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Wyrau’haw: a Festa da Menina-Moça do povo indígena Tenetehara/Guajajara
Este é um ensaio fotográfico a respeito da Wyrau’haw conhecida como Festa da Menina Moça ou Festa do Moqueado. É um ritual do povo Tenetehara/ Guajajara, de língua Tupi, localizados na pré-Amazônia maranhense. Esta festa marca a passagem da infância para a vida adulta da mulher Tenetehara/Guajajara. Ela é composta por três momentos: Mandiocaba ou Festa da Mandiocaba, Caçada e Festa do Moqueado. (GOMES, 2018). O presente ensaio refere-se a última etapa dessa festa, a Festa do Moqueado, que ocorreu em setembro de 2016, na aldeia Lagoa Quieta, Terra Indígena Araribóia. Os Tenetehara chamam de Wyrau’haw o momento da passagem e de transformação, da menina Tenetehara para a idade adulta. Em português eles usam a palavra “festa” para se referir a esse momento de relação entre os vivos e os encantados. Os Tenetehara conheceram as festas e como realizá-las com os encantados. As festas marcam uma comunicação entre os planos empíricos e o plano dos encantados. Como afirma Renato Sztutman(1998, p. 124) sobre o sentido que a festa possui entre os Waiãpi, povo Tupi da região amazônica: “É a atividade ritual -a festa- a instância capaz de colocar em prática este processo de transformação, essa incessante necessidade de transpor o plano das relações empíricas à comunicação com outros planos”
Carneiro da Cunha, Manuela e Cesarino, Pedro de Niemeyer. (orgs.). 2016. Políticas culturais e povos indígenas. São Paulo: Editora Unesp, 517 pp.
Resenha da coletânea Políticas culturais e povos indígenas, organizada por Manuela Carneiro da Cunha e Pedro Cesarino, pubblicada em 2016
UTILIZAÇÃO DE BIOMASSA DE CASCA DE AIPIM (MANIHOT ESCULENTA) IN NATURA COMO BIOADSORVENTE DE CD E PB EM ÁGUA
Os metais potencialmente tóxicos, termo mais difundido para metais pesados, sãoaqueles que apresentam alta densidade (> 5 g cm-³), em comparação aos demaiselementos e número atômico maior que 20. Dentre eles, o mercúrio (Hg), chumbo (Pb), cádmio (Cd) e arsênio (As) são os de maior risco ambiental em razão do seu uso intenso, toxicidade e ampla distribuição. Estes metais são resistentes à degradação e podem se acumular nos componentes em que manifestam sua toxicidade (MANZINI et al., 2010 e BAIRD, 2002)
“Corpo forte é corpo bonito”: a construção do corpo canela
O objetivo deste artigo é pensar a construção do corpo Canela, povo Timbira, falante de língua Jê, do estado do Maranhão. A vida dos povos ameríndios é marcada por rituais ou momentos ritualísticos. Esses momentos, como os de práticas de tabu, resguardo, restrição e ornamentação, constroem a corporeidade Canela. O artigo descreve momentos de fabricação do corpo desse povo em que a consubstancialidade e a comensalidade possuem centralidade. Destaca, ainda, a importância dos mekarõ e do cay para a construção da corporeidade Canela. E enfatiza a ornamentação corporal como uma prática cuja agentividade é o fortalecimento dos corpos ameríndios
A Lei 11.645/08 e suas implicações na prática docente na educação básica
Este artigo tem como objetivo refletir sobre as possibilidades de aplicação da lei no 11.645/2008, que trata da obrigatoriedade dos conteúdos da história da África e dos povos africanos e da história dos povos indígenas nos currículos da Educação Básica, a partir de um relato de experiência de uma oficina no âmbito do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica na Amazônia - PROCAD. Tal atividade se desenvolveu com estudantes de licenciatura e professores da Educação Básica em caráter virtual devido à pandemia da Covid-19. Essa oficina proporcionou um debate sobre arte, etnologia e educação nos currículos escolares a partir de uma abordagem histórica, sociológica e antropológica, tensionando os conteúdos postos na Educação Básica. Assim, o interesse identificado pelos professores participantes e pelos licenciandos, bem como a demanda por outras atividades como esta demonstra a necessidade de maior visibilidade da referida lei
