A Transtemporalidade Alegórica dos Gigantes do Nono Círculo do Inferno de Dante

O objetivo central deste artigo é analisar as presenças de passados transtemporais emanadas nas figuras dos gigantes do nono círculo do Inferno de Dante. Para isso, detenho a atenção na Commedia, principalmente ao Canto XXXI do Inferno. Nesse Canto, os gigantes são descritos e apresentados por Dante como grandiosos seres parecidos com torres que se encontram na entrada do nono círculo infernal. Neste artigo, operacionalizo o conceito de revelação figural para compreender esses gigantes como seres híbridos humanoides detentores de entrelaçamentos culturais e temporais que relampejam presenças de passado da mitologia greco-romana e judaico-cristã, funcionando como alegorias construídas por meio das vivências de Dante, como da leitura das obras Farsalias, Eneida, Metamorfoses e Tebaida

O Inferno de Dante e a simbologia do sétimo círculo

O período do século XI ao XIII foi marcante para a expansão do inferno cristão. A crença no maligno aumentou o medo frente ao desconhecido e possibilitou a estruturação de um inferno punitivo. O poeta Dante Alighieri construiu uma geografia para o inferno, paraíso e purgatório cristão por meio das representações coletivas do homem medieval. Utilizaremos o conceito de representação para discutir a simbologia do inferno de Dante, focando na estrutura de seu sétimo círculo, onde são punidas as almas violentas.The period between XI to XIII century was remarkable for the expansion of Christian hell. The belief in evil increased the fear of unknown and enabled the structure of a punitive hell. The poet, Dante Alighieri, made a geography for Christian hell, paradise and purgatory by means of collective representations of medieval man. We'll use the concept of representation to discuss the symbolism of Dante's inferno, focusing in the structure of its seventh circle, where the violent souls are punished

Usos do passado nos animes japoneses: a presença de imagens míticas das deusas da destruição e do mito dos irmãos, em Naruto Shippuden

Anime é um termo ocidental que se refere às animações japonesas. Algumas dessas animações possuem imagens alegóricas de mundos passados, mitológicos que são presentificados. Essas presenças (GUMBRECHT, 2010) imagéticas podem ser analisadas pela alegoria histórica (BENJAMIN, 1984) que atribui outra perspectiva de estudo da imagem, sendo possível identificar sintonias de mundos passados que são emanados no presente, como em uma constelação de imagens. Nesse sentido, as imagens transmitem temporalidades múltiplas e emanam o anacronismo (DIDI-HUBERMAN, 2011). Nosso objetivo é analisar as presenças transtemporais, com base nas teorias expostas, das imagens de Kaguya e de seus filhos Hagoromo e Hamura enquanto detentoras de mundos antigos que se presentificam através do anime, Naruto Shippuden, sendo identificáveis as imagens (e os traços) das deusas da destruição em Kaguya e do mito dos irmãos gêmeos em Hagoromo e Hamura

Os entrelaçamentos temporais e mitológicos das presenças das deusas antigas na personagem Kaguya no anime Naruto Shippuden

Japanese animations, known as anime, are produced for diverse and popular audiences outside of Japan, as is the case of Brazil. Some of these animations use narratives and mythological images that can be identified by the study of historical allegory (BENJAMIN, 1984), present in the narrative, in its images and, mainly, emanated by the presence of multiple temporalities, which shows the anachronism of images (DIDI-HUBERMAN, 2011). This is the case of the character Kaguya from the anime Naruto Shippuden. This character conveys cultural and mythological interlacements that is linked to the figure of the goddess present in ancient mythologies. The goal is to analyze the transtemporal presences of the goddess image transmitted by the character Kaguya in the anime Naruto Shippuden. For this, the concepts of historical allegory (BENJAMIN, 1984), past presences (GUMBRECHT, 2010) and anachronism (DIDI-HUBERMAN, 2011) will be used.Las animaciones japonesas conocidas como anime se producen para audiencias diversas y populares fuera de Japón, como es el caso de Brasil. Algunas de estas animaciones utilizan narrativas e imagines mitológicas que pueden identificarse medieante el estúdio de la alegoría histórica (BENJAMIN, 1984), presente en la narrativa, en sus imagines y emanado por la presencia de múltiples temporalidades, lo que muestra el anacronismo de imagines (DIDI-HUBERMAN, 2011). El personage Kaguya del anime Naruto Shippuden transmite entrelazamientos culturales y mitológicos que están vinculados a la figura de la diosa presente em las mitologias antiguas. El objetivo es analizar las presencias transtemporales de la imagen de la diosa transmitida por el personaje Kaguya en el anime t. Se utilizarán los conceptos de alegoría histórica (BENJAMIN, 1984), presencias del pasado (GUMBRECHT, 2010) y anacronismo de la imagen (DIDI-HUBERMAN, 2011).As animações japonesas, conhecidas como animes, são produzidas para públicos diversos e muito populares fora do Japão, como é o caso do Brasil. Algumas dessas animações se utilizam de narrativas e imagens mitológicas possíveis de serem identificadas pelo estudo da alegoria histórica (BENJAMIN, 1984) presente na narrativa, em suas imagens e, principalmente, emanada pela presença de temporalidades múltiplas, que emanam o anacronismo das imagens (DIDI-HUBERMAN, 2011). Esse é o caso da personagem Kaguya do anime Naruto Shippuden. Essa personagem transmite entrelaçamentos culturais e mitológicos que estão ligados a figura da deusa presente nas mitologias antigas. O objetivo é analisar as presenças transtemporais da imagem da deusa transmitidas pela personagem Kaguya no anime Naruto Shippuden. Para isso, serão utilizados os conceitos de alegoria histórica (BENJAMIN, 1984), presenças do passado (GUMBRECHT, 2010) e anacronismo da imagem (DIDI-HUBERMAN, 2011)

