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    HUMANISM AND THE METAPHYSICS OF HUMAN ESSENCE – ON THE PRODUCTION OF MAN BY LABOUR

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    São muitas as definições do humanismo porque muitos são os pressupostos teológicos ou filosóficos em que se apoiam e muitas as posições político-ideológicas que procuram justificar. Louis Althusser sintetizou, meio século atrás, os pressupostos dessas doutrinas: há uma essência universal do homem; tal essência é atributo de indivíduos tomados isoladamente, que são seus sujeitos reais. A essência, que em si é um universal, se reproduz em cada homem; todos os homens seriam, portanto plenos detentores da humanidade, ou ainda, racionais. Assim compreendido, o humanismo, filosoficamente, é um discurso idealista que declara, a partir de uma nebulosa intuição de essência, que o homem ou “as pessoas” é ou são isso ou aquilo. Retoma, mesmo quando inspirado de elevados ideais de emancipação, uma das repostas mais comuns à pergunta pela essência do homem: a animalidade é sua matéria, mas sua forma substancial é a razão. Embora ela valha para todas as doutrinas metafísicas sobre a essência humana, Althusser tinha em vista, ao desenvolver sua crítica, as versões marxistas do humanismo, que se apoiam nas obras de juventude, inspiradas na noção de “essência genérica” (Gattungsweisen) do homem elaborada por Feuerbach. Daí sua tese de que as descobertas teórico-científicas de Marx configuraram uma “ruptura epistemológica” com as ideias da juventude. Essa tese suscitou e continua suscitando múltiplas refutações: Althusser foi acusado de empirismo, positivismo, epistemologismo etc. As classificações pejorativas importam menos do que a doutrina “ontológica” do trabalho em que elas se baseiam. Tal como interpretado pelos ontólogos, o princípio de que o homem se autoproduziu pelo trabalho encerra-se num círculo vicioso: o trabalho produz o homem porque ele trabalha de um modo humano. A tautologia é ocultada por um postulado metafísico: o trabalho é a exteriorização da essência ativa do “ser humano genérico”. A autoprodução do homem não é, pois compreendida concretamente como resultado de um processo seletivo de hominização, mas como atualização de uma essência meta-histórica, segundo o modelo do par conceitual aristotélico potência/ato (trabalhando, o hominídeo já era homem em potência). A despeito do estágio elementar dos conhecimentos arqueológicos de seu tempo, ao examinar a categoria trabalho em O Capital, livro I cap. 5, Marx se referiu às “primeiras formas instintivas, animais, de trabalho”, ilustrando-as com a teia da aranha e a colmeia das abelhas. Assinalou ainda que nelas se delineiam formas embrionárias da técnica, notando porém que “o emprego e a criação dos meios de trabalho, embora se encontrem em germe em algumas espécies animais, caracterizam o processo de trabalho especificamente humano”. Evidentemente, não cabia numa crítica da economia política burguesa proceder ao estudo aprofundado das modalidades pré e extra humanas do trabalho. Mas as concisas considerações que ele consagra ao tema não deixam a menor dúvida: “pressupomos o trabalho numa forma em que ele pertence exclusivamente ao homem”, isto é, esta forma constitui o ponto de partida do Capital, mas ela é o resultado de um longo processo de hominização e não a expressão metahistórica de uma essência genérica. À luz dessas considerações, a crítica ontológica da “ruptura epistemológica” recai, em irônica dialética, numa velha e radical ruptura metafísica: entre natureza e cultura, ou em linguagem explicitamente teológica, entre corpo e alma. Pode-se criticar o efeito provocador da expressão anti humanismo teórico. Exatamente porque é muito mais simpático aderir à ontologia trabalhista do ser social do que à crítica dos pressupostos meramente ideológicos e no mais das vezes retóricos do discurso humanista, Althusser teria sido mais bem compreendido se em vez de molestar a sensibilidade cultural dos intelectuais de esquerda, ele tivesse se cingido a criticar a pretensão de dizer o que o homem é, sem passar pela análise das condições concretas da evolução do homo sapiens. Submetido à crítica materialista, o ideal de uma humanidade liberada da opressão, da exploração de classes e da miséria da existência, meta irrenunciável das lutas revolucionárias inspiradas no marxismo vivo, deixa de ser ontologicamente garantida pela “essência genérica do ser social”. Mas abandonar uma garantia quimérica é avançar rumo à verdade efetiva das coisas. A longa história do homo sapiens não é a atualização de uma essência pré-fixada. Ela corre por um rio caudaloso cujo leito não foi traçado de antemão. A lógica objetiva que Marx discerniu na trama densa das relações sociais não obedece a nenhuma teleologia imanente. A instauração de uma forma superior de organização social, na qual os meios de produção de riquezas deverão se tornar patrimônio comum (=comunista) da humanidade, é o mais elevado programa político de emancipação da humanidade, mas exatamente por ser um programa, depende da virtù e da fortuna dos que se batem para concretizá-lo.

