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EXPERIÊNCIAS DO TRABALHO INTERSETORIAL NO ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19
O texto narra a experiência de militância e trabalho de uma rede estadual de enfrentamento da violência contra as mulheres, além dos procedimentos tomados para o acolhimento inicial de um caso atendido em um serviço especializado que integra a rede de atendimento às mulheres em situação de violência, durante a pandemia de Covid-19 no Brasil. Mesmo no contexto de crise sanitária, política, social e econômica, a rede reagiu de forma criativa, produzindo coesão, ações estratégicas e mobilização em torno da violência; aspectos semelhantes requeridos para o atendimento do caso pela equipe interdisciplinar. Ao apresentar essas experiências procuramos apontar alguns desafios para o trabalho em rede, na tentativa de contribuir para o aprimoramento das práticas coletivas que visam a garantia dos direitos das mulheres
Prevalência e fatores associados a violência por parceiro íntimo contra mulheres adultas no Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde, 2019
Objective: To estimate the prevalence and associated factors to intimate partner violence against adult women in Brazil. and to characterize its associated factors. Methods: Quantitative cross-sectional epidemiological study using the database of the National Health Survey 2019. The prevalence in the last 12 months and crude and adjusted prevalence ratios of intimate partner violence were calculated, stratified by sociodemographic characteristics. Results: Intimate partner violence was reported by 7.6% of Brazilian women from 18 to 59 years old, with higher prevalence among younger women (8.96%), black women (9,05%), with lower education (8.55%) and low income (8.68%). After adjusted analysis, remained associated with intimate partner violence the age group 18 to 24 years old (1.41) and 25 to 39 years old (1.42) and lowest income (1.55). Conclusion: Intimate partner violence was associated to younger and poorest women. This result points to the need to develop intersectoral policies, especially the ones related to diminish the social inequalities and for coping with intimate partner violence among adult women.Objetivo: Estimar a prevalência e os fatores associados à violência por parceiro íntimo sofrida por mulheres adultas no país. Métodos: Estudo epidemiológico transversal quantitativo utilizando base de dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019. Foram calculadas as prevalências e razões de prevalência bruta e ajustada da violência por parceiro íntimo nos últimos 12 meses, segundo características sociodemográficas. Resultados: A violência por parceiro íntimo foi relatada por 7,60% das mulheres brasileiras de 18 a 59 anos, com maior prevalência entre as mais jovens (8,96%), aquelas que se autodeclararam pretas (9,05%), com menor escolaridade (8,55%) e baixa renda (8,68%). Após análise ajustada, permaneceu associada à violência por parceiro íntimo as faixas etárias, 18 a 24 anos (1,41) e 25 a 39 anos (1,42) e renda menor que 1SM (1,55). Conclusões: A violência por parceiro íntimo se associou as mulheres mais jovens e com pior renda. Esses resultados apontam a necessidade de desenvolvimento de políticas intersetoriais, especialmente as relacionadas a redução das desigualdades sociais e para o enfrentamento da violência por parceiro íntimo entre mulheres adultas
ATUAÇÃO DE ESTADOS E CAPITAIS NO ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NO CONTEXTO DA COVID-19 NO BRASIL
O artigo buscou identificar as ações de enfrentamento à violência contra mulheres desenvolvidas por governos estaduais e das capitais no Brasil, no contexto do distanciamento social devido à COVI-19. Para isso, utilizamos o Portal da Transparência para envio do questionamento às secretarias responsáveis pela pasta de políticas para as mulheres, Polícia Civil e Polícia Militar. Utilizamos a análise temática para identificação dos núcleos de sentido das respostas, organizadas de acordo com as categorias: ‘combate’; ‘assistência’; ‘prevenção’; ‘acesso e garantia de direitos’; e ‘gestão e monitoramento da política’. Identificamos uma variedade de ações reportadas na categoria ‘assistência’, mas que corresponderam à adaptação do funcionamento dos serviços já existentes. Na categoria ‘combate’, foram relatadas inovações, cuja eficácia e desafios na implementação devem ser avaliados para o planejamento do seu uso a longo prazo.
