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The Debate on Race Relations in the Portuguese Empire and Charles R.
UID/CPO/04627/2013How do we read Charles Boxer's Race Relations in the Portuguese Colonial Empire (1450-1825)? In order to identify the author's intention, three main analytical contexts should be taken into account. In England, Basil Davidson, among other journalists, took the lead of an anti-colonial discourse. In the US, academics like James Duffy participated in the same kind of debate. Finally, under the pressure of the emerging war in Angola at the beginning of 1961, Portuguese circles of academics and politicians prepared a variety of responses. Boxer arrived late to the debate on race relations and the nature of Portuguese colonialism, and his conservative views prevented him from becoming an anti-colonial intellectual. By the same token, his noble dream of objectivity in using the past also prevented him to accept established myths on Portuguese life in the tropics. Como ler As Relações Raciais no Império Colonial Português (1450-1825) de Charles B. Boxer? Para colocar a intenção do autor nos seus contextos de pertinência, três exercícios analíticos deverão ser considerados. Em Inglaterra, Basil Davidson, entre outros jornalistas, foi pioneiro na elaboração de um discurso anti-colonial. Nos Estados Unidos, foram universitários, tais como James Duffy, que participaram no mesmo tipo de debate. Finalmente, sob a pressão do início da Guerra em Angola em 1961, os círculos portugueses ligados à academia e à política prepararam uma variedade de respostas. Boxer chegou tarde ao debate sobre as relações raciais e a natureza do colonialismo português. Do mesmo modo, o seu sonho nobre de objectividade nos usos historiográficos do passado impediu-o de aceitar os mitos que se estavam a estabelecer acerca do mundo que os portugueses criaram nos trópicos.publishersversionpublishe
Um álbum fotográfico da Diamang
Flagrantes da vida na Lunda (1958) de José Osório de Oliveira, um álbum fotográfico encomendado pela Companhia dos Diamantes (Diamang), é o ponto de partida para uma discussão sobre a ideologia colonial. Seguindo e discutindo o método descritivo a que os antropólogos recorrem, a abordagem proposta mobiliza um arquivo compósito, do qual fazem parte, diversas fontes e séries documentais. De igual modo, os argumentos de natureza analítica são formulados, tendo em conta a necessidade de distinguir entre o estatuto das representações, produzidas com a intenção de extrair delas um efeito legitimador da exploração do trabalho, e os interesses económicos e políticos por parte dos que mais podiam decidir. No conjunto, trata-se de uma descrição densa, mas capaz de pôr em causa as perspectivas demasiado atentas aos aspectos culturais e estéticos do colonialismo, que acabam por marginalizar os aspectos políticos e económicos.Flagrantes da vida de Luanda (1958) by José Osório de Oliveira, a photographic album commissioned by the Diamond Company (Diamang), is the starting point for a discussion of colonial ideology. Following and discussing the descriptive method that anthropologists use, the proposed approach mobilizes a composite file comprised by diverse sources and documentary series. Likewise, analytical arguments are formulated, taking into account the need to distinguish between representations (produced with the intention of extracting from them a legitimizing effect of labor exploitation), and economic and political interests of those who could decide. Taken together, this is a dense description, but one that is capable of calling into question the perspectives that are too attentive to the cultural and aesthetic aspects of colonialism, which ultimately marginalize political and economic aspects
A sociologia histórica em Portugal: depoimento, crítica e história
Este texto apresenta-se como um depoimento para uma história ou uma sociologia histórica das ciências sociais em Portugal. Embora seja um depoimento, incorporam-se nesta reflexão algumas noções de forte sentido crítico, tais como a de institucionalização académica, de campo de relações, de competição, concorrência e clientelismo
Vitorino Magalhães Godinho e a questão da escravatura
O objectivo deste ensaio, assumidamente de carácter analítico, consiste em procurar situar a relevância da escravatura ou, mais precisamente, da mão-de-obra e do tráfico de escravos no interior da obra de Magalhães Godinho. O problema colocado por uma análise deste tipo diz respeito ao peso atribuído à escravatura, no interior de um processo mais vasto de expansão e de construção de um império colonial
Um jovem caçador de lixo na Mafalala, nas décadas de 1960 e 1970
UIDB/04627/2020
UIDP/04627/2020publishersversionpublishe
A sociologia histórica em Portugal: depoimento, crítica e história
Este texto apresenta-se como um depoimento para uma história ou uma sociologia histórica das ciências sociais em Portugal. Embora seja um depoimento, incorporam-se nesta reflexão algumas noções de forte sentido crítico, tais como a de institucionalização académica, de campo de relações, de competição, concorrência e clientelismo
A historiografia do império português na década de 1960: formas de institucionalização e projeções
