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    Os jornalistas e os constrangimentos que atormentam a profissão: entre as pressões do mercado e a imposição das fontes de informação

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    Os jornalistas vivem hoje sob permanente pressão. Pressão para ser rentável. Pressão para fazer a cobertura de determinado acontecimento. Pressão para ouvir este ou aquele interlocutor. Pressão para não afrontar os acionistas da sua empresa. Pressão para trabalhar depressa. Pressão para ser o primeiro a anunciar a última coisa que acontece. Não é fácil trabalhar assim. Outro constrangimento recai na pressão das fontes. O político que pressiona pessoalmente o jornalista pertence ao passado. Hoje os assessores e as agências de comunicação exercem essa influência no lugar dos vários poderes dominantes, desenvolvendo uma pressão de agendamento e de cobertura mediática com técnicas apuradíssimas, sendo, por vezes, muito difícil perceber onde se interrompe uma profícua mediação e começa uma intolerável manipulação. Perante estes constrangimentos, resta aos jornalistas o grande desafio que encontram hoje pela frente: reinventar processos produtivos de notícias e reinventarem-se a si próprios enquanto profissionais. Para que o jornalismo tenha futuro.Nowadays journalists are under permanent pressure. Pressure to be profitable, to cover a given event, to listen to this or that source, to not confront their media company’s bosses, to work fast, and to be the first one covering the news. It is not easy to work under these conditions. Another constraint is related to the news sources’ pressures. The politician who exerts personal pressure into the journalist is something from the past. Today there are press officers and communication agencies who put pressure on reporters on behalf of the dominant powers. This pressure is translated into the news making and the media coverage, through powerful public relations techniques. And it is often difficult to understand where the mediation ends and gives way to an intolerable manipulation. Taking these constraints into account, journalists face a huge challenge: they have to reinvent the news making processes and mostly they have to reinvent themselves as professionals. So that journalism can have a future

    Uma proposta de um modelo taxonómico para a classificação de fontes de informação

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    As fontes de informação jornalística são um vetor central para avaliar a qualidade do jornalismo e a vitalidade do espaço público que vamos construindo através dos media. Constituindo-se como centro do campo disciplinar na Sociologia das Fontes Jornalísticas, as fontes permitem um estudo dos conteúdos jornalísticos a montante, durante e a jusante de todo o processo de construção noticioso. Em qualquer um dos pontos que assente a investigação, exige-se uma compreensão clara e profunda daqueles/daquilo que é citado nos textos noticiosos. Para isso, são necessários instrumentos analíticos completos e de simples aplicação àquilo que se pretende estudar. Ainda que a literatura das ciências da comunicação nos devolva algumas tipificações que agrupam variáveis de análise, não há um modelo taxonómico que permita uma classificação algo exaustiva das fontes citadas nos textos jornalísticos. É uma proposta para esse modelo que aqui apresentamos.News sources play an important role in the assessment of journalism’s quality. They are also central to the liveliness of the public space that is built by the media. The study of news sources is part of a broader field of studies called Sociology of News Sources and it allows us to understand the whole agenda building process. We should have a clear knowledge of those who are quoted in the news, no matter what our focus of the agenda building process is. In order to do so, one needs to use complete analytical tools which are applicable to our object of study. Even though there are some typologies of news sources within communication studies, there is not a theoretical model that leads us clearly towards a typology of news sources. That is why we propose to do so in our study.(undefined

    As novas celebridades dos plateaux informativos: o primado da opinião de uma elite de jornalistas

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    A televisão é, desde o século passado, o meio de comunicação social mais presente na vida das pessoas. Pela acessibilidade, pela programação contínua, pela oferta diversificada e progressivamente mais próxima do quotidiano... Nenhuma leitura do espaço público contemporâneo poderá estar completa sem integrar uma análise da TV, nomeadamente na sua vertente jornalística, de indiscutíveis protagonismo e centralidade sociais. Sublinhando que «não há espaço público natural», Pierre Chambat (1995: 69) considera que a sua evolução apenas poderá ser entendida através da construção dos problemas públicos, que, na maior parte dos casos, passam por mediatizações, nomeadamente da TV

