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Encampment time
Orientador: Emilia Pietrafesa de GodoiTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciencias HumanasResumo: O tempo de acampamento é um código social do mundo das ocupações de terra, na medida em que além de uma medida cronológica é também, um demarcador de prestígio, de status, um princípio organizador e ordenador das relações sociais, e um requisito para conseguir um lote de terra, tanto para participantes das ocupações e acampamentos de sem-terra, para os dirigentes das organizações que promovem as ocupações e para as autoridades encarregadas das desapropriações de terra, conformando assim uma fórmula social entendida e compartilhada por todos aqueles que fazem parte desse mundo social particular, o das ocupações de terra. No entanto, o tempo de acampamento pode ter diversos significados todos eles referidos ao contexto, à situação e à condição do indivíduo assim como às posições que as pessoas ocupam nesse mundo social particular. Assim sendo, ainda que os participantes do mundo das ocupações façam referência às expressões nativas: tempo de barraco, tempo de luta e tempo de reforma, como expressões homônimas ao tempo de acampamento, descrevem, a maioria das vezes, uma diversidade de significados, ações e situações.Abstract: Encampment time (Tempo de acampamento) is a social code within the world of land occupation. Besides being a type of chronologic measurement, it also defines distinction and status; it is a concept that organizes and orders social relations. Furthermore, in order to obtain a piece of land, tempo de acampamento is a prerequisite for those who take part in the Landless Movement occupations and encampments, for the leaders of the organizations that promote land occupation as well as for the authorities who manage land expropriation, thus creating a social formula that is understood and shared by all who take part in this particular social world of land occupation. However, the expression tempo de acampamento may carry different meanings depending on one's context, situation and condition, as well as on the roles played by each individual in this particular social world. Therefore, even though tempo de acampamento is sometimes expressed through other native terms - such as tempo de barraco, tempo de luta, and tempo de reforma -, each one of these terms encompasses a complex diversity of meanings, actions and situations.DoutoradoDoutor em Antropologia Socia
A busca do territorio : uma aproximação a diversidade do seu significado entre os sem-terra
Orientador: Emilia Pietrafesa de GodoiDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciencias HumanasResumo: A ocupação em massa da terra e a instalação de acampamentos são estratégias inovadoras da ¿luta pela terra¿ no Brasil. As redes sociais (de parentesco, de vizinhança, de amizade e afinidade), que traspassam as fronteiras dos acampamentos e assentamentos organizados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), são fundamentais na ocupação de terras, tornam possível, a ¿máquina dos sem-terra¿. A instalação de acampamentos -que acontece logo após a ocupação- configura-se como um ato comunicativo, uma linguagem. Através de um caso particular, o do acampamento Terra Sem Males, veremos como essa linguagem se revela através de uma forma particular de organização social. Também veremos como neste espaço (o acampamento) as trocas, bicos e ajudas acontecem, tendo como pano de fundo um ¿discurso do sofrimento¿. Assim, os sem-terra realizam as ocupações, decidem ficar nos acampamentos e aprendem a ¿linguagem e disciplina da terra¿ na busca de um projeto de autonomia, de um territórioAbstract: The massive occupation of lands and the settling of camps are innovative strategies of Brazilian ¿strife for land¿. The social networks (kinship, neighborhood, friendship and affinity) go beyond the frontiers of the camps and the settlements organized by the Landless Workers Movement (MST) become a central element on land occupation and puts ¿the engine of the landless workers¿ in motion. The settling down of camps ¿ that happens right after the occupation ¿ becomes a communicative act, a language. Through the analysis of the particular case of Terra Sem Males camp we will see how this language reveals itself through a particular social organization. We will also see how exchanges, small jobs and aid are taking place in this space (the camp), having as background the ¿discourse of suffering¿. In this way, seeking a project for autonomy and territory, landless workers accomplish the occupations, decide to stay at the camps and learn ¿the language and discipline of the land¿MestradoMestre em Antropologi
