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Hérnia paraumbilical
As hérnias paraumbilicais são defeitos adquiridos da parede abdominal próximos ao umbigo, mais comuns em adultos, especialmente mulheres e indivíduos com aumento da pressão intra-abdominal. Embora frequentemente assintomáticas, podem evoluir com complicações como encarceramento e obstrução intestinal, exigindo intervenção cirúrgica urgente. Este relato descreve o caso de uma paciente idosa com múltiplas hérnias da linha média, incluindo hérnia paraumbilical com conteúdo necrótico e quadro de suboclusão intestinal. Relato de Caso Uma mulher de 65 anos procurou atendimento por distensão abdominal, dor epigástrica, náuseas e vômitos há um dia, sem alteração do hábito intestinal. Apresentava hipertensão arterial sistêmica e fibrilação atrial. Ao exame, o abdome estava flácido, timpânico e doloroso em mesogástrio e hipocôndrio esquerdo, com massa palpável em mesogástrio. A tomografia computadorizada revelou hérnia paraumbilical mediana contendo alças delgadas do íleo médio, associada a dilatação proximal, hipodistensão distal e material fecalóide na ampola retal, indicando suboclusão ileal. Durante laparotomia exploratória, identificaram-se três sacos herniários: epigástrico com anel de 1,5 cm contendo gordura pré-peritoneal sem isquemia; epigástrico justa umbilical com anel de 2,5 cm contendo omento necrótico; e umbilical com anel de 0,5 cm contendo gordura pré-peritoneal. Alças delgadas distendidas localizavam-se a 40 cm da válvula íleo-cecal, sem sinais de isquemia. Realizou-se hernioplastia epigástrica com tela pré-aponeurótica. A paciente evoluiu satisfatoriamente em UTI, com drenagem sero-hemática de 120 ml nas primeiras 24 horas. Discussão A paciente apresentou quadro agudo de suboclusão intestinal, com sintomas compatíveis e diagnóstico confirmado por tomografia, exame essencial para localizar e identificar causas e complicações da obstrução. A presença de múltiplos sacos herniários indica fragilidade da parede abdominal, possivelmente relacionada à idade e alterações musculares. O omento necrótico evidenciou estrangulamento, complicação grave que exige tratamento cirúrgico imediato. A hernioplastia com tela pré-aponeurótica foi adequada para reforçar a parede abdominal na ausência de contaminação.
Intussuscepção intestinal pós-colonoscopia em paciente masculino
A intussuscepção intestinal em adultos é uma condição rara, geralmente secundária a lesões estruturais com potencial maligno. Embora comum em crianças, sua ocorrência em adultos é incomum e frequentemente associada a causas orgânicas. Procedimentos endoscópicos, como a colonoscopia, podem desencadear ou evidenciar a intussuscepção por manipulação intestinal ou alterações no peristaltismo. O diagnóstico é desafiador devido à apresentação clínica inespecífica, sendo a tomografia computadorizada o exame de escolha para confirmação. O tratamento é cirúrgico. Relato de Caso: Um homem de 56 anos procurou o pronto-socorro com dor em abdome superior há três dias, associada a vômitos. Referiu que sua última evacuação ocorreu há três dias, sem alterações patológicas, porém negou eliminação de flatos e febre. Após realização de colonoscopia, evoluiu com febre e dor em fossa ilíaca direita. A tomografia computadorizada abdominal evidenciou invaginação intestinal entre o cólon transverso e o cólon ascendente, caracterizando intussuscepção. Foi indicada cirurgia com laparotomia mediana supra e infraumbilical e hemicolectomia direita. Durante o procedimento, identificou-se intussuscepção do cólon transverso junto à flexura hepática, com bloqueio causado por espessamento do grande omento à palpação. O paciente evoluiu com brida precoce, necessitando nova intervenção cirúrgica. Após o manejo das intercorrências, apresentou boa recuperação e recebeu alta hospitalar com seguimento ambulatorial. Discussão A intussuscepção em adultos é rara e frequentemente associada a tumores benignos ou malignos que atuam como ponto de invaginação. A colonoscopia pode precipitar ou revelar a intussuscepção devido à manipulação intestinal e alterações no peristaltismo. O diagnóstico clínico é desafiador, pois os sintomas são inespecíficos, como dor abdominal, vômitos e obstrução intestinal. A tomografia computadorizada é o exame mais sensível para identificar a intussuscepção e avaliar sua extensão. O tratamento cirúrgico é o padrão, especialmente em casos de obstrução ou suspeita de malignidade, com ressecção do segmento afetado para evitar recorrência.
