12 research outputs found

    MEMÓRIA, EXPERIÊNCIA, TESTEMUNHO: REVISITANDO A LUTA PELA TERRA NO SUDESTE DO PARÁ A PARTIR DO DOCUMENTÁRIO ESCOLA ELDORADO

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    Lançado em 2008, o documentário Escola Eldorado retrata as memórias de Alcione Ferreira da Silva, migrante maranhense que se deslocou para o Pará no início dos anos 1970, e vivenciou episódios marcantes da história recente do país, como a Guerrilha do Araguaia, ainda na década de setenta; o garimpo na Serra Pelada, nos anos oitenta, e o Massacre de trabalhadores sem-terra, em Eldorado dos Carajás, em 1996, no qual chegara a ser alvejado por um tiro. O artigo problematiza as relações entre memória, experiência e testemunho presentes na forma como as narrativas de Alcione são apropriadas, em conjunto com outros documentos, no curta-metragem. Busca também, por meio das rememorações apresentadas, (re)trilhar alguns dos caminhos da luta pela terra na Amazônia entre o final do século XX e início do XXI, cotejando as memórias narradas com elementos do contexto em que fora produzido o documentário

    “ESSA É A HISTÓRIA NOSSA, DO MEU TEMPO PRA CÁ”: MEMÓRIA, POESIA E MARTÍRIO NO DOCUMENTÁRIO EXPEDITO, EM BUSCA DE OUTROS NORTES

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    Lançado em 2007, o documentário Expedito, em busca de outros nortes, retrata por intermédio de diversos relatos orais de memória e recursos poéticos, musicais e imagéticos, a trajetória do sindicalista Expedito Ribeiro de Souza, assassinado em Rio Maria-PA, em 1991. O artigo problematiza as imagens sobre a vida e a atuação política de Expedito constituídas pelo filme, através da análise de algumas opções realizadas pelos seus diretores e produtores durante a constituição da narrativa. Ao reunir memórias de pessoas que compartilharam dos mesmos espaços vida e de luta de Expedito, assim como efetuar uma apropriação dos rastros deixados pelo sindicalista, a obra se constitui não somente como um importante lugar de memória sobre o legado por ele deixado e acerca da luta pela terra na Amazônia brasileira no contexto da redemocratização, mas autoriza certas leituras sobre a vida de Expedito e ressignificações sobre sua morte, solidificando sua inserção entre os mártires da luta pela terra

    “Estou aqui fazendo um filme”: relações étnico-raciais e lutas pela memória em Osvaldão (2014)

