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Decrescimento e economia solidária : existem elementos para uma plataforma comum?
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável, 2014.A emergência da problemática ambiental, as crises econômicas e o desmoronamento das experiências do socialismo real que caracterizaram as últimas décadas do Século XX proporcionaram um contexto para o surgimento de movimentos alternativos tanto no Norte como no Sul do planeta. Um desses é o Decrescimento, surgido na França e com protagonismo maior no continente Europeu, defende o abandono da ideologia do crescimento econômico, já que ela gera desigualdades e colocou a humanidade sob risco de um colapso ambiental. Alguns autores têm desenhado a possibilidade de convergências entre o Decrescimento e movimentos sociais do Sul, cujo foco tem sido a análise dos problemas enfrentados pelo Sul decorrentes do modelo de desenvolvimento do Norte. A presente pesquisa se insere neste debate propondo um caminho adicional: os elementos teóricos que orientam grupos sociais presentes nos países do Sul, com foco no Brasil, em particular a Economia Solidária. A pergunta que guia esta pesquisa é: existem elementos suficientes entre a Economia Solidária no Brasil e o Decrescimento que permitem formar uma plataforma comum? Para respondê-la, partiu-se de aspectos teórico-conceituais presentes em amostras de textos de cada um dos movimentos. Como resultado, verificou-se que os elementos que distinguem os movimentos predominaram, numericamente, sobre os comuns; e estes sobre os antagônicos. Dentre os antagonismos, a Economia Solidária incorpora, qualificando, as noções de crescimento econômico e de desenvolvimento, enquanto que o Decrescimento rejeita-os. Estes antagonismos e algumas distinções foram discutidos a partir: da problematização e da qualificação que a Economia Solidária lança mão sobre esses temas; dos diferentes contextos históricos, composição de atores e demandas imediatas dos movimentos; das experiências práticas que acumulam e da (in)consistência de dados que apresentam, dentre outros. Dentre os elementos comuns, destacam-se: autonomia, democracia e igualdade; noção de bem-estar baseada em atributos qualitativos, relacionais e na harmonia entre os seres humanos e destes com a natureza; oposição ao consumismo e ao sentido de vida baseado em termos quantitativos e materialistas; diferenciam as necessidades essenciais, ou básicas, das necessidades criadas e atribuem valor positivo às primeiras; e se aproximam do Buen Vivir, identificam os movimentos por justiça ambiental como aliados e atores considerados como parte de cada um dos movimentos estudados fazem parte de uma mesma rede. A conclusão geral desta dissertação é que os elementos comuns apontam para a possibilidade de uma plataforma comum, vez que os antagônicos e distintos não inviabilizam o diálogo entre os movimentos. Conclui-se, por fim que o FBES é um ator da Economia Solidária que pode favorecer o diálogo com o Decrescimento. ______________________________________________________________________________ ABSTRACTThe emergence of the environment issue, economic crises and the decay of the real socialism experiences that characterized the twentieth century latest decades, created a context for the emergence of alternative social movements both in the North and South of the planet. Degrowth is one of those movements and it first emerged in France and with great relevance in Europe. It defends the abandonment of economic growth ideologies that generate inequalities and has put humanity under the threat of an environmental collapse. Authors have outlined possibilities of convergences between Degrowth and social movements in the South that has focused on the analysis of problems faced in the South caused by the economic growth model in the North. This research takes part on this debate and proposes an additional path: theoretical guiding elements of the social groups existing in the South countries, in particular Solidarity Economy in Brazil. The research´s question is: are the sufficient elements between Solidarity Economy in Brazil and Degrowth enough to build a common platform? In order to answer this question, it was used theoretical-conceptual aspects present on text samples of each movement. As a result, it was verified that the movements distinguishing elements outnumbered the common elements, which outnumbered the antagonistic ones. When it comes to the antagonisms, Solidarity Economy incorporates