12 research outputs found

    A arte visionária e a Ayahuasca: representações visuais de espirais e vórtices inspiradas nos estados não ordinários de consciência (ENOC)

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    Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ciências HumanasOs Estados Não Ordinários de Consciência, ENOC, induzidos especialmente por alguns tipos específicos de agentes psicoativos, como a ayahuasca, propiciam visões, tratadas aqui também como mirações. Nos estágios iniciais da experiência, essas mirações geralmente são formadas por padrões luminosos geométricos simétricos, ziguezagues, treliças, teias e espirais, entre outros. Em estágios mais avançados, essas imagens podem se transformar em objetos e cenários diversos, onde a influência cultural exercerá importante papel. Padrões visuais análogos encontram-se em obras artísticas, desde as pinturas rupestres pré-históricas, o que possibilita inferir que sua produção esteja, de algum modo, associada aos ENOC. Com efeito, esses mesmos padrões visuais são encontrados em obras indígenas e de artistas da atualidade que usam essa categoria de psicoativo. As mirações dos ENOC são muitas vezes consideradas experiências de natureza espiritual ou mística, já que são sentidas como vivências genuínas de um "outro mundo", que só podem ser traduzidas para "este mundo" - o mundo objetivo, material, do dia-a-dia - de forma descritiva e simbólica. Dentre as diversas imagens que podem aparecer nas mirações, o trabalho investigou as espirais e os vórtices e estudou alguns dos significados que costumam ser atribuídos a esses elementos, assim como algumas transformações e adaptações que eles podem passar, dependendo da cultura local. Foram coligidos ainda alguns exemplos da presença das espirais e vórtices na natureza, na ciência e na história da arte, com o intuito de evidenciar a forte influência que essas imagens podem ter sobre a imaginação, o conhecimento e a produção artística

    Poéticas e Internacionalização

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    Erosão num pedaço de papel

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    Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Antropologia, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, 2019.Esta tese busca caminhar palavras sobre minhas aprendizagens com os artistas ingas Benjamín Jacanamijoy Tisoy, Carlos Jacanamijoy Tisoy, Kindi Llajtu, Rosa Tisoy Tandioy, Tirsa Taira Chindoy Chasoy e outros amigos, com especial destaque à yacha mamita Merceditas Tisoy de Jacanamijoy, em Bogotá e no Valle de Sibundoy, Colômbia. A palavra caminhar (purij) é usada com frequência por meus amigos, em referência à maneira com que tudo o que faz parte da existência possui um caminhar. Por meio de um caminhar, a criatividade flui e dá muitas coisas, como plantas e quadros. Assim, “caminhar palavras” é escrever como quem traça uma linha no papel e amarra um percurso por meio de um desenho, ou como quem tece, ou semeia a terra. Um caminhar se refere a atividades como passear e viajar pela terra; dedilhar fios de tecido na confecção de chumbes (uma faixa de lã desenhada, que se usa principalmente sobre o ventre, feito cinto) e outras prendas de vestir; semear e cuidar do crescimento das plantas; e seguir linhas que podem virar desenhos, entre muitas outras coisas. Caminhar é ver a criatividade que flui através das muitas coisas que nascem e crescem nos caminhos de alguém. Isto envolve uma maneira de fazer bem/bonito, ou melhor, suma ruray (suma: bom, bonito; ruray: fazer, em inga). Aprendi, com meus amigos, que territórios da existência se ampliam através do suma ruray, seja porque é desse modo que pessoas se fazem, ou porque é assim que se recorda aqueles que vieram de outros tempos, sejam antes ou depois (ñujpa, nos dois casos). Suma ruray é uma dimensão do suma kaugsay (bom/bonito viver), junto com suma yuyay (bom/bonito pensar). Também é como a terra se expande. Mais do que arte, como conceberíamos no ocidente, a vida como um todo nasce e cresce a partir de um bonito fazer. Assim, uma obra pode se tornar uma erosão, que desfaz e refaz seu próprio lugar de aparição e existência.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq).This thesis seeks to walk words (“caminar palabras”) about my learnings with the Inga artists Benjamín Jacanamijoy Tisoy, Carlos Jacanamijoy Tisoy, Kindi Llajtu, Rosa Tisoy Tandioy, Tirsa Taira Chindoy Chasoy and other friends, with a special mention to yacha Mamita Merceditas Tisoy, in both Bogotá and the Valle de Sibundoy, Colombia. The word walk is often used by my friends, in reference to the ways in which everything that exists has a walk. By walking, creativity flows and many things, such as plants and paintings, are made. In that sense, “to walk words” is writing as one who draws a line on paper and “ties” (amarra) a route through a drawing, or as one who weaves, or one who sows the earth. The word “walking” refers to activities such as wayfaring and traveling the earth; strumming strands of fabric in the making of a chumbe (a woolen band covered by designs, which is mainly worn over the womb, like a belt) and other dressing itens; sowing and taking care of plant growth; and following lines that can become drawings, among many other things. Walking is a manner of seeing how creativity flows through one’s path. It involves one’s beautiful making/good making, or rather their suma ruray (suma: good, beautiful; ruray: to make, in Inga). I learned from my friends that existential territories grow through suma ruray, either because this is how people are made, or because this is how to remember those who came from other times, times before or after (ñujpa, in both cases). Suma ruray is a dimension of suma kaugsay (good/beautiful living), along with suma yuyay (good/beautiful thinking). It is also how the earth expands. More than art, as we would conceive it in the West, life as a whole grows through one’s suma ruray. Thus a working can become an erosion, making and unmaking its own place of appearance and existence