    SIC e TVI longe das recomendações da ERC

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    Beneficiando de uma conjuntura de alguma conturbação por que passava a instância reguladora dos media (no início de 2006 a Alta Autoridade para a Comunicação Social dá lugar à Entidade Reguladora para a Comunicação Social com outras competência e diferentes membros), os canais generalistas privados vêem as suas licenças de TV renovadas em Junho de 2006, sem passarem por aprofundados estudos que salientassem aquilo que foram os seus primeiros quinze anos de actividade. Mesmo assim, a ERC, juntamente com essa renovação (praticamente administrativa), produz uma deliberação (1-L/2006 com a data de 20 de Junho) que fixa algumas linhas de programação que a SIC e a TVI teriam de seguir no futuro. Uma espécie de caderno de encargos. Por exemplo, “emitir um mínimo de três blocos noticiosos diários; emitir programas de informação dos subgéneros debate e entrevista, autónomos em relação aos blocos noticiosos diários, com periodicidade não inferior a semanal; diversificar os géneros da programação emitida no chamado horário nobre (20h00-23h00)”. Na altura, os canais privados consideraram essas orientações abusivas. Um ano após a produção deste documento por parte da ERC, fazemos uma análise daquilo que foi a programação da SIC e da TVI entre Setembro de 2006 e Junho de 2007, particularmente no horário nocturno. Será que o documento da ERC surtiu algum efeito na engenharia de programação dos canais generalistas privados? O que mudou? Qual foi a oferta televisiva no horário de maior audiência de ambos os canais? O nosso estudo tem como base de trabalho a Lei de Televisão então em vigor (Lei nº 32/2003, de 22 de Agosto), a deliberação 1-L/2006 da ERC e as grelhas da franja da noite da SIC e da TVI no período acima referido. Iremos demonstrar como é possível, durante um ano, canais privados, mas de concessão pública, desrespeitarem a lei e a entidade reguladora dos media, sem que nada aconteça a quem viola tais disposiçõe

    A informação desportiva emitida na TV dirige-se aos sentidos ou ao pensamento?

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    É, sobretudo, através do olhar e do ouvido que acedemos àquilo que a televisão transmite, mas é igualmente no imaginário de cada um que os sentidos e os significados da imagem e do discurso televisivos acontecem. Isto significa que não pode haver nestes dois actos uma contraposição, mas uma continuidade. Concebendo o corpo como o meio que nos situa no mundo, uma espécie de axis mundi, a fenomenologia já havia neutralizado oposições como corpo/alma, físico/psíquico, sensível/inteligível. Concordando com estas teses, a proposta de encarar a pele como o limiar entre o que está fora e o que está dentro, mas também como o lugar que permite o contacto a partir do qual a comunicação se torna possível, reúne, na nossa perspectiva, traços pertinentes para pensar a informação desportiva veiculada pela TV

    Um Presidente da República no centro do agendamento noticioso

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    Marcelo Rebelo de Sousa fez-se político nas redações dos jornais, tornou-se influente através do comentário político que ganhou novo fôlego na rádio e, anos depois, viria a conquistar uma colossal influência no espaço público através da televisão. Foi esse domínio do campo dos média que, em grande parte, lhe fez granjear a adesão dos portugueses à sua candidatura presidencial. Essa notoriedade mediática consubstancia-se igualmente na popularidade que Marcelo capitaliza junto das pessoas que com ele se cruzam e nos relatos jornalísticos construídos a partir daí. Ora, para que isso aconteça, é preciso sair de Belém, tornando esse centro um lugar nómada. Quer do ponto de vista geográfico, quer do ponto de vista temático. Marcelo Rebelo de Sousa desloca-se a muito sítios, conversa com muitas pessoas, fala de muitos assuntos.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    2006: o ano da renovação administrativa das licenças da SIC e da TVI

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    Foi o ano da renovação das licenças de televisão dos canais privados, mas não houve qualquer debate em torno da evolução da oferta televisiva da SIC e da TVI. Foi o ano do Campeonato Mundial de Futebol cujos direitos de transmissão televisiva dos jogos pertenceram, em Portugal, à Sport TV (na totalidade) e à SIC (14 jogos), mas quem liderou as audiências foi a TVI. Foi o ano em que o grupo espanhol Prisa deu mais um passo para controlar o capital da TVI, mas não houve mudanças substanciais na grelha televisiva. Foi o ano em que os telespectadores deixaram de se interessar pelas “novelas da vida real”, mas os directores de programas substituíram esse amplo espaço por mais do mesmo: ficção nacional. Houve novidades a merecer aplauso: a RTP instituiu o cargo de Provedor do Espectador, concedendo-lhe um programa semanal em horário nobre (A Voz do Cidadão); a TV Cabo abriu portas a mais um projecto televisivo, o Porto Canal, vocacionado para uma informação mais atenta ao norte do país, nomeadamente à zona metropolitana do Grande Porto; o serviço público de televisão consolidou uma oferta televisiva distinta das estações generalistas privadas quer ao nível do entretenimento (salientam-se, por exemplo, Dança Comigo e Diz que é uma espécie de magazine), quer ao nível da informação (a partir de Setembro, a RTP1 emite em horário nobre programas de géneros variados: grande-entrevista, reportagem, debate, comentário político…). No entanto, 2006 caracterizou-se por muitos ruídos: a SIC e a TVI continuaram a ser, depois do noticiário das 20h00, canais temáticos de entretenimento, contrariando a deliberação 1-L/2006, de 20 de Junho, da Entidade Reguladora da Comunicação Social que estipula grelhas diversificadas para ambas as estações; o canal generalista público foi acusado de ceder a pressões do Governo que iriam no sentido de censurar a cobertura dos incêndios de Verão

