38 research outputs found

    O pós-humano é agora

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    A chamada que trouxe a este dossiê os doze trabalhos aqui reunidos –  vindos do Brasil, de Portugal, da Austrália e da Índia e oriundos não só dos estudos literários e da linguagem , mas também das áreas de comunicação social, educação, ciência política e antropologia – partia da constatação de que vivemos um ponto de inflexão nas ciências humanas e sociais: a falência da crença na excepcionalidade da espécie humana, que acarreta a fé do humanismo liberal na racionalidade e autodeterminação humanas como fundamento ético, estético e político da relação do homo sapiens com os seus outros "naturais" e "artificiais"

    Letramento, novas tecnologias e a Teoria Ator-Rede: um convite à pesquisa

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    O presente texto busca articular o conceito de letramento (digital) com fundamentos da Teoria Ator-Rede, para refutar dois discursos dominantes sobre as (novas) tecnologias da escrita: o do determinismo tecnológico e o do neutralismo. Toma da referida teoria o axioma da inseparabilidade entre tecnologia e sociedade, assim como entre natureza e cultura. Propõe, a partir de conceitos-chave que derivam do axioma, uma concepção de letramento (digital) como rede heterogênea, constituída de associações entre humanos e não-humanos que, de forma simétrica, negociam interesses e interpretações. Aplica tal concepção a dados recuperados de uma pesquisa anterior, realizada sob outro enfoque teórico, com vistas a avaliar o poder explicativo da Teoria Ator-Rede no que tange a relação entre global e local em práticas "situadas" de letramento (digital)

    Práticas de letramento na ótica da Teoria Ator-Rede: casos comparados

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    Apresenta resultados de uma pesquisa teórico-empírica que objetivou abordar os novos letramentos a partir de uma ótica relacional. Tal ótica é dita relacional no sentido de que mantém tecnologia, sociedade, linguagem e sujeito letrado em um mesmo plano ontológico, e privilegia os instrumentos e processos de mediação e circulação entre o que, sob outras óticas, poderíamos chamar de o local e o global/universal. Com base em conceitos e insights da Teoria Ator-Rede, a pesquisa produziu e comparou dois casos em que os informantes foram tomados como empreendedores centrais de redes de letramentos. As estratégias de geração de dados empíricos incluíram (i) o monitoramento das atividades online dos informantes por um software especializado, (ii) observação participante e não-participante de eventos e práticas de letramento envolvendo os informantes, e (iii) entrevistas semi-estruturadas, antes, durante e depois de (i) e (ii). A partir dos dados empíricos, buscou-se descrever a relação estabelecida entre os informantes e os letramentos de que participavam nos termos da Teoria Ator-Rede. Os resultados incluem a identificação de um conjunto de objetos e práticas  ronteiriças que permitiam aos informantes conectar produtivamente atividades letradas locais em diferentes contextos institucionais, espaciotemporais e temáticos com um empreendimento identificado com a produção de suas próprias subjetividades. Tais resultados são discutidos à luz dos esforços de pesquisa correntes voltados para o desenvolvimento de um enfoque pós-social nos estudos do letramento. Palavras-chave: novos letramentos, subjetividade, Teoria Ator-Rede.</p