Infecção aguda de cisto de úraco: da suspeita clínica à intervenção cirúrgica
As anomalias congênitas do úraco são raras, mas clinicamente relevantes quando sintomáticas, podendo causar infecções e formação de abscessos que mimetizam outras condições abdominais e pélvicas. A persistência do úraco pode originar cistos infectados, representando um desafio diagnóstico, especialmente em adultos jovens. Este relato apresenta um caso de abscesso pré-vesical secundário a possível remanescente uracal infectado, ressaltando a importância da suspeição clínica e da imagem no diagnóstico e manejo. Relato de Caso: Uma mulher de 21 anos, com histórico de infecções urinárias de repetição desde a infância, apresentou distensão abdominal há 20 dias, seguida de febre, disúria e polaciúria há 10 dias. Foi tratada empiricamente com nitrofurantoína por sete dias, mas evoluiu com piora da febre e dor lombar após o término do tratamento. No pronto-socorro, apresentou desconforto à palpação do hipogástrio, sem sinais de irritação peritoneal, e saída de conteúdo purulento pela sondagem vesical. A tomografia computadorizada evidenciou coleção pré-vesical com paredes espessadas, com volume estimado em 40 cm³. Submeteu-se à drenagem cirúrgica da coleção. Evoluiu bem no pós-operatório e recebeu alta no quarto dia, com sonda vesical de demora e retorno ambulatorial programado. Discussão: Embora frequentemente diagnosticadas na infância, as anomalias do úraco podem se manifestar em adultos, geralmente por infecção de cistos uracais ou secreção umbilical. A associação com infecção urinária de repetição é relatada, pois o úraco pode ser sítio de proliferação bacteriana. A tomografia computadorizada é o exame de escolha para avaliação dessas patologias, permitindo diferenciar outras causas de dor ou massa pélvica. O tratamento cirúrgico com drenagem associado à antibioticoterapia é o padrão. Este caso reforça a importância de considerar remanescentes uracais no diagnóstico diferencial de pacientes jovens com sintomas urinários e histórico de infecções urinárias recorrentes
Neoplasia pancreática avançada com complicações vasculares e disseminação peritoneal: relato de caso
O câncer de pâncreas é uma neoplasia agressiva, frequentemente diagnosticada em estágios avançados, quando as opções terapêuticas são limitadas e o prognóstico reservado. A apresentação clínica insidiosa, com sintomas inespecíficos como perda de peso, inapetência e desconforto abdominal, dificulta a detecção precoce. A proximidade do pâncreas com vasos sanguíneos importantes favorece a invasão local e complicações vasculares, como trombose venosa. A coexistência de hepatopatia crônica pode agravar o quadro clínico, influenciando o manejo e o desfecho da doença. Este relato descreve um caso de neoplasia pancreática avançada. Relato de Caso: Uma paciente apresentou síndrome consumptiva com perda de 13 kg em seis meses, inapetência e piora do estado geral, sem dor abdominal localizada, mas com desconforto e aumento do volume abdominal. A tomografia evidenciou lesão expansiva hipovascularizada de 3,4 cm na transição entre corpo e cauda do pâncreas, com atrofia e dilatação ductal na cauda, além de trombose da veia esplênica e colaterais perigástricas. Também revelou sinais de hepatopatia crônica e múltiplas pequenas nodulações peritoneais sugestivas de carcinomatose. A ultrassonografia endoscópica mostrou lesão hipoecóica e heterogênea envolvendo vasos esplênicos, com dilatação do ducto pancreático principal. A punção aspirativa guiada por ultrassom confirmou adenocarcinoma pancreático. O quadro indicou neoplasia avançada com comprometimento vascular e disseminação peritoneal. Discussão:Este caso exemplifica a apresentação clínica e radiológica típica do câncer pancreático avançado, associado a hepatopatia crônica e complicações vasculares, como trombose da veia esplênica. A perda ponderal, inapetência e deterioração do estado geral refletem a agressividade da doença. A dilatação ductal e atrofia do parênquima indicam obstrução crônica pela lesão. A presença de carcinomatose peritoneal compromete o prognóstico e limita opções terapêuticas. A hepatopatia crônica agrava o quadro, dificultando o manejo e aumentando a morbimortalidade. A confirmação histopatológica é fundamental para o diagnóstico e planejamento terapêutico
Retenção de compressa cirúrgica pós-cesarea: relato de complicação rara com abordagem conservadora
