71 research outputs found

    Romper com a violência contra a mulher : como lidar desde a perspectiva do campo da saúde

    Get PDF
    Neste trabalho tratamos da violência contra a mulher como questão da Saúde. Considerando como podem mulheres em situação de violência e profissionais da saúde lidar com o problema, discutimos o caráter interativo das decisões e ações relacionadas ao rompimento com a violência. Examinamos alguns obstáculos das mulheres e dos profissionais nesse sentido, como a ideologia e a cultura da desigualdade de gênero, produzindo a invisibilidade da violência e as implicações disto para as práticas em Saúde. Esse exame apontou a recusa tecnológica dos profissionais como nova e relevante questão, que resulta das necessidades de intervenção próprias do campo da Saúde, embasadas no reconhecimento de situações concretas bem delimitadas, e o fato dos profissionais esperarem uma prática culturalmente mais adequada como tecnologia para intervenção. Conclui-se que a pesquisa pode produzir dados nessa direção e subsidiar intervenções mais compatíveis com o campo, atuando ness a recusa tecnológica.In this article we treat violence against women as a health issue. Starting with an account of just how it is that health professionals, and women who are the victims of violence, cope with their situation, we explore the interactive nature of the decisions and actions available to them. We examine some of the obstacles they face in bringing violence to an end: specifically, the constraining force of ideology, and the culture of gender inequality, both of which which render violence invisible, and mask its implications for health practices. We identify technology-based denial caused by the institutional demands of the health professions. Our conclusion is that research can provide relevant data, and support interventions which will help overcome this technological denial

    Violence against women as a health issue : implications for action

    Get PDF
    Neste trabalho tratamos da violência contra a mulher como questão da Saúde. Considerando como podem mulheres em situação de violência e profissionais da saúde lidar com o problema, discutimos o caráter interativo das decisões e ações relacionadas ao rompimento com a violência. Examinamos alguns obstáculos das mulheres e dos profissionais nesse sentido, como a ideologia e a cultura da desigualdade de gênero, produzindo a invisibilidade da violência e as implicações disto para as práticas em Saúde. Esse exame apontou a recusa tecnológica dos profissionais como nova e relevante questão, que resulta das necessidades de intervenção próprias do campo da Saúde, embasadas no reconhecimento de situações concretas bem delimitadas, e o fato dos profissionais esperarem uma prática culturalmente mais adequada como tecnologia para intervenção. Conclui-se que a pesquisa pode produzir dados nessa direção e subsidiar intervenções mais compatíveis com o campo, atuando ness a recusa tecnológica.In this article we treat violence against women as a health issue. Starting with an account of just how it is that health professionals, and women who are the victims of violence, cope with their situation, we explore the interactive nature of the decisions and actions available to them. We examine some of the obstacles they face in bringing violence to an end: specifically, the constraining force of ideology, and the culture of gender inequality, both of which which render violence invisible, and mask its implications for health practices. We identify technology-based denial caused by the institutional demands of the health professions. Our conclusion is that research can provide relevant data, and support interventions which will help overcome this technological denial

    Medo e vergonha como barreiras para superar a violência doméstica de gênero

    Get PDF
    Propõe-se compreender, pela vulnerabilidade, como os sentimentos de medo e vergonha associados às situações de violência impactam nas possibilidades de superação da violência doméstica de gênero. Apesar desses sentimentos aparentemente se apresentarem como um problema de cada mulher, a violência doméstica de gênero não é um problema individual (ou do agressor), mas uma questão política e social de violação dos direitos humanos. Analisou-se 16 entrevistas de mulheres com história de violência doméstica. O conceito da vulnerabilidade permite iluminar e analisar a articulação entre aspectos subjetivos das mulheres, nesse caso o medo e a vergonha, com os componentes programáticos e sociais, como as legislações, as políticas sociais e serviços que visam assegurar direitos das mulheres, enfatizando as conexões entre indivíduos, suas relações comunitárias, o contexto sociocultural e econômico mais geral. Articular estas diferentes dimensões do problema é fundamental para abordar a violência de gênero e os processos para a sua superação.The objective is to understand - by means of the vulnerability concept - how the feelings of fear and shame associated with violent situations have an impact on the possibilities of women overcoming gender-based domestic violence. Although these feelings are considered a problem and are expressed according to each woman's personal viewpoint, this article argues that the relationship between them and gender-based domestic violence is not an individual problem; rather it is a social and cultural violation of human rights. Based on sixteen interviews with women with a history of domestic violence, the vulnerability concept was used to analyse the relationship between the subjective perspectives of the interviewees and the programmatic and social components that make these women vulnerable. This is turn permitted the analyse of women's social representations in relation to violence and to the means of confronting it, as well as women's objective and subjective relationship with health services

