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    Explicar temas científicos para crianças: regulações descendentes e ascendentes sobre a macroorganização do texto

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    Este artigo situa-se no âmbito da Linguística Textual e contempla as relações entre os níveis ou planos da análise de discurso e os da textualidade, enfocando o nível da estrutura composicional das sequências e do plano de texto, conforme Adam (2011). Analisam-se, num artigo de divulgação científica midiática dirigido ao público infantil, as relações que atuam, no jogo de regulações descendentes e ascendentes, sobre a configuração textual. O texto em estudo tem uma composição sequencial heterogênea e se caracteriza por um gênero de discurso híbrido. Observa-se sua macroorganização, considerando as estratégias mobilizadas pelo produtor textual para cumprir o fim discursivo de explicar, sob a perspectiva da ciência, um objeto do mundo para crianças leitoras da revista Ciência Hoje das Crianças

    Organização Retórica do artigo de opinião autoral: Configuração Prototípica

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    Discutem-se resultados de pesquisa que investigou a distribuição probabilística das relações retóricas de 150 artigos de opinião autorais retirados de jornais brasileiros, observando a ocorrência de vias de continuidade e de relações que se estabelecem entre níveis de informação. Adotou-se proposta de E. Bernárdez, que vincula o modelo RST (Rhetorical Structure Theory) à idéia de que a organização textual pode ser entendida como uma série de vias de continuidade, etiquetadas com as relações da RST. Verificouse que a distribuição de vias e de relações segue critérios probabilísticos; os artigos de opinião têm configuração prototípica, em termos de sua organização retórica macroestrutural, em vista da maior probabilidade de ocorrerem determinadas vias e relações e de nenhuma probabilidade de determinadas relações acontecerem; as escolhas estratégicas do produtor podem ser consideradas como ações para assegurar o fim comunicativo do artigo de opinião no contexto prototípico do jornal

    Apresentação

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    A carta-testamento de Getúlio e a cena da enunciação

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    Estudamos a carta-testamento de Getúlio Vargas, caracterizada por uma dupla genericidade (RODRIGUES et al, 2012), sob a perspectiva da “cena de enunciação” (MAINGUENEAU, 2001; 2004; 2006), que associa, segundo o linguista, três cenas de fala: a “englobante”, a “genérica” e a “cenografia”. Para o autor, um texto não é um conjunto de signos inertes, mas o rastro deixado por um discurso em que a fala é encenada. O objetivo do trabalho é analisar a carta-testamento como um discurso que pretendeu convencer e emocionar seus interlocutores instituindo a cena da enunciação que a legitima. Consideramos o texto sob a perspectiva da cena englobante política e da cena genérica epistolar, identificando os papeis dos participantes, o modo de inscrição no tempo e espaço, o suporte material, a finalidade discursiva. Para a análise da cenografia construída pelo enunciador, tendo em vista o gênero discursivo “carta-testamento” em questão e os fins discursivos almejados, enfocamos o modo de organização enunciativo e narrativo da carta, bem como as marcas de modalizações pragmáticas (modalidades). Verificamos que se cria, pela encenação discursiva da carta-testamento, um ethos, uma identidade, por meio da qual Vargas passa a ser identificado como um símbolo heroico de resistência

    Entrevista com Patrick Charaudeau

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    novos desafios para a Linguística Textual