    Práticas de letramento na ótica da Teoria Ator-Rede: casos comparados

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    This paper presents findings from empirical and theoretical research aimed at addressing new literacies from a relational perspective. Such a perspective is deemed relational insofar as it keeps technology, society, language and the literate subject on the same ontological plane, and emphasizes the tools and processes of circulation and mediation between what, from another viewpoint, might be called the local and the global/universal. Using concepts and insights from Actor-Network Theory, the study produced and compared two cases in which informants were taken as the central entrepreneurs of literacy networks. Empirical strategies for the generation of data included (i) keeping records of the informants’ online activities produced by specialized software (ii) participant and non-participant observation of literacy events and practices in which the informants were involved, and (iii) semi-structured interviews before, during, and after (i) and (ii). The data was then used to describe, through the lens of Actor-Network Theory, how the informants related to their various literacies. The findings include the identification of a set of boundary objects and boundary practices which allowed informants to productively connect literacies distributed in different institutional, spatiotemporal and thematic contexts to a more global enterprise defined as the production of their own subjectivities. Such findings are discussed in the light of current research efforts geared towards the  development of a post-social approach to literacy studies. Key words: new literacies, subjectivity, Actor-Network Theory.Apresenta resultados de uma pesquisa teórico-empírica que objetivou abordar os novos letramentos a partir de uma ótica relacional. Tal ótica é dita relacional no sentido de que mantém tecnologia, sociedade, linguagem e sujeito letrado em um mesmo plano ontológico, e privilegia os instrumentos e processos de mediação e circulação entre o que, sob outras óticas, poderíamos chamar de o local e o global/universal. Com base em conceitos e insights da Teoria Ator-Rede, a pesquisa produziu e comparou dois casos em que os informantes foram tomados como empreendedores centrais de redes de letramentos. As estratégias de geração de dados empíricos incluíram (i) o monitoramento das atividades online dos informantes por um software especializado, (ii) observação participante e não-participante de eventos e práticas de letramento envolvendo os informantes, e (iii) entrevistas semi-estruturadas, antes, durante e depois de (i) e (ii). A partir dos dados empíricos, buscou-se descrever a relação estabelecida entre os informantes e os letramentos de que participavam nos termos da Teoria Ator-Rede. Os resultados incluem a identificação de um conjunto de objetos e práticas  ronteiriças que permitiam aos informantes conectar produtivamente atividades letradas locais em diferentes contextos institucionais, espaciotemporais e temáticos com um empreendimento identificado com a produção de suas próprias subjetividades. Tais resultados são discutidos à luz dos esforços de pesquisa correntes voltados para o desenvolvimento de um enfoque pós-social nos estudos do letramento. Palavras-chave: novos letramentos, subjetividade, Teoria Ator-Rede

    DADIFICAÇÃO, VISUALIZAÇÃO E LEITURA DO MUNDO: QUEM FALA POR NÓS QUANDO OS NÚMEROS FALAM POR SI?

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    Este trabalho está vinculado a uma investigação de dois anos sobre as implicações sociodiscursivas do fenômeno social da “dadificação”, i.e. coleta, manipulação e representação, para “extração de conhecimento”, de volumes astronômicos de dados digitais (Big Data) sobre o quotidiano do cidadão. Objetiva-se caracterizar os letramentos críticos (de dados) necessários, frente ao fenômeno, para (i) a conscientização do cidadão acerca das transgressões de seus valores éticos e culturais implicados nessas técnicas e epistemologias e (ii) fomentar o empoderamento do cidadão, sobretudo pela educação linguística e matemática, pela utilização dessas mesmas técnicas de geração, interpretação e comunicação de dados provenientes de repositórios de dados abertos disponibilizados pelo Estado, por força de lei, e por empresas de internet tais como Twitter e Facebook, via interfaces de aplicação (API). Nesta apresentação, abordarei especificamente os modos e estratégias pelas quais essas novas representações multimodais afetam os sujeitos em sua capacidade e disposição de ler – i.e. duvidar, criticar e interpelar – informações quantitativas/estatísticas representadas visualmente. Exemplificarei com um estudo exploratório sobre três mapas, um dos quais baseado em Big Data, que representam a distribuição racial no Brasil, no qual utilizei categorias de análise da teoria da multimodalidade em semiótica social. Concluo que, no caso do mapa do tipo Big Data, a visualização obtida gera uma poderosa sensação de envolvimento/empatia que induz o leitor a desconsiderar os componentes retórico e ideológico da representação

    Digital culture and technological appropriation: references to an education 2.0

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    This article focuses on the theoretical development of a relational and critical perspective of new literacies/digital literacies framed by current issues in digital inclusion and technological innovation. It sets off from the notion that inclusion in late modernity is generated in a conceptual space bound by the triad inequality, difference, disconnection. Current theories and models (bottom-up and top-down) of technological innovation are looked into and are related to the inequality, difference, disconnection triad with a view to informing a critical analysis of technology-based educational innovation and, especially, the so-called Web 2.0.Busca-se construir uma perspectiva relacional e crítica para os novos letramentos/letramentos digitais no campo das discussões correntes sobre inclusão digital e inovação tecnológica. Parte-se da tríade geradora dos sentidos para inclusão na modernidade tardia, a saber, (des)igualdade, diferença, (des)conexão. Examinam-se teorias contem porâneas de apropriação tecnológica, assim como dois modelos de inovação tecnológica, ditos ascendente e descendente, em relação a essa tríade. Resultados desse exame são propostos como fundamentação para uma análise crítica de propostas de inovação peda gógica em torno das novas tecnologias, em especial da assim chamada Web 2.0.28330