A retenção de corpos estranhos após procedimentos cirúrgicos é evento incomum, porém associado a graves complicações, como fístulas e abscessos. Relatos de compressas cirúrgicas migrando para o trato gastrointestinal são raros, especialmente após cesarianas. Este caso descreve uma complicação atípica de retenção de compressa no reto com formação de fístula colo-cutânea, abordada com sucesso por manejo conservador, reforçando a importância do diagnóstico precoce e intervenção multidisciplinar. Relato do Caso: Paciente feminina, 38 anos, sem comorbidades, compareceu ao pronto-socorro com diarreia há 24 horas e eliminação espontânea parcial de compressa cirúrgica pelo ânus. Relatava cesariana há 2 meses em um hospital externo. Ao exame, apresentava bom estado geral, abdome flácido e indolor, com 2/3 da compressa exteriorizada no canal anal. A tomografia computadorizada (TC) de abdome evidenciou material cirúrgico com marcador metálico no reto, fístula entre cólon transverso e mesogástrio/flanco esquerdo. Iniciou antibioticoterapia empírica com ceftriaxone e metronidazol, associada à remoção transanal completa da compressa em enfermaria após 24 horas. Nova TC confirmou regressão do trajeto fistuloso e ausência do corpo estranho. Tomografia de controle evidenciando reto e canal anal livres A paciente manteve evolução estável, sem febre ou complicações, recebendo alta com seguimento ambulatorial. Discussão: Este caso ilustra manifestação tardia de gossibipoma após cesariana , com formação de fístula colônica e eliminação espontânea transanal do corpo estranho. A apresentação clínica discreta, sem sinais de sepse, permitiu abordagem conservadora com antibioticoterapia e remoção não cirúrgica. A evolução favorável reforça a importância da individualização terapêutica, conforme estabilidade clínica e achados de imagem. Embora o manejo cirúrgico seja frequente, há relatos na literatura de eliminação espontânea por vias naturais, geralmente após formação de trajeto fistuloso. A prevenção do gossibipoma depende de protocolos rigorosos de contagem de materiais cirúrgicos.
Obstrução intestinal por hérnia incisional estrangulada: relato de caso e manejo cirúrgico
A hérnia incisional é uma complicação comum após cirurgias abdominais, caracterizada pela protrusão de estruturas intra-abdominais através de uma fraqueza na parede abdominal, geralmente no local da cicatriz. Entre as complicações mais graves estão o encarceramento e o estrangulamento do conteúdo herniado, que podem evoluir para obstrução intestinal e necrose, exigindo intervenção cirúrgica imediata. Relato de Caso: Uma mulher de 44 anos apresentou dor abdominal progressiva há uma semana, associada à parada de eliminação de flatos e fezes. No exame físico, encontrava-se em estado geral regular, desidratada, com distensão abdominal acentuada. A tomografia computadorizada revelou hérnia incisional com anel estreito de 4,2 cm, contendo segmentos de alças ileais distais, com alça aferente ectasiada e eferente afilada, indicando obstrução parcial. Foi indicada laparotomia exploradora. Durante o procedimento, identificou-se conteúdo herniário logo abaixo da cicatriz umbilical, com aproximadamente 12 cm de diâmetro. Após isolamento e abertura do saco herniário, observou-se alças de intestino delgado com segmentos fracamente aderidos e um segmento fortemente aderido, de coloração vinhosa e ausência de peristalse. Realizou-se enterectomia de aproximadamente 20 cm do segmento inviável. O ceco apresentava aspecto normal, porém a ponta do apêndice cecal estava vinhosa, sendo feita apendicectomia. O saco herniário foi ressecado, o anel herniário fechado e reforçado com tela de Prolene. A paciente foi encaminhada à UTI e, posteriormente, à enfermaria. Discussão:A hérnia incisional pode evoluir para complicações graves, especialmente quando o anel herniário é estreito e o conteúdo permanece preso por tempo prolongado. O diagnóstico precoce por imagem e a intervenção cirúrgica imediata são essenciais para evitar complicações fatais. A ressecção do segmento intestinal inviável, correção anatômica e reforço da parede abdominal com tela são fundamentais para o tratamento e prevenção de recidivas. O acompanhamento pós-operatório em UTI e transferência para enfermaria garantem monitorização adequada e recuperação satisfatória
