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    Um estudo sobre situacoes de risco para contaminacao pelo virus hiv em usuarios de drogas da cidade de Porto Alegre

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    Utilizando como base uma amostra de 695 usuários de drogas de Porto Alegre, recrutados através de técnicas não convencionais de amostragem, foram realizados dois estudos subseqüentes. Os estudos utilizaram como instrumento de coleta um formulário padrão auto-administrado (CRA), que cobre aspectos relativos ao uso de drogas, testagem HIV. comportamento sexual e preocupação com a transmissão do vírus. O instrumento foi adaptado a partir de um formulário norteamericano, sendo submetido a tradução reversa e validação concorrente. O prin1eiro estudo teve como objetivo descrever as características da população de usuários de drogas que é atendida em locais-chave de Porto Alegre. As variáveis gênero, faixa etária, escolaridade, práticas de risco (atuais e passadas), uso atual de drogas. e uso de drogas injetáveis foram analisadas com o objetivo de investigar sua possível relação com o estado HIV da amostra estudada, através de análises bivariadas. F oram realizadas análises multivariadas das variáveis que foram consideradas significativas e de interesse clinico-epidemiológico, de acordo com um modelo teórico de exposição a risco proposto pelo autor, com a finalidade de futuramente propor subsídios para programas preventivos específicos para os diferentes estratos analisados. O segundo estudo teve como finalidade avaliar a utilização do CRA em nosso meio, testando a utilidade de um Escore Geral de Risco (EGR) que sumarizasse o grau de risco para a transmissão do vírus IDV ou de sub-escores de risco para Uso de Drogas (ERUD) e para Risco Sexual (ERS), desenvolvidos 7 a partir do instrumento padrão. Os resultados do primeiro estudo demonstraram haver similaridade na taxa geral de soropositividade entre os gêneros (23.6% homens, 20.3% mulheres), havendo uma associação linear entre idade e soropositividade, e uma relação inversa entre anos de estudo e soropositividade e entre renda e soropositividade. Foi possível perceber uma distribuição diferente entre situações de risco para soropositividade entre os gêneros. com predominância do uso de drogas iJ1jetáveis pelo gênero masculino e pelos indivíduos mais velhos e de trocas envolvendo sexo e dinheiro por parte do gênero feminino, sem diferenças de idade. A escolaridade esteve inversamente associada ao uso de drogas injetáveis e às relações sexuais pagas. A renda não discriminou o uso de droga injetável nesta amostra. e as relações envolvendo sexo e dinheiro tiveram uma tendência de associação inversa com renda, com significância estatística marginal. As drogas mais utilizadas foram álcool, maconha e cocaína inalada, sendo a maconha utilizada preferencialmente pelos homens. O uso de cocaina injetável mostrou-se diretamente associado com a soropositividade, independentemente da recenticidade do uso, sendo sempre mais freqüente nos homens do que nas mulheres, e nos indivíduos com menos escolaridade. A freqüência de uso de preservativos não apresentou diferenças entre os gêneros ou idade no que compete à soropositividade, à exceção da faixa etária mais velha. As análises multivariadas confirmaram em parte o modelo teórico proposto, demonstrando haver um risco aumentado para soropositividade em indivíduos acima de 30 anos (RC=2,64; IC=l ,09; 6,32), com renda abaixo de um salário minimo (RC=2,75: IC= 1,28: 5,90), e que fizeram uso de droga injetável no último mês (RC=4.30; IC= 2,20; 8,39) ou a partir de 1980 (RC=5,18; IC= 2,89: 9,28). O modelo multivariado que inclui a variável uso de droga injetável a partir de 1980 apresentou, além dos achados anteriores, também um aumento do risco para soropositividade na faixa de menor escolaridade (RC=2,10: IC=l,02; 4,36). Os achados referentes às análises bi- e multivariadas são discutidos com base no modelo etiológico proposto, conf1rmando a associação entre escolaridade e idade nas questões relativas à baixa percepção de risco como fator de exposição para o vírus HIV. Entretanto, a variável gênero não discriminou soropositivídade nem ao nível das análises bivariadas, contrariando a literatura vigente. Este efeito pode ser explicado por um número reduzido de casos para análise, ou pelo efeito de outras variáveis (ex.: sexo com parceiro UDD e que não foram incluídas no modelo de risco proposto. Variáveis não incluídas diretamente no modelo original, mas que mostraram relevância clínico-epidemiológica, tais como renda e escolaridade, são discutidas na proposição de um modelo etiológico mais abrangente. Os resultados do segundo estudo, em que vinhetas clínicas de dez casos típicos tiveram seus escores do instrwnento comparados com o julgamento de juízes independentes, sugerem que mesmo que um EGR mais alto - ou mesmo um ERUD ou ERS - esteja associado com maior taxa de soropositividade ou de uso de drogas injetáveis, um escore isolado não foi capaz de sumarizar ou traduzir todas as informações clínicas necessárias para compor um perfil de exposição a risco para contaminação para o HIV em usuários de drogas, quando comparado com o julgamento independente de