    Comprehensive health (care) services to women in gender violence situation: an alternative to primary health care

    Get PDF
    Este artigo trata das possibilidades de atuação do campo da saúde na abordagem da violência contra a mulher desde suas práticas assistenciais nos serviços e baseadas na perspectiva de gênero. Apresenta-se uma dada compreensão teórico conceitual da violência de gênero contra as mulheres articulada a uma proposta de cuidado, pois a forma como o problema é delimitado é essencial para a intervenção, respondendo a finalidades sociais diversas. Trata-se, portanto, de pensar quais os objetivos da ação em saúde e qual o seu lugar na produção e reprodução de modos de viver e adoecer. Defende-se a possibilidade de atendimento integral, para que também a violência, e não apenas suas repercussões, seja considerada no trabalho em saúde. Recupera-se a proposta de atenção dirigida à violência sexual no Brasil e debate-se uma possibilidade de atuação na atenção primária tal como implantada no Centro de Saúde Escola Samuel B. Pessoa. As ações propostas e integradas ao Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM) da Unidade constituem uma atividade de atendimentos a conflitos familiares difíceis (CONFAD), conceituada como uma técnica específica de detecção, escuta e orientação qualificadas, que caracterizam uma “técnica de conversa” como agir profissional. Por fim, discutem-se aspectos relativos à conexão do setor saúde com a rede intersetorial de atenção e suas principais dificuldades.This paper deals with the possibilities of the health sector to approach violence against women in its practices as a gender issue. It is presented a conceptual and theoretical comprehension of gender violence linked to a care proposal, as the definition of the problem is essential to the intervention, answering to different social ends. To do that, is necessary to think what the objectives of the work in health are and where it is placed within the production and reproduction of the ways of living and falling ill. It is argued the possibility of full assistance, in order that violence itself, and not only its repercussions, are considered in the health work. The proposal of care for sexual violence in Brazil is recovered, and a model of primary health care implemented at Samuel B. Pessoa Health School Center is presented. This model is integrated in the Women’s Integral Health Care Program (PAISM) and attends women in severe domestic conflicts (CONFAD) conceptualized as a specific technique of detection, listening and counseling, featuring a “chat technique” as a professional action. To conclude, aspects related to the connections of the health sector with the intersectorial network are discussed presenting its principal difficulties

    Violência de gênero contra trabalhadoras de enfermagem em hospital geral de São Paulo (SP)