notions of economic growth and development, while, on the other hand, Degrowth rejects them. The discussion of those antagonisms and other differences started off from the questioning and qualification of Solidarity Economy on those themes; different historical contexts, actors and immediate demands of the movements; accumulated practical experiences and (in) consistency of data, among others. Common elements that stand out are: autonomy, democracy and equality; notions of well-being based on qualitative and relational attributes and the harmony between human beings and their relationship to nature; opposition to consumerism and the meaning of life based on quantitative and materialist terms; they differentiate basic needs from created needs and attribute positive value to the basic ones; they approximate themselves to Buen Vivir, they identify movements for environmental justice as allies; and actors from both movements integrate the same network. The general conclusion is that common elements point out to the possibility of a common platform, once the antagonisms and differences do not hinder a dialog between the movements. Finally, it is concluded that FBES is a subject of Solidarity Economy that can benefit the dialog with Degrowth
Decrescimento, agroecologia e economia solidária no Brasil : em busca de convergências
Identificar as possíveis convergências entre a ideia de decrescimento, defendida sobretudo nos países do Norte, a economia solidária e a agroecologia no Brasil para a construção de uma plataforma comum de conversação é a proposta do presente artigo. Por meio de pesquisa bibliográfica foram identificados sete elementos comuns entre decrescimento e economia solidária e mesmo número entre decrescimento e agroecologia. Conclui-se que a economia solidária e a agroecologia no Brasil possuem elementos para se constituírem em espaços de convergências para uma plataforma comum entre os grupos que defendem uma economia de baixo impacto ecológico, "decrescentistas" do Norte e movimentos socioculturais do Sul. Ademais, sugere-se a análise de princípios e práticas de grupos sociais do Sul como orientação adicional ao debate sobre relações entre os dois Hemisférios no contexto do decrescimento. Por fim, são feitas algumas sugestões para se aprofundar o estudo das relações entre o decrescimento, a economia solidária e a agroecologia no Brasil.The intention of this article is to identify possible convergences between the concept of degrowth mostly defended in Northern countries, solidarity economy and agroecology in Brazil in order to build a common platform of discussion. Through the use of bibliographical research this paper identifies seven common elements between degrowth and solidarity economics and seven between degrowth and agroecology. It is concluded that solidarity economics and agroecology in Brazil have elements to establish themselves in convengence spaces for a common platform amongst groups that defend an economy of low ecological impact, degrowth groups in the North and sociocultural movements in the South. Furthermore, this paper suggests the analysis of principles and practices of social groups in the South as additional orientation in the debate between the two Hemispheres in the context of degrowth. Finally, some suggestions are made in order to deepen the analysis of the relations between degrowth, solidarity economics and agroecology in Brazil
O decrescimento no Brasil
Introdução As crises sociais, econômicas e ambientais que a humanidade rotineiramente vem enfrentando têm levantado cada vez mais evidências da necessidade dos seres humanos promoverem um questionamento dos atuais modelos de “desenvolvimento” adotado por praticamente todos os países do mundo que tem suas economias funcionando sob o paradigma do crescimento. Dentre os grupos que promovem o questionamento desse paradigma, um dos mais radicais é o dos que defendem a tese do decrescimento. Para L..
O papel do campesinato na construção da sociedade do decrescimento
Introdução “Decrescimento” é uma palavra forte – bate de frente em um dos principais sustentáculos do capitalismo, o dogma do crescimento econômico. Mas o debate em torno de tal proposta não se restringe à economia, nem a (mais) um mero ataque ao capitalismo. O debate sobre o decrescimento busca aglutinar críticas, ideias e propostas sobre diversas questões da atualidade: a da sustentabilidade e do meio ambiente; do trabalho, (des)emprego e atividades produtivas; da qualidade de vida e saúde ..