    CAMARADAS

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    WAACK, Willian. Camaradas. A história secreta da revolução brasileira. São Paulo. Companhia das Letras, 1993

    A objetividade do tempo no aristotelismo

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    According to Aristotle, time is an aspect of movement. Both are “successive continua”. Given that motion is the act of that which is potential insofar as it is potential, we maintain that the moving thing is not at, but only through, places. Our aim is to show that time is a numerical aspect of movement and that, even though numbers are only actualized in a soul that counts, Aristotle has a fundamentally objective conception of time.Segundo Aristóteles, o tempo é um aspecto do movimento. Ambos são “contínuos sucessivos”. Assumindo que mover-se é ato do que está em potência enquanto está em potência, sustentamos que o móvel não está em lugar nenhum, mas apenas passa por. Pretende-se demonstrar que o tempo é um aspecto numerável do movimento, e que embora os números só se atualizem na alma que os conta, Aristóteles sustenta fundamentalmente uma concepção objetiva do tempo

    As conexões do sionismo com o colonialismo, o fascismo e o racismo

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    Taking off from the idea that Israelis, not Jews, constitute a Zionist nation, this essay shows the strict, complex and nonlinear connections of the Zionist movement to colonialism, fascism and racism. It was supported by the “civilizing mission” of the West in the name of which capitalist expansion obscured conquest, pillage and genocide.Partindo das ideias de que os israelenses, não os judeus, constituem uma nação a partir do sionismo, este trabalho põe em evidência as estreitas, complexas e não-lineares conexões desse movimento com o colonialismo, o fascismo e o racismo. O sionismo se amparou na “missão civilizadora” do Ocidente, em nome da qual a expansão capitalista encobriu conquistas, pilhagens e genocídio

    Universalità e singolarità storica della Rivoluzione d’ottobre: da Lenin a Gramsci ai nostri giorni

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    The Marxian announcement of the imminent revolutionary conquest of power by the subaltern classes of the whole world has not occurred; however, it is not possible to understand the history of the second part of the Nineteenth and the entire Twentieth centuries without referring to the dynamics identified for the first time by the Communist Manifesto. It will be Lenin who gives effect to Marxism, bringing socialist revolution to completion in a country that was still largely agricultural and settling class struggles in capitalist countries to the national liberation struggles of countries subjected to Western colonialism. If the consequences of the October revolution will affect the liberal West itself, massively favoring the development of the Welfare State, the start of the neoliberal counter-revolution, inaugurated by Thatcher and Reagan, will coincide largely with the crisis of the political system founded by Lenin . Likewise, the end of the Soviet Union will coincide with the start of a dangerous phase of re-colonization, in which the nuclear horror of the Cold War will be followed by the daily horror of the imperialist wars disguised as humanitarianism.Keywords: Marx; Engels; Lenin; Dialectics; World History

    DEMOCRACIA E LIBERALISMO DA ILUSTRAÇÃO À REVOLUÇÃO FRANCESA

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    Neste artigo, o autor analisa aspectos essenciais da Democracia e do Liberalismo à luz de pensadores como Montesquieu, Locke, Rousseau, De Jaucourt, Joseph de Maistre, dos federalistas norte-americanos, do debate entre liberais e democratas na Assembléia Constituinte de 1789 e das discussões subsequentes ocorridas na França revolucionária, procurando colocar em evidência uma importante questão de fundo para a Teoria Política: a de que a Democracia possa ser apenas um valor universal e, portanto, não ser uma realidade político-institucional

    Notas introdutórias à teoria materialista das formas políticas

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    Questionando se, ao longo de sua trajetória histórica, a democracia conservou ou não um núcleo de características essenciais, o autor recorre ao termo transformação, o qual indica passagem de uma forma a outra sem sugerir que a nova forma apenas se sobrepõe, como disfarce ou máscara, à forma anterior. Ao escolher o termo transformações para denotar o movimento histórico da democracia o autor entende, pois, que ele constitui um processo complexo em que interagem duas relações fundamentais: a da idéia com suas concretizações e a da passagem de uma forma histórica para outra

    AS AVENTURAS DO MARXISMO NO BRASIL

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