    Por um plano sem plano: Cinema e Patrimónios Mbya-Guarani

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    A tese analisa as relações entre cinema e património no contexto específico dos povos indígenas no Brasil. A primeira parte examina o desenvolvimento do cinema indígena produzido em colaboração com o projeto Vídeo nas Aldeias (VNA), que foi criado no Brasil em 1986 com o objetivo de apoiar a luta dos povos autóctones no fortalecimento das suas culturas e identidades através do recurso ao audiovisual. A segunda parte da tese centra-se no estudo de caso da cinematografia Mbya-Guarani realizada em parceria com o VNA. Esta produção teve início com a implementação do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) junto dos Mbya-Guarani que vendiam artesanato nas ruínas das Missões Jesuítico-Guarani, em São Miguel das Missões (RS). Estas estruturas tinham sido previamente classificadas como património a nível do Estado de Rio Grande do Sul (1922), do Estado-nação (1938) e da Humanidade, pela UNESCO (1983). O primeiro filme Mbya-Guarani revelou que, para este povo, as ruínas são um património dissonante e um palco de violência colonial no passado e no presente. O aprofundamento do estudo do IPHAN e da realização filmográfica Mbya-Guarani tornaram evidentes que as categorias de património e de cinema podem ser reequacionadas através da ontologia, cosmologia e gnoseologia deste povo. Assim, no seguimento de diversos autores, advogo que a categoria de património deve ser expandida e compreendida como a curadoria dos elementos que os Mbya-Guarani consideram importante preservar do passado no presente com o intuito de construir o futuro. Tendo em conta este enquadramento, proponho que uma possível categoria nativa de património se baseie nos seguintes princípios metafísicos interdependentes: 1) construção de corpos alegres, bons e belos; 2) potencialização da comunidade Guarani; 3) manutenção/reconstrução constante do cosmo através de práticas e circulação de conhecimentos que interligam humanos e extra-humanos. Em paralelo, argumento que a produção cinematográfica encontra ressonâncias e fricções com o que um dos cineastas denomina de espiritualidade, isto é, com os vetores que estabelecem o bem-viver e as práticas estético-éticas de convivialidade, comensalidade e corporalidade que permitem transcender a condição de tekoaxy (imperfeito, perecível) e alcançar o estado de maturidade corporal (aguyje) na Yvy Mara ẽy (a morada celeste imperecível). O processo iniciado pelo IPHAN culminou em 2014 com o registo dos remanescentes no “Livro dos Lugares – Patrimônio Cultural Imaterial” enquanto “Tava, Lugar de Referência para o Povo Guarani”. A tese conclui com uma crítica a este processo patrimonial, que reduz a potencialidade política da categoria de património à estetização da cultura e à domesticação da memória, e propõe, em alternativa, uma cosmopolítica de equívocos controlados que, através de conexões parciais, desenvolva o comum do mundo comum que urge construir, perante as ameaças sociais e ambientais prementes na atualidade.This thesis analyzes the relationship between cinema and heritage in the specific context of indigenous peoples in Brazil. The first part examines the development of indigenous cinema produced in collaboration with the project Video in the Villages (VNA), which was created in Brazil in 1986 to support the struggles of indigenous peoples in strengthening their cultures and identities through audiovisual production. The second part of the thesis focuses on the case study of the Mbya-Guarani cinematography, produced in partnership with VNA. This production began with the implementation of the National Program of Intangible Heritage by the National Historical and Artistic Heritage Institute (IPHAN), with the Mbya-Guarani who sold handicraft at the ruins of the Jesuit-Guarani Missions in São Miguel das Missões (RS). These structures had previously been classified as heritage sites by the state of Rio Grande do Sul (1922) and the nation-state (1938), and as World Heritage site by UNESCO (1983). The first Mbya-Guarani film revealed that, for this people, the ruins are a dissonant heritage and the setting for colonial violence, both in the past as well as the present. The deepening of the study by IPHAN, and of the Mbya-Guarani cinematography, have shown that the categories of heritage and film can be reimagined through the ontology, cosmology and gnoseology of this people. Thus, in agreement with several authors, I advocate for the category of heritage to be expanded and understood as the curation of the elements from the past that the Mbya-Guarani consider important for preserving in the present, in order to build the future. In view of this framework, I propose that a possible native category of heritage be based on the following interdependent metaphysical principles: 1) the construction of cheerful, good and beautiful bodies; 2) the strengthening of the Guarani community; and 3) the maintenance/reconstruction of the cosmos through practices and circulation of knowledge that interconnect humans and extrahumans. Concurrently, I argue that film production finds resonances and frictions with what one of the filmmakers calls spirituality, that is, with the vectors that promote the good-living and the aesthetic-ethical practices of conviviality, commensality and the corporality that enable them to overcome the condition of tekoaxy (imperfect, perishable), in order to reach the state of bodily maturity (aguyje) in the Yvy Mara ẽy (the imperishable heavenly abode). The process initiated by IPHAN culminated in 2014 with the recording of the remnants in the “Book of Places - Intangible Cultural Heritage” as “Tava, Place of Reference for the Guarani People”. The thesis concludes with a critique of this patrimonial process that reduces the political potentiality of the heritage category to an aesthetization of culture and a domestication of memory and proposes, alternatively, a cosmopolitics of controlled equivocation that, through partial connections, develops the common of the common world that urgently needs to be built, given today’s pressing social and environmental threats of today