Torção testicular direita: diagnóstico por ultrassonografia doppler e manejo cirúrgico em paciente jovem
A torção testicular é uma emergência urológica caracterizada pela rotação do testículo e do cordão espermático, que compromete o fluxo sanguíneo e pode levar à isquemia e necrose. O quadro clínico típico inclui dor escrotal súbita e intensa, edema, náuseas, vômitos e alteração da posição testicular, como elevação e horizontalização. O diagnóstico rápido, frequentemente auxiliado pela ultrassonografia Doppler, é fundamental para preservar a função testicular. Relato de Caso: Um homem de 23 anos apresentou dor testicular aguda no lado direito, associada à horizontalização do testículo. No exame físico, apresentou sinal de Prehn positivo, levantando hipóteses diagnósticas de torção testicular ou orquiepididimite. A ultrassonografia Doppler evidenciou discreto aumento do testículo direito, massa ecogênica amorfa paratesticular correspondente ao cordão espermático e epidídimo retorcidos, além de moderada hidrocele. O Doppler não demonstrou vascularização testicular nem na massa paratesticular. Foi indicada cirurgia, com incisão do rafe escrotal e abertura por planos, evidenciando saída de líquido claro e torção intravaginal de 360 graus do testículo direito, com aumento volumétrico e congestão intensa. Procedeu-se à distorção e reposicionamento do testículo no escroto. No hemiescroto esquerdo, o testículo apresentava aspecto normal e foi fixado. O testículo direito apresentou melhora do aspecto e sinais de perfusão arterial, sendo preservado e fixado da mesma forma. O paciente evoluiu favoravelmente, com alta hospitalar. Discussão: A torção testicular afeta principalmente jovens e exige diagnóstico e intervenção imediatos para evitar necrose e perda do órgão. A dor súbita, edema e alteração da posição testicular são sinais típicos. O sinal de Prehn pode ser positivo, não excluindo a torção. A ultrassonografia Doppler é exame fundamental para avaliar vascularização e confirmar o diagnóstico, distinguindo de outras causas como epididimite. A cirurgia imediata com fixação bilateral é essencial para preservar a função testicular e prevenir recorrência, já que a predisposição anatômica é frequentemente bilateral
Pancreatite aguda biliar em paciente com colelitíase não operada: relato de caso
A pancreatite aguda é uma inflamação súbita do pâncreas que pode variar de leve a grave, sendo a colelitíase a principal causa em muitos casos. O tabagismo e o etilismo são fatores de risco, mas o diagnóstico baseia-se na apresentação clínica, elevação das enzimas pancreáticas e exames de imagem. O tratamento inicial é conservador, com suporte clínico rigoroso, e a colecistectomia é indicada posteriormente para prevenir recidivas. Relato de Caso: Um homem de 63 anos, com antecedente de colelitíase não tratada cirurgicamente, procurou o pronto-socorro com dor epigástrica intensa e contínua há três dias, com discreta melhora após alimentação. Referia náuseas, vômitos e perda de apetite, sem consumo de álcool. No exame físico, estava em bom estado geral, com dor à palpação epigástrica e sem sinais de irritação peritoneal. A pressão arterial era 146x92mmHg e o tempo de enchimento capilar, 3 segundos. Os exames laboratoriais mostraram leucocitose leve (10.360/mm³), amilase elevada (1115U/L), lipase (1458U/L) e creatinina aumentada (3,17mg/dL). A ultrassonografia evidenciou vesícula biliar com parede normal e múltiplos cálculos. A tomografia identificou aumento do pâncreas, densificação da gordura peripancreática e líquido livre adjacente, compatíveis com pancreatite aguda. Iniciou-se tratamento conservador com jejum, analgesia e hidratação venosa vigorosa. Durante a internação, apresentou piora da função renal, necessitando de diálise por demanda. Após 15 dias de suporte intensivo, evoluiu com melhora clínica e renal, recebendo alta com indicação de colecistectomia ambulatorial. Discussão A pancreatite aguda biliar é uma causa frequente de pancreatite, associada à colelitíase. O diagnóstico baseia-se na tríade clínica, laboratorial e imagiológica. A ultrassonografia detecta cálculos vesiculares, enquanto a tomografia avalia a gravidade da inflamação. O tratamento inicial é conservador, com suporte intensivo e monitorização para detectar complicações. A colecistectomia eletiva após estabilização previne recidivas. Casos graves podem necessitar de procedimentos endoscópicos.