DOS RITUAIS E ESPÍRITOS: REFLEXÕES SOBRE A MÚSICA PAUMARI
Este artigo apresenta uma reflexão sobre a música dos Paumari, povo indígena do Amazonas, sobretudo as dos rituais tradicionais de iniciação feminina. A metodologia consiste em análise bibliográfica e relato etnográfico, as principais referências teóricas abordam estudos da etnomusicologia e estudos críticos decoloniais. Conclui-se que a música dos rituais tradicionais entre os Paumari é concebida como manifestação do mundo espiritual e tendo sido silenciada pelos processos de evangelização, constitui-se como lembrança das antigas gerações
Militarização no Distrito Sanitário Especial Indígena do Maranhão: do “desastre anunciado” ao epicentro da pandemia
This case study used a historiographical methodology to investigate the trajectory and performance of the Special Indigenous Health District of Maranhão, having as a parameter what the National Policy for Health Care for Indigenous Peoples, still officially in force in 2021, recommended. It has the general context of health policies in successive federal governments as background. The period analyzed and discussed ranges from 2010 to 2021, covering: the crisis in the management of the National Health Care Policy for Indigenous Peoples, implemented by the National Health Foundation; the subsequent creation of the Special Secretariat for Indigenous Health and the transfer, to its scope, of the role of manager of this policy, in 2010; the challenges faced by the Special Secretariat for Indigenous Health in its first years of management, in the context of the political crises that led to the impeachment of President Dilma Rousseff and the administration of Michel Temer; the administration of Jair Messias Bolsonaro, with the consequent systematic attack on principles and guidelines inscribed in the 1988 Brazilian Constitution and the dismantling and/or sabotage of the National Health Care Policy for Indigenous Peoples; the advent of the covid-19 pandemic in this context and its specific impacts on the indigenous population, in Brazil and Maranhão, until 2021. Este estudo de caso utilizou metodologia historiográfica para investigar a trajetória e o desempenho do Distrito Sanitário Especial Indígena do Maranhão, tendo por parâmetro o que preconiza a própria Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, ainda oficialmente em vigor em 2021, e, por pano de fundo, o contexto geral das políticas de saúde em sucessivos governos federais. O período analisado e discutido vai de 2010 a 2021, abrangendo: a crise na gestão da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, implementada pela Fundação Nacional de Saúde; a consequente criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena e a transferência, para seu âmbito, do papel de gestora dessa política, em 2010; os desafios enfrentados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena em seus primeiros anos de gestão, no contexto das crises políticas que levaram ao impeachment da presidente Dilma Roussef e ao governo de Michel Temer; o governo de Jair Messias Bolsonaro, com o consequente ataque sistemático a princípios e diretrizes inscritos na própria Constituição Federal de 1988 e o desmonte e/ou sabotagem da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas; o advento da pandemia de covid-19 nesse contexto e seus impactos específicos sobre a população indígena, no Brasil e no Maranhão, até 2021.