    Variações interétnicas : etnicidade, conflito e transformações

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    A obra apresenta discussões e reflexões no campo das relações interétnicas. Aborda questões sobre identidade, movimento e territorialização, desenvolvimento e meio ambiente, conflitos, direitos e Estado, etnicidade, midiatização

    Intelligence, Creativity and Fantasy

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    UID/HIS/04666/2019 This is the 2nd volume of PHI series, published by CRC Press, the 4th published by CRC Press and the 5th volume of PHI proceedings.The texts presented in Proportion Harmonies and Identities (PHI) - INTELLIGENCE, CREATIVITY AND FANTASY were compiled with the intent to establish a multidisciplinary platform for the presentation, interaction and dissemination of research. The aim is also to foster the awareness and discussion on the topics of Harmony and Proportion with a focus on different visions relevant to Architecture, Arts and Humanities, Design, Engineering, Social and Natural Sciences, and their importance and benefits for the sense of both individual and community identity. The idea of modernity has been a significant motor for development since the Western Early Modern Age. Its theoretical and practical foundations have become the working tools of scientists, philosophers, and artists, who seek strategies and policies to accelerate the development process in different contexts.authorsversionpublishe

    A dádiva, a sovinice e a beleza: economia da Cultura Matis, Vale do Javari, Amazônia

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    Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Antropologia SocialEssa tese trata sobre a economia da cultura dos Matis, um povo indígena amazônico, sua circulação de conhecimentos com o exterior e suas relações com estrangeiros de diferentes matizes. Alguns desses estrangeiros são nëix (animais); outros, tsussin (forças vitais, seres ou potências desencorporadas); outros, nawa (povos indígenas vizinhos, brasileiros ou gringos). Dentre esses últimos, relações econômicas se dão especialmente com jornalistas/ documentaristas, turistas e pesquisadores. Transações diversas são etnografadas em ritos, mitos, práticas xamânicas, filmagens, programas turísticos, comércio de objetos e em outras relações cosmopolitanas. Um ponto fundamental estudado é a afirmação dos Matis de que querem ser um povo numeroso, ser um povo grande. A economia de pessoas está entretecida com as economias da cultura. Os Matis querem desses povos estrangeiros (animais, tsussin, gringos) tecnologias (num sentido amplo) para conseguir crescer, ter corpos mais duros e fortes, serem mais e mais poderosos, mais belos. Os estrangeiros aparecem como os principais outros de quem se quer adquirir poder, tecnologias, estéticas e através de quem se pode expandir pelo cosmos. A tese trata de temas clássicos da etnologia amazônica como economia de pessoas (corpos), com foco em sovinices e circulações de conhecimentos e coisas (transações, aquisições ou roubos de mitos, cantos, poderes xamânicos, farmacopéia, pedaços de corpos, motores e outros bens). Trato de economia, portanto, em uma compreensão generosa, qualquer definição clássica etimológica de #economia# como cuidado, manejo ou organização da casa (do grego "oikos" e "nomia") será alargada aquiThis thesis is about the economy of culture of the Matis - an Amazonian indigenous people, its circulation of knowledge with the outside and its relations with different foreigners. Some of those foreigners are nëix (animals); some, tsussin (vital forces, desincorporated beings or potencies); others are nawa neighbouring indigenous peoples, Brazilians and gringos. Among these last ones, economic relations take place specially with journalists/film makers, tourists and researchers. Several transactions are ethnographed in rites, myths, shamanic practices, filming, touristic programs, objects# trading and in other cosmopolitan relations. A fundamental point of the present study is the Matis# affirmation that they want to be a numerous people, to be bigger. The economy of people is interwoven with the economy of culture. The Matis want from these foreign peoples (animals, tsussin, gringos) technologies (in a broad sense) so that they can grow, to have bodies that are harder and stronger, to be more and more powerful, more beautiful. The foreigners appear as the #special others# from whom to acquire power, technologies, aesthetics and through whom it is possible to expand throughout the cosmos. The thesis treats classic themes in Amazonian ethnology such as economy of people (bodies), with focus in the stinginess and the circulation of knowledge and things (transactions, acquisitions or robberies of myths, songs, shamanic powers, pharmacopoeia, body parts, engines and other stuff). So, I treat economy in a generous comprehension, any classic etymologic definition of #economy# as care, management or organization of the house (from the greek "oikos" and "nomia") will be broaden her
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