Neoplasia estenosante do cólon descendente/sigmóide: manejo cirúrgico em paciente idoso com obstrução intestinal
A dor abdominal aguda é uma queixa frequente em serviços de emergência, com etiologias diversas. Quando associada a sinais de oclusão intestinal, configura um abdome agudo obstrutivo, sendo a neoplasia a principal causa em obstruções do cólon. Relato de Caso: Um homem de 79 anos foi admitido com dor abdominal difusa há 15 dias, interrupção da eliminação de fezes há três dias e piora da dor nas últimas 24 horas. Negava náuseas, vômitos ou perda de peso, mas relatava desconforto progressivo. No exame físico, apresentava abdome distendido e doloroso, sem sinais de irritação peritoneal. O toque retal não evidenciou impactação fecal ou sangramento. A tomografia computadorizada de abdome revelou espessamento parietal circunferencial e estenosante no cólon descendente/sigmóide, com 4,5 cm de extensão, compatível com neoplasia primária, além de distensão do cólon proximal, ceco dilatado (8 cm) e discreta dilatação de alças delgadas. Diante dos achados, foi submetido a laparotomia exploradora de urgência, onde se identificou tumoração estenosante de cerca de 4 cm no cólon descendente, sem invasão de órgãos adjacentes ou metástases peritoneais. Realizou-se colectomia esquerda com linfadenectomia e colostomia em cólon transverso, optando-se por não realizar anastomose primária devido ao risco de deiscência. O pós-operatório transcorreu sem intercorrências, com retorno do trânsito intestinal e boa aceitação da dieta oral. O paciente recebeu alta e foi encaminhado para acompanhamento oncológico ambulatorial. Discussão: Este caso exemplifica obstrução intestinal por neoplasia colorretal em idoso, grupo em que o diagnóstico costuma ser tardio devido à apresentação inespecífica. A ausência de sintomas clássicos não exclui malignidade, reforçando a importância da investigação por imagem diante de obstrução inexplicada. A tomografia foi essencial para o diagnóstico e planejamento cirúrgico. A colectomia esquerda com linfadenectomia e colostomia temporária seguiu princípios oncológicos e mostrou-se segura em paciente de risco elevado.
“If history is ours, memory belongs to us”: challenges and contributions of Memorial Brumadinho to Community Museologies
This study analyzes the trajectory of Memorial Brumadinho, created due to the collapse of the mining company Vale dam, Córrego Mina do Feijão, in Brumadinho, Minas Gerais, which caused one of the biggest socio-environmental crimes-tragedies in Brazil. It aims to understand the conception and struggle to manage Memorial based on the articulations of Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão – Brumadinho. It describes some of the challenges and contributions of memorials of victims and those affected by crimes-tragedies to Community Museologies and the disputes about memory, reparation, and belonging. Its qualitative methodology favors case studies via bibliographical research and documentary analysis. It mobilizes sources such as specialized bibliography, journalistic articles, technical reports, memorial website and social media posts, visits it, and participation in public hearings. This study aims to show the importance of relativizing and problematizing concepts and of perceiving museological processes as fictions and frictions in constant adaptations, reinventions, and crossings.Este artigo analisa a trajetória do Memorial Brumadinho, criado em decorrência do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho, Minas Gerais, que ocasionou um dos maiores crimes-tragédias socioambientais do país. O objetivo é compreender a concepção e a luta pela gestão do memorial, a partir das articulações da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão – Brumadinho (Avabrum). Apresenta alguns desafios e contribuições dos memoriais de vítimas e atingidos por crimes-tragédias para as Museologias comunitárias e para as disputas sobre memória, reparação e pertencimento. A partir de uma metodologia qualitativa, privilegia o estudo de caso por meio de pesquisa bibliográfica e análise documental. Para tanto, mobiliza fontes diversas, a exemplo de bibliografia especializada, matérias jornalísticas, laudos técnicos, publicações em sites e redes sociais da Avabrum, além de visitas ao memorial e participação em audiências públicas. O intuito foi demonstrar a importância de relativizar e problematizar os conceitos e, ao mesmo tempo, de perceber os processos museológicos como ficções e fricções em constantes adaptações, reinvenções e atravessamentos.