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Filologia e história do livro
A aliança entre a Filologia e a História do Livro é indiscutível, do ponto de vista metodológico, e valiosíssima para a compreensão mesológica de qualquer edição, sendo certo que nenhum livro se publica sem estar inscrito numa dada moldura ecológica da cultura. Por isso mesmo, ultrapassando os limites próprios da actividade bibliográfica, o historiador do livro não pode prescindir da leitura dos textos que se escondem sob a opacidade do objecto livro.The alliance between Philology and the History of the Book is unquestionable, from a methodological point of view, and very rich in order of a comprehensive understanding of any edition, being certain that no book is published without a cultural ecological frame. Therefore, beyond the strict limits of the bibliographical activity, the historian of the book cannot do without the reading of the texts that are hidden under the opacity of the book as an object
Reflexões sobre o adágio erasmista. "Il' dvlce bellvm inexpertis"*
De todos os Adágios de Erasmo (e escreveu sobre mais de quatro milhares),
o comentário ao provérbio Dulce bellum inexpertis - ou "Adágio 3001"
- é, sem dúvida, um dos mais conhecidos e mais actuais. Aparece pela primeira
vez, em estado embrionário, na edição de 1508 e surge depois, muito
aumentado e refundido, nas edições impressas por Froben, em Basiléia, em
1515, 1523 e 1526.
O tema, particularmente grato ao espírito irenista de Erasmo, seduzia-o
desde que, ao aproximar-se dos 40 anos, empreendera a sonhada viagem a
Itália. Aqui, entre 1506 e 1509, assistira à entrada triunfal das tropas do papa
Júlio II em Bolonha, facto que o levaria a compor o Antipolemus (texto infelizmente
perdido), bem como o lulius Exclusus, panfleto que alguns autores
também lhe atribuem e no qual o papa guerreiro é excluído sumariamente da
entrada na corte celestial. À mesma linha ideológica do Adágio 3001 pertence
ainda a Querela ou Querimonia Pacis, editada em 1517, pranto em louvor
do pacifismo pontifício e da evangelização dos povos paganizado
Armas nacionais portuguesas como marcas tipográficas
Este artigo apresenta e comenta três dezenas de casos de utilização das armas portuguesas nas portadas de livros quatrocentistas e quinhentistas. Esta utilização enquadra-se no âmbito da heráldica tipográfica, com força expressiva equivalente à dos símbolos pessoais ou familiares, quase sempre porque editores, impressores ou livreiros entendiam que o escudo nacional dignificava sobremaneira o seu trabalho.This article presents and discusses more than thirty cases of use of Portuguese national symbols in the fifteenth and sixteenth century covers of books. Such use falls within the scope of the printing heraldry, with expressive power equivalent to that of personal or family symbols, often because publishers, printers and booksellers understood that the national shield greatly dignified their work
Memórias de um bibliófilo amador
Não conheço ninguém que tenha começado a amar os livros sem primeiro exercitar o gosto da leitura. No meu caso, devo às excelentes freiras franciscanas que me ensinaram as primeiras letras, no Colégio Português de Valença do Minho, esse gosto infinito com que desejaria acabar os dias desta vida. Ler, soletrar, decorar, era também manusear o livro, cheirar-lhe as folhas, escrever nas margens, encapá-lo com papel azul acetinado, olhar para ele sobre a carteira, levá-lo para o recreio, tê-lo, possuí-lo, devassá-lo, correr-lhe as folhas do fim, antever o momento em que fosse chamado a prestar contas dos meus conhecimentos, encaixá-lo na pasta para o exame final. "Abra o livro ao acaso" - pedia o examinador aos alunos que iam sendo chamados. O meu livro de leitura abria-se automaticamente na Venda dos Bois, de Gonçalves Crespo, que eu sabia de cor
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