento; e explicador em razão do recurso metodológico que sustenta a suposta transmissão de seu saber, a técnica de explicação de textos estruturalista. O texto se desenvolve nas investigações e experiências dos autores em seu ofício de professores de filosofia, ora focalizando nas práticas no ensino médio, ora dando ênfase no ensino de filosofia universitário e na formação do professor, perspectivadas principalmente desde um contexto paulista de ensino

    O ensino de filosofia na Educação Básica: uma problematização à luz da filosofia antiga

    Get PDF
    The purpose of this text is to problematize the limits of philosophy in Basic Education, since, in our analysis, teaching philosophy nowadays provides students with a very impoverished educational background. In fact, what happens in classroom is an educational background that is restricted to the order of comprehension, assimilation and repetition of philosophical discourses. On the one hand, teaching comprises the movement of transmitting representations that the teacher has of a certain fragment in the history of philosophy. On the other hand, learning would be reproducing what has been transmitted, by applying philosophical knowledge as formulas to think about certain issues. From this school context, we begin to problematize the effectiveness of transmission in the construction of a minimally philosophical formation, because it is questioned whether it is the discursive appropriation that would base this formative process. It is hypothesized that it is not the possession of discourses that would guarantee a formation in philosophy and that this way of forming does not find resonance in the own philosophical tradition. For this, the initial movements of the ancient philosophy are recovered, mainly with the figure of Socrates and the texts of Plato.O objetivo deste texto consiste em problematizar os limites da filosofia na Educação Básica, uma vez que o ensino de filosofia na atualidade propicia uma formação bastante empobrecida. O propósito, do ponto de vista das políticas públicas, é desenvolver, através da transmissão da história da filosofia, competências e habilidades comunicativas (discursivo-filosóficas) que possibilitem uma formação voltada para a dimensão argumentativa e reflexiva da filosofia, a fim de preparar o pensar crítico ante o contemporâneo. Embora esse objetivo esteja demasiadamente reduzido à dimensão discursiva da tradição filosófica, essas capacidades nem chegam a ser desenvolvidas em sala de aula. De fato, o que acontece é uma formação restrita à ordem da compreensão, assimilação e repetição dos discursos filosóficos. Por um lado, ensinar consiste no movimento de transmissão das representações que o professor tem de determinado recorte da história da filosofia. Por outro, aprender seria reproduzir aquilo que foi transmitido, aplicando o conhecimento filosófico como fórmulas para se pensar determinadas questões. Deste contexto escolar, começa-se a problematizar a efetividade da transmissão de conhecimentos para propiciar uma formação minimamente filosófica. Indaga-se se é a apropriação discursiva dos conteúdos filosóficos que fundamentaria os processos de uma formação filosófica. Tem-se como hipótese que não é a posse de discursos o que fundamenta uma formação filosófica e que este modo de formar não encontra ressonância na própria tradição filosófica. Para tanto, recupera-se os movimentos iniciais da filosofia antiga, principalmente, com a figura de Sócrates e os textos de Platão, a fim de mostrar outras possibilidades para uma formação filosófica

    Repensando O Lugar Da Representação, Da Transmissão E Da Experiência No Ensino Da Filosofia

    Get PDF
    Será que o conhecimento pode ser transmitido de forma representacional, por meio de uma explicação, sem que aquele que aprende faça uma experiência por si só daquilo que aprende? Este artigo, amparando-se no pensamento de Hume, Deleuze, Rancière e Gallo, pretende mostrar que somente a experiência com o objeto pode promover a aprendizagem efetiva, violentando o pensamento para que este busque por si só seu sentido e forme sua própria apreensão.41p. 46-63Filosofia Da Educaçã

    O lugar do ensino de filosofia no ensino médio técnico do Instituto Federal do Paraná