    Homens públicos, mulheres privadas: a presença da mulher na informação televisiva

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    Para Victoria Camps, o século XXI será das mulheres. Talvez. Mas na última década do século XX os principais programas de informação semanal dos canais generalistas portugueses, emitidos em horário nobre, deram sinais claros de uma forte e bem implantada reprodução social do poder masculino. Entre 1993 e 2003, as entrevistas e os debates televisivos foram feitos essencialmente com homens que hegemonizavam os lugares cimeiros, nomeadamente com políticos que se destacavam em diferentes órgãos de poder, com detentores de importantes cargos públicos, com dirigentes das mais representativas estruturas sindicais e com interlocutores que atingiram o topo da carreira de profissões de prestígio (académicos, médicos, economistas, militares…). Por seu lado, os talk shows, ou seja, as emissões com uma componente acentuada de espectáculo e com temáticas centradas no domínio do privado, preferiram as mulheres em relação às quais pouco se dizia sobre a sua identidade profissional, mas de quem se esperavam “estórias de vida” que reflectissem percursos de outras mulheres. Para além de separarem espaço público da esfera privada, as entrevistas/debates e os talk shows operaram uma divisão de géneros. Assim, os homens apareciam habilitados para discutir ideias e as mulheres para falar de emoções. Poder-se-á ver aí um reflexo da estrutura social: os homens dominam a esfera pública do poder e as mulheres continuam circunscritas ao domínio privado. Até certo ponto, sim, mas, em alguns casos, os canais de televisão tenderam a exacerbar o retrato de uma sociedade gerida no masculino. Esta é uma das conclusões de uma investigação mais ampla, desenvolvida no âmbito do nosso doutoramento, apresentado em Dezembro de 2005, que incidiu sobre a informação televisiva semanal emitida no horário nocturno dos canais generalistas portugueses

    SIC e TVI : canais monotemáticos de entretenimento em horário nobre

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    [Excerto] O ano da oportunidade perdida para discutir a TV que (não) temos: foi assim 2006. A SIC e a TVI, que tinham solicitado no ano anterior à Alta Autoridade para a Comunicação Social a renovação das respectivas licenças, assistiram à morte deste órgão regulador, sem que dele tivessem sobrado estudos que abrissem algum debate sobre esta matéria. A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que tomou posse a 17 de Fevereiro de 2006, sem grande tempo para analisar com a profundidade necessária este dossier, aprova a renovação das licenças, apresentando, no entanto, um documento que fixava algumas linhas de programação para a SIC e para a TVI. Os canais privados consideraram essas orientações abusivas (“Diário de Notícias”, 8 de Agosto de 2006). Neste contexto, o que foi alterado? Praticamente nada. Tendo em conta o horário nobre do último trimestre de 2006, constata-se que a SIC e a TVI foram, depois do noticiário das 20h00, canais temáticos de entretenimento. Que, de certa forma, contrariam a Lei de TV e as recomendações da ERC. Como é possível?Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT

    As fontes, os jornalistas e as leis

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    Não nascendo os conteúdos jornalísticos «ex nihilo», os jornalistas têm incontornavelmente que manter um contacto permanente com aqueles que lhes proporcionam a matéria-prima do seu trabalho, ou seja, com as fontes de informação. Desse relacionamento emergem deveres e liberdades. Na nossa comunicação apenas iremos abordar os constrangimentos e os campos de autonomia fixados pelo quadro jurídico português no que diz respeito à dicotomia jornalistas-fontes de informação. A violação do segredo de justiça, a difamação, a ofensa a pessoas colectivas, a publicação de cartas confidenciais, a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão, o segredo profissional ou o direito de acesso a locais públicos são alguns dos tópicos que merecerão a nossa atenção
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