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    The documentary Osvaldão (2014) portrays the trajectory of Osvaldo Orlando da Costa, one of the most important characters of the Guerrilha do Araguaia (1972-1974). Its production is linked to the Maurício Grabois Foundation, linked to the Communist Party of Brazil (PC do B), to which the militants who worked in Araguaia belonged. Black and communist, Osvaldão lost his life in the eastern Brazilian Amazon, where he carried out militant work for about eight years. In the article, we seek to problematize the representations that the film builds in relation to the guerrilla life story and how race relations were portrayed. We tried to understand the choices made by the filmmakers regarding the frameworks given to the trajectory of the biographer, based on disputes over memory in force in Brazil in those years starting in the decade of 2010. Notably, the clashes over the memory of the dictatorship and the sub- representation of blacks in narratives that deal with national history.El documental Osvaldão (2014) retrata la trayectoria de Osvaldo Orlando da Costa, uno de los personajes más conocidos de la Guerrilha do Araguaia (1972-1974). Su producción está vinculada a la Fundación Maurício Grabois, vinculada al Partido Comunista de Brasil (PC do B), al que pertenecían los militantes que trabajaban en Araguaia. Negro y comunista, Osvaldão perdió la vida en el este de la Amazonía brasileña, donde realizó una labor militante durante unos ocho años. El artículo busca problematizar las representaciones que construye la película en relación a la historia de vida de la guerrilla y cómo se retrataron las relaciones raciales. Se buscó comprender las decisiones tomadas por los realizadores en cuanto a los marcos dados a la trayectoria del biógrafo, a partir de las disputas sobre la memoria en Brasil en esos primeros años de la década de 2010. Cabe destacar los enfrentamientos por la memoria de la dictadura y la subrepresentación de negros en narrativas que tratan de la historia nacional.Le documentaire Osvaldão (2014) décrit la trajectoire d'Osvaldo Orlando da Costa, l'un des personnages les plus connus de la Guerrilha do Araguaia (1972-1974). Sa production est liée à la Fondation Maurício Grabois, liée au Parti communiste du Brésil (PC do B), auquel appartenaient les militants qui travaillaient à Araguaia. Noir et communiste, Osvaldão a perdu la vie dans l'est de l'Amazonie brésilienne, où il a mené un travail militant pendant environ huit ans. L'article cherche à problématiser les représentations que le film construit par rapport à l'histoire de la vie de guérilla et à la manière dont les relations raciales ont été dépeintes. Nous avons cherché à comprendre les choix faits par les cinéastes concernant les cadres donnés à la trajectoire du biographe, à partir des disputes de mémoire au Brésil dans ces premières années des années 2010. Notamment, les affrontements sur la mémoire de la dictature et la sous-représentation des les noirs dans les récits qui traitent de l’histoire nationale.O documentário Osvaldão (2014) retrata a trajetória de Osvaldo Orlando da Costa, um dos mais conhecidos personagens da Guerrilha do Araguaia (1972”“1974). O longa tem sua produção vinculada à Fundação Maurício Grabois, ligada ao Partido Comunista do Brasil (PC do B), ao qual pertenciam os militantes que atuaram no Araguaia. Negro e comunista, Osvaldão perdeu a vida na Amazônia oriental brasileira, onde efetuou um trabalho militante durante cerca de oito anos. No artigo, busca-se problematizar as representações que o filme constrói em relação à história de vida do guerrilheiro e como as relações raciais foram retratadas. Procurou-se compreender as escolhas feitas pelos realizadores quanto aos enquadramentos dados à trajetória do biografado, a partir de disputas pela memória vigentes no Brasil naqueles anos iniciais da década de 2010. Notadamente, os embates sobre a memória da ditadura e a sub-representação dos negros nas narrativas que versam sobre a história nacional.O documentário Osvaldão (2014) retrata a trajetória de Osvaldo Orlando da Costa, um dos mais conhecidos personagens da Guerrilha do Araguaia (1972”“1974). O longa tem sua produção vinculada à Fundação Maurício Grabois, ligada ao Partido Comunista do Brasil (PC do B), ao qual pertenciam os militantes que atuaram no Araguaia. Negro e comunista, Osvaldão perdeu a vida na Amazônia oriental brasileira, onde efetuou um trabalho militante durante cerca de oito anos. No artigo, busca-se problematizar as representações que o filme constrói em relação à história de vida do guerrilheiro e como as relações raciais foram retratadas. Procurou-se compreender as escolhas feitas pelos realizadores quanto aos enquadramentos dados à trajetória do biografado, a partir de disputas pela memória vigentes no Brasil naqueles anos iniciais da década de 2010. Notadamente, os embates sobre a memória da ditadura e a sub-representação dos negros nas narrativas que versam sobre a história nacional

    Em busca de uma “nação Atlântica e não bugre”: racismo e construção da desigualdade na ocupação da Amazônia Sul-Ocidental (1930–1940)

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    Nas décadas de 1930 e 1940, foram cunhadas representações sobre o Vale Madeira-Guaporé (atual Rondônia) centradas na integração da Amazônia ao restante do País. Neste artigo, buscou-se compreender os significados de cunho racial veiculados nesse processo, em especial aqueles presentes no jornal Alto Madeira e relacionados à denominada Marcha Para o Oeste. No recorte estudado, tais narrativas foram alicerçadas em hierarquizações alinhadas com os interesses do avanço capitalista e com a marcha de uma alegada modernidade em oposição ao dito primitivismo indígena e de outras populações regionais. Surgiram, assim, representações diversas, pautadas em hierarquias raciais. Tais narrativas visavam a naturalizar a apropriação dos territórios indígenas, a destruição das culturas desses povos e a exploração intensiva de sua força de trabalho, como também ocorria com os migrantes nordestinos. Conhecer esse processo se torna relevante em um momento em que são ressignificadas, no Brasil, concepções sobre o avanço da fronteira muito difundidas nessas décadas e amplificadas no contexto da Ditadura Militar. Essas visões, amplamente retomadas na contemporaneidade, carregam consigo significações étnico-raciais que merecem ser mais bem analisadas e inseridas nos debates atuais

    Guerrilha do Araguaia 50 anos: direito à memória e à verdade - desafios para a pesquisa e o ensino