Decrescimento, agroecologia e economia solidária no Brasil : em busca de convergências
Identificar as possíveis convergências entre a ideia de decrescimento, defendida sobretudo nos países do Norte, a economia solidária e a agroecologia no Brasil para a construção de uma plataforma comum de conversação é a proposta do presente artigo. Por meio de pesquisa bibliográfica foram identificados sete elementos comuns entre decrescimento e economia solidária e mesmo número entre decrescimento e agroecologia. Conclui-se que a economia solidária e a agroecologia no Brasil possuem elementos para se constituírem em espaços de convergências para uma plataforma comum entre os grupos que defendem uma economia de baixo impacto ecológico, "decrescentistas" do Norte e movimentos socioculturais do Sul. Ademais, sugere-se a análise de princípios e práticas de grupos sociais do Sul como orientação adicional ao debate sobre relações entre os dois Hemisférios no contexto do decrescimento. Por fim, são feitas algumas sugestões para se aprofundar o estudo das relações entre o decrescimento, a economia solidária e a agroecologia no Brasil.The intention of this article is to identify possible convergences between the concept of degrowth mostly defended in Northern countries, solidarity economy and agroecology in Brazil in order to build a common platform of discussion. Through the use of bibliographical research this paper identifies seven common elements between degrowth and solidarity economics and seven between degrowth and agroecology. It is concluded that solidarity economics and agroecology in Brazil have elements to establish themselves in convengence spaces for a common platform amongst groups that defend an economy of low ecological impact, degrowth groups in the North and sociocultural movements in the South. Furthermore, this paper suggests the analysis of principles and practices of social groups in the South as additional orientation in the debate between the two Hemispheres in the context of degrowth. Finally, some suggestions are made in order to deepen the analysis of the relations between degrowth, solidarity economics and agroecology in Brazil
Enfrentando os limites do crescimento
Desde os anos 1960, os ambientalistas e cientistas vêm alertando sobre o perigo do colapso ambiental. Os relatórios das agência da onu e de instituições como o World Watch Institute mostram de forma contundente a urgência de uma mudança radical para evitar esse colapso. A novidade è que um número crescente de economistas, até então defensores do crescimento como panaceia para resol ver todos os problemas, agora fala dos limites do crescimento e da necessidade de “mudar de economia”, tanto para evitar o colapso como para alcançar a justiça social. O mais recente relatório da ocde (Previsões ambientais para 2050: as consequências da inação”, de 2012) faz um alerta dramático nesse sentido. Entretanto, tanto a postura dos responsáveis políticos quanto as sohições que vêm sendo propostas (do desenvolvimento sustentável à economia verde) estão muito aquém do esperado. Não atacam a raiz do problema: o atual mo delo de produção e consumo já é insustentável, e o será ainda mais quando for generalizado. Esta evidência leva a uma conclusão incontornãvel: a necessidade de justiça social e ambiental nas relações entre os países e no interior de cada país, única forma de tornar aceitáveis (ética, social e politicamente) as mudanças indispensáveis. Para sobreviver, o nosso sistema econômico précisa oferecer cada vez mais objetos com obsolescência cada vez mais precoce, consumindo assim cada vez mais recursos e produzindo mais lixo. A eficiência produtiva crescente (fazer mais com menos matéria e menos energia) é uma realidade, mas essa eficiêticia tem poucos resultados em face do aumento do consumo global. Portanto, é urgente passarmos da competição para a colaboração; sem isto, os conflitos em torno de recursos cada vez mais raros e mais caros serão devastadores. É urgente passarmos de um mundo que estimula uma busca frustrante e sem fim por mais consumo para uma sociedade de consumo baixo, mas de qualidade, que se oriente para a felicidade individual e coletiva. Normalmente tais mudanças requereriam séculos, mas não dispomos desse tempo. O futuro é hoje! Os textos reunidos neste livro apresentam análises sobre várias dimensões desta problemática, tentando entender as lógicas e interesses em jogo, as causas da inação atual e os possíveis caminhos para sair do impasse