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GÊNERO NAS AULAS DE FILOSOFIA DO ENSINO MÉDIO: ANÁLISE DE UM LIVRO DIDÁTICO
O presente artigo busca investigar como a temática de gênero pode ser inserida em um currículo em Filosofia, como parte de uma política pública de combate a violência contra mulheres. Seguindo os passos de Clarissa Castro (2016), analisou-se a mais recente edição de um livro didático popular, Filosofando: Introdução à Filosofia, escrito por Maria Lúcia Aranha e Maria Helena Martins e que constou no Plano Nacional do Livro Didático na última década. Seguindo o diagnóstico de Castro, percebe-se uma desproporção muito grande entre autores e autoras e as questões de gênero são tratadas como não filosóficas. O texto termina apontando a necessidade de produção de materiais didáticos complementares para auxiliar o(a) professor(a) a abordar o assunto em sala de aula
Materialidade, maternidade e outras matrizes
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, 2022.O presente texto tem como objetivo discutir a correlação metafórica entre maternidade e
materialidade e como as metáforas utilizadas acabam informando correntes da filosofia feminista.
Dividido em três partes, o texto aborda a princípio a correlação metafórica entre matéria/mãe a
partir da leitura que Luce Irigaray faz da representação aristotélica sobre a reprodução humana.
Nos textos de Aristóteles (em especial na Física e na Geração dos Animais), Irigaray encontra um
elemento que em sua perspectiva é crucial para a filosofia ocidental: o esquecimento da matéria,
da maternidade e do nascimento a que a autora dá o nome de matricídio. Assim, na primeira parte,
que leva o título de Materialidade, a discussão filosófico-feminista sobre o nascimento, o contínuo
corporal com a mãe e o significado político de nascer aparecem brevemente. Na segunda parte,
Maternidade, o argumento caminha no sentido de mostrar que o mecanicismo, ao oferecer uma
outra forma de pensar a matéria, foi acompanhado por uma mudança na metáfora da maternidade:
a mãe-máquina. A partir disso, o texto discute algumas interpretações literais da metáfora moderna.
A primeira delas é a de Silvia Federici, que afirma a centralidade de um tipo renovado de
maternidade na origem do capitalismo, a mãe passa a ser parte da estrutura de produção do
maquinário do capital. A proposta de mecanização literal do aspecto biológico da maternidade, por
Shulamith Firestone é a segunda interpretação literal, e a última é a crítica de Gena Corea a
tecnologias de reprodução, entendidas por ela como um meio de tornar mecânica a maternidade. A
última parte, Outras Matrizes, é uma tentativa de compor uma visão renovada sobre a maternidade
e materialidade que não pressuponha o matricídio, compreendendo, por um lado, a reprodução em
um quadro mais amplo de geratividade e por outro, discutindo como os discursos sobre gestação,
nascimento e nascer implicam uma visão do que seja o indivíduo, do que consiste o que chamamos
de agência e de como se dá o processo de individuação.The present text aims to discuss the metaphorical correlation between motherhood and materiality
and how the metaphors used end up informing currents of feminist philosophy. Divided into three
parts, the text initially addresses the metaphorical correlation between matter/mother based on the
critique that Luce Irigaray does on the Aristotelian representation of human reproduction. In the
Aristotelian texts (Physics and On the Generation of Animals), Irigaray finds one element that, in
her perspective, is crucial for Western philosophy: the forgetting of matter, motherhood and birth,
that she names matricide. Thus, in the first part, which bears the title of Materiality, the
philosophical-feminist discussion about birth, the corporal continuum with the mother and the
political meaning of being born appear briefly. In the second part, Maternity, the argument moves
towards showing that the mechanicism, by offering another way of thinking about matter, was
followed by a change in the metaphor of motherhood: the mother-machine. From this, the text
discusses some literal interpretations of the modern metaphor. The first one is Silvia Federici’s,
who affirms the centrality of a renewed type of motherhood at the origin of capitalism, the mother
becomes part of the production structure of the capital machinery. Shulamith Firestone's proposal
of literal mechanization of the biological aspect of motherhood is the second literal interpretation,
and the last one is Gena Corea's critique of reproductive technologies, understood as a means of
making motherhood machine-like. The last part, Other Matrices, is an attempt to compose a
renewed view of matter and motherhood that does not presuppose matricide as a basis, comprising,
on one hand, reproduction in a broader framework of generativity and, on the other, discussing
how the discourses about reproduction, care, gestation and birth imply a vision of the individual,
of what agency consists in, and how the individuation process takes place
How can sexual difference make a difference : remarks on what could sexual difference be
Este artigo procura experimentar com a noção de diferença sexual, tentando dar-lhe outras
roupagens, a partir de críticas que surgem no seio da produção teórica feminista – como as de
Monique Wittig e Judith Butler – mas também de tentativas de resgatá-la ou re-significá-la
como nos escritos de Luce Irigaray e Rosi Braidotti. Será que a teoria queer e a crítica a política
de identidade acabam de vez com o projeto de diferença sexual, ou há algo que sobra _________________________________________________________________________________________________________ ABSTRACTThe article endeavours to experiment with the notion of sexual difference, trying to dress it
differently on the basis of the criticisms that came out of some feminist theory – particularly
those of Monique Wittig and Judith Butler. It also attempts to rescue it from these criticisms
based on the works of Luce Irigaray and Rosi Braidotti. Do queer theory and the criticisms to
identity politics leave no more space to the project of sexual difference? Or there is still
something that is left out
A casa da diferença : feminismo e diferença sexual na filosofia de Luce Irigaray
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Humanidades, Departamento de Filosofia, Programa de Pós-Gradução, 2009.No presente ensaio pretendo colocar em questão a noção de Luce Irigaray da diferença
sexual. Procuro investigar a genealogia do pensamento da autora, pensando suas
conexões com a filosofia da diferença e com a psicanálise. É um exercício de
malabarismo entre a filosofia da diferença sexual e as críticas partidas de lugares de fala
não hetero. São várias perguntas que orientam essa reflexão, uma delas é se a diferença
sexual está a serviço de uma heteronorma, outra (ligada a essa) é se é possível
falarmos/pensarmos/agirmos politicamente a partir de uma comunidade de mulheres,
outra ainda é se o essencialismo representa um risco para o feminismo. Todas essas
perguntas servem para entendermos melhor o que é a diferença sexual para Irigaray.
Penso que a idéia de diferença sexual pode ser interessante para o momento atual do
feminismo no qual muitas alianças estão quebradas, porque a diferença sexual é sobre
fazer comunidade na casa da diferença, apela para essa necessidade de reestabelecermos
solidariedade feminista entre mulheres. Penso também que é
interessante porque abre a categoria mulheres para uma futuridade: o feminino não está
dado, tem que ser construído coletivamente, se queremos superar o falogocentrismo.
Aposto na radicalidade dessa categoria, porém penso que devemos investigar seus
limites
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