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    O presente dossiê sobre os 50 anos da Guerrilha do Araguaia (1972-1975), além de buscar trabalhar detidamente sobre o evento da epopeia guerrilheira e os seus desdobramentos no ano de seu quinquagenário, também visa trazer à lume outras questões que tangenciam o tema e procuram fazer o trabalho de denúncia contínua sobre os arbítrios do período da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Para endosso dessa presente organização compreendemos que toda a produção discursiva que almeje o exercício de revelação do período do torcionário ditatorial são extremamente bem-vindas, pois além de produzir a reverberação dos fatos ainda estabelecem a luta constante pela memória, verdade, reparação e justiça

    CRÔNICAS DO ARAGUAIA:

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    Entrevistamos para esse dossiê da ENTRELETRAS o escritor Janailson Macêdo Luiz que publicou, em 2015, o livro Crônicas do Araguaia, o qual remete diretamente a acontecimentos relacionados ao que a história convencionou denominar como Guerrilha do Araguaia. Estamos diante de uma produção inserida na classificação de “literatura de testemunho”, mais próxima às vertentes latino-americanas do testimonio e que transita entre a ficção e o fato histórico. Janailson é docente da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) e doutorando em História Social pela USP. A entrevista com o autor se deu pelo Whatsapp, em abril de 2020, durante o período da quarentena relativa à pandemia do Covid-19. Seu trabalho se mostra bastante relevante por trazer à memória uma parte da história que, até mesmo por orientação das diretrizes do governo ditatorial (1964-1985) e por uma justiça de transição que não se efetivou, deveria ser lançada ao esquecimento. Em seu relato, trata de seu processo de criação, a relação entre ficção e história, trazendo personagens que perpassam suas narrativas e aludem à memória social em torno dos acontecimentos relacionados à Guerrilha, à tortura, à resistência

    Entre encontros e confrontos:: olhares para participação negra na Guerrilha do Araguaia (1972-1974)

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    Durante muchos años, tanto una historiografía como una memoria hegemónica constituida sobre el régimen militar en Brasil subrepresentaron la participación de mujeres y hombres negros en grupos que hacían oposición directa al régimen. En los últimos años, sin embargo, esta participación ha sido cada vez más problematizada. Uno de los hechos ocurridos en ese contexto que tuvo participación negra fue la Guerrilla Araguaia, ya sea entre sus protagonistas o entre la población que habitaba la confluencia de los estados de Pará, Goiás (hoy Tocantins) y Maranhão, que terminó involucrada en uno de los episodios más brutales de la historia brasileña reciente. El artículo, resultado de una investigación en curso, buscó indagar la participación negra en el seno de ese conflicto, a partir del abordaje de diversos documentos, como fuentes orales y audiovisuales, documentales, literatura testimonial y una serie de otras huellas.For many years, both historiography and the hegemonic memory built on the military regime in Brazil underrepresented the participation of black women and men in groups that directly opposed the regime. In recent years, however, this participation has been increasingly problematized. One of the events that took place in that context that had black participation was the Araguaia Guerrilla War, either among its protagonists or among the population that inhabited the confluence of the states of Pará, Goiás (today Tocantins) and Maranhão, which ended up involved in one of the episodes most brutal in recent Brazilian history. The article, the result of ongoing research, sought to investigate black participation at the heart of that conflict, using the approach of diverse documents, such as oral and audiovisual sources, documentaries, testimonial literature and a series of other traces.Durante muitos anos, tanto a historiografia quanto a memória hegemônica constituída sobre o regime militar no Brasil sub-representaram a participação de mulheres e homens negros nos grupos que fizeram oposição direta ao regime. Nos últimos anos, porém, essa participação vem sendo cada vez mais problematizada. Um dos eventos ocorridos naquele contexto que contou com participação negra foi a Guerrilha do Araguaia, seja entre seus protagonistas, seja entre a população que habitava a confluência dos estados do Pará, Goiás (atual Tocantins) e Maranhão, que acabou envolvida em um dos episódios mais brutais da história recente brasileira. O artigo, fruto de pesquisa em desenvolvimento, buscou investigar a participação negra no cerne daquele conflito, lançando mão da abordagem de documentos diversos, tais como fontes orais e audiovisuais, documentários, literatura de testemunho e uma série de outros rastros

    Struggles for autonomy, dreams of revolution: a history of black participation in the Araguaias Guerilla (1972-1974)