    Between the border and the outskirts : language and literacy in digital inclusion

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    Orientador: Denise Bertoli BragaTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da LinguagemResumo: O trabalho propõe uma revisão do conceito de inclusão digital buscando superar a noção tradicional de inclusão como acesso puro e simples às novas tecnologias da informação e da comunicação (TIC), e trazendo para o plano frontal da análise o contraste entre as diferentes visões da relação entre sociedade, cultura e tecnologia que fundamentam os discursos acadêmicos, políticos e do senso comum em torno da inclusão digital hoje. Tais visões são acareadas e avaliadas criticamente através do conceito de hibridismo, em seus diversos modos de atuação e teorização, conceito este entendido como central para a compreensão de fenômenos socioculturais típicos da era pós-nacional e pós-industrial na qual surge a noção de inclusão digital. A partir do hibridismo, o trabalho retoma as linhas básicas da pesquisa corrente em linguagem digital e letramento digital para propor modelos de análise supostamente mais congruentes com a problemática da inclusão, em suas dimensões social e cultural. Tais modelos são aplicados em dois estudos exploratórios, a saber, uma análise da linguagem digital tal qual instanciada na versão brasileira da página digital de uma empresa transnacional de comunicação, e um estudo de caso realizado em um telecentro da periferia de Guarulhos. A análise da página digital mostrou que os diferentes modos da atuação do hibridismo naquele discurso burlam distinções, até então tomadas como axiomáticas, entre o verbal e o não-verbal, o local e o global, o técnico e o cultural, entre outras, mas que esses cruzamentos de fronteira não são necessariamente transgressivos, servindo igualmente a mecanismos de coerção do sujeito. O estudo de caso no telecentro mostrou que diferentes modos de enunciação da inclusão digital (alguns mais reprodutórios, outros mais emancipatórios) ocorrem simultaneamente num mesmo contexto (em virtude de sua própria heterogeneidade), e que as formas de apropriação das TIC por uma comunidade em situação de desvantagem social não coincidem, necessária e/ou exatamente, com o que os idealizadores de projetos daquele tipo interpretam como inclusão digitalAbstract: The thesis presents a revision of the concept of digital inclusion with a view to overcoming the traditional notion that digital inclusion equals access to Information and Communication Technologies (ICTs). In doing so, it foregrounds contrasting views of the relations among culture, society and technology that provide the basis for the various academic, political and common-sense discourses of inclusion. Hybridity, taken as a central concept for describing sociocultural phenomena typical of a post-national, post-industrial world where the concept of digital inclusion pops up, is then applied to an analysis of the current research in of new media language and literacies. Such analysis generates new models of digital language and literacy ¿ supposedly more congruous with the social and cultural dimensions of inclusion in its present configuration ¿ which are then applied in two exploratory case studies. The main page of the Brazilian version of a transnational media corporation is analyzed in an effort to explain how the different modes of hybridisation therein support the construction of glocality. The analysis shows that hybridity dismantles long held dichotomies between the verbal and the non-verbal, the local and the global, the technical and the cultural, among others, but it also attests to the fact that hybridity is not always transgressive, as it can also be used to coerce the social subject. A second case study is carried out in a telecentro (a centre for public access to the Internet) on the outskirts of Guarulhos (an industrial town in the São Paulo metropolitan region), which attempts at disclosing the different modes of enunciation of digital inclusion (some reproductive of social order, some emancipatory) that take place in that, on account of its heterogeneity. The findings in this study show that the modes of appropriation of the ICTs in an underserved community do not necessarily coincide with what project designers interpret as digital inclusionDoutoradoLinguagem e TecnologiaDoutor em Linguística Aplicad