Improvement of the unspecified external causes classification based on the investigation of death in Brazil in 2017
Introdução: Causas inespecíficas de mortalidade estão entre os indicadores tradicionais de qualidade da informação. Objetivo: Verificar o desempenho das 60 cidades do projeto Dados para a Saúde e analisar a reclassificação das causas externas inespecíficas de mortalidade (CEI). Métodos: A partir de registros de 2017 do Sistema de Informações sobre Mortalidade, comparou-se proporções e variações percentuais após investigação das CEI, entre cidades do projeto e demais cidades, e calculou-se percentual de reclassificação para causas específicas. Resultados: As cidades do projeto concentraram 52% (n = 11.759) das CEI do Brasil, das quais 64,5% foram reclassificadas após investigação, enquanto as demais cidades reclassificaram 31%. Resultados foram semelhantes para homens, jovens, negros, cidades metropolitanas, região Sudeste, e em eventos atestados por institutos forenses. Nas cidades do projeto, acidentes de pedestres foram causas com maior reclassificação. Em homens, as CEI migraram para homicídios (23,8%) e acidentes de transporte terrestre (ATT) (11,1%), com destaque para motociclistas (4,4%) e pedestres (4,3%). Em mulheres, essas causas foram alteradas para outras causas acidentais (20,8%), ATT (10,6%) e homicídios (7,9%). CEI migraram para ATT (18,3%) no grupo de idade de 0 a 14 anos, e homicídios (32,5%) no grupo de 15 a 44 anos. Conclusão: As cidades do projeto obtiveram melhores resultados após investigação de CEI, possibilitando analisar a reclassificação para causas específicas, por sexo e faixas etárias.Background: Unspecified causes of death are among the traditional indicators of quality of information. Objective: To verify the performance of the 60 cities in the Data for Health Initiative project and to analyze the reclassification of unspecified external causes of death (UEC). Methods: Using the 2017 records from the Mortality Information System, the proportion and percent change in UEC were compared after investigation between project cities and other cities, and the percent of reclassification to specific external causes was calculated. Results: The project cities comprised 52% (n = 11,759) of the total UEC in Brazil, of which 64.5% were reclassified after investigation, whereas the other cities reclassified 31% of UEC. Results were similar for men, youth, blacks, metropolitan cities, the Southeast region, and deaths attested by forensic institutes. In the project cities, pedestrian traffic accidents were external causes with greater reclassification. In men, the UEC was reclassified to homicides (23.8%) and accident of terrestrial transportation (ATT) (11.1%), with motorcyclists (4.4%) and pedestrians (4.3%) being the most prominent. In women, these causes were changed to other accident causes (20.8%), ATT (10.6%) and homicides (7.9%). UEC changed to ATT (18.3%) in the age groups of 0-14 years old and to homicides (32.5%) in the age groups of 15-44 years. Conclusion: The project cities obtained better results after investigation of UEC, enabling analysis of the reclassification to specific causes by sex and age groups
Violência contra pessoas LGB+ no Brasil: análise da Pesquisa Nacional de Saúde, 2019
Objective: To analyze the association between self-reported sexual orientation and violence in the Brazilian population. Methods: Cross-sectional epidemiological study using the 2019 National Health Survey database. Total violence and its subtypes (psychological, physical, and sexual) in the last 12 months were analyzed. Prevalence and Adjusted Odds Ratio by age group were estimated, with their respective 95% confidence intervals, according to self-reported sexual orientation of the population over 18 years in Brazil. Statistical significance of 5% was considered. Results: The Brazilian population report themselves mostly as heterosexual (94.75%), and 1.89% declaring themselves LGB+. This percentage was lower than that of respondents who refused to answer the question (2.28%). The prevalence of violence in Brazil was 18.27%, the most common subtype being psychological violence (17.36%). The LGB+ population was more than twice as likely to experience any type of violence. LGB+ women had the highest prevalence of all subtypes of violence and heterosexual men the lowest. LGB+ women were more than three times more likely to experience physical violence compared to heterosexual women. Meanwhile, LGB+ men were almost eight times more likely to experience sexual