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    No início da década de 1970, eclodiu, na Amazônia brasileira, um dos conflitos mais marcantes da história do regime militar (1964-1985). A Guerrilha do Araguaia (1972-1974) contrapôs guerrilheiros integrantes do Partido Comunista do Brasil (PC do B), então na clandestinidade, e as Forças Armadas; e teve grande impacto junto aos moradores da confluência dos estados do Pará, do Maranhão e do atual Tocantins. A partir do final dos anos 1960, essa localidade recebeu milhares de migrantes, muitos dos quais negros, que chegavam à Amazônia Oriental buscando o acesso à terra e à autonomia. A Guerrilha do Araguaia foi um evento marcado pelo Terror de Estado praticado pelos militares, que sitiaram a área e infringiram inúmeras violências contra os moradores, entre os quais, muitos camponeses e indígenas. Também ficou conhecida pelas graves violações aos direitos humanos exercidas pelos militares, como política de Estado, diante dos moradores e dos guerrilheiros. Esta tese problematizou a participação negra naquele evento, a partir da observação de experiências vivenciadas por guerrilheiros, pelos camponeses e pelos militares. Partiu-se da compreensão de que existe uma sub-representação das experiências de mulheres e homens negros no contexto do regime militar brasileiro, seja na historiografia, seja no debate público. Foram utilizadas fontes diversas, a partir do entrecruzamento da literatura sobre o tema com documentos produzidos pelo próprio PC do B e pelos guerrilheiros; assim como o cruzamento com outras fontes: entrevistas de história oral, literatura de testemunho, documentários, jornais, entre outras. Inicialmente, realizou-se uma historicização da presença negra na Fronteira Araguaia-Tocantins. Em seguida, abordou-se a história da participação negra nas mobilizações comunistas no país e buscou-se entender como se deu essa participação no PC do B nos anos anteriores à Guerrilha. Embora o PC do B apresentasse uma centralidade na discussão sobre a classe e não contasse com pessoas negras nos níveis mais altos da estrutura partidária, diversas mulheres e homens negros tiveram destaque e apresentaram protagonismo entre seus quadros naquele período, principalmente entre o conjunto de guerrilheiros. Mulheres e homens negros integrantes da Guerrilha estão, até hoje, entre os mais recordados pelos moradores, assim como na literatura e produções audiovisuais que tomaram a Guerrilha do Araguaia como objeto. Por vezes, esses personagens foram representados por um viés de heroicização ou, em sentido inverso, acabaram alvo de estratégias negacionistas, que buscaram atenuar ou provocar o esquecimento dos crimes cometidos pela ditadura. No Araguaia, alguns dos guerrilheiros abordados mantiveram aproximação com adeptos de religiões de matriz africana, praticantes do terecô, religião que chegou ao local por intermédio dos migrantes maranhenses. Os terecozeiros realizaram diálogos políticos com os guerrilheiros e também foram alvo das violências praticadas pelos militares contra a população, tendo também sua religião desrespeitada. Mulheres e homens negros estiveram entre os guerrilheiros e a população afetada pelo conflito, a partir de posições diversas. Alguns aturam como guias colaboradores dos militares ou como soldados de baixa patente. Muitos foram alvo de torturas e outras atrocidades, quer por ousarem integrar um projeto revolucionário, quer por estarem diante da face mais explícita do Estado autoritário.In the early 1970s, one of the most striking conflicts in the history of the military regime (1964-1985) erupted in the Brazilian Amazon. The Araguaia\'s Guerilla (1972-1974) opposed guerrilla members of the Communist Party of Brazil (PC do B), then in hiding, and the Armed Forces; and had a great impact on the residents of the confluence of the states of Pará, Maranhão and present-day Tocantins. From the end of the 1960s, this location received thousands of migrants, many of whom were black, who arrived in the Eastern Amazon seeking access to land and autonomy. The Araguaia\'s Guerilla was an event marked by State Terror practiced by the military, who besieged the area and inflicted numerous acts of violence against residents, including many peasants and indigenous people. It was also known for the serious violations of human rights carried out by the military, as a State policy, against residents and guerrillas. This thesis problematized black participation in that event, based on the observation of experiences lived by guerrillas, peasants and military. It started from the understanding that there is an under-representation of the experiences of black women and men in the context of the Brazilian military regime, whether in historiography or in public debate. Different sources were used, from the intersection of the literature on the subject with documents produced by the PC do B itself and by the guerrillas; as well as the intersection with other sources: oral history interviews, testimonial literature, documentaries, newspapers, among others. Initially, there was a historicization of the black presence on the Araguaia- Tocantins border. Then, the history of black participation in communist mobilizations in the country was discussed and an attempt was made to understand how this participation in the PC do B took place in the years prior to Guerilla. Although the PC do B was central in the discussion about class and did not have black people at the highest levels of the party structure, several black women and men stood out and played a leading role among their staff in that period, especially among the guerrillas. Black women and men who are members of the Guerilla are among the most remembered by residents, as well as in literature and audiovisual productions that took the Araguaia\'s Guerilla as an object. Sometimes, these characters were represented by a bias of heroicization or, conversely, ended up being the target of denialist strategies, which sought to mitigate or cause the crimes committed by the dictatorship to be forgotten. In Araguaia, some of the guerrillas approached maintained contact with adherents of religions of African origin, practitioners of terecô, a religion that arrived in the area through migrants from Maranhão. The terecozeiros held political dialogues like the guerrillas and were also the target of violence practiced by the military against the population, also having their religion disrespected. Black women and men were among the guerrillas and the population affected by the conflict, from different positions. Some act as collaborating guides for the military or as low-ranking soldiers. Many were the target of torture and other atrocities, either because they dared to join a revolutionary project or because they were facing the most explicit face of the authoritarian State