A busca do território : uma aproximação à diversidade do seu significado entre os sem-terra
Dom Tomas Balduíno (1999) identifica o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Brasil como um movimento "com um caráter surpreendentemente novo e inédito", que se diferencia de outras organizações principalmente por três características: 1) A ocupação massiva da terra; 2) a proposta de um novo modelo de produção; e 3) a abertura do movimento a uma diversidade de objetivos que vão além da reforma agrária. (Balduíno, apud Stédile e Fernandes 1999). No meu modo de ver, é por meio desse conjunto de elementos e suas diferentes dimensões que conseguimos enxergar não só "a forma" mas também "o fundo" desse movimento chamado sem-terra. Torna-se necessário explicitar que faço referência ao termo sem-terra na sua acepção nativa, isto é, como o conjunto dos acampados e assentados que não necessariamente consideram-se membros do MST. Isto é, para alguns sem-terra, principalmente militantes, o MST significa um todo: militantes, acampados e assentados formam parte da organização de Trabalhadores Rurais Sem Terra. Mas, para outros, principalmente os recém-acampados e alguns assentados, existe diferença entre ser do MST e ser sem-terra. O primeiro destes termos se traduz para eles como os militantes ou, mais especificamente, o que eles chamam as militâncias, as "cabeças" do acampamento ou do assentamento e, em termos mais gerais, as "cabeças" dessa organização (MST). O segundo termo refere-se ao conjunto dos acampados e assentado, "todos aqueles que se vêm como candidatos à reforma agrária" (Sigaud, 2000: 84). Além disso, faz-se referência ao movimento ora para designar o conjunto dos sem-terra, ora para designar especificamente o MST como organização. Uma vez feito esse esclarecimento, permito-me mencionar que, neste trabalho, enfatizei a primeira das características acima mencionadas: "a ocupação massiva da terra", propondo que é precisamente por meio dela que as outras se fazem visíveis. Assim, a dissertação teve como principal locus da pesquisa o acampamento Terra Sem Males-Povo Feliz, que, em mais de dois anos de existência, tem realizado várias ocupações de terras no estado de São Paulo. Uma delas foi no município de Cajamar, onde foi realizada a maior parte do trabalho de campo
A busca do território : uma aproximação à diversidade do seu significado entre os sem-terra
Dom Tomas Balduíno (1999) identifica o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Brasil como um movimento "com um caráter surpreendentemente novo e inédito", que se diferencia de outras organizações principalmente por três características: 1) A ocupação massiva da terra; 2) a proposta de um novo modelo de produção; e 3) a abertura do movimento a uma diversidade de objetivos que vão além da reforma agrária. (Balduíno, apud Stédile e Fernandes 1999). No meu modo de ver, é por meio desse conjunto de elementos e suas diferentes dimensões que conseguimos enxergar não só "a forma" mas também "o fundo" desse movimento chamado sem-terra. Torna-se necessário explicitar que faço referência ao termo sem-terra na sua acepção nativa, isto é, como o conjunto dos acampados e assentados que não necessariamente consideram-se membros do MST. Isto é, para alguns sem-terra, principalmente militantes, o MST significa um todo: militantes, acampados e assentados formam parte da organização de Trabalhadores Rurais Sem Terra. Mas, para outros, principalmente os recém-acampados e alguns assentados, existe diferença entre ser do MST e ser sem-terra. O primeiro destes termos se traduz para eles como os militantes ou, mais especificamente, o que eles chamam as militâncias, as "cabeças" do acampamento ou do assentamento e, em termos mais gerais, as "cabeças" dessa organização (MST). O segundo termo refere-se ao conjunto dos acampados e assentado, "todos aqueles que se vêm como candidatos à reforma agrária" (Sigaud, 2000: 84). Além disso, faz-se referência ao movimento ora para designar o conjunto dos sem-terra, ora para designar especificamente o MST como organização. Uma vez feito esse esclarecimento, permito-me mencionar que, neste trabalho, enfatizei a primeira das características acima mencionadas: "a ocupação massiva da terra", propondo que é precisamente por meio dela que as outras se fazem visíveis. Assim, a dissertação teve como principal locus da pesquisa o acampamento Terra Sem Males-Povo Feliz, que, em mais de dois anos de existência, tem realizado várias ocupações de terras no estado de São Paulo. Uma delas foi no município de Cajamar, onde foi realizada a maior parte do trabalho de campo