violence than heterosexual men. Conclusions: Violence against the LGB+ population was highly prevalent in the country. Public Policies aimed at this population are necessary so that prejudice against sexual diversity is faced and it is possible to guarantee the rights of non-heterosexual people.Objetivo: Analisar a associação entre a orientação sexual auto identificada e a violência na população brasileira. Métodos: Estudo epidemiológico transversal utilizando base de dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019. Analisou-se a violência total e seus subtipos (psicológica, física e sexual) nos 12 meses anteriores. Estimou-se a prevalência e a Odds Ratio Ajustada por faixa etária, com seus respectivos intervalos de confiança de 95%, segundo orientação sexual auto identificada da população acima de 18 anos no Brasil. Considerou-se a significância estatística de 5%. Resultados: A população brasileira se auto identificou majoritariamente como heterossexual (94,75%), sendo que 1,89% se identificaram LGB+. Esse percentual foi inferior ao de entrevistados que se recusaram a responder à pergunta (2,28%). A prevalência da violência na população geral do Brasil foi de 18,27%, sendo o subtipo mais comum a violência psicológica (17,36%). A população LGB+ apresentou mais que o dobro de chances de sofrer qualquer tipo de violência. As mulheres LGB+ apresentaram as maiores prevalências de todos os subtipos de violência e os homens heterossexuais, as menores. Mulheres LGB+ tiveram mais de três vezes mais chances de sofrer violência física, comparadas as mulheres heterossexuais. Enquanto isso, homens LGB+ mostraram chances quase oito vezes maiores de sofrer violência sexual que os homens heterossexuais. Conclusões: A violência contra a população LGB+ apresentou alta prevalência no país. São necessárias Políticas Públicas voltadas a essa população para que se enfrente o preconceito contra a diversidade sexual e seja possível garantir os direitos das pessoas não-heterossexuais
Perceptions of the holders of the Family Grant Program and the impact on their living conditions. A study in the School Health Center Sinval Germano Faria, Manguinhos, RJ, 2009
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Previous issue date: 2010Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.O Programa Bolsa Família (PBF), instituído em 2003, por meio da unificação de quatro programas de transferência condicionada de renda, se afirmou durante esses seis anos como a principal ferramenta de combate à pobreza do governo federal. Destinado a famílias pobres ou extremamente pobres, segundo determinado nível de renda familiar per capita, o programa atingiu, em 2009, 12,4 milhões de famílias. O valor de cada benefício varia de acordo com a renda familiar per capita e com a estrutura familiar. O programa pretende, por meio da transferência direta de renda, aliviar a situação de pobreza e promover a segurança alimentar e nutricional. Compreendendo a pobreza como uma situação que acarreta inúmeras desigualdades no acesso à saúde e educação, o programa exige que as famílias cumpram determinadas contrapartidas, como manter boa frequência dos filhos na escola e realizar acompanhamento da saúde de crianças, gestantes e mulheres em idade fértil. Pensa-se que dessa forma, o programa estaria promovendo o acesso a esses serviços universais e promovendo a intersetorialidade de políticas. Além disso, programas complementares são desenvolvidos no sentido de favorecer a emancipação sustentada da família. Diversas pesquisas constataram impactos positivos do PBF na vida das famílias beneficiárias e limites enquanto um programa que pretende combater a pobreza e promover a cidadania. O presente trabalho analisa as percepções de vinte e oito titulares, moradoras de Manguinhos, Rio de Janeiro, sobre o PBF e as repercussões do programa nas condições de vida das famílias. O trabalho de campo ocorreu entre junho e setembro de 2009 e a metodologia utilizou abordagens qualitativas e quantitativas, com aplicação de questionário e entrevista semi-estruturada. Essa pesquisa encontrou que o PBF é percebido pelas titulares como uma ajuda que contribui de forma significativa no orçamento familiar, promove a manutenção ou uma maior variedade na alimentação ou mesmo o acesso a bens de consumo. A regularidade no recebimento do benefício é encarada como uma proteção para as famílias, no sentido de proporcionar certa segurança econômica, planejamento dos gastos e até mesmo a manutenção dos domicílios que passam pela experiência de baixa renda ou