    Get PDF
    OBJECTIVE: To estimate the occurrence of psychological, physical and sexual violence among female nursing staff. METHODS: This is a cross sectional study, conducted with a sample of 179 professionals (50 nurses and 129 nursing aides / nurse technicians) in a general hospital in the municipality of São Paulo, Southeastern Brazil, 2005-2006. A validated questionnaire was applied in face to face interviews with these professionals, conducted by trained interviewers. Psychological, physical and sexual forms of violence were addressed, involving both male and female aggressors who were classified as: intimate partners, family members and other aggressors such as acquaintances and strangers. A descriptive analysis was undertaken, in which the frequency of the occurrence of the different types of violence was calculated with a 95% confidence interval. RESULTS: The most frequent form of violence was intimate partner violence (63.7%; 95% CI: 55.7;70.4), followed by violence perpetrated by others (45.8%; 95% CI: 38.3;53.4) including patients and people accompanying them, colleagues within the field of health, head nurses, acquaintances and strangers. Family members occupied the third place as aggressors, (41.3%; 95% CI: 34.0;48.9), and the majority of these were fathers, brothers, uncles and cousins. In general, the nursing staff did not seek help frequently when acts of aggression occurred: only 29.7% of those who suffered intimate partner violence; 20.3% whose aggressors were others and 29.3% whose aggressors were family members sought help. Those who did not perceive their experience as a form of violence represented 31.9% of the subjects interviewed. CONCLUSIONS: The rates of gender violence among female health professionals were important, particularly with respect to violence committed by intimate partners and family members. However, the proportion of these women who sought help was low, considering the fact that this group has a significant educational level.OBJETIVO: Estimar la ocurrencia de violencia psicológica, física y sexual en profesionales de enfermería. MÉTODOS: Se realizó estudio transversal con muestra de 179 profesionales (50 enfermeras y 129 auxiliares técnicas de enfermería) de un hospital general del municipio de Sao Paulo (Sureste de Brasil), entre 2005 y 2006. Se utilizó encuesta aplicada cara a cara por encuestadoras entrenadas. La violencia fue abordada en las formas psicológica, física y sexual para agresores hombres y mujeres, agrupados en: parejas íntimas, familiares y otros agresores conocidos como extraños. Se procedió a un análisis descriptivo, calculándose las frecuencias de los tipos de violencia con intervalo de confianza de 95%. RESULTADOS: La violencia por pareja íntima fue la mas frecuente (63,7%; IC 95%:55,7;70,4) seguida por la violencia perpetrada por otros (pacientes/acompañantes, colegas de trabajo del área de salud, extraños, jefe de enfermeras y conocidos; 45,8%; IC 95%: 38,3;53,4). La violencia por familiares ocupó el tercer lugar (41,3%; IC 95%: 34,0;48,9) y fue cometida, principalmente, por papá, hermanos (hombres), tíos y primos. En general, pocas profesionales de enfermería que sufrieron violencia buscaron ayuda: 29,7% para la violencia por pareja íntima; 20,3% para la violencia por otros y 29,3% para la violencia por familiares. No percibieron lo vivido como violento, 31,9% de las encuestadas. CONCLUSIONES: Las tasas de violencia de género entre mujeres profesionales de la salud fueron significativas, principalmente para la violencia cometida por parejas íntimas y familiares. Sin embargo, la búsqueda de ayuda frente a los daños sufridos fue baja, considerando que es un grupo con escolaridad significativa.OBJETIVO: Estimar a ocorrência de violência psicológica, física e sexual em profissionais de enfermagem. MÉTODOS: Estudo transversal com amostra de 179 profissionais (50 enfermeiras e 129 auxiliares/técnicas de enfermagem) de um hospital geral do município de São Paulo, SP, entre 2005 e 2006. Utilizou-se questionário aplicado face a face por entrevistadoras treinadas. A violência foi abordada em suas formas psicológica, física e sexual para agressores homens e mulheres, agrupados em: parceiros íntimos, familiares e outros agressores como conhecidos e estranhos. Procedeu-se a uma análise descritiva, calculando-se as freqüências dos tipos de violência com intervalo de confiança de 95%. RESULTADOS: A violência por parceiro íntimo foi a mais freqüente (63,7%; IC 95%:55,7;70,4) seguida pela violência perpetrada por outros (pacientes/acompanhantes, colegas de trabalho da área da saúde, estranhos, chefia de enfermagem e conhecidos; 45,8%; IC 95%: 38,3;53,4). A violência por familiares ocupou o terceiro lugar (41,3%; IC 95%: 34,0;48,9) e foi cometida, principalmente, por pai, irmãos (homens), tios e primos. Em geral, poucas profissionais de enfermagem que sofreram violência buscaram ajuda: 29,7% para a violência por parceiro íntimo; 20,3% para a violência por outros e 29,3% para a violência por familiares. Não perceberam o vivido como violento, 31,9% das entrevistadas. CONCLUSÕES: As taxas de violência de gênero entre mulheres profissionais de saúde foram significativas, principalmente para a violência cometida por parceiros íntimos e familiares. Entretanto, a busca de ajuda frente aos agravos sofridos foi baixa, considerando ser um grupo de escolaridade significativa