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    UIDB/00183/2020 UIDP/00183/2020Este trabalho, centrado fundamentalmente na Análise dos Discursos Digitais (MAYEUR; PAVEAU, 2020; PAVEAU, 2021), objetiva mostrar de que forma a noção de textualidade, tradicionalmente descrita nos estudos de Linguística Textual, deve ser complexificada, quando analisamos discursos em circulação nas mídias digitais. Assim, de forma a atingir o objetivo proposto, duas categorias analíticas desses discursos serão estudadas: a deslinearização e a ampliação enunciativa. Na verdade, nestes a textualidade é construída pelo próprio escrileitor que combina, de forma dinâmica e simultânea, tanto o ato de escrita quanto o de leitura. Tal atitude enunciativa na gestão dos hiperlinks e também a natureza deslinearizada do seu gesto enunciativo propiciarão inúmeras possibilidades de construção de unidades textuais/discursivas. De forma ilustrativa, serão analisadas duas postagens: um hipertexto da revista Superinteressante e um tuíte do epidemiologista Paulo Lotufo (com os comentários). Os resultados qualitativos obtidos atestam que o leitor-usuário, nos gêneros nativos digitais, são aqueles que “fazem o texto”, seja pela deslinearização ou pela ampliação enunciativa, sendo que esses processos são co-construídos simultaneamente por linguagem multissemiótica e pela tecnologia. Tais características desses discursos digitais impõem assim uma atualização do conceito tradicional de textualidade. This paper, that mainly focus on the Analysis of Digital Discourses (MAYEUR; PAVEAU, 2020; PAVEAU, 2021) aims at showing how the concept of textuality, traditionally described in Text Linguistics studies, should be taken to a more complex level when we analyse discourses in the digital media. Thus, in order to achieve this goal, we consider two categories for the analysis of those discourses: the non-linearity and the enunciative enlargement. Actually, in these discourses, textuality is created by the writer-reader himself/herself who combines, in a dynamic and simultaneous way, both writing and reading. This enunciative attitude towards the management of the hyperlinks fosters several possibilities for the construction of the textual/discursive units. Then, to illustrate our approach, two posts will be analysed: one hyperlink from the magazine Superinteressante and a tweet from the epidemiologist Paulo Lotufo (with the comments). The qualitative results showed that, regarding the digital native genres, the readers-users are the ones who “make the text”, either by non-linearization or by an enunciative enlargement; these processes are built simultaneously through the use of a plurissemiotic language and technology; such features of these digital discourses demand thus a review of the concept of textuality as it is traditionally assumed.publishersversionpublishe

    A GLOSA EM TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA MIDIÁTICA DIRIGIDOS AO PÚBLICO INFANTIL

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    O presente artigo apresenta as características de glosas presentes em textos de divulgação científica midiática (doravante DCM) voltados para o público infantil. Expõem-se os modos de emprego de reformulações metadiscursivas e de exemplificações, no que tange às estratégias discursivas que são acionadas para que esses diferentes mecanismos de refocalização da informação aconteçam no texto. Teoricamente, a reformulação metadiscursiva e a exemplificação são estudadas com base em Hyland (2007), que oferece o quadro classificatório e as bases analíticas para a questão do metadiscurso. Utilizam-se os pressupostos da Linguística Textual (ADAM, 2008; CAVALCANTE, 2003, 2011; MONDADA & DUBOIS, 2003) para a observação das performances semântico-pragmáticas de nomeação envolvidas no processo de glosa. Considera-se, ainda, o contrato de comunicação da mídia (CHARAUDEAU, 2006; 2008) como cenário sobre o qual se desenvolvem as estratégias metadiscursivas e exemplificativas. Para esta pesquisa, foram analisados 10 textos de DCM publicados na revista Ciência Hoje das Crianças online. Os textos são do período de outubro de 2011 a julho de 2010. Os textos foram examinados quanto a (1) classificações das glosas; (2) recursos gráficos; (3) cenografias; (4) operações sociocognitivas ativadas e (5) identidades dos sujeitos do discurso, para compreender os efeitos semântico-pragmáticos do metadiscurso e, conseguintemente, apontar as tendências. A presente investigação aponta para regularidades no comportamento de cada tipo de glosa, dentro das divisões classificatórias. Os diferentes comportamentos das glosas parecem mostrar que cada tipo classificável está ancorado a uma necessidade ou conveniência epistêmica do coenunciador, respaldada pela cenografia
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