desemprego de seus chefes. Por outro lado, as titulares demonstraram pouco conhecimento a respeito do programa e tímida participação em programas complementares.The Bolsa Família program (PBF), established in 2003 after de unification of four different conditional income transfer programs, has been consolidated over these six years as the federal government's main tool against poverty. Focused on poor or extremely poor families and based on a certain per capita income level, the program had reached 12,4 million families in 2009. The amount of each benefit varies with the per capita income and family structure. Through a direct cash transfer, the program intends to lighten poverty situation and promote nutritional and food security. Understanding poverty as a situation which carries inequalities in education and health access, the program requires the family to fulfill some requirements, such as keeping the kid's school attendance and performing regular health checks for children and women on a fertile age or pregnant. The idea is that, by requiring such conditions to be fulfilled, the program would promote access to these universal services and intersectoral actions. In addition, complementary programs are developed in a way to promote sustained family emancipation. Research has noted positive impacts of the PBF in beneficiary families' live and also limitations as a program which intends to fight poverty and promote citizenship. The present study analyzes the perceptions of twenty eight beneficiaries, residing in Manguinhos, Rio de Janeiro, about the PBF and program's impact on the families' life standards. Field work took place between June and September, 2009 and the methodology used qualitative and quantitative perspectives, by application of a questionnaire and semi-structured interviews. This research found that PBF is realized by the beneficiaries as help, which significantly contributes to the family's budget, promotes maintenance and improvement of the diet or even access to consumer goods. The regular payments are understood as protection to the families, providing certain economic safety, expense planning and also maintaining houses that undergo experiences of low income or unemployment of the family head. On the other hand, beneficiaries have shown lack of awareness about the program and shy participation in complementary programs. The intention was to provide additional thought on the advances and potentialities of the program and the main obstacles keeping it from reaching its goals
Mortalidade de mulheres com notificação de violência durante a gravidez no Brasil: um estudo caso-controle
Resumo: Objetivou-se caracterizar as principais causas de óbito de mulheres com notificação de violência interpessoal durante a gravidez e identificar os fatores associados a essas mortes. Trata-se de um estudo caso-controle realizado a partir da análise de dados sobre violência e óbitos ocorridos no Brasil entre 2011 e 2017. Os dados provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação e do Sistema de Informação sobre Mortalidade foram analisados por meio da regressão logística múltipla. Os resultados mostraram que 56,4% dos óbitos foram em decorrência de causas externas, sendo 80,1% desses devido ao feminicídio. Identificou-se como fatores de risco associados ao óbito: faixa etária de 30 a 39 anos (OR = 2,53; IC95%: 1,01-6,59); agressão por arma de fogo (OR = 14,21; IC95%: 4,58-31,86) e por objeto perfurocortante (OR = 4,45; IC95%: 1,01-22,73). Como fatores de proteção, observou-se: ser casada/união estável (OR = 0,48; IC95%: 0,24-0,93); ter escolaridade acima de quatro anos (OR = 0,21; IC95%: 0,06-0,63) e residir em municípios com população acima de 100 mil habitantes (OR = 0,23; IC95%: 0,10-0,52). Esta pesquisa foi importante para demonstrar a magnitude do feminicídio entre mulheres com notificação de violência durante a gravidez, assim como as fragilidades na produção de informações sobre as causas externas de óbito no período gravídico-puerperal. Além disso, evidenciou-se os motivos que vulnerabilizam as mulheres para o óbito, reforçando a necessidade urgente do rastreamento pelos profissionais de saúde da violência na gestação
Missed opportunities to respond to intimate partner violence in the health sector - A scoping review protocol
This protocol describes the methodology for a scoping review that seeks to identify,quantify and summarize the existing evidence-base on missed opportunities to detect, respond and refer intimate partner violence against women in the health sector