    Vulnerability to HIV among female injecting drug users

    Get PDF
    OBJETIVO: Analisar elementos da vulnerabilidade à infecção pelo HIV entre mulheres usuárias de drogas injetáveis. MÉTODOS: Foram realizadas 13 entrevistas semi-estruturadas com mulheres usuárias (ou ex-usuárias) de drogas injetáveis, moradoras da Zona Leste do município de São Paulo, no ano de 2002. O roteiro das entrevistas abordou quatro eixos temáticos: contexto socioeconômico e relações afetivas, uso de drogas, prevenção contra a infecção pelo HIV e cuidados com a saúde. As entrevistas foram analisadas por meio de análise de conteúdo. RESULTADOS: A pobreza, ausência de vínculos afetivos sólidos e continuados, expulsão da casa da família de origem e da escola, exposição à violência, institucionalização, uso de drogas, criminalidade e discriminação foram constantes nos relatos das entrevistadas. Esses elementos dificultaram a adoção de práticas de prevenção ao HIV como o uso de preservativos, seringas e agulhas descartáveis, e a busca de serviços de saúde. CONCLUSÕES: A vulnerabilidade ao HIV evidencia a fragilidade da vivência efetiva dos direitos sociais, econômicos e culturais, o que demanda políticas voltadas para o bem-estar social de segmentos populacionais específicos como mulheres (crianças e adolescentes), de baixa renda, moradores da periferia, com pouco acesso a recursos educacionais, culturais e de saúde. Este acesso é dificultado especialmente àquelas que são discriminadas por condutas como o uso de drogas.OBJECTIVE: To assess some aspects of vulnerability to HIV infection in women users of injecting drugs. METHODS: Thirteen semi-structured interviews were performed with female drug users (or former users) of injecting drugs, leaving in the East side of São Paulo, in 2002. The script of interviews approached four focal point issues: socioeconomic context and affective relationships, drug use, prevention against HIV and health care. Interviews were assessed through content analysis. RESULTS: Poverty, absence of strong and continuous affective ties, being expelled from the family and school, exposure to violence, institutionalization, drug use, criminality, and discrimination were constant in interviewees' reports. These aspects made it difficult to adopt practices for HIV prevention such as the use of condoms, disposable syringes and needles, and looking for health care services. CONCLUSIONS: Vulnerability to HIV infection makes it clear the fragility use have effective access to social, economic and cultural rights, requiring welfare policies of specific population segments such as women (children and adolescents), low income citizens, people living in the outskirts, with poor access to educational, cultural and health resources. This access is complicated especially for those that are discriminated by behaviors such as drug use

    La perspectiva de género y los profesionales de la salud: apuntes desde la salud colectiva brasileña

    Get PDF
    We examine the incorporation of the gender perspective in the health field, considering scientific production, health policies and programs and everyday professional practices within the health services. These distinct layers are necessary given the different possibilities each presents for the incorporation of gender. In scientific production, we identify increasing inclusion of the gender perspective, but with little methodological use of the concept; in health policies and programs, the incorporation of the gender perspective is not comprehensive and varies temporally; and in professional practices, incorporation is anchored more in practical knowledge than in a technical and scientific basis. In the daily work of health professionals, this set of difficulties generates different tensions regarding the scientific and technological basis and the moral basis for interventionPara analizar la incorporación del género al campo de la salud, consideramos la producción científica, las políticas y programas de salud, además de las prácticas profesionales en el cotidiano de los servicios. Estos distintos planos de abordaje resultan necesarios por las diversas posibilidades que cada uno de ellos presenta ante dicha incorporación. En la producción científica, se identifica el crecimiento de la perspectiva de género, pero con baja inscripción metodológica del concepto; en las políticas y programas de salud, una ausencia de transversalidad y una presencia de inestabilidad temporal; y, en las prácticas profesionales, una incorporación más anclada en saberes prácticos que en la dimensión técnico-científica. El conjunto de las dificultades genera distintas tensiones en el desempeño cotidiano de los profesionales, entre la base científico-tecnológica y la base moral de la intervenció