    Práticas hipermodais dos fãs de Glee no Tumblr: desviar para crer

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    In response to the process referred to as media convergence, this article presents the fans of the Glee TV series (which runs on Brazilian TV Fox Channel since 2009) as produsers, that is, as digital culture subjects whose discursive practices challenge the traditional division between the roles of media producer and media consumer (or user). The practices that were addressed in this work feature an intensive exploitation of hypermodality, conceived as a productive conflation of multimodality, multimidiality and hypertextuality supported by digital information and communication technologies. The corpus comprises the trajectories of textual productions posted on Tumblr by two Glee fans between December 2011 and February 2012. We mapped out the semiotic process that resulted in the referred posts starting from the pertinent scenes originally broadcasted on TV and analyzed them using principles and methods from Social Semiotics and insights from Actor Network-Theory appropriated by social semioticians through the concept of re-semiotization. The findings show that, on manipulating elements brought from the original episodes, not only did the subjects construct orientational, presentational and organizational changes that biased meanings implied in the narrative, but, through the reflection about their own practices, they also sustained representations of a collective identity that distinguishes them from “ordinary” viewers and motivates them to confront “official” media contents through an investigative attitude. We conclude by discussing the possibility of exploiting fan practices in order to foster critical literacies in formal education.Keywords: media convergence, re-semiotization, critical literacies.Motivado pelo processo que tem sido chamado de convergência das mídias, este trabalho apresenta a figura do fã do seriado televisivo Glee (veiculado no Brasil no canal TV Fox desde 2009) como “produsuário”, isto é, como sujeito da cultura digital cujas práticas discursivas põem em xeque a distinção tradicional entre os papéis de produtor e consumidor (ou usuário) midiático. As práticas estudadas são caracterizadas pela exploração intensiva da hipermodalidade, entendida como associação produtiva entre multimodalidade, multimidialidade e hipertextualidade, apoiada em tecnologias digitais de informação e comunicação. Utilizamos como corpus produções textuais publicadas por dois fãs de Glee na plataforma de blogagem Tumblr entre dezembro de 2011 e fevereiro de 2012. Mapeamos o processo semiótico que resultou nos referidos posts desde cenas pertinentes originalmente veiculadas na TV e os analisamos utilizando princípios e métodos da Semiótica Social, bem como insights da Teoria Ator-Rede incorporados por semioticistas por meio do conceito de ressemiotização. Os resultados evidenciaram que os sujeitos, ao manipular os elementos trazidos dos episódios originais, não só construíram mudanças orientacionais, representacionais e organizacionais que desviaram os sentidos implicados na narrativa, como também sustentaram, a partir da reflexão sobre sua própria prática, representações identitárias coletivas que os distinguem de espectadores “comuns” e os motivam a interpelar conteúdos oficiais com uma atitude investigativa. Discute-se, em conclusão, a possibilidade de exploração das práticas de fãs no fomento a letramentos críticos na educação formal.Palavras-chave: convergência midiática, ressemiotização, letramentos críticos

    Hypermodal practices of Glee fans on Tumblr: Diverting is believing

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    In response to the process referred to as media convergence, this article presents the fans of the Glee TV series (which runs on Brazilian TV Fox Channel since 2009) as produsers, that is, as digital culture subjects whose discursive practices challenge the traditional division between the roles of media producer and media consumer (or user). The practices that were addressed in this work feature an intensive exploitation of hypermodality, conceived as a productive conflation of multimodality, multimidiality and hypertextuality supported by digital information and communication technologies. The corpus comprises the trajectories of textual productions posted on Tumblr by two Glee fans between December 2011 and February 2012. We mapped out the semiotic process that resulted in the referred posts starting from the pertinent scenes originally broadcasted on TV and analyzed them using principles and methods from Social Semiotics and insights from Actor Network-Theory appropriated by social semioticians through the concept of re-semiotization. The findings show that, on manipulating elements brought from the original episodes, not only did the subjects construct orientational, presentational and organizational changes that biased meanings implied in the narrative, but, through the reflection about their own practices, they also sustained representations of a collective identity that distinguishes them from “ordinary” viewers and motivates them to confront “official” media contents through an investigative attitude. We conclude by discussing the possibility of exploiting fan practices in order to foster critical literacies in formal education.Keywords: media convergence, re-semiotization, critical literacies.</p
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