The aim of the present article is to provide an evaluation of the historiography on the Portuguese empire as produced in Portugal in the twentieth century. I seek to develop two specific lines of reasoning. On the one hand, I affirm that since the 1960s, the academia tended to monopolize the Portuguese intellectual arena and to establish itself as the center of the historiography on the overseas empire, and, in particular, on the subject of overseas expansion. On the other, I intend to reflect on this institutionalization of knowledge production and on how this process eventually built a knowledge of the past that was not produced independently, but rather subordinated to agendas and political connotations that have shaped the clipping and selection of sources, as well as the constitution of different topics and approaches.O presente artigo tem como objetivo apresentar um balanço da historiografia acerca do império português produzida em Portugal no século xx. No artigo buscam desenvolver-se dois argumentos. De um lado, o de que, desde os anos 1960, a universidade tendeu a monopolizar o campo intelectual português e a constituir-se como centro da produção historiográfica sobre o império ultramarino e, em especial, sobre a temática dos Descobrimentos. De outro, intenta-se refletir sobre esta institucionalização da produção de conhecimento e a maneira como esse processo acabou por construir um saber sobre o passado que não foi produzido de forma autónoma, mas sim sujeito a agendas e conotações de natureza política, que moldaram o recorte e seleção das fontes, bem como a constituição de temáticas e abordagens
Destribalização, regedorias e desenvolvimento comunitário: notas acerca do pensamento colonial português (1910-1965)
Este artigo pretende dar um contributo para a sociologia histórica das instituições de controlo social e político no império colonial português. Através da genealogia da categoria da “destribalização” e da figura do “destribalizado” nos campos do ensino e da administração coloniais, questiona-se a novidade e a natureza reformista das políticas ultramarinas de 1961: a criação das regedorias e os projectos de desenvolvimento comunitário. Este texto tenta lançar as bases de uma via analítica diferente que não se deixe contaminar pelos discursos dos agentes da época estudada, reproduzidos, na literatura actual, em duas teses distintas: por um lado, na ideia de que as rege- dorias serviram, ao contrário da justificação oficial do regime, o controlo militarizado das populações coloniais em tempos de guerra; por outro, na afirmação de que o desenvolvimento comunitário seria a manifestação política benigna de uma progressiva alteração do paradigma científico colonial em Portugal. O estudo da recepção e circulação das ideias em torno da “destribalização” mostra que ambas as teses correspondem a uma simplificação e reprodução das tomadas de posição e estratégias dos actores historicamente situados. Por último, são levantadas algumas questões a propósito da dependência dos modos de conceptualização portugueses face a discursos circu- lantes a nível internacional, bem como da autonomia relativa das ciências sociais em relação aos campos administrativo, político e militar do Estado-império
Nações e nacionalismos (a teoria, a história, a moral)
The article examines Benedict Anderson's contribution to studies of the nation and nationalism in the social and human sciences, taking as its pretext the reissue in Portuguese of his most well-known work, Imagined Communities. The text begins with a brief genealogical survey of studies of the nation and nationalism, which seeks to emphasize and question the relative disinterest that classical social theories devote to the idea of the nation and its specific forms of political, economic and sociocultural incorporation. Next it turns to the author's intellectual and civic career, contextualizing his interests and his analytic propositions, specifically in terms of the imagination of national identities and communities and their organization into nationalist movements, but also the notions of power and the virtualities and limits of the comparative method, and the role of ideas and cultural phenomena. Finally the text concludes with a critical and reflective exploration of the notions of imagination and community in Anderson's work, connecting their meanings, uses and appropriations with the historical, academic and political contexts of his intellectual career.O artigo aborda a contribuição de Benedict Anderson para os estudos da nação e do nacionalismo nas ciências sociais e humanas, tendo como pretexto a reedição, em língua portuguesa, da sua mais conhecida obra, Comunidades imaginadas. Num primeiro momento, procede-se a um breve inventário genealógico dos estudos sobre a nação e sobre o nacionalismo, que visa sublinhar e interrogar o relativo desinteresse que as teorias sociais clássicas devotaram à ideia de nação e às suas formas específicas de incorporação política, econômica e sociocultural. Num segundo momento, reflete-se sobre o percurso intelectual e cívico do autor, contextualizando os seus interesses e as suas propostas analíticas, nomeadamente no que diz respeito à imaginação das identidades e comunidades nacionais e à sua organização em movimentos nacionalistas, mas também às noções de poder e às virtualidades e limites do método comparativo, ao papel das ideias e dos fenômenos culturais. Num terceiro momento, explora-se, de um ponto de vista crítico e reflexivo, as noções de imaginação e de comunidade na sua obra, articulando os seus sentidos e os seus usos e apropriações com os contextos históricos, acadêmicos e políticos, do seu percurso intelectual
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