 
Militarização no Distrito Sanitário Especial Indígena do Maranhão: do “desastre anunciado” ao epicentro da pandemia
Este estudo de caso utilizou metodologia historiográfica para investigar a trajetória e o desempenho do Distrito Sanitário Especial Indígena do Maranhão, tendo por parâmetro o que preconiza a própria Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, ainda oficialmente em vigor em 2021, e, por pano de fundo, o contexto geral das políticas de saúde em sucessivos governos federais. O período analisado e discutido vai de 2010 a 2021, abrangendo: a crise na gestão da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, implementada pela Fundação Nacional de Saúde; a consequente criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena e a transferência, para seu âmbito, do papel de gestora dessa política, em 2010; os desafios enfrentados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena em seus primeiros anos de gestão, no contexto das crises políticas que levaram ao impeachment da presidente Dilma Roussef e ao governo de Michel Temer; o governo de Jair Messias Bolsonaro, com o consequente ataque sistemático a princípios e diretrizes inscritos na própria Constituição Federal de 1988 e o desmonte e/ou sabotagem da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas; o advento da pandemia de covid-19 nesse contexto e seus impactos específicos sobre a população indígena, no Brasil e no Maranhão, até 2021
Ay Kakuyri Tama, eu moro na cidade: a poesia filosófica indígena de Márcia Kambeba no contexto do Estado-nação brasileiro
We approach the philosophical poetics of Marcia Kambeba as an instrument of first-person indigenous insubordination against the formalistic judicial-legal, dichotomous and segregationist narratives in the context of the Brazilian Nation-State. In order to it, we adopt the decolonial analysis of the philosopher’s discuss in the poem Ay kakuyri tama (I live in the city), in dialogue with authors(s) who, like her, understand the body as territory of politics and its transit as a locus of enunciation against oppression. Thus, taking the verses of the poem as the guide text, the essay is divided into three sections: in the first, the author invites the non-indigenous world to her ritual dance, a symbolic invitation that guides the reader to the beginnings of the invasion of Europeans in the lands of the original peoples; in the second, as the poet makes a nostalgic narrative of her childhood times, understands that the struggle and the war are a constant in her existence, analogy that we propose in relation to the process of resistance of the indigenous peoples, forced to be conformed to the state-colonial-modern logic; and, finally, as a conclusion, the poet claims her place in the non-indigenous world, understanding that the tensions inherent to this state are unique and that this transit is part of the very resistance of an identity that coloniality insists on erasing.Abordamos la poética filosófica de Márcia Kambeba como un instrumento de insubordinación indígena en primera persona contra las narrativas jurídico-legales formalistas, dicotómicas y segregacionistas en el contexto del Estado-Nación brasileño. Nos valemos, para tanto, del análisis decolonial del discurso de la filósofa en el poema Ay kakuyri Tama (Yo vivo en la ciudad), en diálogo con autoras(es) que, tal cual ella, comprenden el cuerpo como territorio del político y, su tránsito, un loto de enunciación contra las opresiones. Así, tomando como texto guía las estrofas del poema, el ensayo se divide en tres secciones: en el primero, la autora invita al mundo no indígena para su danza ritual. Una invitación simbólica que remite al lector a los inicios de la invasión de los europeos en las tierras de los pueblos originarios; en el segundo, como el poeta hace una narrativa nostálgica de sus tiempos de infancia, entiende que la lucha y la guerra son una constante en su existencia, analogía que proponemos en relación con el proceso de resistencia de los pueblos indígenas, constantemente obligados a conformarse a la lógica moderno-colonial estatal; y, por último, a modo de conclusión, la poeta reivindica su lugar en el mundo no-indígena, comprendiendo que las tensiones inherentes a ese estar son propias de su tránsito y parte de la propia resistencia de una identidad que la colonialidad insiste en borrar.Abordamos a poética filosófica de Márcia Kambeba como um instrumento de insubordinação indígena em primeira pessoa contra as narrativas jurídico-legais formalistas, dicotômicas e segregacionistas no contexto do Estado-nação brasileiro. Para tanto, adotamos a perspectiva decolonial para analisar o discurso da filósofa no poema Ay kakuyri tama (Eu moro na cidade), em diálogo com autoras(es) que, tal qual ela, compreendem o corpo como território do político e, seu trânsito, um lócus de enunciação contra as opressões. Assim, tomando como texto guia as estrofes do poema, o artigo se divide em três seções: na primeira, a autora convida o mundo não indígena para sua dança ritual, um convite simbólico que remete o leitor aos primórdios da invasão dos europeus nas terras dos povos originários; na segunda, ao tempo que a poeta faz um relato saudoso dos tempos de infância, compreende que a luta e a guerra são uma constante em sua existência, analogia que propomos em relação ao processo de resistência dos povos indígenas, forçados a se conformar à lógica moderno-colonial estatal; e, por fim, à guisa de conclusão, a poeta reivindica seu lugar no mundo não indígena, compreendendo que as tensões inerentes a esse estar são próprias do seu trânsito e parte da própria resistência de uma identidade que a colonialidade insiste em apagar
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