O IMAGENS ALEGÓRICAS: A CONFLUÊNCIA DAS TEMPORALIDADES NA IMAGINAÇÃO MÍTICA

Diante das diversas análises da imagem e do símbolo, verificaremos a forma como alguns pesquisadores entendem a imagem. Dessa forma, pretendemos alcançar nosso objetivo de identificar como as imagens, que vivem em nossos pensamentos e ideias, passam a possuir características de crenças, de sentimentos religiosos, atingindo o inenarrável e indelével do pensamento, os quais passam a se produzir no imaginário e nas práticas socioculturais por meio de imagens alegóricas. Buscaremos os olhares de Hans-Belting, Gilbert Durant, Eliade, Samain, Warburg e Didi-Huberman com o intuito de compreender como a imagem mental é dotada de ideias múltiplas, sendo proferidas em nossa imaginação e comunicadas por diferentes meios, como na escrita, na oralidade, em obras de arte, dentre outros

Revelação figural: alegoria e presença dos seres híbridos na Divina Comédia, de Dante Alighieri

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2019.Nos últimos anos de sua vida, Dante Alighieri escreveu uma carta a seu amigo Cangrande della Scala e informou sobre as possibilidades de leitura de sua obra Divina Comédia. Suas atribuições de leitura se situam nos modelos adotados pela patrística (século II ao século VII), desenvolvidos, posteriormente, por Boaventura e Tomás de Aquino. Nesse modelo, estão o sentido alegórico (moral, anagógico, alegórico) e o sentido literal. O modelo alegórico, o qual consideraremos para a análise, foi também conhecido como modelo tipológico ou figural, como elucidado por Erich Auerbach, que desenvolveu a teoria da interpretação figural enquanto uma forma de leitura que se concentrava no entendimento da Bíblia. Nosso objetivo é investigar como os seres híbridos são revelados por Dante enquanto presença do passado antigo presentificado na eternidade, na confluência dos tempos, em sua obra Divina Comédia, a qual descreve os ambientes do pós-morte medieval. Sendo assim, a leitura alegórica funcionava por meio do envolvimento de temporalidades, do passado presentificado e do presente elucidado na eternidade por meio da busca pelo futuro escatológico cristão. Seguiremos essa leitura alegórica desenvolvendo o conceito de interpretação figural no sentido de avançar sua interpretação, entendendo-o, assim, enquanto revelação figural manifestada, em uma cultura de presença (GUMBRECHT, 2010). Nossa tese é a de que os seres híbridos descritos e narrados por Dante são a presença da revelação da verdade alegórica, delimitada pelas visões de mundo e pela espiritualidade de Dante.Abstract: In the last years of his life, Dante Alighieri wrote a letter to his friend Cangrande della Scala and reported about the reading possibilities of his work, the Divine Comedy. Your reading assignments are within the models adopted by the patristic (second century to the seventh century), developed later by Bonaventure and Thomas Aquinas. In this model are the allegorical sense (moral, anagogical, allegorical) and the literal sense. The allegorical model was also known as typological or figural, as elucidated by Erich Auerbach, who developed the theory of figural interpretation as a form of reading that focused on understanding the Bible. Our goal is to investigate how the hybrid beings are revealed by Dante as presence of the ancient past presentified in eternity, at the confluence of the times, in his Divine Comedy work, which describes the medieval postmortem environments. Thus, the allegorical reading worked through the involvement of temporality, past and present presentified and elucidated in eternity through the quest for christian eschatological future. By the allegorical reading we used the concept of figural interpretation in order to advance its interpretation, understanding it, as well as figural revelation manifested as Gumbrecht in a presence culture. Our thesis is that the described hybrids and narrated by Dante are the presence of the revelation of allegorical truth bounded by worldviews and by Dante's spirituality

O Inferno de Dante e a simbologia do sétimo círculos

The period between XI to XIII century was remarkable for the expansion of Christian hell. The belief in evil increased the fear of unknown and enabled the structure of a punitive hell. The poet, Dante Alighieri, made a geography for Christian hell, paradise and purgatory by means of collective representations of medieval man. We�ll use the concept of representation to discuss the symbolism of Dante�s inferno, focusing in the structure of its seventh circle, where the violent souls are punished.O período do século XI ao XIII foi marcante para a expansão do inferno cristão. A crença no maligno aumentou o medo frente ao desconhecido e possibilitou a estruturação de um inferno punitivo. O poeta Dante Alighieri construiu uma geografia para o inferno, paraíso e purgatório cristão por meio das representações coletivas do homem medieval. Utilizaremos o conceito de representação para discutir a simbologia do inferno de Dante, focando na estrutura de seu sétimo círculo, onde são punidas as almas violentas

O Inferno de Dante e a simbologia do sétimo círculo

O período do século XI ao XIII foi marcante para a expansão do inferno cristão. A crença no maligno aumentou o medo frente ao desconhecido e possibilitou a estruturação de um inferno punitivo. O poeta Dante Alighieri construiu uma geografia para o inferno, paraíso e purgatório cristão por meio das representações coletivas do homem medieval. Utilizaremos o conceito de representação para discutir a simbologia do inferno de Dante, focando na estrutura de seu sétimo círculo, onde são punidas as almas violentas.The period between XI to XIII century was remarkable for the expansion of Christian hell. The belief in evil increased the fear of unknown and enabled the structure of a punitive hell. The poet, Dante Alighieri, made a geography for Christian hell, paradise and purgatory by means of collective representations of medieval man. We'll use the concept of representation to discuss the symbolism of Dante's inferno, focusing in the structure of its seventh circle, where the violent souls are punished