juízes especialistas. O estudo apresenta ainda na sua introdução uma revisão dos aspectos históricos e epidemiológicos da epidemia de transmissão da AIDS no mundo e em especial no país, assim como referenciais teóricas que buscam explicar o uso de substâncias e a exposição a risco na amostra estudada.Two studies were conducted using a sample of 695 drug users recruited through unconventional sampling techniques in Porto Alegre, Brazil. The studies used a selfadministered, standardized data collection instrument (CRA) which covers aspects of drug use, sexual behavior, IDV testing, and concern about IDV transmission. The instrument used was adapted from an American questionnaire which was translated, back-translated and concurrent validaton. The goal o f the first study was to describe the characteristics o f drug users who are seen in key locations in Porto Alegre. The relationship between IDV status and severa! variables - gender, age, educational attainment, risk practices ( current and past), current drug use, and injection drug use was examined using bivariate analyses. Multivariate analyses were conducted on variables that showed significant relationships in the bivariate analyses, and those that were considered to be of clinical-epidemiologic interest according to the theoretical model o f risk exposure proposed by the author. These analyses were dane for the purpose of identifying specific strategies and types o f assistance that are applicable to the different groups analyzed, thereby informi.ng the development o f future prevention programs. The purpose o f the second study was to evaluate the use o f the CRA in our sample, testing the utility o f the Overall Risk Score-- which summarizes the degree o f risk for HIV transmission - or the sub-scores ofRisk for Drug Use and for Sexual Risk, which were developed from the standard instrument. The results o f the first study showed similar seropositivity rates for men and women (23.6% vs. 20.3%), a linear relationship between age and seropositivity, and an inverse relationship between education and seropositivity and between income and seropositivity. It is clear, however, that men and women are different in terms oftheir HIV risk practices, with males and older people reporting more injection drug use and women, regardless of age, reporting more sex for money exchanges. Levei of education was inversely related to both injection drug use and paid sexual encounters. Income was not related to injection drug use in this sample, however, sex for money exchanges tended to show an inverse relationship to income, with marginal statistical significance. The most commonly used drugs were alcohol, marijuana, and snorted cocaine, with marijuana being used primarily by men. The injection o f coca in e was directly related to seropositivity, regardless o f the recency o f use, and was more common among men and those with lower educational attainment. The frequency o f condom use did not differ by gender o r age with respect to seropositivity, with the exception ofthe oldest age group. Multivariate analyses confirmed in pa11 the proposed theoretical model, by demonstrating an elevated risk for seropositivity in persons over age 30 (OR=2.64; C.I.=l.09, 6.32), with income below one minimum sal ary (OR= 2.75; C.I =1.28,5.90), and reporting injection drug use in the past month (OR=4.30; C.I.=2.20,8.39) or after 1980 (OR=S.l8; C.I.=2.89,9.28). The multivariate model that included the variable for injection drug use after 1980 also showed, in addition to the previous fmdings, an elevated risk for seropositivity in the low-education group (OR=2.l O; C.l.=l.02, 4.36). The interpretation ofthe findings ofthe bi- and multivariate analyses were based on the proposed etiologic model, confmning the association between education and age with respect to Iow levei o f risk perception as a factor for exposure to HIV. However, contrary to much o f the literature, gender was not related to seropositivity even at the bivariate levei. This effect may be explained by the small number of cases for analysis, or by the effect of other variables (i.e. sex with an IDU partner) that were not included in the proposed model o f risk. Variables that were not included in the original model, but showed clinical-epidemiologic relevance, such as income and education, are discussed in the proposal for a more inclusive etiologic model. The results ofthe second study, in which the scores on clinicai vignettes of ten typical cases were compared against the opinions o f independent judges, suggested that even if an elevated General Risk Score- or even a Risk for Drug Use Score or Sexual Risk Score- was associated with a higher rate of seropositivity or injection drug use, an isolated se ore was not capable o f summarizing o r translating ali o f the necessary clinicai information to create an HIV risk exposure profile for drug users, when compared to the independent opinions of expert judges. In its introduction, this study presents a revision o f the historical and epidemiologic aspects ofthe AIDS epidemic in the world and especially in Brazil, as well as theoretical references whjch seek to explain substance use and exposure to risk in the sample studied