    Mulheres vivendo com HIV/Aids parceiras de usuários de drogas injetáveis

    Get PDF
    OBJECTIVE: To analyze perceptions of risk, prevention strategies, their own relationship with drug use and that of their partner's, and future expectations among women living with HIV/AIDS whose partners are drug users. METHODS: This is a qualitative study of women living with HIV/AIDS who receive specialist treatment in Sao Paulo Municipality. Semi-structured interviews were carried out with 15 women, whose self-reported means of infection were heterosexual relations with a partner who is an injecting drug user. The script for the interviews covered the following areas: childhood, history of sexual relations, use of drugs, impact of seropositivity on daily life, understanding of the prevention of sexually transmitted infections, and perspectives of the future. The material from the interviews was analyzed using content analysis. RESULTS: The study pointed to a difference in the ways that the women live with their own drug use and with that of their partners. Their partners' use of injecting drugs was not primarily associated with a risk of HIV infection, due to attempts to conceal the fact or because they believed that the monogamy-fidelity-confidence trinity would take precedence as a form of protection. CONCLUSIONS: The women's different experiences of drug use should be taken into account and opportunities to discuss with them about the issue are important to ensure that more effective strategies for prevention and care are adopted.OBJETIVO: Analisar as percepções de risco, as estratégias de prevenção, sua própria relação com o uso de drogas e do parceiro e suas expectativas quanto ao futuro relatadas por mulheres vivendo com HIV/Aids parceiras de usuários de drogas. MÉTODOS: Estudo qualitativo sobre mulheres vivendo com HIV/Aids, atendidas em serviço especializado no Município de São Paulo. Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas a 15 mulheres, cuja via de infecção auto-referida foram as relações heterossexuais com parceiro usuário de drogas injetáveis. O roteiro das entrevistas compreendia: infância, história dos relacionamentos amorosos, uso de drogas, impacto da soropositividade no cotidiano, compreensão sobre prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, e visão do futuro. A interpretação das entrevistas foi realizada por meio de análise de conteúdo. RESULTADOS: O estudo indicou diversidade da convivência das mulheres com o uso de drogas próprio e do parceiro. O uso de drogas injetáveis pelo parceiro não foi, prioritariamente, associado ao risco de infecção por HIV/Aids, seja por estratégias de ocultamento do fato, seja por considerarem que a tríade monogamia-fidelidade-confiança teria primazia como forma de proteção. CONCLUSÕES: A diversidade da convivência das mulheres com o uso de drogas deve ser considerada e oportunidades de fala e escuta sobre a questão podem ser importantes para a adoção de estratégias mais efetivas de prevenção e cuidado

    Mulheres vivendo com HIV/Aids parceiras de usuários de drogas injetáveis

    Get PDF
    OBJECTIVE: To analyze perceptions of risk, prevention strategies, their own relationship with drug use and that of their partner's, and future expectations among women living with HIV/AIDS whose partners are drug users. METHODS: This is a qualitative study of women living with HIV/AIDS who receive specialist treatment in Sao Paulo Municipality. Semi-structured interviews were carried out with 15 women, whose self-reported means of infection were heterosexual relations with a partner who is an injecting drug user. The script for the interviews covered the following areas: childhood, history of sexual relations, use of drugs, impact of seropositivity on daily life, understanding of the prevention of sexually transmitted infections, and perspectives of the future. The material from the interviews was analyzed using content analysis. RESULTS: The study pointed to a difference in the ways that the women live with their own drug use and with that of their partners. Their partners' use of injecting drugs was not primarily associated with a risk of HIV infection, due to attempts to conceal the fact or because they believed that the monogamy-fidelity-confidence trinity would take precedence as a form of protection. CONCLUSIONS: The women's different experiences of drug use should be taken into account and opportunities to discuss with them about the issue are important to ensure that more effective strategies for prevention and care are adopted.OBJETIVO: Analisar as percepções de risco, as estratégias de prevenção, sua própria relação com o uso de drogas e do parceiro e suas expectativas quanto ao futuro relatadas por mulheres vivendo com HIV/Aids parceiras de usuários de drogas. MÉTODOS: Estudo qualitativo sobre mulheres vivendo com HIV/Aids, atendidas em serviço especializado no Município de São Paulo. Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas a 15 mulheres, cuja via de infecção auto-referida foram as relações heterossexuais com parceiro usuário de drogas injetáveis. O roteiro das entrevistas compreendia: infância, história dos relacionamentos amorosos, uso de drogas, impacto da soropositividade no cotidiano, compreensão sobre prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, e visão do futuro. A interpretação das entrevistas foi realizada por meio de análise de conteúdo. RESULTADOS: O estudo indicou diversidade da convivência das mulheres com o uso de drogas próprio e do parceiro. O uso de drogas injetáveis pelo parceiro não foi, prioritariamente, associado ao risco de infecção por HIV/Aids, seja por estratégias de ocultamento do fato, seja por considerarem que a tríade monogamia-fidelidade-confiança teria primazia como forma de proteção. CONCLUSÕES: A diversidade da convivência das mulheres com o uso de drogas deve ser considerada e oportunidades de fala e escuta sobre a questão podem ser importantes para a adoção de estratégias mais efetivas de prevenção e cuidado