    Get PDF
    This paper aims to discuss the place of philosophy teaching in the technical secondary school of Instituto Federal do Paraná (IFPR). From Foucault’s theoretical perspective, this study aims to contribute to the discussion of philosophy teaching by promoting two problematizations: first, as a critical attitude of the subjectivity required in technology education, confronting the construction of a subjectivity subjected to the human capital model with an autonomous subjectivity that is self-constructed; second, to identify the philosophical thought as an authentic téhkne, which suggests another experience with the technique, breaking the objectivity of the modern technique. Rescuing the concepts of the Greek téhkne and modern aufklärung, it argues that one of the roles of philosophy in technical education is to allow the unique experience of self-care. Thus, we think the place of philosophy teaching as an experience space: where we must question the technique (as Heidegger calls) and take care of ourselves (as pointed out by Foucault).O objetivo deste artigo é refletir sobre o lugar do ensino de filosofia no ensino médio técnico do Instituto Federal do Paraná (IFPR). A partir da perspectiva teórica foucaultiana, este estudo pretende contribuir para o debate sobre o ensino de filosofia promovendo duas problematizações: primeiro, como uma atitude crítica da subjetividade exigida na educação tecnológica, confrontando a construção de uma subjetividade assujeitada ao modelo do capital humano com uma subjetividade que se constitui a si mesmo; segundo, identificar o pensar filosófico como uma téchne autêntica, o que permite pensar outra experiência com a técnica, rompendo com a objetividade da técnica moderna. Resgatando os conceitos da téchne grega e da Aufklärung moderna, busca-se apresentar que um dos papéis importantes da filosofia no ensino técnico seja o de possibilitar a experiência singular do cuidado de si. Desse modo, pensamos o lugar do ensino de filosofia como um espaço de experiência: onde devemos questionar a técnica (como convida Heidegger) e cuidar de nós mesmos (como aponta Foucault)

    O discurso e o acontecimento no ensino de filosofia: apontamentos sobre a noção de escrita de si

    Get PDF
    O objetivo deste texto é refletir sobre o ensino de filosofia no ensino médio, problematizando um certo uso do discurso representacional como um modo de produção de relações de assujeitamento e buscando pensar o discurso como liberação por meio da atitude de coabitar problemas. Esse diagnóstico apoia-se em um trabalho de revisão bibliográfica percorrendo os conceitos foucaultianos de cuidado de si e escrita de si, bem como, das ideias de Pierre Hadot sobre a filosofia antiga. O percurso descritivo deste trabalho parte inicialmente da problematização do discurso filosófico como diagnóstico de dois modos de fazer filosofia: um que é o discurso representacional e o outro, que é de uma filosofia como coabitação de problemas. Em seguida, desenvolvemos a noção da escrita de si como modo de tensionar a relação consigo, com os outros e com o mundo, o que contribui para pensar a filosofia como um exercício de si, ou seja, como uma atitude de inquietação, que faz da formação filosófica uma problematização das práticas cotidianas como forma de atenção ao presente e uma relação menos abstrata no ensino. Enfim, concluímos que pensar a escrita filosófica enquanto problematização de si constitui-se em um modo de liberar o indivíduo do assujeitamento produzido pelos processos de uma escrita reprodutora e, então, abrir-se para o encontro com o inusitado, com o estranho, com aquilo que nos desassossega e nos provoca a mudança

    Notas (filosóficas) sobre o problema da formação de professores

    Get PDF
    Rompemos com a análise que tem como paradigma a universalidade e a cientificidade na busca por respostas para a formação de professores. Problematizamos a idéia da formação de professores como resposta ao problema da crise na/da escola e o uso de conceitos no discurso educacional. Relacionamos os pontos problematizados, vistos como inerentes à prática educadora, com a constituição e validação do costume. O costume como crença arraigada quanto à existência do Homem pronto, finalidade da formação no universo da prática educacional. Entendemos que o tema formação de professores não se submete à objetivação de uma compreensão por um sujeito do conhecimento, ou mesmo, a um estudo analítico da verdade a seu respeito. Sugerimos como produtiva a busca de estilo foucaultiano de uma ontologia do presente acerca do problema da produção de formadores
    corecore