    Das ressignificações do passado: As artes da memória e a escrita da história de Caiana dos Crioulos

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    The article studies the narratives about the past of Caiana dos Crioulos, one of the remaining quilombo communities of the Paraiba State marshes, in the city of Grande Alagoa. Notably, are recorded the memories of local inhabitants regarding the formation of their community and of other remote periods of their trajectory as a group, such as the violence of the “old times” – slavery and post-abolition periods – as told by the “elders.” Such representations concerning the past history of this community are cross examined with those primarily from the mid-20th century, by citizens of the surrounding society such as journalists and politicians, as well as, from the Nineties, by members of this very own group, when the Quilombola identity was being affirmed and their identity and past begun to be (re)signified.O artigo problematiza narrativas constituídas em torno da origem de Caiana dos Crioulos, comunidade remanescente de quilombos situada no brejo paraibano, no município de Alagoa Grande. Em especial, são abordadas as memórias dos moradores do local em relação a formação de sua comunidade ou de períodos mais longínquos de sua trajetória enquanto grupo, como as relacionadas as violências do período da escravidão e do pós-abolição, inseridos dentro dos “tempos antigos” relatados pelos “mais velhos”. Tais representações sobre o passado da comunidade são cruzadas com aquelas constituídas sobretudo a partir de meados do século XX por sujeitos da sociedade circundante, tais como jornalistas e políticos, assim como, a partir dos anos noventa, pelos próprios membros do grupo, durante a afirmação de uma identidade quilombola, onde suas heranças, sua identidade e seu passado passam a ser ressignificados

    Memória, experiência, testemunho: revisitando a luta pela terra no sudeste do Pará a partir do documentário Escola Eldorado

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    Lançado em 2008, o documentário Escola Eldorado retrata as memórias de Alcione Ferreira da Silva, migrante maranhense que se deslocou para o Pará no início dos anos 1970, e vivenciou episódios marcantes da história recente do país, como a Guerrilha do Araguaia, ainda na década de setenta; o garimpo na Serra Pelada, nos anos oitenta, e o Massacre de trabalhadores sem-terra, em Eldorado dos Carajás, em 1996, no qual chegara a ser alvejado por um tiro. O artigo problematiza as relações entre memória, experiência e testemunho presentes na forma como as narrativas de Alcione são apropriadas, em conjunto com outros documentos, no curta-metragem. Busca também, por meio das rememorações apresentadas, (re)trilhar alguns dos caminhos da luta pela terra na Amazônia entre o final do século XX e início do XXI, cotejando as memórias narradas com elementos do contexto em que fora produzido o documentário.Launched in 2008, the documentary Escola Eldorado portrays as memories of Alcione Ferreira da Silva, Maranhão who moved to Pará in the early 1970s, and experienced the most remarkable history of the country, such as Guerrilha do Araguaia, still in the decade of seventy; Serra do Pelada in the 1980s and the Landless Workers Massacre in Eldorado dos Carajás in 1996. The article discusses how relations between memory, experience and witness are present in the way Alcione's narratives are appropriated. set with other documents, no short film. Also, through isolated recollections, research some of the ways of the Amazon between the end of the twentieth century and the beginning of the twenty-first, citing as memories narrated with elements of the context in which the document is produced
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