    Violence and family life: psychoanalytic and gender approaches

    Get PDF
    Busca-se examinar as possibilidades de diálogo interdisciplinar entre a psicanálise e a teoria de gênero, tal como tem sido usada em estudos acerca da violência na Saúde Coletiva, para abordar ocorrências de agressão e abuso na vida familiar e seus possíveis impactos na saúde, com especial atenção às repercussões psíquicas nas crianças e mulheres, bem como no grupo familiar como um todo. Com base em autores clássicos para ambos os aportes disciplinares, examina-se um caso concreto extraído de situação de atendimento à família. Esse exame é composto de três dimensões interpretativas: primeiro, considerações sobre o caso individual em seu contexto familiar; segundo, o caso visto da perspectiva das questões culturais; por fim, a relação entre a cultura e sua expressão individualizada no caso. Aponta-se para a possibilidade de se realizar uma abordagem que integre a dimensão intrapsíquica, que diz respeito ao funcionamento do mundo interno dos sujeitos envolvidos, à realidade sociocultural e histórica que constitui o seu contexto de vida. E com vistas a uma atenção mais integral dos casos, aponta-se a importância prática de combinar a reflexão e intervenção de natureza psicodinâmica, fruto do exame dos impactos intrapsíquicos da violência a partir de conceitos como trauma e terror, com reconhecimentos das expressões culturais no plano individual e familiar, que reforçam aceitações normativas de agressões, vitimizações, silenciamentos e banalizações das violências. O diálogo interdisciplinar permite compreender o desenvolvimento de sentimentos e comportamentos, reforçados culturalmente, tais como medos e vergonhas nas vítimas e reiteração das violências nos agressores.We aim to examine the possibilities for an interdisciplinary dialogue between Psychoanalysis and gender theory, as expressed in studies about violence on Collective Health, to approach occurrences of aggression and abuse in family life and their possible impacts on health, with particular attention to the psychological impacts on children and women, as well as in the family group as a whole. Based on classical authors for both disciplinary contributions, we examine a concrete case taken from a family care situation. This examination consists of three interpretative dimensions: first, considerations on the individual case in its family context; second, the case seen from the perspective of cultural issues; and third, the relation between culture and its individualized expression in the case. We show the possibility of conducting an approach that integrates the intrapsychic dimension, which concerns the functioning of the inner world of the individuals involved, with the sociocultural and historical realities that constitute their context of life. With the aim of a comprehensive care of the cases, we highlight the practical importance of combining reflection and action of psychodynamic nature, a result of the examination of the intrapsychic impacts of violence from concepts such as trauma and terror, with recognition of cultural expressions in the individual and family realms, which strengthen normative acceptances of aggressions, victimizations, silencing, and trivialization of violence. The interdisciplinary dialogue makes possible to understand the development of culturally reinforced feelings and behaviors, such as fear and shame in the victims and repetition of violence in the aggressors
    corecore