    Alcoolemia de jovens e lei contra o consumo de álcool

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    The paper assesses blood alcohol concentration and risk behaviors for traffic accidents before and after the implementation of a law which prohibits the use of alcoholic beverages on city gas stations. In Porto Alegre, Southern Brazil, young people go out at night and drive to gas station convenience stores to buy alcoholic beverages which are consumed on the premises of parking lots in gas stations. Data were obtained from self-administered questionnaires and breath analyzers in two cross-sectional collections with purposive samples of youngsters in May and July 2006 (n=62, and n=50, respectively). There were no significant differences between the groups before and after the city law was passed. Blood alcohol concentration greater than 0.06% was found in 35.5% of pre-law group and 40% of post-law group (p=0.62). Results point out heavy alcohol use in both groups, which did not change after the law was passed.En el artículo se analizaron la alcoholemia y los comportamientos de riesgo de accidentes de transito en jóvenes antes y después de la implementación de la ley que prohíbe el consumo de bebidas alcohólicas en puestos de gasolina. En Puerto Alegre (Sur de Brasil), los jóvenes acostumbran salir de noche y conducir hasta las tiendas de conveniencia de puestos de gasolina para comprar y consumir bebidas alcohólicas en los estacionamientos dentro de los puestos. Los datos fueron obtenidos de encuestas auto-aplicables y alcoholímetro en dos colectas transversales realizadas con jóvenes, abordados en mayo y julio de 2006 con muestreo intencional (n=62 y n=50, respectivamente). No hubo diferencia significativa entre los grupos entrevistados. Alcoholemia >; 0,06% fue encontrada en 35,5% y 40% de los individuos antes y después de la ley, respectivamente (p=0,62). Los resultados señalan el uso pesado de alcohol en ambos grupos, inalterado por la implementación de la ley.No artigo foram analisados a alcoolemia e comportamentos de risco para acidentes de trânsito em jovens antes e depois da implementação de lei proibindo o consumo de bebidas alcoólicas em postos de gasolina. Em Porto Alegre (RS), os jovens costumam sair à noite e dirigir até lojas de conveniência de postos de gasolina para comprar e consumir bebidas alcoólicas nos estacionamentos dentro dos postos. Os dados foram obtidos de questionários autoaplicáveis e bafômetro em duas coletas transversais realizadas com jovens, abordados em maio e julho de 2006 com amostragem intencional (n=62 e n=50, respectivamente). Não houve diferença significativa entre os grupos entrevistados. Alcoolemia >;0,06% foi encontrada em 35,5% e 40% dos indivíduos antes e depois da lei, respectivamente (p=0,62). Os resultados apontam o uso pesado de álcool em ambos os grupos, inalterado pela implementação da lei

    Confirmatory factor analysis (CFA) of the Crack Use Relapse Scale (CURS)

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    Background When it comes to crack/drug use, relapse is a relatively common event in the first weeks after the end of treatment. However little is known about what happens to patients who relapse after discharge. Objective To report the confirmatory factor analysis (CFA) of the Crack Use Relapse Scale (CURS) in an inpatient population. Methods A five-point Likert scale with 25 items and, initially, 9 theoretical factors was generated and utilized in a cross-sectional study with a sample of 333 hospitalized male crack users. Results CFA indicated a well-fitting model for the CURS. Discussion The CFA shows that the CURS model is appropriate and well-fitting for assessment of latent variables common to psychiatric and psychological constructs – in this case, relapse of crack cocaine use after inpatient treatment

    Desenvolvimento de um questionário de frequência alimentar (QFA-açúcar) para quantificar o consumo de sacarose

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    Introdução: Evidências indicam a relação entre o consumo excessivo de açúcar pela população mundial e o desenvolvimento de doenças crônicas como cárie, obesidade, diabetes e câncer.Objetivo: Descrever o desenvolvimento de um QFA que permita quantificar em massa o consumo de açúcar em amostra da população adulta de Porto Alegre, com base na adaptação do QFA-Porto Alegre.Métodos: A lista de alimentos e o modelo de registro de QFA foram elaborados por meio da abordagem de pesquisa qualitativa denominada grupo focal. A quantificação do açúcar dos alimentos seguiu o método físico-químico de análise de alimentos de Fehling, ou a leitura da tabela de composição de alimentos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O QFA-açúcar foi avaliado por juízes com experiência na elaboração e aplicação de QFA.Resultados: Dos 135 itens alimentares do QFA-Porto Alegre, o grupo focal selecionou 105 para a quantificação. Dentre estes, 40 alimentos não apresentaram sacarose, 7 alimentos agrupados no mesmo item foram individualizados, 5 itens considerados sem açúcar foram mantidos na lista, 1 item foi acrescentado e 1 foi modificado. Os juízes acrescentaram 4 itens e incluíram legenda referente à unidade de tempo e medidas caseiras médias. O QFA-açúcar final contém 94 itens.Conclusão: O QFA-açúcar possui relevâncias e limitações, contudo pode ser aprimorado. Encontra-se em processo de reprodutibilidade e validação e, após, poderá ser utilizado em estudos epidemiológicos para investigar a associação entre consumo de açúcar, doenças crônicas não transmissíveis e cárie na população adulta de Porto Alegre

    Anais

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    A comunidade terapêutica como modalidade de tratamento para dependentes químicos: relato de uma observação participante

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    Este trabalho relata a observação participante de uma psicóloga e de um psiquiatrabrasileiros, ao longo de 1 mês, em duas comunidades terapêuticas para dependentesde drogas no estado de Delaware, Estados Unidos. A descrição das atividadesrealizadas pelos detentos (os pacientes estavam cumprindo pena na prisão de GanderHill em Newark, Delaware) é acrescida da compreensão teórica segundo osreferenciais de psicologia clínica e do desenvolvimento para explicar o funcionamentode comunidades terapêuticas aplicadas a um ambiente correcional. A teoria dos scriptse o uso da metacomunicação como ferramenta terapêutica são especialmenteenfatizadas para explicar o andamento do processo terapêutico
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